Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Jacques Brel - Quand On n'a Que l'Amour


Jacques Romain Georges Brel (Schaerbeek, comuna de Bruxelas, Bélgica, 8 de Abril de 1929 – Bobigny, França, 9 de Outubro de 1978) foi um autor de canções, compositor e cantor belga francófono. Ainda que em casa se falasse o francês, Brel era de ascendência flamenga, com uma parte da família originária de Zandvoorde, perto de Ieper. Esteve ainda ligado ao cinema de língua francesa. Tornou-se internacionalmente conhecido principalmente pela música Ne me quitte pas, interpretada e composta por ele. Aqui no Brasil, Ne me quitte pas foi gravada dentre outras, pela saudosa Maysa e recentemente por Maria Gadu.

Quand On n'a Que l'Amour / Quando Se Tem Amor
(Jacques Brel)


Quand on n'a que l'amour / Quando se tem amor
À s'offrir en partage / Para compartilhar
Au jour du grand Voyage / No dia dessa viagem
Qu'est notre grand amour / Que é o nosso grande amor

Quand on n'a que l'amour, / Quando se tem amor
Mon amour toi et moi / Meu amor, você e eu
Pour qu'éclatent de joie, / Para morrer de alegria,
Chaque heure et chaque jour. / A cada hora e a cada dia.

Quand on n'a que l'amour / Quando se tem amor
Pour vivre nos promesses / Para viver nossas promessas
Sans nulle autre richesse / Sem riqueza nenhuma
Que d'y croire toujours / A não ser a riqueza de acreditar nelas

Quand on n'a que l'amour / Quando se tem amor
Pour meubler de merveilles / Para enfeitar com maravilhas
Et couvrir de soleil / E cobrir com sol
La laideur des faubourgs / A feiúra da miséria

Quand on n'a que l'amour / Quando só se tem amor
Pour unique raison / Como única razão
Pour unique chanson / Como única canção
Et unique secours / E única saída

Quand on n'a que l'amour / Quando se tem amor
Pour habiller matin / Para vestir o amanhecer
Pauvres et malandrins / Pobres e bandidos
De manteaux de velours / Com casacos de veludo

Quand on n'a que l'amour / Quando se tem amor
À offrir en prière / Para se unir em oração
Pour les maux de la terre, / A favor dos males desta terra,
En simple troubadour / Como um simples trovador

Quand on n'a que l'amour / Quando se tem amor
À offrir à ceux-là / Para entregar a essa gente
Dont l'unique combat / Que vai à luta
Est de chercher le jour / Em busca de luz

Quand on n'a que l'amour / Quando se tem amor
Pour tracer un chemin / Para traçar um caminho
Et forcer le destin / E ajudar o destino
À chaque carrefour / Cada vez que cruzamos com ele

Quand on n'a que l'amour / Quando se tem amor
Pour parler aux canons / Para falar aos canhões
Et rien qu'une chanson / E bastasse uma canção
Pour convaincre un tambour / Para convencer os tambores

Alors, sans avoir rien / Só então, quando não tivermos mais nada
Que la force d'aimer, / A não ser esta força que é o amor
Nous aurons dans nos mains, / Teremos na palma de nossas mãos,
Amis, le monde entier / Meus amigos, o mundo inteiro

(Versão para o português retirado do site: http://letras.terra.com.br/jacques-brel)

Catulo, que tinha uma Paixão Cearense - José do Vale Pinheiro Feitosa

Hoje se completam 63 anos que morreu Catulo da Paixão Cearense. Um dos personagens mais marcantes no anos 10, 20 e 30 no Rio de Janeiro. Ousado, vaidoso, sabia-se genial, e não fazia por menos. Frequentava o Palácio do Catete, era amigo de presidentes e, no entanto, terminou numa casinha humilde no antigo subúrbio do Rio. Acho que no Engenho de Dentro. Nasceu no Maranhão, filho de um cearense, esteve pelo estado do pai e cunhou seu nome com uma bela expressão: Paixão e além do mais Cearense.

