Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Valentina - Por Claude Bloc


De onde vem esse vai-vém? Um passinho pra frente, dois passinhos pra trás, ela tropeça na mesma pedra...Já sabia que ela estava ali mas fez de conta que não viu e faz cara de desentendida como se aquilo não fosse com ela.

Miou baixinho e saiu andando mal disfarçando a cara suja de leite. Ia repetindo as mesmas frases decoradas já há tanto tempo, e não olhava pros lados, e não via o que estava diante do nariz. Ignorava as placas ao longo do caminho e os avisos pra ir com cuidado. Pra pisar de levinho e, assim, não fazer sangrar de novo as mesmas velhas feridas que não saram nunca.

Seguiu faceira e foi levando aos trancos e barrancos com a mesma leveza de sempre, os sinais de tempestade pra poder começar tudo de novo. Um passinho pra frente, dois passinhos pra trás e o tropeço na mesma pedra. Depois, o mesmo sorrisinho amarelo que era pra disfarçar e não disfarçava coisa nenhuma.
.
Texto e foto formatada por Claude Bloc (Uma homenagem à gata siamesa de Dr. Heládio)

As histórias dos outros IV: O feitiço contra o feiticeiro – por Carlos Eduardo Esmeraldo

O menino Tomé morava com os pais e sete irmãos no Sítio Riachão em Milagres, na parte oriental do Cariri cearense. Em fins de 1912, a família resolveu mudar-se para o Crato, passando a residir no início da atual Rua Senador Pompeu, que na época denominava-se mui apropriadamente de “Fundo da Maca.” Por trás da casa se estendia imenso matagal no qual a criançada pegava passarinhos com arapucas.

Com a morte da mãe, uma tia de Tomé, de nome Inês, que todos chamavam tia Badêz, passou a cuidar com muito rigor da educação da criançada. Todos lhe devotavam profundo respeito. E ela correspondia orientando os sobrinhos da melhor forma possível, não dispensando a correção de nenhuma pequena traquinagem.

Por essa época, uma das irmãzinhas de Tomé tinha o péssimo hábito de chupar o dedinho polegar. Num dia de domingo, após o almoço, a menina dormia numa rede armada na sala de visita com a mão direita estendida por fora da rede. Todos pareciam dormir naquele inicio de tarde quente de verão. Tomé era o único ser movente naquela casa, tamanho era o silêncio que reinava. Ao ver a irmãzinha sem o dedo na boca, brotou-lhe do cérebro uma terrível idéia, logo colocada em prática.

Tomé dirigiu-se, então, ao quintal da casa, onde vicejava um robusto pé de pimenta malagueta, com bastante carrego. Colheu um punhado de pimenta vermelhinhas de tão maduras, previamente esmagado entre suas mãos e esfregou no dedinho da irmã. Feito isso, ganhou o bredo, somente retornando, ao ouvir o choro da criança.
A tia Badez reuniu os irmãos defronte para ela e perguntou a cada um: “Foi você?” “Não,” respondiam os meninos olhando nos olhos da tia. Quando chegou a vez de Tomé, ela perguntou: “Só resta você. Responda: foi você que passou pimenta no dedo da menina?” “Não!” Respondeu Tomé, sem coragem de encarar a tia. Como resposta a sua negativa, Tomé foi agraciado com umas merecidas chineladas no traseiro, e a voz da tia: “Você não respondeu me olhando nos olhos! E era o único ausente de casa quando a menina acordou chorando. Está mentindo!” Estava, mas insistiu na mentira. “Não, não estou mentindo!” Disse-lhe Tomé esfregando os olhos com os dedos das mãos. Estes, impregnados de pimenta denunciaram a peraltice, pois Tomé com os olhos ardendo recobrou o choro com maior intensidade e as palmadas se repetiram também com maior vigor. Castigo dobrado, ou multiplicado, porque se esquecera de lavar as mãos, como narrou ele anos depois.

