Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

domingo, 8 de agosto de 2010

Por Socorro Moreira

Agosto é o mês dos meus gostos ...
Nem todos !

Os desencontros acontecem,
mas se alternam,
com sonhos de encontros.
Rezo pra Santo Agostinho,
e assisto Hitchcock,
para aprender a desvendar ,
alguns dos teus mistérios.

Um exercício complexo...
O revelar-se
O aprender  com retoques,
na miragem da calma .

Oitavo Mês - por Domingos Barroso


No mês de agosto
deixo partes do meu corpo
pelos bares:

sobre a mesa
do inferninho mais triste

meu coração altivo
dentro de um copo
agoniza.

Já perto do banheiro
meus olhos perdidos
erram de porta

e são fritos
na cozinha.

No mês de agosto
não tenho alma

nem outras donzelas
a me salvarem da vida.

No mês de agosto
minha morte
é clara.

Transparente.


 por Domingos Barroso

Piaget


Sir Jean William Fritz Piaget (Neuchâtel, 9 de agosto de 1896 — Genebra, 16 de setembro de 1980) foi um epistemólogo suíço, considerado o maior expoente do estudo do desenvolvimento cognitivo.

Estudou inicialmente biologia, na Suíça, e posteriormente se dedicou à área de Psicologia, Epistemologia e Educação. Foi professor de psicologia na Universidade de Genebra de 1929 a 1954; tornando-se mundialmente reconhecido pela sua revolução epistemológica. Durante sua vida Piaget escreveu mais de cinqüenta livros e diversas centenas de artigos.

wikipédia

A despedida do amor - Martha Medeiros


Existem duas dores de amor:

A primeira é quando a relação termina e a gente, seguindo amando, tem que se acostumar com a ausência do outro, com a sensação de perda, de rejeição e com a falta de perspectiva, já que ainda estamos tão embrulhados na dor que não conseguimos ver luz no fim do túnel.

A segunda dor é quando começamos a vislumbrar a luz no fim do túnel.

A mais dilacerante é a dor física da falta de beijos e abraços, a dor de virar desimportante para o ser amado. Mas, quando esta dor passa, começamos um outro ritual de despedida: a dor de abandonar o amor que sentíamos. A dor de esvaziar o coração, de remover a saudade, de ficar livre, sem sentimento especial por aquela pessoa. Dói também...

Na verdade, ficamos apegados ao amor tanto quanto à pessoa que o gerou. Muitas pessoas reclamam por não conseguir se desprender de alguém. É que, sem se darem conta, não querem se desprender. Aquele amor, mesmo não retribuído, tornou-se um souvenir, lembrança de uma época bonita que foi vivida... Passou a ser um bem de valor inestimável, é uma sensação à qual a gente se apega. Faz parte de nós. Queremos, lógicamente, voltar a ser alegres e disponíveis, mas para isso é preciso abrir mão de algo que nos foi caro por muito tempo, que de certa maneira entranhou-se na gente, e que só com muito esforço é possível alforriar.

É uma dor mais amena, quase imperceptível. Talvez, por isso, costuma durar mais do que a "dor-de-cotovelo" propriamente dita. É uma dor que nos confunde. Parece ser aquela mesma dor primeira, mas já é outra. A pessoa que nos deixou já não nos interessa mais, mas interessa o amor que sentíamos por ela, aquele amor que nos justificava como seres humanos, que nos colocava dentro das estatísticas: "Eu amo, logo existo".

Despedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo. É o arremate de uma história que terminou, externamente, sem nossa concordância, mas que precisa também sair de dentro da gente...

E só então a gente poderá amar, de novo.



HOME TEXTOS SOBRE AMOR

Homenagem A Zé Vilar.

Hoje a única e maior celebraçao que poderia eu fazer a este homem, seria dizer a Deus: Obrigada Senhor; pelo Pai que tive.Ele simplesmente entre tantas coisas, me ensinou bem direitinho o que é AMAR.Liduina Vilar

Recebi de Pachelly, e apresento para considerações de todos !

Recentemente , recebi de Pachelly ,um e-mail , que disponibilizava  algumas das suas fotos , caso quiséssemos  renovar o Front do Cariricaturas.