Quando parte da nossa gente mais letrada se acostumou a ter a noção profunda do Jazz, do Blue, do Country e do Rock, esquecem que o Brasil teve a sua grande glória que formou um mercado de disco e muita gente que chegou no mais adiantado da civilização da época, mas voltou-se às origens populares. João Pernambuco, Catulo, Pixinguinha e por aí abra-se o leque que tudo que se sustenta tem base por ali. A primeira e seminal experiência urbana moderna do nosso país.

Quando nós, os caririenses nos derramamos de amor com a poesia de Patativa do Assaré, nos lembremos de figura importantes como Juvenal Galeno e o nosso Catulo da Paixão Cearense que escreveu coisas lindas para esta canção de João Pernambuco.

Poeta do Sertão

João Pernambuco
Catulo da Paixão Cearense
Intérprete – Paraguassú.

Estilo – Toada
Gravadora Continental - 1943




Não há poeta, não há,
como os fio do Ceará.
Não há poeta, não há,
como os fio do Ceará.

Se choro o pinho,
em desafio gemedô,
não há poeta,
cumo os fio do sertão,
sem sê dotô.

Os oios quente
da cabôca faz a gente
sê poeta de repente,
que a poesia vem do amô.

Não há poeta, não há,
como os fio do Ceará.
Não há poeta, não há,
como os fio do Ceará.

O Puritamo,
Pró da famo,
Chico Gamo,
João Rangé.
O Catolé
O Canindé,
O Riachão,

quando eles dança no Baião,
só tem na boca,
esse nome de cabôca,
que escangaia o coração.

Não há poeta, não há,
como os fio do Ceará.
Não há poeta, não há,
como os fio do Ceará.

Dotô frormado,
homi letrado,
lá das corte
se quizé brincá comigo,
muito então se tem que vê,
os livro da inteligença e da sabença,
mas porém a mata virge
tem poesia como quê.

Não há poeta, não há,
como os fio do Ceará.
Não há poeta, não há,
como os fio do Ceará.

Eu ostru dia vi Carol
uma roceira
lá prás banda da Ipueira,
temperando igarapé,
desde este dia senti n`alma a poesia,
temperei minha viola,
cantei mais que um caboré.

Não há poeta, não há,
como os fio do Ceará.
Não há poeta, não há,
como os fio do Ceará.

Eu sou roceiro,
o meu nome é João Bueiro,
vô fazê trinta janeiro,
amenhã se Deus quizé,
mas deus me fez um cantadô afamanado
prá morrê crucificado
nos coração das muié

Não há poeta, não há,
como os fio do Ceará.
Não há poeta, não há,
como os fio do Ceará.

Pérola da MPB




Se

Composição: Djavan

Você disse que não sabe se não
Mas também não tem certeza que sim
Quer saber?
Quando é assim
Deixa vir do coração
Você sabe que eu só penso em você
Você diz que vive pensando em mim
Pode ser
Se é assim
Você tem que largar a mão do não
Soltar essa louca, arder de paixão
Não há como doer pra decidir
Só dizer sim ou não
Mas você adora um se...

Eu levo a sério, mas você disfarça
Você me diz à beça e eu nessa de horror
E me remete ao frio que vem lá do sul
Insiste em zero a zero e eu quero um a um
Sei lá o que te dá que não quer meu calor
São jorge por favor me empresta o dragão
Mais fácil aprender japonês em braile
Do que você decidir se dá ou não

Luiz Barbosa - por Norma Hauer

Foi no dia 8 de outubro de 1938, com apenas 28 anos , que faleceu o cantor LUIZ BARBOSA, irmão do humorista e cantor Barbosa Júnior e do compositor Paulo Barbosa.
Ele nascera em 8 de julho de 1910.

Bem antes de Moreira da Silva, criou sambas de breque, nos quais se acompanhava com seu instrumento: um "chapéu de palha".

Luiz Barbosa estreou no rádio, em 1931, no programa Valdo Abreu, na Rádio Mayrink Veiga. Esse programa foi, talvez, o primeiro montado no rádio, antes do famoso Programa Casé, no qual ele também atuou.

