Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

A Voz

Há horas
em que os ancestrais
não se contorcem na tumba
ao contrário dançam felizes
quando o eremita

aldeão sem raízes
mendigo iconoclasta

não cai em tentações
feito criança invejosa
por tantas luzes
no jardim vizinho.

Nessas horas
em que o verme vira andorinha
cordeiro sorri com olhos de corvo

os ancestrais entendem
da loucura santa

a fluir no sangue
do soldadinho de chumbo.

A Ira de João Gabiru

A Ira de João Gabiru, foi o melhor texto postado no Blog do Sanharol neste ano de 2009. Escrito de Antonio Carlos Oliviere para o Jornal Le Monde.
Leia:
Sexta-feira, sete e meia da tarde, fazia muito calor. Eu andava pela Barra-Funda. A esmo, apreciando o que sobrou de antigo no bairro, despreocupado com o resto do mundo. Empapado de suor, pelo resplandecente sol do horário de verão, entrei num boteco de esquina, o primeiro que encontrei e pedi uma cerveja no balcão, urgente.– Uma Brahma, pelo amor de Deus! É pra já, meu querido – respondeu, do outro lado do balcão, o rapaz de avental, com esse modo íntimo, embora nunca tivesse me visto antes. – No capricho!Depois do primeiro copo, um homem novinho em folha, respirei fundo e passei a apreciar o interior do botequim, que não via uma reforma desde os anos 60. Balcão e bancos de fórmica, azulejos, lâmpadas fluorescentes. A gente só se dava conta de estar em 2005 devido à opulenta nudez de Juliana Paes, nos cartazes da Antártica.Para não me apaixonar por uma mulher impossível, voltei à atenção para a conversa de dois tipos ao meu lado. Os dois também bebiam e se divertiam depois de um dia de batente, contando casos um para o outro, com delicioso sotaque pernambucano. Um deles, o mais velho, parecia mesmo um repentista, pelo vozeirão grave e a eloqüência narrativa, que se traduzia em uma vasta gama de expressões e gestos.O tema dos casos era sua terra natal, a que não iam há muito tempo. Inacessível às suas posses, porém, o sertão se franqueava às suas lembranças. Era quase ali (no bar em que os três bebíamos) o mais remoto cocuruto de serra, do sertão de Pernambuco. Mas não se tratava do sertão atual, “muderno”, cortado por caminhões de carga, bolsas-famílias e antenas de TV, mas de um sertão de outro tempo, mitológico, onde os versos épicos dos cegos jamais se calam e o cangaço é eterno. Nos alto-falantes pendurados nos quatro cantos do recinto, a voz de Luiz Gonzaga inspirava os narradores. As doses de cachaça com que intercalavam os grandes goles de cerveja tornavam-nos cada vez mais eloqüentes. Os enredos se sucediam, agrestes. Um deles me chamou a atenção.Major de patente comprada, o fazendeiro Luiz Antonio Feitosa, de Cajarana, sertão da Bahia, devia muitos favores a Lampião. Entre eles, o de ter aumentado em muitas léguas os limites de sua propriedade. O rei do cangaço o auxiliou em rixas, intimidou e eliminou vizinhos. Pressionou juízes a favorecê-lo em pendências agrárias. Em troca, o Major lhe fornecia mantimentos e munições, bem como o acoitava sempre que o cangaceiro atravessava o São Francisco, fugindo das volantes de Pernambuco e Paraíba.Certa ocasião, o Major tomava a fresca da manhã no copiá da casa-grande, quando avistou um cabra batendo alpercatas na estrada, caminhando em sua direção. Feitosa apurou a vista e reconheceu o homem, ainda distante. Era o negro Vicente do Outeiro, um cabra do eito, gente sua, mas que só o procurava nas ocasiões em que Lampião aparecia naquelas paragens, trazendo recados do cangaceiro.Bom dia, Major Feitosa – saudou Vicente, sem subir os degraus da varanda, olhando de baixo para cima. – Tenho um pedido para vosmecê.– Pois se achegue aqui, homem de Deus, não faça tanta cerimônia – respondeu o fazendeiro, bonachão, embora remendasse, resmungando para si mesmo, entre dentes: – Os recados que você me traz, é melhor que sejam dados ao pé do ouvido.O negro aproximou-se, tirando o chapéu de palha.Major, o Capitão Virgulino mais três cabras estão aqui perto, no sitiozinho que o senhor conhece, perto do Tanque, atrás do bosque de oiticicas. Os homens vêm de um combate danado que toparam há três dias lá para as bandas de Triunfo. Foi tiroteio de mais de cinco horas, que começou bem para o capitão. Até que apareceu, não se sabe de onde, uma tropa federal com 150 praças que deram sustento ao fogo da volante do tenente Maurício. Os cabras de Lampião estavam cercados.Não me diga... – fez o Major, apreensivo.