"Não temos imagens, lá, nós fomos "imaginados" rs rs rs

Aproveito e te envio algumas fotos, quem sabe uma destas, sirva para a renovação do Front do Cariricaturas! A Claude sugeriu, mas estou dando opção de escolhas! Sem compromisso! Na verdade eu não sei
bem o que seria ideal, mas se não  estiverem tão apressadas assim, poderei tirar alguma com este propósito.

Bom, fique a vontade! Abraços"

Pachelly

Não menosprezando a arte de Claúdio Henrique , por sinal primorosa,  considero o novo lay out sugerido, inadequado !
A foto de Pachelly  ficou comprometida, o que felizmente não aconteceu com a capa do nosso livro, onde a foto permanece  livre e imperiosa ! 
Nesta proposta atual , o logotipo "Carri ?  Caturas ", ficou justo em cima da arte de Pachelly. Um despropósito !  

Pachelly, obrigada por tanta generosidade !
De todas, gostei de todas !
Votaria na terceira ou última  para o nosso novo Front.


Essa música é demais !!!!!!!!!

Paciência

Composição: Lenine e Dudu Falcão



Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
A vida não para...

Enquanto o tempo
Acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara...

Enquanto todo mundo
Espera a cura do mal
E a loucura finge
Que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência...

O mundo vai girando
Cada vez mais veloz
A gente espera do mundo
E o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência...

Será que é tempo
Que lhe falta para perceber?
Será que temos esse tempo
Para perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Mesmo quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para
A vida não para não...

Será que é tempo
Que lhe falta para perceber?
Será que temos esse tempo
Para perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida é tão rara
A vida é tão rara...

A vida é tão rara...


Tonel de Amor.

Certa vez uma amiga minha chamada Rose Ane Lucena (com autorização para citar seu nome), me falou que eu sou um tonel de Amor. E tonel é aquele recipiente grande de metal que nos lugares menos agraciados por àgua, a população o coloca embaixo da "biqueira" do telhado em dias de chuva, para enchê-lo.Essa é apenas uma de suas funçoes. Pois bém, todos nós possuimos um tonel, um túnel,, uma fonte, um córrego, uma cachoeira de Amor dentro de si. Mas é necessário que saibamos e lancemos mão disso.No entanto para tudo isso funcionar, e este tonel chegar até mesmo a transbordar, é necessário uma luz para ativá-lo e fortificá-lo. E aqui na terra essa iluminaçao maior vem dos amigos; que além de serem este brilho,chegam bem juntinho nas horas mais importantes. Um amigo enxuga nossas lágrimas, um amigo nos dá cólo, oferece seus ouvidos, nos abraça fortemente...Um amigo é um cuidador por excelência!...Se  alguém passar por essa existência sem possuir uma porção deles, tenho que citar o famoso escritor Francisco Otaviano:"Passou pela vida em brancas nuvens, e em plácido repouso adormeceu, só passou pela vida, não viveu".
Dedico esse texto especialmente a amiga Rose, que de repente não é apenas um, mas muitos tonéis de amor, carinho e dedicaçao aos seus amigos. 

Liduina Belchior.

O canário



O canário

Olha o canário: canta, depois voa.
A libélula cai de uma haste fina.
O capim brilha à beira da lagoa.
O sol beija de leve as folhas verdes.

O vento esconde-se no bambual.
O gavião soberbo na manhã.
Refresco os pés nas águas do riacho.
Os lambaris, lavados e prateados.

Olha o canário: vai morrer, mas canta.
E olha a borboleta como dorme.
Olha os patos selvagens como gritam.
E as águas correm verdes entre as pedras.

Um grilo grita muito fracamente.
Um sagui se pendura num cipó.
Os pica-paus martelam o coqueiro.
O céu e as nuvens são um rio sem água.