Quando Cesar Ladeira assumiu a direção artística da Mayrink, deu a Luiz Barbosa a denominação de "Chevalier do Samba". Isso porque Luiz Barbosa cantava de modo sinclopado, como o cantor e ator francês Maurice Chevalier, famoso na época.

Suas primeiras gravações ocorreram no próprio ano de 1931,com "Meu Santo" e “Silêncio” (de Vadico, sozinho, sem seu companheiro Noel Rosa) e "Sou Jogador”, de sua autoria.

Começou a fazer sucesso quando gravou, de Nássara e Orestes Barbosa, o samba "Caixa Econômica". Por causa desse samba, no Centenário de Orestes (em 1994) a Caixa Econômica apresentou, em sua agência no Boulevard, um "show" com composições de Orestes, ao qual compareceu, pela última vez aqui no Rio, o cantor Sílvio Caldas.

Bom, mas vamos a Luiz Barbosa. Sua carreira (e sua vida) foram curtas, mas ele gravou vários sucessos, como "Lalá e Lelé";"Risoleta";"Perdi a Confiança";"Já Paguei Meus Pecados"e duas inspiradas em ditos populares:"Quem Nunca Comeu Melado" e "Cadê o Toucinho?".
Na época áurea do Programa Casé havia uma drogaria no Largo de São Francisco, de nome "Drogaria Sul Americana", que fazia propaganda assim: "Ó, Ó, Ó Não!-A Drogaria Sul Americana é a mais barateira do Brasil". Utilizando esse anúncio, Luiz Barbosa gravou um samba intitulado "Oh, Oh Oh, Não!".

Foram dois os grandes sucessos de Luiz Barbosa:o samba de Braguinha e Alberto Ribeiro"Seu Libório" e o de Ari Barroso, "No Tabuleiro da Baiana ", em dupla com Carmen Miranda.

O samba "Seu Libório" marcou muito sua carreira. Em todos os lugares onde ele se apresentava tinha de cantar "Seu Libório", chegando a ficar conhecido por esse nome.
Mas, por um desses motivos sem explicação que ocorriam no meio radiofônico, Luiz Barbosa não gravou "Seu Libório". Quem o fez, alguns anos depois, foi Vassourinha, outro cantor que viveu pouco.

No filme "Alô, Alô Carnaval" Luiz Barbosa aparece cantando "Seu Libório", sendo esse o único registro que se tem desse samba em sua voz.

Antes de gravar o samba "No Tabuleiro da Baiana", Luiz o cantava em um show no Teatro Carlos Gomes, para onde foi levado por Jardel Járcolis.

Esse samba ("No Tabuleiro da Baiana" ) que representou grande sucesso na voz de Luiz Barbosa em dupla com Carmen Miranda, "deu" seu nome ao abrigo que era o ponto final dos bondes da Zona Sul, ali entre a Avenida Treze de Maio e a Rua Senador Dantas. Demolido após o fim do serviços de bondes aqui no Rio.

Como todo "bom farrista", de noitadas no bairro da Lapa, Luiz Barbosa adquiriu a doença então na moda: tuberculose e faleceu em 8 de outubro de 1938.
norma

Pensando alto - por Socorro Moreira

Marina  provocou o segundo turno.
E agora ?
Não consigo imaginá-la apoiando nenhum dos candidatos, e , mesmo apoiando , a decisão não dependerá  desse apoio. O poder da Marina já foi exercido e cessado. Se Dilma assimilar  alguns ítens da campanha de Marina fará bem, nada perderá...Muito pelo contrário !
Pensando bem, destarte o horário " politiqueiro" , as propostas de goverso serão amadurecidas e melhoradas. 
Já não me desanima o cansaço de encarar um segundo turno. O brasileiro  é fruta verde , amadurecendo no pé ... O paraíso não promete delícias  sem se ajoelhar diante do tempo, e viver um processo cauteloso, sem paixão, nas  escolhas. 
É bom apostar no melhor. A estrada não chegou ao fim... Vamos encarar novas curvas , e melhorias na qualidade de vida do nosso povo.
Eu estou com uma ponta de esperança...Não me desencantem !