Tomé cresceu, foi exemplar funcionário do Banco do Brasil e depois de aposentado transformou-se no talentoso escritor Tomé Cabral. Escreveu os deliciosos livros:"Patuá de Recordações", cujo prefácio é da escritora Rachel de Queiroz; "A Europa é bem ali" e o "Dicionário de Termos e Expressões Populares". Vale a pena lê-lo!
Adaptado por Carlos Eduardo Esmeraldo de “Patuá de Recordações” (Memórias de Tomé Cabral) pág. 150, capítulo: “E o feitiço virou mesmo contra o feiticeiro.” Edição do Autor: Campinas – SP: 1978

RESTOS DE ONTEM - Por Emerson Monteiro

Um grande grupo de artistas invocou nesta quinta-feira a Lei de Liberdade de Informação para exigir do governo norte-americano que revele o nome das gravações que foram utilizadas durante os interrogatórios de suspeitos de terrorismo na prisão de Guantánamo ou em alguma das prisões secretas que a CIA espalhou pelo mundo durante o mandato de George W. Bush. James Taylor, Christina Aguilera, Britney Spears, Neil Diamond, AC/DC, Red Hot Chili Peppers e muitos outros lançaram um protesto contra o uso da música em torturas. (El País, 23/10/09).

Essa coisa de escrever impacta semelhante a vícios, mania dos dependentes compulsivos. No ar, um chamado qual das vezes em que chega o desejo de comer um doce de leite caseiro, uma goiabada, pensando no prazer do copo d’ água a lhe sequenciar. Ou mesmo de uma fruta tirada do pé, uma manga jasmim, um caju, cedo, de madrugada. E nisso o ímpeto de transmitir palavras impacientes, às vezes desobedientes, ânsia de lançar esporos ao vento das moções saboreadas e suaves.
Quase um "release" da função da psiquiatria, na vida de quem a pratica como instrumento de libertação, há que se conhecer de tudo, ou fazer espécie de esforço continuado de virar folhas secas das estradas e olhar o que se esconde embaixo, na busca constante dos "porquês" infinitos; há que se...
Nada vejo de oposto ao gesto puro e simples de virar essas páginas dos livros da vida, da história, no dia, a cada novo tempo. A propensão incontrolável de conhecer e apreciar o âmbito multiforme dos caminhos, nessa jornada em linha reta do berço ao túmulo, tantas vezes percorrida quantas necessárias, a formular os conceitos definidos da real libertação aos padrões além da dimensão gelada dos passos conhecidos.
Saber, saber e saber mais um pouco, até entornar o copo da seiva vital dos conexos... A revelação de todos os diademas do mistério e suas esferas longitudinais, ficcionais, imaginárias... Esgotar o possível nas malhas do indizível.
Saber jamais ofenderá. E saber de si próprio, nos divãs ou nos estádios, ou mesas de bar, cheiro a flores metálicas, trilha luminosa das matas do Inconsciente em chamas. O perfume apaixonado da mulher amada e seu hálito silvestre, permissivo, fagueiro..
Existe mais coisa que só se saberá no contato do diálogo. O atrito das humanas relações fala do silêncio que pode sorrir em gesto de matéria prima do definitivo querer. Quer-se, no entanto, extremar quando impõe nas costas de dois ou três pensadores o peso das respostas às perguntas que insistem rasgar a cada momento o tempo e a máscara da dor de toda gente, perante as interrogatórios da vida, nas paixões, nos desenlaces, tragédias, dramas, religiões, hecatombes, transmissões de pensamento, esculturas abandonadas nos campos destruídos pelas guerras sucessivas dessa velha humanidade de boca machucada aos urros da tortura e impulsos de vítimas e convulsões.
O mistério dorme nas teias da noite longa, em forma de espectros e monstros agressivos, nos frutos azedos da aventura inacabada. Caberão sempre outros dramas, no palco sumeriano, remelento, do paleolítico atualizado nas resenhas de hoje. Poucos desvelam suas mesmas faces das próprias limitações, contudo serão esses tais que romperão os laços derradeiros da Eternidade, nas luzes da alvorada festiva do depois.
Quero crer aqui vislumbrarmos as disciplinas válidas de quem pode nutrir de calma o ouvir das estrelas e seus representantes, até quando pacificarem o entendimento das luzes na ciência verdadeira.

Boêmia - Por Socorro Moreira


Coração não é relógio de cordas

com ponteiros e valsa de despedida


O que se fala no boteco,

morre,

quando a noite finda.