_______

"A Casa do Recreio" - por Socorro Moreira

A casa que nasceu Vicente Leite , que pertence à Dona Almina Arraes, fica na Rua do Recreio, próximo ao Hospital Manoel de Abreu. Pelos cálculos de Dona Almina essa construção tem muito mais de cem anos.
Foi lá que nasceram seus dois primeiros filhos : Maria Edite e Joaquim Pinheiro. Por fortes razões ela sente-se ligada à casa, sentimentalmente.
Inegável,  a beleza arquitetônica , e a vontade de todos é preservá-la, como património histórico e cultural da nossa cidade e região.
Por amor  às boas memórias , a intenção de Dona Almina é cedê-la, para que se viabilize a sua restauração, e passe  a exercer  um papel social , como " point"  de todas as artes, notadamente da Pintura.
Pensamos de forma coletiva , no bem comum: angariar recursos  para  a materialização desse projeto, tendo como passo inicial, a abertura de uma Associação organizada, que administre os consequentes planos de ação. O arquiteto Waldemar Farias já nos prometeu um projeto de restauração , e algumas figuras da comunidade já assumiram o voluntariado de abraçar a causa , como : Nicodemos, Fátima Figueiredo, Joemir, Josenir e Miguel, Emerson Monteiro, Marcos Cunha, Socorro Moreira, Roberto Jamacaru, Abidoral Jamacaru, João do Crato,Fabiana Vieira, Liduína Belchior, Maryfran Oliveira, Verônica, João Marni, Maurílio Peixoto,  e tantos outros , que já se agregam  ao grupo inicial.
Precisamos unir forças , e centrar as nossas energias para que  desta feita não venhamos a perder  mais um edifício ,que conta a nossa história.
Dia 11 de Agosto, estaremos nos reunindo mais uma vez para discutir  estratégias de recuperação da casa, aprovação dos estatutos  da Associação, e eleição da  primeira diretoria. Para isso contamos com a presença  de todos os interessados  , em se tratando de um assunto relevante  e do interesse de todo cratense, inclusive de todos os amantes da arte, que  povoam a região do Cariri.
Sintam-se convidados, e incluídos  neste projeto !
Falo em nome do Cariricaturas ,  que de boa vontade, acha-se envolvido , como força de trabalho.

P.S.Quarta-feira estaremos formalizando convite, e determinando local e hora da reunião. Aguardem !


Betinho


Herbert José de Sousa, conhecido como Betinho, (Bocaiúva, 3 de novembro de 1935 — 9 de agosto de 1997) foi um sociólogo e ativista dos direitos humanos brasileiro. Concebeu e dedicou-se ao projeto Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida.

Herbert Jose de Souza nasceu no norte de Minas Gerais e, junto com seus dois irmãos - o cartunista Henfil e o músico Chico Mário, herdou da mãe a hemofilia, e desde a infância sofreu com outros problemas, como a tuberculose. "Eu nasci para o desastre, porém com sorte" - costumava dizer.

Foi criado em ambientes inusitados: a penitenciária e a funerária, onde o pai trabalhava. Mas sua formação teve grande influência dos padres dominicanos, com os quais travou contato na década de 1950. Integrou a JEC (Juventude Estudantil Católica), a JUC (Juventude Universitária Católica) e, em 1962, fundou a AP (Ação Popular), da qual foi o primeiro coordenador.

Concluiu seus estudos universitários em Sociologia, no ano de 1962. Durante o governo de João Goulart assessorou o MEC, chefiou a Assessoria do Ministro Paulo de Tarso Santos, e defendeu as Reformas de base, sobretudo a reforma agrária.

Com o golpe militar, em 1964, mobilizou-se contra a ditadura, sem nunca esquecer as causas sociais, porém. Com o aumento da repressão, foi obrigado a se exilar no Chile, em 1971. Lá assessorou Salvador Allende, até sua deposição em 1973. Conseguiu escapar do golpe de Pinochet refugiando-se na embaixada panamenha. Posteriormente morou no Canadá e no México. Durante esse período foram reforçadas as suas convicções sobre a democracia - que ele julgava ser incompatível com o sistema capitalista.

Foi homenageado como "o irmão do Henfil" na canção "O bêbado e a equilibrista", de João Bosco e Aldir Blanc, gravada por Elis Regina - "Meu Brasil / que sonha com a volta do irmão do Henfil / de tanta gente que partiu…" - à época da Campanha pela Anistia aos presos e exilados políticos. Anistiado em 1979, voltou ao Brasil.