Coração Molhado - por Socorro Moreira




Ainda amo o amor. Nunca fugi da paixão, mas ela  corre léguas de mim. Não corro atrás... Ou corro ? 
Só  corro !!!!
Vivo um momento do amor sem paixão... enfim !
Mas com saudades do que já senti. Meu  comprometimento é um verso, e uma pitada de alegria.
Ele sabe disso. Muitas vezes julguei que  sabia disfarçar, enganar...Ora mais, rapaz ! Não precisa me deixar em paz. 
Esse estado de lombra afetiva é salutar , na idade que se imagina.
Graças a Deus não casei pra procriar. 
Fiquei  asada... Dormindo em dois travesseiros pra sonhar desapertada. E nos sonhos , tudo enlouquece por acontecer da forma mais quimérica.
Efêmera é também a vida. Mas, faz tempo, um tempo quase infinito , que eu  sonho em tua companhia.


As escolhas políticas da Campanha de Serra - José do Vale Pinheiro Feitosa

A democracia é como o sol a pino: clareia os espaços ensombrados da sociedade. Assim como o sistema de saúde descobre os casos de catapora uma vez que os doentes o procura.

Vejamos alguns temas que a campanha a Presidente de José Serra está trazendo à luz: aborto, homossexualismo, religiosidade (ou não), preconceito partidário, aversão à políticas de transferência de renda, venda das estatais, dureza contra certos governos sul americanos e estado mínimo.

As quatro últimas referências são estruturais na aliança política de Serra e nos anos noventa tiveram imenso vigor ideológico através do Ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso. Naqueles anos noventa era uma ideologia mundial, com grandes efeitos na América Latina e pergunte-se a qualquer cidadão médio norte americano com seu domicílio a perigo o que acha desta fase neoliberal.

O preconceito partidário contra o PT na campanha de Serra poderia bem ser atribuído ao embate normal na política. O PT, o PDT, o PSB, por exemplo, não deixariam de criticar a prática do PSDB e do DEM e menos ainda de generalizar a crítica. Mas o que a campanha do Serra está fazendo é um movimento reacionário, fundamentalista, de perseguição ao PT e sua candidata, incluindo os demais partidos da frente, usando-se como correia de transmissão da mídia principal, de setores golpistas de certas igrejas e grupos radicais de extrema direita.

Sobre o aborto o que fazem é uma aberração política. O aborto existe em larga escala, clandestino, com concurso de médicos formados e registrados nos conselhos de classe, com enfermeiros, pessoas práticas e até mesmo com a própria mulher se pondo em risco. É natural que toda a sociedade democrática entenda o seguinte: uma vez iluminado este vão obscuro, pretendemos criar regras gerais de proteção das mulheres. E isso em sociedades democráticas se chama lei e as leis são para serem cumpridas.

Portanto o aborto deve ser um assunto democrático, não pode cair neste fundamentalismo oportunista que surgiu na campanha de Serra, buscando uma farsa com religiosos que só pensam no chicote sobre o lombo dos outros. Alguém aí tem dúvida sobre o papel da pílula anticoncepcional, sobre os métodos anticonceptivos, mas, no entanto, o Papa atual prefere negar a reconhecer a sua ampla realidade. É esta negação antidemocrática que permeia a campanha oposicionista. E poderia ser diferente e mais esclarecedora, mas optou pela farsa. Não cumprirá nada que promete aos grupos fundamentalistas ou então vai governar como um Aiatolá do Irã.

Ontem e hoje, foi a vez de Índio da Costa, o candidato a vice-presidente, na chapa do Serra, condenar uma lei contra a discriminação ao homossexualismo e diz que se o Serra for eleito irá vetá-la. Novamente um vão esclarecido, não tem nenhuma razão biológica, psicológica ou ética que justifique como aberração ou desvio as preferências homossexuais de alguém. Portanto não se podem perseguir homossexuais e perseguir é demonstrar aversão a eles ou a seu comportamento. É isso que o Projeto de Lei 122 que Serra vetará regula no comportamento social.

