Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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quarta-feira, 8 de setembro de 2010


DA IBIAPABA

Por Zé Nilton*

Sabe chilito, aquela coisinha feito binga de cabrito, amarelinha, que faz a festa da criançada pobre do Nordeste? Pouco se encontra à venda em Viçosa do Ceará. Estamos na terra da peta, uma iguaria feita de polvilho, um filhós pequeno, crocante, muito gostoso e que só faz bem. Nas ruazinhas das partes altas da velha cidade, uma casa e outra não, do lado direito da rua, e em todas as casas da esquerda, o fabrico doméstico de peta não chega pra quem quer. Viçosa do Ceará é pródiga em peta, pródiga em cachaça e igualmente pródiga em história.

Olha só: a maior concentração de índios da capitania de Pernambuco resultou no maior aldeamento indígena do Nordeste, aqui na Serra da Ibiapaba. Todos os olhares da catequese por via lusitana acorreu para a Serra Grande a partir da segunda metade do século XVII . Em 1700 se instala seu primeiro Aldeamento e Missão dos Índios Tabajara, em Viçosa da Ibiapaba.

Destas terras altas se narram episódios e figuras marcantes da trajetória da colonização portuguesa no Ceará e no Nordeste. Desde a saga do primeiro emissário jesuíta enviado de Pernambuco para aplacar a ira da indiada na Ibiapaba, logo após a beligerante passagem de Pero Coelho, e que resolvendo seguir até o Maranhão, o padre Francisco Pinto, terminou por ser trucidado pelos índios da nação Trarairiús, salvando-se seu coadjutor, o padre Luiz Filgueira.

Padre Pinto tornou-se o santo de todas as tribos do médio e baixo Jaguaribe e zona norte do Siará Grande. Tem também a passagem do intelectual, exímio orador e temido pelas cortes da época, o padre Antonio Vieira. Sem falar do imponente índio tabajara, na defesa documental de Tristão de Alencar Araripe(1), o assim batizado Antonio Felipe Camarão, aliás, Dom Antonio Felpe Camarão, título inédito dispensado a um índio,outorgado pelo Rei Felipe IV, por sua luta contra os holandeses desde o Ceará até Pernambuco.

A Ibiapaba é lembrada igualmente como paisagem e lugar de contendas portuguesas, indígenas e francesas na famosa obra do capuchinho Claude D´Abbeville, escrita em França no ano de 1614, logo após sua brava permanência de quatro meses em terras maranhenses.

Viera junto a uma companhia francesa a mando do rei Luiz XIII cujo fito era instalar a França Equinocial após a malograda tentativa da França Antártica, no Rio de Janeiro. E como missão católica, tirar os povos indígenas dos confins do inferno e trazê-los à purificação cristã.

Sua descrição sobre a passagem pela enseada de Camurim, olhando a Serra Grande, bem distante, é de uma sutileza própria da escrita dos viajantes europeus.

Sem dúvida uma leitura pra lá de prazerosa sobre uma faceta político-religiosa-militar empreendida por uma França ávida em implantar colônias no novo mundo.

Eurocentrismo, etnocentrismo, visão de mundo e forte inclinação apologética à parte, Claude d´Abbeville narra em detalhes a bravura da empresa francesa e todas as conquistas e todas as ações positivas e negativas em favor da salvação das almas selváticas e do domínio francês no Maranhão e terras circunvizinhas. Narra a história, a geografia, a cosmologia, a cosmogonia e a antropologia da grande nação Tupinambá, habitante do litoral brasileiro e sua concentração na Ilha do Maranhão.

Dei-me a mim um presente nos meus completos e bem vividos sessenta anos, a ansiada leitura da “ História da Missão dos Padres Capuchinhos na Ilha do Maranhão e terras circunvizinhas”, do padre d´Abbeville, reprodução fac-similar da edição publicada pela Livraria Martins Editora, em 1945; tradução de Sérgio Milliet.

Dela e de outras obras como a de Jean de Lery, de Frei Martinho de Nantes, de Ives d`Evreux, de Vicencio Mamiani, de André de Thevet e de tantos viajantes e missionários que descreveram seus encontros com o outro, os índios do Brasil, sejam do litoral sejam dos sertões, tenho a lamentar a falta desses escritos sobre os nossos Cariri da parte do Ceará.