Em 1981, junto com os economistas Carlos Afonso e Marcos Arruda, fundou o IBASE - Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas. e passou a se dedicar à luta pela reforma agrária, sendo um de seus principais articuladores. Nesse sentido conseguiu reunir, em 1990, milhares de pessoas no Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro, em manifestação pela causa.

Betinho também integrou as forças que resultaram no impeachment do Presidente da República Fernando Collor. Mas o projeto pelo qual se imortalizou foi, provavelmente, a Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, movimento em favor dos pobres e excluídos.

Em 1986 Betinho descobriu ter contraído o vírus da AIDS em uma das transfusões de sangue a que era obrigado a se submeter periodicamente devido à hemofilia. Em sua vida pública esse fato repercutiu na criação de movimentos de defesa dos direitos dos portadores do vírus. Junto com outros membros da sociedade civil, fundou e presidiu até a sua morte a Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS. Dois dos seus irmãos, Henfil e Chico Mário, morreram em 1988 por conseqüência da mesma doença. Mesmo assim, não deixou de ser ativo até o final de sua vida, dizendo que a sua condição de soropositivo o forçava a "comemorar a vida todas as manhãs".

Morreu em 1997, já bastante debilitado pela AIDS. Deixou dois filhos: Daniel, filho do seu primeiro casamento com Irles Carvalho, e Henrique, filho do segundo casamento com Maria Nakano, com quem viveu por 27 anos.
wikipédia

Instituto Federal Educação, Ciência e Tecnologia - Campus Crato - lança programa Qualidade de Vida

O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia - IFCE - Campus Crato, ex-Escola Agrotécnica Federal de Crato, lança, amanhã, dia 9, o programa Qualidade de Vida – Viver Bem, Trabalhar Melhor. A motivação da direção do Instituto para a execução do programa é, primordialmente, as mudanças sociais, políticas e culturais que o ambiente empresarial vem atravessando nos últimos tempos, com o aumento da competitividade que vem exigindo dos trabalhadores em geral uma maior produtividade e eficiência dos serviços prestados. E para atingir estas metas, faz-se necessário uma maior atenção para a qualidade de vida dos trabalhadores.

Nesta perspectiva, o programa Qualidade de Vida, do IFCE-Crato irá promover ações voltadas para a valorização dos recursos humanos do órgão, dispensando atenção principal à saúde e ao bem-estar físico e mental de seus servidores, visando garantir a excelência tanto de nível de produtividade como da prestação de serviços, com destaque para o equilíbrio do clima organizacional.

O programa será lançado amanhã, a partir das 14:30 Horas com apresentação cultural a cargo da poeta Anilda Figueiredo, membro da Academia dos Cordelistas do Crato. Na sequência a professora do Instituto, Angélica Maria Luna Costa, fará a apresentação do programa. Finalizando o lançamento, a psicóloga Fernanda Cândido, do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador, fará palestra sobre Qualidade de Vida.

Até o final do ano, várias atividades serão promovidas na execução do programa, como exibição de filmes, sessões de ginástica laboral, curso de Yoga, palestras, celebrações de aniversários e datas comemorativas e passeios.