– Mas os cangaceiros conseguiram furar o cerco – prosseguiu o negro, impressionado com os fatos. – Se meteram na caatinga e conseguiram escapar dos macacos. Mas havia muitos feridos: Jararaca, Beiço Lascado, Cobra Verde... Lampião achou melhor separar seus homens, mandando cada grupo para um coito seguro, em lugares diferentes. Ele mesmo achou que era melhor atravessar para a Bahia e me procurou ontem à noite, para mode saber se pode acoitar-se uns vinte dias cá na sua propriedade.Vicente se calou, aguardando uma resposta. O Major permaneceu em silêncio por não mais que um simples instante. No entanto, este lhe pareceu o maior dos instantes que conheceu em toda a sua vida. Só que não devia demorar em responder ao negro:Vá dizer ao Capitão que me espere onde está – declarou, resoluto. – Vou encontrar com ele no início da tarde.– Senhor, sim, Major Feitosa – obedeceu o outro e voltou pelo caminho por onde viera, batendo mais rápido as alpercatas, até desaparecer na distância da capoeira. A sinfonia de uma revoada de juritis encheu o céu de Cajarana. Os bogaris, plantados em frente aos esteios da varanda, adocicavam o ar do verão que, a essa altura, já estava quente como o inferno.Em contraste com o sol que brilhava acima da casa-grande, a expressão que tomara conta do rosto do Major era sombria, grave, repleta de nuvens e trovoadas. Na verdade, naquele momento, a demanda de Lampião o colocava num impasse delicadíssimo. Uma rixa com o coronel Napoleão da Fonseca, de Queimadas, havia levado Feitosa a ingressar na política, filiando-se ao partido do governo. O Major tinha agora a pretensão de candidatar-se a deputado estadual e a proximidade com cangaceiros podia constituir uma montanha instransponível no seu caminho para a Assembléia do estado. Por outro lado, dizer não ao rei do cangaço era a mesma coisa que assinar um atestado de óbito para si mesmo, a mulher e os filhos. Sem falar nos agregados, que eram a cunhada dona Amelinha, o sobrinho Vitorino e o primo José Amaro.Se em algum momento o sentido da palavra diplomacia lhe interessou na vida de mandos e desmandos, foi naquele. O que fazer?, ruminava, aperreado. Sua plataforma de campanha – que empolgava os eleitores – era justamente o combate ao banditismo, tanto o dos cangaceiros, quanto dos tenentes de volante que os perseguiam (além das obras de combate à seca). Puxou um charuto encorpado que lhe mandaram do Recôncavo, mastigou-o numa das pontas e o acendeu com uma pederneira. As nuvens azuladas de tabaco fertilizaram seu raciocínio. Em pouco tempo, ordenava para o afilhado Bentinho, o filho da comadre Vivi:– Esse menino, me traga aqui o João Gabiru. Preciso conversar com ele, o mais rápido possível.Gabiru era uma espécie de pau para toda a obra, na fazenda do Major Feitosa. Tinha um jeitinho para tudo. Nada ganhava com isso, exceto um teto, roupa e comida. Para ele, porém, era o que bastava. Mais uns goles de cachaça nos fins de semana e se dava por muito satisfeito. Além disso, dedilhava a viola e era um primor no repente. Quando ia a Cajarana, nos dias de feira, vinha gente de várias cidades das redondezas para ouvi-lo. Apesar de baixinho, franzino, cabeça grande e o rosto mal traçado, ao tocar a viola, conquistava a atenção até das morenas faceiras que acompanhavam as mães às compras.Pouco depois do chamado, Gabiru chegou ao copiá, onde o Major Feitosa o aguardava, aflito. Ao vê-lo, o patrão nem lhe desejou bom dia e foi direto ao ponto: Lampião pedira coito, favor que naquela ocasião não estava em condições de prestar ao cangaceiro. Porém, como podia dizer não a Virgulino Ferreira da Silva, sem produzir conseqüências desastrosas? Gabiru matutou, matutou, mas não encontrava saída.O patrão também não lhe concedeu muito tempo para pensar, ordenando em seguida:– Vá imediatamente encontrar o Capitão. Tente explicar que aqui, neste momento, ele não estará seguro. Melhor que fique mesmo na caatinga, no sitiozinho onde já se instalou, pegado ao Tanque. Posso mandar-lhe mantimentos e tudo que for de sua precisão. Mas recebê-lo em minha casa é impossível. Invente que estou esperando a visita do governador, acompanhado por militares de alta patente e pelo próprio chefe de polícia. Sei lá! Assunte bem o terreno, veja lá como fala e dê um jeitinho. Senão, estamos todos desgraçados!João Gabiru não aparentou medo, ao aceitar a tarefa. Acreditava que a solução de um problema assim era uma coisa que só se encontrava de repente, num estalo. Confiou-se a São Severino de Ramos. Colocou sobre a cabeça um chapeuzinho de couro, quase sem abas. Foi ao curral e arreou a mula ruça, que pisava macio. Montou, deu-lhe com o cabresto e seguiu caminho. Com a ponta dos pés descalços nos estribos, equilibrava-se sobre o trote da jumenta, gingando como um ginete das velhas ordens de cavalaria.Sob a sombra