Absurdo - José Nilton Mariano Saraiva

No município do Crato, nas eleições de 2010, segundo dados oficiais do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará, dos 428 candidatos que concorreram para Deputado Estadual nada menos nada mais que inacreditáveis 229 (duzentos e vinte e nove) concorrentes foram sufragados por sua população.
Verdadeiro absurdo essa “dispersão de votos” revela a irresponsabilidade (ou falta de seriedade) do eleitor-cidadão-cratense para com o destino da sua urbe.
E depois ficam choramingando que nos falta representação política.



PARTIDO VERDE DE MARINA DECIDE SE APOIA DILMA OU SERRA NO PRÓXIMO DIA 17
Dirigentes do PV anunciaram ontem que o partido vai decidir sobre um eventual apoio a Dilma Rousseff (PT), a José Serra (PSDB) ou pela neutralidade no segundo turno das eleições presidenciais em convenção marcada para o próximo dia 17 de outubro, em São Paulo. O vereador Alfredo Sirkis (PV-RJ), um dos líderes verde, disse, porém, que os filiados que decidirem seguir um caminho diferente daquele optado pelo partido não serão penalizados.

- O partido vai optar por uma dessas três posições e os que não forem contemplados terão o direito individual de expressarem sua opinião.

O partido não descarta, inclusive, que a senadora Marina Silva (PV), terceira colocada no primeiro turno da disputa, tenha posição diferente do partido. O coordenador da campanha de Marina, João Paulo Capobianco, no entanto, diz que a senadora deve acompanhar a posição do PV por ser parte importante no processo decisório.

- A Marina tem cacife político para nos acompanhar, mas nós não temos essa ideia convencional de partido.

Ele próprio disse ser a favor de que o partido fique “independente” na segunda etapa da campanha eleitoral, mas alega que isso não se trata de ficar neutro.

- Significa que nós vamos participar da eleição, mas sem um apoio. Nosso projeto estará lá.

Até o dia 17, o PV pretende fazer um resumo do programa de governo de Marina para apresentar aos candidatos. Para conseguir o apoio do partido e tentar conquistar a simpatia dos quase 20 milhões de eleitores da candidata verde, o interessado terá que incorporar em seus programas os tópicos presentes neste documento.

- Partimos de um pressuposto de que os votos não são os nossos votos [do PV], não são os votos da Marina, mas os votos para uma proposta. [...] Então essa decisão passa longe de qualquer discussão de cargos, de ministérios, de qualquer discussão pragmática da formação de um governo.

Terão direito a voto na convenção do PV cerca de 80 delegados do partido. Eles serão selecionados entre coordenadores do programa de governo da campanha, do Movimento Marina Silva, representantes religiosos, além de candidatos ao governo e ao senado que disputaram a eleição.


Blog de Antônio Zacarias

Curtas- sugestão de Aloísio


antes 
que amar(ele)
amar



antes 
que anoiteça
solar


antes
que alvoreça
sonhar

Dez falsos motivos para não votar na Dilma - Por Jorge Furtado, cineasta

Tenho alguns amigos que não pretendem votar na Dilma, um ou outro até diz que vai votar no Serra. Espero que sigam sendo meus amigos. Política, como ensina André Comte-Sponville, supõe conflitos: “A política nos reúne nos opondo: ela nos opõe sobre a melhor maneira de nos reunir”.