Um tango de Gardel,

bolero de Ravel,

cheiro de sarro,

amendoim torrrado


Cio no olhar

chope derramado

quebra de taças

poemas molhados


Madrugada, calçada

lua em vigília

rajada de vento

cheiro de dama ...

E o céu cuspindo neblina.

Ziraldo Alves Pinto


"Ziraldo Alves Pinto, nascido em Caratinga, MG, em 1932, talvez seja o único escritor do mundo a desfrutar a honra de ter um de seus títulos comparados à lua por ninguém menos que Neil Armstrong, o primeiro astronauta a pisar o respectivo satélite, que disse: "The moon is Flicts". Polivalente, esse autor de livros infantis tem uma longa trajetória como artista gráfico, humorista, ilustrador, cartunista, caricaturista, dramaturgo e jornalista. Ele foi o primeiro a criar uma revista de história em quadrinhos brasileira, reunindo todos os bichos do folclore nacional, um pequeno índio e o Saci-Pererê, que, sendo o mais importante mito popular do país, deu título à publicação. Sua consagração total chegou com o lançamento de ‘O Menino Maluquinho’, lido e admirado por milhões de crianças de várias gerações que ainda tiveram a alegria de assisti-lo em duas versões para o cinema. Durante a ditadura militar, Ziraldo participou da resistência política, fundando, com outros humoristas, o mais importante jornal não-conformista da imprensa brasileira, o ‘Pasquim’. "
obras
Flicts (1969)
Turma do Pererê (1973)
O Planeta Lilás (1979)
O Menino Maluquinho (1980)
As Anedotinhas do Bichinho da Maçã (1994)
Uma Historinha sem um Sentido (1994)
Tia Nota Dez (1995)
O Menino do Rio Doce (1997)
O Calcanhar de Aquiles (1998)
Outro como eu Só Daqui a Mil Anos (1999)
500 Anos de Anedotas de Português (2000)
Rolando de Rir (2001)

Em qualquer lugar do mundo algumas celebridades brasileiras seriam elevadas à condição de gênios e teriam estátuas, escolas com seus nomes, avenidas em sua homenagem ou, até mesmo, teriam seus trabalhos difundidos mundo afora. Normalmente isso acontece em nosso país quando as referidas celebridades morrem. Não deveria ser assim. O reconhecimento a obras de grande qualidade em qualquer setor da produção humana deveria render a seus realizadores, durante suas vidas, a estima e a valorização que normalmente percebemos em países mais desenvolvidos.

Por tudo aquilo que conseguiram produzir em suas carreiras isso poderia acontecer, por exemplo, com personalidades como Zagallo, Maurício de Souza, Lúcio Costa, Jorge Amado ou Ziraldo (entre muitos outros brasileiros notáveis).

Ziraldo, por exemplo, é o pai de um dos maiores fenômenos da literatura brasileira, “O Menino Maluquinho”. Criou também toda uma turma de personagens derivados da riqueza e da diversidade próprias de nossa cultura, de nosso país. Valorizou a vida simples, do homem do interior, das cidades pequenas de Minas Gerais (que se parecem tanto com as cidades do Vale do Paraíba, onde moro).

Não podemos considerar Ziraldo apenas como um desenhista, quadrinista ou cartunista. Ele ultrapassou as fronteiras que delimitam o trabalho desses artistas e criadores e se tornou uma referência para quem lida com crianças, com a infância. Isso inclui, por exemplo, os educadores.

Além de toda a qualidade artística de seu trabalho, há alguns outros segredos para o sucesso de Ziraldo. Obviamente não conheço todos eles, mas não dá para deixar de reconhecer que pelo menos duas características marcantes auxiliaram muito em sua vitoriosa carreira, ou sejam, a simplicidade e a sensibilidade.

A simplicidade do homem que nasceu no interior, que ganhou a cidade grande, que conquistou espaço em setores de criação e produção extremamente competitivos e restritos e que, no entanto, jamais renegou suas raízes, suas origens e o cheirinho peculiar da roça, o relevo das ruas de paralelepípedos, as bancas de secos e molhados dos mercadões ou a gostosa conversa entre vizinhos, parentes e amigos...