É imergir num quebra cabeça a tarefa de historicizar de seu ponto de vista a saga guerreira e duas vezes vencidas a passagem desses povos pelos solos que pisamos.

Só para dizer, nunca me convenceu a infame característica Cariri difundida pelo seu mais ferrenho oponente o Tupi, e alimentada e reproduzida por quase todos os escritores indigenistas como “calados, desconfiados e macambúzios”. Um povo que sustentou uma luta inglória por tanto tempo, como ser isto? Bom, mas aí é outra história.

Escrevo estas linhas da capital da Ibiapaba, Tianguá, terra de caboclos trabalhadores, a perfeita mistura dos Tabajara com europeus.

(*)Antropólogo. Professor do Departamento de Ciências Sociais da URCA.
jn-figueiredo@hotmail.com
(1)História da Província do Ceará, dos tempos primitivos até 1850. Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2002.

Comunicado !

Ontem nos reunimos na casa de Dona Almina, numa conversa produtiva, um grupo particularmente interessado na preservação do Patrimônio da Cidade, material e imaterial.
Edilma comentou sobre a existência da "Assosciação do amigos do Museu Vicente leite", criada desde 1996.
Encaixamos no assunto, o desejo de ter a casa que nasceu Vicente leite ( pertencente à Dona Almina), restauranda, e funcionando como um pólo cultural da cidade, desenvolvendo inclusive, um trabalho de inclusão e transformação social. Vamos pensando em conciliar objetivos, que na realidade, se irmanam, naturalmente !
Edilma também  fez referência  à reabertura do Salão de Outubro, e divulgou que as inscrições  estão abertas até o dia  17 de setembro. Os interessados  poderão se inscrever em uma das categorias : pintura, aquarela, desenho, xilogravura, colagem, concorrendo às premiações : medalha de ouro, prata e bronze. Os trabalhos serão julgados por uma comissão especializada, que será mantida em sigilo. Não haverá pré-seleção. Todos os interessados terão sua arte, em exposição, no dia 30 de outubro , no espaço  do Teatro Municipal Salviano Saraiva. Maiores detalhes ficarão á cargo da nossa  produtora  cultural :Edilma Saraiva Rocha.

Maria Rita


Maria Rita Camargo Mariano (São Paulo, 9 de setembro de 1977) é uma cantora e produtora musical brasileira, filha da falecida cantora Elis Regina e do arranjador e pianista César Camargo Mariano.

Maria Rita iniciou sua carreira com cerca de 24 anos, apesar de querer cantar desde os quatorze. O peso da carreira da mãe, bastante famosa no Brasil, influenciou o adiamento de sua obra. Segundo a própria: sempre tive a consciência de ser a única filha mulher de uma grande cantora.

Antes de se tornar cantora profissional, ela fez um estágio em uma revista para adolescentes, tendo estudado marketing e estudos latino-americanos na Universidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos da América.

Apesar do sucesso recente, consagrou-se como novo ícone da MPB.

Ganhadora de 6 prêmios Grammy Latino incluindo Grammy Latino de Melhor Artista Revelação - sendo a única cantora brasileira que ganhou nesta categoria, também já ganhou vários Prêmio Multishow de Música Brasileira, entre outros prêmios nacionais. Maria já vendeu 1,285 milhões de CDs e DVDs, somente no Brasil.

wikipédia

Eva Todor


Eva Todor Nolding, nascida Éva Fodor, (Budapeste, 9 de novembro de 1919) é uma atriz brasileira.


O que importa quantos amores você tem se nenhum deles te dá o universo?
Lacan


O desejo enquanto real não é da ordem da palavra e sim do ato.
Lacan

Todo amor é recíproco, mesmo quando não é correspondido
Lacan

A verdade só pode ser dita nas malhas da ficção
Lacan

Jacques Lacan



Jacques-Marie Émile Lacan (Paris, 13 de abril de 1901 — Paris, 9 de setembro de 1981) foi um psicanalista francês.