Leio diariamente o noticiário político e ainda não encontrei bons argumentos para votar no Serra, uma candidatura que cada vez mais assume seu caráter conservador. Serra representa o grupo político que governou o Brasil antes do Lula, com desempenho, sob qualquer critério, muito inferior ao do governo petista, a comparação chega a ser enfadonha, vai lá para o pé da página, quem quiser que leia. (1)

Ouvi alguns argumentos razoáveis para votar em Marina, como incluir a sustentabilidade na agenda do desenvolvimento. Marina foi ministra do Lula por sete anos e parece ser uma boa pessoa, uma batalhadora das causas ambientalistas. Tem, no entanto (na minha opinião) o inconveniente de fazer parte de uma igreja bastante rígida, o que me faz temer sobre a capacidade que teria um eventual governo comandado por ela de avançar em questões fundamentais como os direitos dos homossexuais, a descriminalização do aborto ou as pesquisas envolvendo as células tronco.

Ouço e leio alguns argumentos para não votar em Dilma, argumentos que me parecem inconsistentes, distorcidos, precários ou simplesmente falsos. Passo a analisar os dez mais freqüentes:

1. “Alternância no poder é bom”.
Falso. O sentido da democracia não é a alternância no poder e sim a escolha, pela maioria, da melhor proposta de governo, levando-se em conta o conhecimento que o eleitor tem dos candidatos e seus grupo políticos, o que dizem pretender fazer e, principalmente, o que fizeram quando exerceram o poder. Ninguém pode defender seriamente a idéia de que seria boa a alternância entre a recessão e o desenvolvimento, entre o desemprego e a geração de empregos, entre o arrocho salarial e o aumento do poder aquisitivo da população, entre a distribuição e a concentração da riqueza. Se a alternância no poder fosse um valor em si não precisaria haver eleição e muito menos deveria haver a possibilidade de reeleição.

2. “Não há mais diferença entre direita e esquerda”.
Falso. Esquerda e direita são posições relativas, não absolutas. A esquerda é, desde a sua origem, a posição política que tem por objetivo a diminuição das desigualdades sociais, a distribuição da riqueza, a inserção social dos desfavorecidos. As conquistas necessárias para se atingir estes objetivos mudam com o tempo. Hoje, ser de esquerda significa defender o fortalecimento do estado como garantidor do bem-estar social, regulador do mercado, promotor do desenvolvimento e da distribuição de riqueza, tudo isso numa sociedade democrática com plena liberdade de expressão e ampla defesa das minorias. O complexo (e confuso) sistema político brasileiro exige que os vários partidos se reúnam em coligações que lhes garantam maioria parlamentar, sem a qual o país se torna ingovernável. A candidatura de Dilma tem o apoio de políticos que jamais poderiam ser chamados de “esquerdistas”, como Sarney, Collor ou Renan Calheiros, lideranças regionais que se abrigam principalmente no PMDB, partido de espectro ideológico muito amplo. José Serra tem o apoio majoritário da direita e da extrema-direita reunida no DEM (2), da “direita” do PMDB, além do PTB, PPS e outros pequenos partidos de direita: Roberto Jefferson, Jorge Borhausen, ACM Netto, Orestes Quércia, Heráclito Fortes, Roberto Freire, Demóstenes Torres, Álvaro Dias, Arthur Virgílio, Agripino Maia, Joaquim Roriz, Marconi Pirilo, Ronaldo Caiado, Katia Abreu, André Pucinelli, são todos de direita e todos serristas, isso para não falar no folclórico Índio da Costa, vice de Serra. Comparado com Agripino Maia ou Jorge Borhausen, José Sarney é Che Guevara.

3. “Dilma não é simpática”(?).
Argumento precário e totalmente subjetivo. Precário porque a simpatia não é, ou não deveria ser, um atributo fundamental para o bom governante. Subjetivo, porque o quesito “simpatia” depende totalmente do gosto do freguês. Na minha opinião, por exemplo, é difícil encontrar alguém na vida pública que seja mais antipático que José Serra, embora ele talvez tenha sido um bom governante de seu estado. Sua arrogância com quem lhe faz críticas, seu destempero e prepotência com jornalistas, especialmente com as mulheres, chega a ser revoltante.


4. “Dilma não tem experiência”.
Argumento inconsistente. Dilma foi secretária de estado, foi ministra de Minas e Energia e da Casa Civil, fez parte do conselho da Petrobras, gerenciou com eficiência os gigantescos investimentos do PAC, dos programas de habitação popular e eletrificação rural. Dilma tem muito mais experiência administrativa, por exemplo, do que tinha o Lula, que só tinha sido parlamentar, nunca tinha administrado um orçamento, e está fazendo um bom governo.