A sensibilidade de quem se manteve sintonizado com o universo infantil através dos anos mesmo com o advento dos cabelos brancos. Filhos e netos com certeza colaboraram muito para que isso acontecesse, entretanto, não dá para deixar de reconhecer que muito dessa candura das crianças pertence mesmo ao próprio Ziraldo...

Isso tudo, resumido e representado por toda a obra composta com seus personagens ao longo dos anos já seria suficiente para erigir as tais estátuas de Ziraldo ou ainda de dar seu nome a escolas ou avenidas. Agora, para que possamos conhecer um pouco melhor a vida e a obra desse notável brasileiro, destacamos em nossa coluna Dicas de Navegação, o site do Ziraldo (www.ziraldo.com.br).

"A caminhada em direção aos abismos"- Por Ulisses Germano

As máscaras sociais
Na persona do estetoscópio
no pescoço dos médicos universítários
ou a gravata do Tio Patinha
com seu nó de forca...
Estereotipia aguda
Medo de ser o que é,
Robóticos e normóticos
De um tempo vão...

Só a juventude tem a força
E a reserva energética
De transformar o mundo
Mas a "bundificação da cultura"
Faz lembrar o conselho
Que Nelson Rodrigues nos deixou:
"Jovens! Envelheçam!"


Ulisses Germano

José Flávio Vieira no Programa Cariri Encantado de hoje

O poeta, escritor e dramaturgo José Flávio Vieira será o convidado do Programa Cariri Encantado desta sexta-feira.

Zé Flávio, como é mais conhecido no meio artístico e cultural da região, participou como letrista dos festivais da canção que aconteceram no Crato durante toda a década de 1970. Nos últimos anos vem se dedicando à literatura, tanto como cronista como dramaturgo. Publicou o livro de crônicas Matorzinho Vai a Guerra, onde narra com muito humor o cotidiano, repleto de realismo fantástico, de um fictício lugarejo, sob a ótica dos seus moradores que, não por acaso, lembram os tipos populares do Crato. Autor da peça de teatro Zé de Matos Contra o Bicho Babau nas Ruas do Crato, que foi montada e apresentada ao público de várias cidades do Ceará mediante prêmio conquistado junto à Secretaria de Cultura do Estado. O texto de Zé de Matos(...) também foi publicado na forma de livro.

Zé Flávio é colaborador de vários blogues da região, como o Cariricult e o Blog do Crato, e mantém o blog Simbora Pra Matorzinho, onde dar continuidade à cômica e às vezes trágica saga dos moradores daquele “locus imaginarius”.

Zé Flávio é ainda um dos grandes incentivadores da produção cultural alternativa do Cariri cearense. Recentemente produziu e lançou o disco Bárbara, de Abidoral Jamacaru, e desenvolve o projeto de gravação de um disco infantil com músicas que retratam alguns tipos populares do Crato. As músicas foram compostas em parceria com artistas locais e são por eles interpretados.

O programa Cariri Encantado vai ao ar todas as sextas-feiras, das 14 as 15 horas, na Rádio Educadora do Cariri AM 1020. Apoio: Centro Cultural BNB Cariri. Apresentação de Luiz Carlos Salatiel e Carlos Rafael Dias.