de uma cajazeira, no sitiozinho do Tanque, os três cabras de Lampião matavam o tempo jogando dominós. Estavam muito concentrados, mas o instinto os fez interromper repentinamente a partida. Ao perceber à distância a aproximação de um cavaleiro, se fizeram nos rifles, espalhando-se aos pés das imburanas. Porém, à medida que João Gabiru se tornou visível, os cangaceiros serenaram e baixaram as armas.A imagem eqüestre do moleque de recados nada apresentava que lhes pudesse provocar o menor medo. Ao contrário, parecia-lhes um motivo de provável diversão. De cartucheiras trançadas no peito, os três homens ficaram de pé, batendo as coronhas do rifle no chão, como autênticos militares. Receberam o recém-chegado, perfilados, com cortesia galhofeira. Ajudaram-no a descer da jumenta e perguntaram o que um homem daquele porte fazia naquele oco de mundo.Venho da parte do Major Luís Antônio Feitosa – respondeu Gabiru, sério, aparentemente sem perceber que mangavam dele. – Com um recado para o Capitão Virgulino Ferreira.– Pois vossa incelência espere só um minutinho que vou ver se o Capitão pode te receber – respondeu o maior dos três cangaceiros, que era também o mais mal encarado, e entrou na casinha de taipa caiada, onde o chefe descansava.Voltou poucos instante depois e abriu a porta para o recém-chegado, com uma reverência que despertou a risada de seus dois companheiros. João Gabiru não fez caso disso, entrou na casa e deu de cara com a cozinha vazia, com um fogão de lenha num canto e uma mesa de pinho ao centro, onde pareciam repousar todas as armas do famigerado cangaceiro: um rifle papo-amarelo, uma carabina Comblain, três bornais de balas, dois revólveres Schmidt & Wesson, um punhal e uma facão de mateiro. Mas o rapaz não teve tempo de observar o arsenal com mais atenção, pois uma voz vigorosa o chamou da camarinha.João Gabiru entrou no dormitório onde Lampião, estirado numa rede, fazia sinal para ele se aproximar. Pela janela aberta, o sol do meio dia reluzia no quarto como se estivesse dentro dele. Iluminava a figura ridícula do mensageiro, em todos os seus pormenores. O único olho do capitão mirou o sertanejo com expressão furiosa, como se estivesse ofendido por deparar com semelhante moleque de recados. Como é que o major Feitosa lhe fazia uma desfeita daquelas? Não só mandava alguém em seu lugar, em vez de vir pessoalmente, mas mandava aquela figurinha de baralho lhe dar a resposta que ele, o Feitosa – não aquele cabrito desajeitado – lhe devia?!Isso era um desfeita que a majestade de Virgulino Ferreira da Silva não havia de engolir!Lampião ergueu-se da rede, com a rapidez que – no gatilho – lhe valeu o apelido. Estava desarmado e completamente a vontade, com as fraldas da camisa para fora da calça de zuarte. Lentamente aproximou-se de Gabiru – a quem olhava de baixo para cima – e sem a mínima cortesia, nem pela mesma mangação dos comparsas, lascou-lhe na cara uma pergunta atrevida:Você sabe o que é a ira de Lampião?Não senhor – respondeu Gabiru, sem deixar de encará-lo.A ira de Lampião – explicou-se o próprio – é uma fazenda arrasada, muitas mulheres graúdas desonradas, dezenas de cadáveres e o sangue correndo como um rio por cem léguas de distância.O sertanejo escutou, humilde, mas respondeu com outra pergunta:Pois vossa incelência sabe o que é a ira de João Gabiru?O rei do cangaço riu-se da insolência e deu-lhe o troco na bucha:A ira de João Gabiru há de ser o cipó-de-boi comendo no lombo dele, que acabará de volta à casa do Major, mais morto que vivo, se arrastando atrás de sua mula.– É não – contradisse o outro e sacou zunindo uma peixeira que trazia escondida na cintura. – Quando João Gabiru fica irado, como agora, o máximo que pode haver é dois cadáveres, o sangue não corre mais que cinco passos, mas todo o cangaço há de ficar de luto.Com a ponta da lâmina a milímetros de seu pescoço, Lampião não piscou o olho nem moveu um dedo. Mas respirou fundo, antes de responder ao Gabiru:É de cabra assim, com cabelo na venta, que eu gosto, não sabe? Abaixe essa arma e vamos conversar, meu camarada. Tem sorte o Major Feitosa de contar com um macho esperto como tu a seu serviço...O final da história coincidiu com o fim da minha garrafa de cerveja. Durante algum tempo, esqueci do mundo, nocauteado pelo relato do velho. Ao voltar a mim, os danados dos nordestinos tinham simplesmente desaparecido. Cheguei a me perguntar se os dois haviam estado ali mesmo ou se eu os imaginara numa espécie de delírio. Não consegui chegar a uma conclusão. Fui interrompido pelo rapaz do balcão que queria saber:– Outra Brahma, meu querido?
Antonio Carlos Olivieri.