5. “Dilma foi terrorista” (foi contra os assassinos).

Argumento em parte falso, em parte distorcido. Falso, porque não há qualquer prova de que Dilma tenha tomado parte de ações “terroristas”. Distorcido, porque é fato que Dilma fez parte de grupos de resistência à ditadura militar, do que deve se orgulhar, e que este grupo praticou ações armadas, o que pode (ou não) ser condenável. José Serra também fez parte de um grupo de resistência à ditadura, a AP (Ação Popular), que também praticou ações armadas, das quais Serra não tomou parte. Muitos jovens que participaram de grupos de resistência à ditadura hoje participam da vida democrática como candidatos. Alguns, como Fernando Gabeira, participaram ativamente de seqüestros, assaltos a banco e ações armadas. A luta daqueles jovens, mesmo que por meios discutíveis, ajudou a restabelecer a democracia no país e deveria ser motivo de orgulho, não de vergonha.

6. “As coisas boas do governo petista começaram no governo tucano” (mentira).

Falso. Todo governo herda políticas e programas do governo anterior, políticas que pode manter, transformar, ampliar, reduzir ou encerrar. O governo FHC herdou do governo Itamar o real, o programa dos genéricos, o FAT, o programa de combate a AIDS. Teve o mérito de manter e aperfeiçoá-los, desenvolvê-los, ampliá-los. O governo Lula herdou do governo FHC, por exemplo, vários programas de assistência social. Teve o mérito de unificá-los e ampliá-los, criando o Bolsa Família. De qualquer maneira, os resultados do governo Lula são tão superiores aos do governo FHC que o debate “quem começou o quê” torna-se irrelevante.

7. “Serra vai moralizar a política” (ridículo).

Argumento inconsistente. Nos oito anos de governo tucano-pefelista - no qual José Serra ocupou papel de destaque, sendo escolhido para suceder FHC - foram inúmeros os casos de corrupção, um deles no próprio Ministério da Saúde, comandado por Serra, o superfaturamento de ambulâncias investigado pela “Operação Sanguessuga”. Se considerarmos o volume de dinheiro público desviado para destinos nebulosos e paraísos fiscais nas privatizações e o auxílio luxuoso aos banqueiros falidos, o governo tucano talvez tenha sido o mais corrupto da história do país. Ao contrário do que aconteceu no governo Lula, a corrupção no governo FHC não foi investigada por nenhuma CPI, todas sepultadas pela maioria parlamentar da coligação PSDB-PFL. O procurador da república ficou conhecido com “engavetador da república”, tal a quantidade de investigações criminais que morreram em suas mãos. O esquema de financiamento eleitoral batizado de “mensalão” foi criado pelo presidente nacional do PSDB, senador Eduardo Azeredo, hoje réu em processo criminal. O governador José Roberto Arruda, do DEM, era o principal candidato ao posto de vice-presidente na chapa de Serra, até ser preso por corrupção no “mensalão do DEM”. Roberto Jefferson, réu confesso do mensalão petista, hoje apóia José Serra. Todos estes fatos, incontestáveis, não indicam que um eventual governo Serra poderia ser mais eficiente no combate à corrupção do que seria um governo Dilma, ao contrário.

8. “O PT apóia as FARC” (mais ridículo ainda).

Argumento falso. É fato que, no passado, as FARC ensaiaram uma tentativa de institucionalização e buscaram aproximação com o PT, então na oposição, e também com o governo brasileiro, através de contatos com o líder do governo tucano, Arthur Virgílio. Estes contatos foram rompidos com a radicalização da guerrilha na Colômbia e nunca foram retomados, a não ser nos delírios da imprensa de extrema-direita. A relação entre o governo brasileiro e os governos estabelecidos de vários países deve estar acima de divergências ideológicas, num princípio básico da diplomacia, o da auto-determinação dos povos. Não há notícias, por exemplo, de capitalistas brasileiros que defendam o rompimento das relações com a China, um dos nossos maiores parceiros comerciais, por se tratar de uma ditadura. Ou alguém acha que a China é um país democrático?