Fonte: IFCE – Campus Crato

Mês dos pais - Emerson Monteiro

Conceituam-se as coisas para atender necessidades, de mercado ou de conveniência, mas conceituar transforma o simples no complexo e o certo no duvidoso, ou no sentido inverso, conquanto sirva de base ao andamento dos barcos, neste mundo de balcões em que a vida humana reverteu-se, num tempo de muita galinha e pouco ovo.
Maio foi eleito o mês das mães, desde noivas a futuras mamães; a Maria, mãe de Jesus. Isso enquanto as flores perfumam os jardins e tudo parece corresponder, em termos de felicidade e harmonia.
Já o mês de agosto se tornou o mês dos pais, nos turnos de comércio, tempo de dar presente a quem paga os presentes o ano todo.
Fase boa de fazer reflexões do que sejam os pais dessa era de mudança arregaçada em tudo, quando criar filhos virou ginástica imprevisível e de muitas posições, a perguntar quais os caminhos reais da estrada do futuro da família sob os maiores desafios de sobrevivência moral.
Outros momentos prometiam melhores esperanças, sem querer lançar mais lenha na fogueira das vaidades humanas antigas. Ser pai envolve compromisso de mostrar resultados em forma do sucesso profissional e geração de emprego e renda, salvadas aparências e desenganos.
Nunca tantos habitaram a face da Terra, planeta enfumaçado e neutro aos valores da guerra dos compromissos. E os pais saem calados em busca do pão de cada dia no formato dos tempos modernos, comerciais, automáticos, industriais, digitais, acelerados.
Aos homens que têm o mérito de cumprir tal missão de criar e manter os filhos e indicar as alternativas, cabe-nos olhar com bons olhos e vê-los quais cidadãos comuns, porém cobertos das cinzas da incerteza nos vagões de segunda, dados fatores que lhes restringem os passos, nos fardos familiares de outras exigências oficiais e pagamentos de impostos e taxas.
Na roda viva desses meios, portanto, as correias dentadas do coração reclamam apoio a esses homens heróicos, nas armaduras de pais, mães ou filhos. A humana sociedade precisa abrir o sentimento ao pouco que isso corresponde nas promessas dos manuais. Iniciativas pedem coragem e criatividade, sem permitir falhas por conta do que virá depois, nas folhas de pagamento e permissões oficiais das filas e postos de saúde.
Vivam sempre todos os pais, enquanto andam conosco, e mais adiante na saudade dos que se foram, em sinal de reconhecimento à luta que travam contra a mesmice, em favor dos sonhos positivos.

PORTO CENTENÁRIO - Por Marcos Barreto de Melo

PORTO CENTENÁRIO


Naquele porto centenário
Você chegou desconfiado
Arrastando a sua dor
Pra enfrentar o dragão
Carregado de furor
Chegou triste, acabrunhado
Pra começar seu calvário
Trazido quase arrastado
Tal qual um touro enfezado
Puxado ao pé do mourão

No meio daquele espinheiro
Nem muita fé, nem dinheiro
Iriam fazer domar
Aquele dragão voraz
Que insistia em lhe devorar
Carregando a sua paz

Após um sono profundo
Você acordou pro mundo
Viu que na queda de braço
Tinha sido o perdedor
Saiu de lá deprimido
Qual um bagaço moído
Com o seu corpo já marcado
Pelo que lhe foi levado

Rancoroso, inconformado
Voltou ao seu velho ninho
Pra receber dos amigos
O conforto e o carinho
Mas, na doçura da moagem
No cheiro da rapadura
Você era a imagem
De quem vivia a amargura
E na imensidão da bagaceira
Sentiu-se o próprio bagaço
Pois na hora do abraço
Novamente o desgosto
Pela falta em pleno agosto
Que sentia do seu braço



Marcos Barreto de Melo

Três Lágrimas
Orlando Silva
Composição: Ary Barroso

Eu chorei
Pela primeira vez na minha vida
Quando nossa vida se complicou
Éramos então duas crianças
Cheias de vida e de esperança
Lembro-me bem do teu olhar espantado
Quando te roubei um beijo bem roubado
E uma lágrima dos olhos me rolou
Eu chorei
Pela segunda vez na minha vida
Quando minha vida desmoronou
Tínhamos então mais vinte anos
Mágoas, saudades, desenganos
Lembro-me bem do teu olhar esquisito
Quando te olhei surpreso e muito aflito
E uma lágrima dos olhos te rolou
Eu chorei
Pela terceira vez na minha vida
Quando minha vida se acabou
Ia pela rua amargurado
Quando ouvi bem o teu chamado
Lembro-me só que já fugira a meiguice
Do teu lindo olhar agora era a velhice
E uma lágrima dos olhos nos rolou