Formado em Medicina, passou da neurologia à psiquiatria, tendo sido aluno de Gatian de Clérambault. Teve contato com a psicanálise através do surrealismo e a partir de 1951, afirmando que os pós-freudianos haviam se desviado, propõe um retorno a Freud. Para isso, utiliza-se da lingüística de Saussure (e posteriormente de Jakobson e Benveniste) e da antropologia estrutural de Lévi-Strauss, tornando-se importante figura do Estruturalismo. Posteriormente encaminha-se para a Lógica e para a Topologia. Seu ensino é primordialmente oral, dando-se através de seminários e conferências. Em 1966 foi publicada uma coletânea de 34 artigos e conferências, os Écrits (Escritos). A partir de 1973 inicia-se a publicação de seus 26 seminários, sob o título Le Séminaire (O Seminário).

wikipédia
Príncipe das Astúrias
- Claude Bloc -


Por onde vagueia o Príncipe das Astúrias?
Por onde pisam seus pés
enquanto retorna após tanto tempo,
após longas viagens?.
Onde aporta o seu olhar
depois do abandono que o tempo lhe impôs?
Que perfumes traz escondidos nessas conchas
tão delicadas,
nessas lembranças tão doces?
Seria esse cheiro do mar tão perto
ou o perfume das serras, do ar?
Não sei, não sei.

Em momentos como este
em que a vida estanca
sei que sou apenas essa terra molhada,
essa areia onde o mar adormece
para se misturar aos meus/seus sonhos...
Trago o cansaço para repousar no seu reino…
nesses dias que retornam
como sombras revividas,
ecos apenas das cantigas antigas
cadenciadas nas marés...
Hoje ainda, depois de tanto tempo
somos barcos sem porto a navegar
nesse abraço que acordou.

Claude Bloc



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"O Silêncio é o Grito Mais Alto".
Comentário feito por Liduina Belchior.


Schopenhauer escreveu esta frase há muitos anos passados.
E eu gostaria de fazer a minha apologia e interpretação da mesma,
baseada em meus valores, crenças, filosofia de vida, olho clínico
e senso crítico.Esse grito tão alto, nada mais é que uma dor profunda
onde não deve ou não pode urrar em forma de AI! Esse silêncio contido,
é a nossa verdade que também não pode ou não deve esbravejar e escancarar...
É a dor do amor ferido, acidentado e mau tratado.
É a pancada da ingratidão, é a falta de sentimentos nobres. O silêncio e o grito;
o grito e o silêncio, é a flor que insiste em nascer de "um impossível chão",onde
não existe a seiva, o adubo, a água para que ela majestosa e lutadora empurre suas
pétalas para a vida.
Esse silêncio tão alto se resume em todas as palavras entaladas que não conseguem
sair garganta abaixo.
Para os psicoterapêutas ele ( o silêncio) é nocivo, pois vai de encontro à dinâmica das catarses, originando assim as somatizações.
Mas ele é de um valor incomensurável: pois mansamente e silenciosamente diz simplesmente e só; TUDO!
Por que algumas pessoas são destras e outras canhotas?


por Revista Galileu
Crédito: Mauro Nakata

A explicação mais aceita é a da hereditariedade. Se ao menos um dos pais é predominantemente canhoto, aumenta a chance de o filho ter melhor coordenação motora com a mão esquerda. “A comprovação de um gene que determine qual será o hemisfério dominante, porém, nunca ocorreu”, diz Márcia Lorena Chaves, coordenadora da Academia Brasileira de Neurologia. Uma outra teoria diz que a criança até os três anos não tem preferência e pode ser treinada pelos pais que entregam, sem perceber, brinquedo e alimentos sempre em uma de suas mãos. Se quiser ter um filho bom de canhotinha, como Maradona ou Garrincha, insista em fazê-lo chutar com o pé esquerdo logo cedo.


http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI166323-17798,00-POR+QUE+ALGUMAS+PESSOAS+SAO+DESTRAS+E+OUTRAS+CANHOTAS.html
Leitura dinâmica


Estudante de 14 anos consegue ler 300 páginas em uma hora e chega a devorar até sete livros em um dia.

por Allan de Abreu, de São José do Rio Preto
Crédito: Rubens Cardia/Folhapress

Em 51 minutos, você faz a parada do almoço, assiste à metade do filme Salt com a bela Angelina Jolie ou, dependendo da sua conexão, faz o download de um arquivo de 700 megas pela internet. Luís Antonio Gonçalves Netto lê um livro de 274 páginas. Foi esse o tempo que o estudante de 14 anos levou para terminar Rota 66, de Caco Barcelos, diante da perplexa reportagem de Galileu. E não pense que foi truque. Ao final da leitura, aconchegado no sofá de sua sala, resumiu a história, explicou passagens e destacou os trechos de que mais gostou. Descontado o tempo para virar as folhas, Luís gastou em média 9 segundos para percorrer cada página de texto — este repórter demorou mais de 40 para terminar o mesmo trecho.