Prossegue hoje o Festival Cariri da Canção


Local: Centro Cultural do Araripe
Horário: a partir das 19:30 Horas
Acesso livre


Músicas que participarão da 3ª eliminatória

1. Soldadinho do Araripe
Autor: Rainerio Ramalho
Intérprete: Grupo Os Peleja
Local: Barbalha/CE

2. Sempre o Melhor
Autor: Vinícius Bitencourt
Intérprete: Vinícius Bitencourt
Local: Fortaleza/CE

3. Vou Tirar Você do Pensamento
Autor: Magaivel Pedro / Samuel Pereira
Intérprete: Alberto Kelly Franca
Local: Crato/CE

4. A Dama e o Verso
Autor: Luciana Dantas / Karine Cunha
Intérprete: Fatinha Gomes
Local: Juazeiro do Norte/CE

5. Falsa Memória
Autor: Márcio Holanda / Cláudio Mendes
Intérprete: Cláudio Mendes
Local: Fortaleza/CE

6. Imaginei
Autor: Álvaro Holanda
Intérprete: Álvaro Holanda
Local: Crato/CE

7. Até Você Chegar
Autor: Nando Nuque
Intérprete: Nando Nuque
Local: Juazeiro do Norte/CE

8. Nucença das Águas Cantantes
Autor: Sanderley Coelho
Intérprete: Sanderley Coelho
Local: Barro/CE

9. Raiz e Cais
Autor: Lucíola Feijó
Intérprete: Lucíola Feijó
Local: Fortaleza/CE

Pensamento para o Dia 23/10/2009


“Deus decidirá o que dar, quando dar e onde dar. Portanto, todas as ações deveriam ser dedicadas a Deus e Ele decidirá o que o devoto está apto a receber. Quando tudo é entregue a Deus, com puro amor e fé absoluta, Ele tomará conta do devoto. As pessoas atualmente perderam essa fé firme. No caminho da devoção, muitas provações precisam ser superadas. No passado, grandes devotos enfrentaram tais provações com fé e coragem. Finalmente, eles asseguraram a graça Divina e experimentaram a bem-aventurança. Para alcançar tudo na vida, duas coisas são essenciais: fé firme e amor puro.”
Sathya Sai Baba


“Quando o interior do homem é preenchido com amor, sua vida torna-se plena de bem-aventurança e ele está sempre sadio e sincero. Atualmente, o homem sofre de numerosos males, cuja causa fundamental é uma mente doente. Não há morte para a mente, embora, quando o corpo enfrenta a morte, a mente pense que está morrendo. É dito que a mente é a causa da escravidão ou da libertação. Maus pensamentos causam escravidão; bons pensamentos levam à libertação. Portanto, todos deveriam desenvolver bons pensamentos e realizar boas ações. Tais bons sentimentos podem nascer somente do amor.”
Sathya Sai Baba

Carlos Lamarca


"Nunca chamem ninguém de senhor, pois ninguém é senhor de ninguém"
Carlos Lamarca

Carlos Lamarca nasceu no dia 27 de outubro de 1937, no bairro do Estácio, zona norte, do Rio de Janeiro. Seu pai, Antônio Lamarca era sapateiro, e sua mãe, Gertrudes, dona de casa. Lamarca tinha seis irmãos. Desde criança era um homem decidido e sempre teve liderança nas brincadeiras com os outros garotos. Cursou o primário na Escola Canadá e o ginasial no Instituto Arcoverde, sendo o único único dos filhos a chegar a ter curso superior.

Em 1947, Carlos Lamarca ingressa na Escola Preparatória de Cadetes em Porto Alegre e se mostra um cadete muito aplicado. Em 1957, é transferido para Rezende, para Academia Militar de Agulhas Negras. Na Academia, Lamarca lê o jornal "A Voz Operária", do PCB, (esse jornal era colocado debaixo dos travesseiros dos cadetes escondido) e começa a se simpatizar com as idéias comunistas. Em 1958, Lamarca fica noivo de Maria Pavan, uma amiga de infância. Em 1959 ainda aspirante e contra o regulamento, casa-se secretamente com Maria, que já esperava o primeiro filho. Lamarca e Maria vão morar no campo do Santana no Rio de Janeiro e no dia 5 de maio de 1960 nasce César Lamarca.Ainda em 1960 Lamarca é declarado oficialmente aspirante, e vai servir em São Paulo, no 4º Regimento de Infantaria em Quitaúna, Osasco. Em 1962 vai servir como segundo tenente nas forças da ONU, na ocupação do canal de Suez, no Oriente Médio. No Suez, Lamarca começa a tomar consciência da pobreza do povo Árabe e compara a situação do povo Árabe com a do povo brasileiro. Nessa época Maria Pavan já estava grávida novamente; a criança nasce em outubro de 1962 e se chama Cláudia. Em 1963, volta ao Brasil, quando as idéias comunistas vão ganhando mais força em Lamarca através da leitura de clássicos marxistas. Lamarca serve até 1965 na 6ª companhia da polícia do Exército, em Porto Alegre. Lamarca considerava Leonel Brizola um autentico líder popular, admirou a sua tentativa de resistência no Rio Grande do Sul e deplorou a atitude de Jango considerando-a covarde. Lamarca jamais concordara com o golpe militar, e não suportava ser guardião de presos políticos. Numa noite de sábado, em dezembro de 1964, promoveu a fuga do Capitão da Aeronáutica Alfredo Ribeiro Dandt que era acusado de atividades subversivas. Foi aberto um inquérito para apurar os responsáveis, mas o inquérito não deu em nada.