9. “O PT censura a imprensa” (mentira, a imprensa que o censura).
Argumento falso. Em seus oito anos de governo o presidente Lula enfrentou a oposição feroz e constante dos principais veículos da antiga imprensa. Esta oposição foi explicitada pela presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ) que declarou que seus filiados assumiram “a posição oposicionista (sic) deste país”. Não há registro de um único caso de censura à imprensa por parte do governo Lula. O que há, frequentemente, é a queixa dos órgãos de imprensa sobre tentativas da sociedade e do governo, a exemplo do que acontece em todos os países democráticos do mundo, de regulamentar a atividade da mídia.

10. “Os jornais, a televisão e as revistas falam muito mal da Dilma e muito bem do Serra”.
Isso é verdade. E mais um bom motivo para votar nela e não nele.

FATOS MUITO IMPORTANTES:

(1) Alguns dados comparativos dos governos FHC e Lula.

Geração de empregos:
FHC/Serra = 780 mil x Lula/Dilma = 12 milhões

Salário mínimo:
FHC/Serra = 64 dólares x Lula/Dilma = 290 dólares

Mobilidade social (brasileiros que deixaram a linha da pobreza):
FHC/Serra = 2 milhões x Lula/Dilma = 27 milhões

Risco Brasil:
FHC/Serra = 2.700 pontos x Lula/Dilma = 200 pontos

Dólar:
FHC/Serra = R$ 3,00 x Lula/Dilma = R$ 1,78

Reservas cambiais:
FHC/Serra = 185 bilhões de dólares negativos x Lula/Dilma = 239 bilhões de dólares positivos.

Relação crédito/PIB:
FHC/Serra = 14% x Lula/Dilma = 34%

Produção de automóveis:
FHC/Serra = queda de 20% x Lula/Dilma = aumento de 30%

Taxa de juros:
FHC/Serra = 27% x Lula/Dilma = 10,75%

(2) Elio Gaspari, na Folha de S.Paulo de 25.07.10:

José Serra começou sua campanha dizendo: "Não aceito o raciocínio do nós contra eles", e em apenas dois meses viu-se lançado pelo seu colega de chapa numa discussão em torno das ligações do PT com as Farc e o narcotráfico. Caso típico de rabo que abanou o cachorro. O destempero de Indio da Costa tem método. Se Tupã ajudar Serra a vencer a eleição, o DEM volta ao poder. Se prejudicar, ajudando Dilma Rousseff, o PSDB sairá da campanha com a identidade estilhaçada. Já o DEM, que entrou na disputa com o cocar do seu mensalão, sairá brandindo o tacape do conservadorismo feroz que renasceu em diversos países, sobretudo nos Estados Unidos.

*Um dos mais respeitados cineastas brasileiros, Jorge Alberto Furtado, 51 anos, trabalhou como repórter, apresentador, editor, roteirista e produtor. Já realizou mais de 30 trabalhos como roteirista/diretor e recebeu 13 premiações dentre os quais, o Prêmio Cinema Brasil, em 2003, de melhor diretor e de melhor roteiro original do longa O homem que copiava.

Do www.casacinepoa.com.br

DIA 31/10, DILMA PARA PRESIDENTE!

"Are you lonesone tonight"- Por Socorro Moreira




usei  os correios
expedi  sentimentos
esperei o retorno
pinçando nas entrelinhas
uma intenção verdadeira

os endereços
deixaram de ser
agora é tudo
eletrônico
sem o charme do carteiro.

cartas perfumadas?
foi-se o tempo
foi-se o desejo,
a  indiscrição,
implícita,
escrita.

se o tempo voltasse
eu teria 15 anos
 te escreveria um bilhete
e marcaria um encontro
te esperaria escondida,
num filme de elvis presley.