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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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domingo, 8 de agosto de 2010

PORTO CENTENÁRIO - Por Marcos Barreto de Melo

PORTO CENTENÁRIO


Naquele porto centenário
Você chegou desconfiado
Arrastando a sua dor
Pra enfrentar o dragão
Carregado de furor
Chegou triste, acabrunhado
Pra começar seu calvário
Trazido quase arrastado
Tal qual um touro enfezado
Puxado ao pé do mourão

No meio daquele espinheiro
Nem muita fé, nem dinheiro
Iriam fazer domar
Aquele dragão voraz
Que insistia em lhe devorar
Carregando a sua paz

Após um sono profundo
Você acordou pro mundo
Viu que na queda de braço
Tinha sido o perdedor
Saiu de lá deprimido
Qual um bagaço moído
Com o seu corpo já marcado
Pelo que lhe foi levado

Rancoroso, inconformado
Voltou ao seu velho ninho
Pra receber dos amigos
O conforto e o carinho
Mas, na doçura da moagem
No cheiro da rapadura
Você era a imagem
De quem vivia a amargura
E na imensidão da bagaceira
Sentiu-se o próprio bagaço
Pois na hora do abraço
Novamente o desgosto
Pela falta em pleno agosto
Que sentia do seu braço



Marcos Barreto de Melo

3 comentários:

Tete Barreto Peretti disse...

Marcos.Voce, com retrata muito bem as coisas que, embora passadas, estão presentes, encravadas em nossos corações. Naquela época,o sofrimento não nos deixava enxergar a fortaleza de nosso pai. Fortaleza que o fez permanscer, ao lado da família, por muitos anos.Acredito que hoje, ele desfruta de um bom lugar, onde não deixa de olhar para todos nós.Beijos. Tete

Carlos Eduardo Esmeraldo disse...

Caro Marcos

Parabéns por expressar tão bem seu sentimento de amor filial. Bela poesia.
Um abraço

Aloísio disse...

Marcos,
Parabéns por transportares para a poesia lembranças difíceis de serem revolvidas. Grande texto.
Abraços
Aloísio