Ava Gardner : 24 de Dezembro de 1922 a 25 de Janeiro de 1990

Oscar Peterson

Sombras de rejeição ... - Ana Maria Machado



Medo...
Que medo é esse que,
encontrando o coração aberto,
adentrou e ali construiu o seu reinado?
Que medo é esse que,
temendo o exílio,
formou logo o seu exército?

Medos, medos, medos...
Nada mais que projeções
do medo amedrontado:
medo da rejeição

Amor...
Que sentimento é esse que,
encontrando o coração aberto,
adentrou e se fez servo?
Que sentimento é esse que,
entendendo a fragilidade do medo,
muito amou e aceitou e,
do coração, o medo exilou?

Medos, medos, medos...
Vidas despejadas
nos ralos do tempo
E nós, indiferentes,
não vemos que os medos
são sombras da rejeição,
facilmente, dissipadas
pelo Amor e a Aceitação


Silêncio


é o melhor alucinógeno.
Adoro injetà-lo na veia
ou cheirar longas
fileirinhas de silêncio,
deixando descortinar
tempestades de imagens
no deserto da razão.


Dores anímicas...

Minhas dores anímicas, sutilmente, me desafiam a depositar lágrimas sentidas sobre o passado, repensar o presente, abraçar o futuro e seguir em busca da luz perdida.


Ava Gardner de corpo e alma a toda elegância de Visconti - Aramis Millarch



Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 16 de junho de 1991


Entre os títulos mais interessantes na área cinematográfica editados este ano no Brasil estão "Ava - Minha História", autobiografia de Ava Gardner, falecida aos 68 anos em 25 de janeiro de 1990 e "Visconti - O fogo da Paixão" de Laurence Schifano.

Autobiografia de Ava Gardner (LP&M, 331 páginas, tradução de Celso Loureiro Chaves) é daqueles livros que atingem várias faixas de leitores que gostam de memórias cinematográficas: os simples fãs da atriz morena e sensual que nos anos 50 enlouquecia os sonhos eróticos de adolescentes fascinados por sua beleza - enquanto Frank Sinatra sofria com suas traições espanholas, encontrarão no relato de Ava momentos de grande prazer. Para quem acompanha o cinema de uma forma mais profunda não deixa de ser curiosa a descrição de bastidores do star system, com (não muitas) indiscretas revelações de detalhes que cercaram cada filme.

Em sua autobiografia Ava se propôs a "contar a verdade a respeito dos três homens que amei e com quem casei: Mickey Rooney, Arite Shaw e Frank Sinatra. Quero escrever sobre a Hollywood que conheci no início dos anos 40, recém chegada das plantações de algodão e tabaco da Carolina do Norte. Quero falar dos filmes que fiz, muitos deles em cenários exóticos que freqüentemente eram mais espetaculares do que os próprios filmes". Mas Ava também lembrou seus tempos de madrugadas, de bebedeiras, de festas incrementadas, de viagens - com direito a uma bravíssima menção a sua passagem pelo rio de Janeiro e a famosa noite do quebra-quebra em sua suite no Copacabana Palace.

Sincero, emotivo, confessional, completado em sua narração (Ava gravou muitas horas de fitas, transcritas e redigidas por um ghost-writer , obviamente completado poucos meses antes de morrer. "Minha vida" é um livro dos mais interessantes, indispensável para se conhecer melhor uma das últimas deusas do star system dos anos 40/50.

Se "Minha Vida" é uma narrativa pessoal, quase como uma conversa viva com uma das atrizes mais famosas de Hollywood - mas que nunca recebeu um Oscar em sua carreira - "Visconti - O fogo da Paixão" de Laurence Schifano (Editora Nova Fronteira, tradução de Maria Helena Martins, 470 páginas) transcende a simples biografia. Publicada na França há 4 anos, "Luchino Visconti Les Feux de La Passion" ganhou prêmios da Academia Francesa em 1988 como biografia pela profundidade com que Laurence Schifano, uma especialista em história do cinema e seus grandes realizadores, desenvolveu o livro. Uma obra tão sofisticada e elegante como foi o próprio biografado, filho de uma das mais nobres famílias de Milão, criado em ambientes requintadíssimos, homem riquíssimo mas que foi também comunista consciente. Durante os nove anos em que residiu em Nápoles, como professora do Instituto Francês, Laurence pode aprofundar os estudos para fazer uma biografia definitiva de Luchino Visconti (1906-1976), um dos mais requintados cineastas de nossa época que de "Ossessione" (1942) a "O Inocente" (1976), realizou filmes dos mais criativos e requintados, como "Sedução da Carne" (Senso, 54), "Rocco e seus irmãos" (60), "O Leopardo" (63), "Os Deuses Malditos" (69), "Morte em Veneza"(70) e, sua última obra-prima, "Violência e Paixão" (74), sempre voltado a compreensão do ser humano. Múltiplo talento - além do cinema foi consagrado encenador de óperas, peças de teatro, etc. - Luchino Visconti tem neste livro um biografia a altura de sua dimensão de homem e artista.

Inácio de Loyola - Fundador da Companhia de Jesus




Inácio de Loyola foi soldado, mestre em letras e fundador da Companhia de Jesus

Filho mais novo de um nobre basco de antiga família, nasceu no Castelo de Loyola, perto de Azpeitia, no País Basco. Quando jovem, foi soldado e lutou no cerco de Pamplona pelos franceses, em 1521, sendo gravemente ferido em combate (uma bala de canhão quebrou-lhe as duas pernas). Em sua longa convalescença, leu muito sobre a vida de Cristo e dos Santos e, finalmente, resolveu dedicar sua vida a serviço de Deus. Após um ano de retiro na Catalunha, fez uma peregrinação a Jerusalém.