A música preferida do meu pai

Meu pai - por Socorro Moreira



Foto de Júlio Saraiva ( casamento dos meus pais).
Hoje é um dia de lembrar a paternidade perdida, deixando de lado a dor da perda, mas chamando a saudade vestida de proteção, alegria e ternura.
Moreirinha  era um pai especial. Vivia arte, produzia arte, e amava com arte. A sensibilidade  dos seus 6 filhos foi formada , no pé do rádio, radiola, cartolinas, telas, pincéis, e no bico da pistola. Pistola mágica , usada por mãos  dextras, e olhar estético.
Nem dá pra  enumerar o tanto do carinho  que recebemos daquele homem de mãos sujas de tinta, que com elas ganhava o nosso sustento.
Tínhamos reais afinidades. O mesmo pé, o mesmo passo. Gostávamos da vida noturna, do violão tocado e cantado nas madrugadas.Fizemos  juntos algumas "farras". E até quase nos seus últimos anos, ele cantava 
lindamente todas as músicas que eu gostava. " Canta aquela, papai" ... Frase que eu aprendi  a repetir , desde a mais tenra idade. !
Era cheio de gavetas fechadas, onde guardava seu material de trabalho: pincéis, cartolinas, Nanquim ,lápis , réguas, estiletes, canivetes, etc.Tinha ciúmes dos seus livros, coleções de revistas e discos. Amava o cinema , e não perdia uma única estreia. Fazia os cartazes, faixas com letreiros, e ainda desenhava  os grandes astros, no papel de pão,  nas toalhas de mesa da casa. 
Ter um pai artista muda uma história de vida.
Sou música porque ele me fez assim !
Sou  borboleta, estrela, vento e palmeira, porque assim me desenhou.
Sou a resultante  de uma vida cantante, chorando e sorrindo , num clima de boemia e religiosidade.
Agora,  anda por lá... Provavelmente fazendo artes !
Espero reencontrá-lo, para  uma seresta, numa noite estrelada .
Se o passado voltasse, queria meu pai, outra vez ao meu lado , cantando no banheiro, assobiando Pixinguinha, comendo uma perna de peru, no almoço... e, pra variar, tomando uma cervejinha !

Pai - Por José de Arimatéa dos Santos

Pai!
Palavra tão pequena
Três letras
Juntas
Se agigantam
Pai
O verdadeiro amigo
De todas as horas
Pai!

Por Mário Quintana




As Mãos do Meu Pai


As tuas mãos tem grossas veias como cordas azuis
sobre um fundo de manchas já cor de terra
— como são belas as tuas mãos —
pelo quanto lidaram, acariciaram ou fremiram
na nobre cólera dos justos...

Porque há nas tuas mãos, meu velho pai,
essa beleza que se chama simplesmente vida.
E, ao entardecer, quando elas repousam
nos braços da tua cadeira predileta,
uma luz parece vir de dentro delas...

Virá dessa chama que pouco a pouco, longamente,
vieste alimentando na terrível solidão do mundo,
como quem junta uns gravetos e tenta acendê-los contra o vento?
Ah, Como os fizeste arder, fulgir,
com o milagre das tuas mãos.

E é, ainda, a vida
que transfigura das tuas mãos nodosas...
essa chama de vida — que transcende a própria vida...
e que os Anjos, um dia, chamarão de alma...

(Mario Quintana)

Por Ulisses Germano


PAI PAI-D'ÉGUA


O que faz um pai paidégua

A não ser olhar o filho

Com o olhar de não DAR trégua

De jamais perder o brilho

Ser pai-d'égua é ser teimoso

Sem jamais ser rancoroso

Quando o filho sai do trilho.



O comércio cria datas
O consumo se consuma
Mas as minhas alpergatas
De pares só tenho uma!

Feliz dia do Papai.... com apreço,
Ulisses Germano

O olhar de meu pai

"Antes dos 13 anos, declarei guerra a meu pai. Eu passara para o terceiro ano do ginásio, mudou o irmão Marista titular da classe, e tive a oportunidade de tirar o primeiro lugar, algo que não conseguira nos dois anos anteriores.Fui para casa de boletim na mala e peito estufado, e o velho nem ligou. À noite, no encontro de pais e alunos no Marista, um pai chegou perto de nós, saudou o meu feito e indagou se manteria a colocação. Seu Oscar respondeu irritado: "Problema dele". Anos depois, Chafik, seu melhor amigo, me contou que ele não se conformara com minha decisão de, aos 12 anos, me tornar jornalista, e não seu sucessor na Farmácia Central.