O estudante é tido como exemplo de leitura e começou a dar palestras na escola onde estuda, a Esquema Universitário, em São José do Rio Preto, interior de São Paulo. Mas não foi sempre assim. Até dezembro do ano passado, quando cursava o 9º ano (antiga 8ª série) do Ensino Fundamental, era um aluno mediano. Só lia por obrigação o que era pedido em aula, a uma velocidade comum (60 páginas em uma hora), e começou a tirar notas baixas no colégio. Foi quando o pai propôs um “castigo”: se tirasse alguma nota vermelha, teria de ler dez livros nas férias.

A nota vermelha apareceu: ele errou o nome das 13 colônias da América do Norte, e por pouco não ficou de recuperação em história. Mas o tropeço serviu para despertar a habilidade até então desconhecida. “Meu pai chegou com os dez livros, e peguei O Código Da Vinci, de Dan Brown. Comecei a ler e não conseguia parar.” O desafio continuou com Marley e Eu, de John Grogan, O Livreiro de Cabul, de Åsne Seierstad, e Fortaleza Digital, também de Dan Brown. Ao final das dez obras, já conseguia vencer 100 páginas em uma hora.

O “treinamento” continuou acelerado — até o fechamento desta edição, ele dizia ter devorado 342 obras, 120 delas só nas férias de julho, quando chegava a completar sete por dia. “Leio de tudo, romance, história, autoajuda. E nunca deixei de terminar um livro”, diz. Nas suas preferências literárias estão Jorge Amado, Machado de Assis, Agatha Christie e Jô Soares. “Não existe livro ruim, só uns que não são tão bons.” Entre as façanhas, Luís afirma ter lido as 1.417 páginas de A Grande Guerra pela Civilização, do jornalista inglês Robert Fisk, em 5 horas, e a Bíblia de cabo a rabo em 6 horas (com um intervalo de 30 minutos para o almoço). Como ele consegue fazer isso? “É provável que tenha uma memória fotográfica excelente, acima da média do ser humano. Por isso identifica e absorve rapidamente as palavras”, afirma Luiz Celso Villanova, professor do departamento de neurologia da Universidade Federal de São Paulo.

“No começo eu espiava para ver se ele não pulava página. Não dava para acreditar que alguém conseguisse ler tão rápido”, afirma o pai, o vendedor Luís Evandro Gonçalves. Mas o estudante, que move os olhos em velocidade altíssima para a esquerda e para a direita durante a leitura, garante não perder uma linha. Sua concentração impressiona. “A gente pode chamar, fazer barulho, que ele não tira o olho do que está lendo”, diz a mãe, a dona de casa Maria do Carmo Moraes Gonçalves. Luís mostra que está “aquecido”. Se no início do ano demorava uma hora para chegar à primeira centena de páginas, com Rota 66 atingiu a marca em pouco mais de 18 minutos. “Nunca tinha lido nada desse autor. É o que faz Profissão Repórter na Globo, não é? Vou pedir para o meu pai comprar um livro dele.” Mais um título para a estante do quarto, abarrotada com cerca de 400 obras.

Tanta leitura facilitou a escrita, e Luís diz ter melhorado em redação. Atualmente, escreve um livro, um suspense policial. Como escritor, no entanto, o desempenho é outro: em um mês, foram apenas três páginas. “É muito mais difícil”, diz. Apesar do gosto pela leitura, ele leva uma vida normal de adolescente: sai com amigos, vai ao cinema, se arrisca no videogame. Não sem antes ler algum livro, o que, diz, é “sagrado” após o almoço. “Leio pelo menos um. É quase um vício.”

http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI166286-17773,00-LEITURA+DINAMICA.html

O cachorro




O cachorro

O cachorro me olhou com o silêncio
lacrimejante das janelas-enigma,
sempre fechadas, sem palavras, sangue
e sal diluidor, e latiu forte

como a morte, como árvore de espantos.
O cachorro rompeu o seu silêncio
de pedra exausta: precisava a dor
dizer ao mundo. O sangue na terra

clamava aos céus, o breve fim, a angústia
milenar, consentida, mas angústia.
O cachorro floriu diante do mar,

em êxtase com a água, a eternidade
nos olhos mansos, vendo o tempo frágil
desfazer-se na fria areia efêmera.

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