De 1524 a 1534, consagrou-se aos estudos e graduou-se mestre em letras pela Universidade de Paris. Nessa cidade, desenvolvia um trabalho evangélico junto ao povo e, como era leigo, despertou suspeitas entre as autoridades da Igreja. De qualquer forma, agrupou ao seu redor sete estudantes (entre os quais o futuro São Francisco Xavier) com o intuito de catequizar os muçulmanos na Palestina. Diante da impossibilidade da missão o grupo, agora com dez integrantes, apresentou-se ao papa Paulo 3o e colocou-se a sua disposição para quaisquer fins.

Assim fundou-se a Companhia de Jesus, em 1540, quando Paulo 3o deu à associação o título de ordem religiosa, da qual Inácio, padre desde 1537, foi o primeiro superior-geral, atribuindo-lhe como objetivo a reconquista católica em regiões protestantes. De fato, os jesuítas constituíram a linha-de-frente da Contra-reforma a serviço do papado - ao qual prestavam um voto especial de obediência.

A educação foi considerada por Inácio de Loyola o principal instrumento de reconquista dos protestantes e de catequização dos gentios. Assim, os jesuítas fundaram missões, retiros, colégios e universidades. Seu papel na colonização do Brasil, por exemplo, merece destaque, em especial pela contribuição dos padres José de Anchieta e Antonio Vieira.

Inácio de Loyola modelou a espiritualidade elevada e dinâmica de seus religiosos a partir de seu livro "Exercícios Espirituais", um clássico da literatura espiritual muito difundido ainda nos dias de hoje, graças aos muitos retiros pregados e dirigidos pelos jesuítas. Foi canonizado em 1622.


uoleducação

Cardápio da Alma por Martha Medeiros - Colaboração de Vera Barbosa




Arroz, feijão, bife, ovo. Isso nós temos no prato, é a fonte de energia que nos faz levantar de manhã e sair para trabalhar. Nossa meta primeira é a sobrevivência do corpo. Mas como anda a dieta da alma? Outro dia, no meio da tarde, senti uma fome me revirando por dentro. Uma fome que me deixou melancólica. Me dei conta de que estava indo pouco ao cinema, conversando pouco com as pessoas, e senti uma abstinência de viajar que me deixou até meio tonta. Minha geladeira, afortunadamente, está cheia, e ando até um pouco acima do meu peso ideal, mas me senti desnutrida.

Você já se sentiu assim também, precisando se alimentar?

Revista, jornal, internet, isso tudo nos informa, nos situa no mundo, mas não sacia. A informação entra dentro da casa da gente em doses cavalares e nos encontra passivos, a gente apenas seleciona o que nos interessa e despreza o resto, e nem levantamos da cadeira neste processo. Para alimentar a alma, é obrigatório sair de casa. Sair à caça. Perseguir.

Se não há silêncio a sua volta, cace o silêncio onde ele se esconde, pegue uma estradinha de terra batida, visite um sítio, uma cachoeira, ou vá para a beira da praia, o litoral é bonito nesta época, tem uma luz diferente, o mar parece maior, há menos gente.

Cace o afeto, procure quem você gosta de verdade, tire férias de rancores e mágoas, abrace forte, sorria, permita que lhe cacem também. Cace a liberdade que anda tão rara, liberdade de pensamento, de atitudes, vá ao encontro de tudo que não tem regras, patrulha, horários.

Cace o amanhã, o novo, o que ainda não foi contaminado por críticas, modismos, conceitos, vá atrás do que é surpreendente, o que se expande na sua frente, o que lhe provoca prazer de olhar, sentir, sorver. Entre numa galeria de arte. Vá assistir a um filme de um diretor que não conhece. Olhe para sua cidade com olhos de estrangeiro, como se você fosse um turista. Abra portas. E páginas.

Arroz, feijão, bife, ovo. Isso me mantém de pé, mas não acaba com meu cansaço diante de uma vida que, se eu me descuido, torna-se repetitiva, monótona, entediante. Mas nada de descuido. Vou me entupir de calorias na alma. Há fartas sugestões no cardápio. Quero engordar no lugar certo. O ritmo dos dias é tão intenso que às vezes a gente esquece de se alimentar direito.

Boas Festas! E um novo ano farto, apetitoso e de alma nova!

Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim,

Vera Barbosa

Feliz Natal a todos e obrigada pela companhia em 2009!

OLHAR PARA TRÁS E PARA FRENTE: OLHAR PARA O MUNDO E OLHAR PARA O SER


IMAGENS RECEBIDAS PELA INTERNET

Bernardo Melgaço da Silva

"O que distingue o homem ordinário e o homem gênio é que, para ser feliz, o primeiro tem de se esquecer de si mesmo e de perder a consciência da sua individualidade, o segundo tem de se concentrar em si mesmo e de tomar posse do seu ser" (FEUCHTERSLEBEN,1914,p.186).