Desde aquela noite de 1963 um muro ergueu-se entre nós. No mês seguinte caí para 7º da classe, no terceiro mês para 15º, do quarto mês em diante fui o último para o todo e sempre. Puni o seu Oscar a cada prova mal feita, a cada gazeta engendrada, a cada rebelião contra os irmãos. Mas nos momentos cruciais, consegui o seu apoio, especialmente no dia em que o reitor Lino Teódulo foi à minha casa com acusações falsas, em represália à minha militância estudantil. Disse-lhe na cara que ele estava mentindo, e meu pai me apoiou.

Nem isso quebrou as nossas barreiras. Eu chegava em casa antes de meu pai chegar, refugiava-me na tia Rosita na hora do jantar, depois, quando ele descia de novo para fechar a farmácia corria para casa, para dormir antes que ele voltasse de vez. Mas de manhã bebia cada som que ele emitia, cada gesto de ansiedade, andando para lá e para cá no corredor de casa, os gemidos de quem carrega os fardos do mundo. E me punia por não poder ajudá-lo.

Ao longo da vida, guardei em frascos de cristal os poucos momentos de emoção que consegui compartilhar com ele, como o garimpeiro que procura a pepita na bateia. Registrei seu choro na morte da tia Marta, as lágrimas na missa de sétimo dia do vô Issa, seu sogro, a última ida a Poços de Caldas, para ser comunicado da morte de seu melhor amigo, e seu olhar quando divisou a cidade ao longe. Mais tarde, acompanhei seu silêncio quando tia Rosita morreu. Não contamos nada para ele, e ele nunca mais perguntou dela, para não ouvir a resposta que temia.

E me lembrei para sempre do dia em que o critiquei na casa do vô Issa por ter comprado um bilhete de loteria enquanto estávamos acampados por lá, procurando casa para alugar em São Paulo. Ele saiu para a rua, fui atrás e pedi a Deus as palavras que me permitissem explicar o que sentia. Abracei-o, aquele homem alto, chorando, e falei, falei e falei, disse-lhe que ele continuava o centro da família e que minha preocupação era apenas para que não demonstrasse desespero indo atrás de miragens. E só serenei quando ele se acalmou e me olhou com olhar de pai agradecido.

O segundo derrame chegou doze anos depois do primeiro. Só depois de morto e enterrado comecei minha longa caminhada atrás de meu pai. Passei a buscá-lo em cada contemporâneo, em cada amigo. Com as velhas senhoras de Poços descobri o galanteador, com os fregueses mais humildes da farmácia, uma generosidade que nunca pressenti.

Com os amigos, a pessoa aberta e alegre que submergiu com a crise da farmácia, mas que continuou sendo o mais gentil dos poçoscaldenses.

E quanto mais o buscava passava a descobrir o inverso, a busca que ele fazia de mim. Diariamente meu pai levava minhas irmãs ao Colégio São Domingos, e, na volta, pegava um amigo meu para almoçar e saber notícias minhas de São Paulo. Antonio Cândido me falou do orgulho com que ele relatava minhas primeiras reportagens. O padre Trajano me contava das notas que levava ao "Diário de Poços" relatando cada vitória em festival, em concurso literário. E minha mãe me contou que, no auge da minha crise de adolescência, ela perdeu a fé no meu futuro, e ele acreditou.

Às vezes sinto o travo da última conversa que não houve, dos beijos que não lhe dei. Mas em algumas noites o sinto ao meu lado, daquele modo silencioso com que ficava com a tia Rosita, sem nada falar, porque palavras eram desnecessárias. Apenas me olhando com aquele olhar de quem finalmente se fez entender".

Autor: Luis Nassif (crônica de 2006)
Postagem: José Nilton Mariano Saraiva

Ser pai – Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Ser pai é tomar nos braços o recém-nascido, contemplá-lo com incontida alegria, e ver naquele pequenino ser um pedaço da sua própria carne!

Ser pai é voltar a ser criança e com os filhos brincar, cheio de esperança; com eles jogar sinuca, ping-pong, pião, bola de gude e futebol. É projetar naquelas frágeis criaturas uma a vida melhor, um futuro brilhante, radiante, para o qual não conseguimos alcançar. Vibrar com as vitórias de cada um deles, como se nossas elas fossem.