Já perdi as contas dos erros que cometi nessa vida. Foram tantos e tão variados que fica difícil classificá-los e quantificá-los. Mas, o que me conforta é eu saber que todos os que me rodeiam passaram e estão passando pelo processo de tentativa e erro - a base do método experimental da ciência moderna! Em outras palavras, somente aprendemos quando nos disciplinamos a olhar nossos erros e em seguida tentar acertar de novo. Isso se chama aperfeiçoamento do caráter da alma e também do pensamento reflexivo. Ninguém nasce pronto ou acabado. Todos estão num processo de construção onde precisa se desconstruir o que não é mais adequado e conveniente, e assim a partir daí se construir um novo modo de ser e estar no mundo. Consciente ou inconscientemente precisamos lavar ou higienizar a alma através de uma disciplina de limpeza interior. Os hindus chamam esse processo de SADHANA. Os seguidores do espiritismo denominam de EXAME DE CONSCIÊNCIA.

Por isso, temos que estar atentos e olhar para trás e aprender com que se passou de errado em nossas ações e condutas. A vida é uma escola e por isso precisamos aceitar os méritos das provas que somos submetidos todos os dias. Ninguém passa por esse mundo sem ser submetido a um desafio de superação de sua condição humana. Aos 16 anos de idade li – e nunca mais esqueci! - um pensamento de Francisco Otaviano que dizia assim:

“Quem nasceu em brancas nuvens
E em plácido repouso adormeceu
Quem não sentiu o frio da desgraça
Quem passou pela vida e nunca sofreu
Foi espectro de homem – não foi homem
Passou pela vida
E não viveu”

A vida é uma grande travessia evolutiva onde temos que usar nossas faculdades humanas intrínsecas: força de vontade, fé, sensibilidade, intuição, razão, instinto etc. E reconhecer que o passado já se foi e não pode mais ser mudado. Só nos resta aprender a olhar para melhorar o que virá pela frente no futuro. Daí a música cantada (por Simone) com o refrão: “ O que será o amanhã...”.


Ainda aos 16 anos de idade recebi de um amigo, que era seguidor do espiritismo, uma mensagem que dizia assim: “Se choras sem apoio e vive sem paz...Não reclames do mundo...Ame...Lute...Espere...e Vencerás”. Por isso, não devemos nos perturbar com as novas situações que aparecem como desafios para superação. Devemos enfrentá-los sabendo que depois de uma noite de tempestade vem o dia com um sol deslumbrante.

Pois, tudo passará para que possamos renovar o que não deu certo e ter uma nova oportunidade para colocar mais alegria, paz e amor no que virá pela frente ainda. A vida não tem fim. A morte é uma porta que se abre para a eternidade numa outra vida de desafios transcendentais.

Recomendo a todos assistir um filme belíssimo e muito emocionante: “Minha Vida na Outra Vida”. É uma história verídica e seus personagens ainda estão vivos.

Nesse mundo de tantas setas desorientadoras precisamos usar a nossa capacidade inata de discernimento para se descobrir o caminho da verdade do mundo que começa na consciência do ser. E esse discernimento é um esforço ou disciplina pessoal que pode durar anos ou mesmo uma vida inteira de contemplação, reflexão, meditação e busca implacável do fio condutor da verdade da existência humana. Faça-se luz-consciência e todos viverão como um sol irradiante de felicidade, paz incondicional e amor. Eu garanto isso, pois já tive essa experiência de limpeza da alma e constatei que ao se limpar a camada grossa e suja do ego encontramos o sol da verdade: Self-Deus-Amor!

Um Feliz Natal e Paz no Novo Ano que se aproxima!

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FEUCHTERSLEBEN, Barão de. Higiene da Alma, 8ª ed., Lisboa: Parceria Antonio Maria Pereira, 1914.

Pensamento para o Dia 23/12/2009


“Vocês todos são dotados de discernimento (Viveka), vocês têm uma consciência sussurrando Retidão (Dharma) em seus ouvidos; assim, vocês mesmos são capazes de selecionar e escolher. Lustre sua mente e a grandeza sublime do Senhor estará refletida em seu coração. Assim como você alimenta o corpo e cuida da sua conservação e manutenção, a consciência (Chitta) e o intelecto (Buddhi) também devem ser alimentados com alimentos bons e nutritivos. Se você não fizer isso, então eles terão fome e buscarão todos os tipos de alimento impróprio. Dêem-lhes alimentação adequada e eles funcionarão bem, iluminando o Atma e ajudando-os a perceber que o Atma está em tudo.”
Sathya Sai Baba

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“O homem nunca obterá felicidade dando rédea solta a seus sentidos. Ele permite que a mente – um simples amontoado de pensamentos e desejos – guie suas ações, ao invés do intelecto, que pode discernir, investigar e analisar. Enquanto a mente segue cegamente todo capricho e fantasia, o intelecto ajuda o homem a identificar seu dever e responsabilidade. Duas coisas são essenciais para a vida feliz: Dhaanya e Dhyana – Dhaanya, ou grãos para o sustento do corpo, e Dhyana ou contemplação do Senhor e fusão em Sua glória.”
Sathya Sai Baba

Feliz aniversário, Alfredo Moreira Neto !



Teu presente foi a vitória do Flamengo.
Hoje tem vela , bolo, e o amor da tua família , acrescido da nossa lembrança e carinho.

Um grande abraço, irmão querido !

Claro que essa foto não é você...Pois se você é o gato da família... !