Ser pai é sofrer com o choro incontido, que nem sempre entendemos o sentido e, tomar para si as dores dos filhos, sejam eles ainda pequenos ou adultos, e defendê-los com unhas e dentes dos perigos e agressões que a vida sempre nos reserva.

Ser pai é viver intensamente hoje, as virtudes que desejamos ver nos filhos amanhã.

Ser pai é ter aquela sensação de masculinidade. Contemplar aquela pequena e divina criatura e sentir-se indigno de colaborar com Deus, em sua infinita obra criadora.

Ser pai é possuir o dom da gratuidade, uma verdadeira vocação!

Ser pai é abraçar os netinhos e verificar recompensado, que a vida se renova a cada dia e continua num novo alvorecer. E numa prece de agradecimento pela missão cumprida, dizer: obrigado Senhor! Teu servo agradece por tantas alegrias nesta vida.

Dedicado ao meu querido pai, um modelo de vida, que Deus levou para junto dele há 44 anos, com a mesma idade que eu terei no próximo Natal. (65 anos, 3 meses e 10 dias)

Em 08.08.2010


Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Do baú de Stela

A ROÇA DE ALGODÃO DO MEU PAI

Quando éramos crianças meu pai reunia a meninada ao seu redor e, sob a luz de um candeeiro de querosene, costumava nos contar histórias de trancoso, cheias da riqueza, da magia e do encanto do imaginário proveniente da nossa herança indígena, africana e portuguesa.
Grande fascínio aquelas histórias exerciam sobre nós!
Depois, quando já éramos todos adultos, papai nos emocionou contando histórias reais: as da sua vida. Eram histórias simples do cotidiano de um sertanejo, histórias que retratavam a singeleza da vida daqueles que aguardam a chegada das chuvas para plantar e garantir a sobrevivência da família, histórias repletas de lições práticas de um homem que desde criança buscava alternativas criativas para vencer as adversidades da vida.
Das muitas histórias que Joaquim Valdevino de Brito contava, quero destacar especialmente uma que traduz bem seu espírito de luta, de fé e confiança no trabalho.

Era o final de um ano seco e não adiantava plantar nada, pois “só se ia perder semente...” Todos repetiam esse refrão.
Mas ele não se conformava com aquela pasmaceira de estiagem prolongada, não podia ficar sem fazer nada, só olhando para um céu sem nuvens e sem promessa de chuvas. Estava para chegar um novo ano... quem sabe não chovia em janeiro, fevereiro ou em março, com as bençãos de São José?
Vislumbrou em sua mente o branco de um algodoal. Seu coração acatou com confiança a idéia e sua vontade imperiosa entrou em ação: preparou a terra e plantou as sementes de algodão.
As pessoas não acreditavam naquela tentativa, mas Joaquim era um rapaz obstinado.
Entrou o novo ano e houve uma mudança no tempo. Soprou um vento que prometia chuva, e que caiu no chão como dádiva preciosa para aqueles que acreditaram e plantaram. A chuva não foi muita, porém foi suficiente para segurar o algodão.
O algodoal de Joaquim, naquele ano, não só enfeitou a sombria paisagem sertaneja, como garantiu comida na mesa e aquisição de sementes para o próximo inverno.

Obrigado Joaquim Valdevino por nos ter ensinado, com sua história de vida, que, frente às dificuldades, não devemos bloquear nossa fonte de idéias e cruzar os braços:
É PRECISO PLANTAR ALGODÃO!


UMA HOMENAGEM DE GRATIDÃO DOS SEUS FILHOS
Julho/2001
Filme Antigo
- Claude Bloc -
.
Tal qual em filme antigo,
vivo em pequenos espaços
e é lá que estou
protagonista de cenas mudas
vivendo quadros silenciosos
de uma vida que não escolhi.


Nada mais me espanta
pois as horas trabalham
contra minha vontade
e as engrenagens do tempo
esmagam os meus sonhos...
.
...e tu, em contraponto
dormes no cenário
enquanto ensaio meu papel.
.