Aurora Miranda por Norma Hauer



UMA AURORA EM SEU CREPÚSCULO


Em plenas festas natalinas, ela despediu-se, sem mesmo esperar Papai Noel.. Quem sabe ele a levaria para encantar as crianças de outras paisagens? Ou mesmo se transformasse naquela Aurora Boreal tão amada em terras gélidas?

Ela foi grande, tão grande quanto sua irmã famosa, mas esta, mais exuberante, mais ousada, quase a ofuscou.

André Filho, que já lhe dera para gravar um bonito "Bibelô", ao compor sua
“Cidade Maravilhosa", deu-a para que ela tivesse a primazia de gravar aquele que, anos mais tarde, se tornaria o Hino de nossa Cidade, ainda maravilhosa e que deveria estar triste com sua partida. Mas, em plenas festas de fim de ano, poucos referendaram sua memória, poucos ilustraram sua partida, pouco destaque lhe deu a Imprensa. Não deve ser fácil ter uma irmã famosa.

Foram, ela e sua irmã Carmem, as primeiras "Cantoras do rádio"..

“Nós somos as cantoras do rádio
Levamos
a vida a cantar..."


Antes de o rádio abrir-lhes as portas para a fama, os cantores populares apresentavam-se em teatros, circos, feiras e qualquer lugar onde houvesse público para aplaudí-los.

O rádio levou-os para as casas desse público e ali, Aurora Miranda desabrochou com sua voz afinada, bonita, parecida com a de sua irmã, mas com personalidade própria.
Ela também esteve em Hollywood; com as figuras de Walter Disney (Zé Carioca à
frente) foi a atriz principal de "Você Já Foi à Bahia?", "dançando" com Pato Donald e companhia.

Ela viveu 90 anos, nascida que foi em 1915. No mês de abril (dia 20), sob o signo de Áries, que abre o ano zodiacal. Faleceu no mês de dezembro de 2005, mês que fecha o calendário oficial.

Duas datas que ficarão na lembrança de quantos a amaram e com ela cruzaram sua
vida terrena.
Que AURORA MIRANDA, nesta véspera de Natal, esteja em PAZ.


Norma Hauer

Vestígios e reflexos - Por Claude Bloc

Cabelos ao vento. Sorriso eloqüente. Traços finos. A pintura que vejo é natural como na tela ou no espelho à minha frente... A tarde nublada dissimula a idade, esconde os vestígios da transição do tempo... Reflexo finito, visão insubordinada do que de fato sou. Há sempre mais de mim no espelho em que me vejo. Ou menos, não sei bem.

Apago em meu rosto a expressão aborrecida e desafiadora que me faz mergulhar na liquidez do tempo. Saio displicente. Molho o rosto, deixo o sonho escorrer, dar vida a essa vida dentro de mim. Fecho as pálpebras e deixo-me ir além dessas tinturas de minha alma, nessa captura de mim mesma, transformada e refletida.

Enxergo num instante todas as passagens achatadas pelo tempo. Vejo naquela imagem a menina faceira e/ou mulher agitada. Afoita ou intensa. Insegura nas mais vezes. E assim prossigo desenhando nessa tela os retratos de minh’alma misturados ao íntimo do meu ser.. Como uma impressão digital que marca a história de todos os meus reflexos...

Espelho-me nesse enigma que é a vida e em seus estilhaços percebo o olhar penetrante que me observa. E me vejo finita, findável nessa imagem congelada. Sou, então, o reflexo abstrato, o rascunho concreto no lume do espelho. É lá onde me encontro através desse olhar refletido na memória...

O tempo passa e cada instante é ( in)finito.
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Texto por Claude Bloc
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Maurice Bejart

Gregório Barrios



Nos anos 40 e 50, a música popular brasileira viveu de forma indiscutível sua época de ouro.
A Rádio Nacional do Rio de Janeiro cobria todo o território nacional com seus potentes transmissores espalhando músicas, notícias, rádio teatro para todo o Brasil.

Era um tempo de Chico Alves, Orlando Silva, Carlos Galhardo, Silvio Caldas entre outros cantores. Emilinha Borba, Marlene, Dalva de Oliveira entre as cantoras, além de um sem número de outros cartazes.
Foi nesta época que surgiu o bolero. Desde logo, este novo ritmo quente, sentimental, conquistou o seu espaço entre o nosso público, porque quando o momento pede romantismo, delicadeza de sentimentos, é o bolero um ritmo ideal até pelo seu envolvimento.
E quando lembramos do bolero, lembramos também de seus intérpretes, porque, através deste ritmo, grandes vultos latinos se fizeram projetar no cenário musical do nosso país. Gregório Barrios, juntamente com Afonso Oritz Tirado, Pedro Vargas, foram alguns dos grandes intérpretes.

Gregório Barrios nasceu a 31 de janeiro de 1911, no seio de uma família de poucos recursos financeiros. Nasceu em Bilbao na Espanha.

Teve 3 irmãos. Era ainda pequeno quando sua família emigrou para a Argentina porque seu pai, socialista convicto, vinha sofrendo perseguições políticas em sua terra natal.
Na Argentina, trabalharia em diversos empregos, até se fixar numa empresa pavimentadora de estradas, onde permaneceu por 12 anos. Nesta empresa, Gregório chegaria a um posto de chefia, sendo posteriormente promovido a gerente da mesma.

Mas foi no seu emprego anterior, quase menino que, ao cantarolar uma música, recebeu elogios de um colega de serviço. Os elogios foram tão calorosos que fizeram com que o rapaz passasse a pensar diariamente em se tornar cantor profissional.
Mas com temperamento determinado e perfeccionista, agora visando uma carreira com objetivo mais sério, iniciaria seus estudos de canto com professores do Teatro de Ópera de Buenos Aires.
Durante mais ou menos 15 anos Gregório Barrios dedicou-se ao estudo da música e do canto, antes de se sentir preparado para iniciar sua carreira.

E este longo estudo foi feito durante as horas de folga que o jovem Gregório conseguia após o trabalho.

Em 1938 fez sua estréia cantando em programas de rádio. Mas, contrariado com a qualidade destes programas, até um pouco envergonhado, adotou o pseudônimo de Alberto de Barrios. Nesta época, seu repertório era composto de trechos de óperas.

No final dos anos 30 começava o reinado mundial do bolero com imenso horizonte pela frente. Gregório Barrios, a esta altura, já estava desencantado com a música clássica e resolveu então se definir pela música popular.
A música em língua castelhana já tinha consagrado nomes famosos como Dr. Afonso Ortiz Tirado, que deixou a medicina para dedicar-se inteiramente à música, Pedro Vargas, também reconhecido e respeitado nos países de língua espano-americanos, Elvira Rios, fazendo sucesso enorme.

Estes acontecimentos fizeram com que Gregório Barrios se resolvesse em definitivo! Em 1940, Gregório deixa seu emprego na empresa de pavimentação de estradas, e assina contrato com a rádio "El Mundo de Buenos Aires" onde ficaria por longos anos, embora recebesse convites constantes de outras emissoras.
Em 1941 vem atuar pela primeira vez no Brasil. Foi uma passagem discreta pelo cassino de São Vicente, e pela "Rádio Cruzeiro do Sul" de São Paulo.
Três anos após estes acontecimentos, Gregório Barrios retorna ao Brasil, agora para atuar no Rio de Janeiro nos famosos cassinos "Atlântico" e "Quitandinha"! Suas vindas ao Brasil, daí por diante, foram cada vez mais freqüentes, e de tal modo, que em breve, seria considerado um artista brasileiro, querido e admirado pelo nosso público.
Nos clubes, nas emissoras, nas boates, mais tarde na televisão, em todo o rincão brasileiro, Gregório Barrios compareceria para levar seus sucessos e receber aplausos.

Em suas entrevistas ele sempre afirmava que amava muito o Brasil, e que um dia viria morar em nosso país.
O tempo iria confirmar que nestas entrevistas não estava apenas sendo gentil. De fato, em 1962, Gregório Barrios transfere a sua residência para o Brasil.
Em 1966, Gregório casa-se com uma brasileira, e com ela tem uma filha que se chama Carmem Patrícia.
Em 1978, mais precisamente no dia 17 de setembro de 1978 , Gregório Barrios veio a falecer subitamente na cidade de São Paulo.
Neste período estava em franca atividade artística, tinha formado sua própria orquestra, e fazia aproximadamente 80 a 90 apresentações por mês.
Gregório Barrios deixou para as pessoas que o conheceram a lembrança do homem alegre, extrovertido, extremamente modesto, profissional corretíssimo, ótimo esposo, excelente pai.

O seu corpo está sepultado em São Paulo no cemitério do Morumbi.

Beni Galter

Bolero- Gregório Barrios




"Frio en el alma porque no estás conmigo..." canta Gregório Barros em um dos mais antigos boleros.

Quem nunca passou por isso, atire a primeira pedra. Muitos anos depois, João Bosco, sem encontrar novas palavras, havia de dizer: "sentindo um frio em minha alma, te convidei prá dançar.." O quê mesmo? "... Dois prá lá, dois prá cá".

O bolero fala as verdades do amor. E se você é um desses que diz que não gosta, prepare-se, porque mais dia menos dia o seu bolero chegará. Ele está visceralmente ligado à nossa alma latina.

Larvas

Se voltares ... - Rogaciano Leite

Como o sândalo humilde que perfuma
E o ferro do machado que lhe corta,
Hei de ter a minh’alma sempre morta
Mas não me vingarei de coisa alguma.

Se algum dia, perdida pela bruma,
Resolveres bater à minha porta,
Em vez da humilhação que desconforta,
Terás um leito sobre um chão plumas.

E em troca dos desgostos que me deste
Mais carinho terás do que tivestes
Os meus beijos serão multiplicados

Para os que voltam pelo amor vencidos
A vingança maior dos ofendidos
É saber abraçar os humilhados.

De Rosineide para Walda

A Minha Amiga Secreta, a moca de um sorriso belo e contagiante,a Jogadora medrosa do Mata, a minha colega de tantos anos no São João Bosco,reside em Fortaleza, e tem um lugarzinho reservado para ela no meu coração.Adoro voce Walda!

Abraços,

Rosineide