Após esse acontecimento Lamarca pede transferência para o 4º regimento de Infantaria em Quitaúna. Em Quitaúna Lamarca reencontra velhos amigos: o cabo José Mariane, o sargento Darcy Rodrigues, todos eles de oposição dentro do Exército. Em Quitaúna Lamarca organiza um clube, um local para que os militares de oposição pudessem discutir política dentro do Quartel. Mariane, Darcy e Lamarca estavam convencidos da necessidade de estruturar o foco guerrilheiro numa área rural. Lamarca se une ao grupo de revolucionários do 4ª Regimento, e logo a rede política se expande e chega até outras corporações. Apesar da atividade política Lamarca segue a risca suas obrigações no exército, tornando-se um oficial exemplar e se mostrando um excelente atirador. Perante os soldados Lamarca era severo mas amigo, sempre procurando ajudá-los e chegando até a emprestar dinheiro, mas perante os outros oficias era o inverso. Em 25 de agosto de 1967, Carlos Lamarca é promovido a Capitão. Nesse ano ele retoma os estudos sobre marxismo, o trabalho político que desenvolve com os outros militares "revolucionários" vai prosperando, e a sua idéia de guerrilha se consolida em seus planos.

Em 1967 Lamarca sente muito a morte de Che Guevara e diz "perdemos um dos maiores líderes internacionalistas mas a vida é assim: ou se morre ou se vence. Che Guevara morreu, mas deixa sua semente, raízes que não morrerão".

O ingresso na VPR e a VAR-Palmares

Em 1968 Lamarca procura uma organização que tivesse em seus planos deflagrar guerrilha e levar o povo ao poder. Entra em contato com a VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), com Carlos Marighela, ex-dirigente do PCB e principal comandante da ALN (Aliança de Libertação Nacional), e encontra-se também com a direção do PC do B. Lamarca e o sargento Darcy ingressam na VPR em dezembro de 1968. Lamarca foi convencido pelos dirigentes da VPR que após roubar as armas do quartel a VPR teria um local para iniciar a guerrilha rural. O sargento Darcy desviava do quartel munição e granadas, já que ele falsificava documentos sobre o gasto de munição nos treinamentos. Três dias antes de Lamarca roubar as armas do quartel, militantes da VPR são presos, e por saberem os nomes de Lamarca, Darcy e Mariane os três resolveram tirar as armas do quartel imediatamente. Então no dia 24 de janeiro de 1969 Lamarca entra com sua Kombi no quartel de Quitaúna e retira 63 fuzis FAL, três metralhadoras INA e munição. Em certo momento, dois sargentos perguntam a Lamarca para que as armas estavam sendo retiradas, e ele responde que é para um treinamento de tiro, e nesse momento Lamarca passa a viver na clandestinidade. Na verdade a VPR ainda não tinha condição de fazer a guerrilha, como havia dito.

Maria Pavan e os dois filhos saem do Brasil por segurança e vão morar em Cuba até 1969. Após o roubo ao quartel Lamarca passa a viver em aparelhos em São Paulo. Três meses após o roubo, Lamarca participa de sua primeira ação armada, ocorrida no dia 9 de maio de 1968, quando a VPR assaltou dois bancos, o Mercantil e o Itáu, ao mesmo tempo. Durante o assalto Lamarca vê o guarda civil Orlando Pinto Saraiva apontar a arma em direção a Darcy e então dispara e acerta a nuca do guarda. Mesmo participando da luta armada Lamarca desejava a guerra de guerrilhas no campo. A rotina de Lamarca se mantia, ele era obrigado a passar o dia todo escondido em apartamentos da VPR, com isso ele ocupa seu tempo estudando marxismo lendo sobre Trotsky, Lenin, Mao, Che Guevara, já que ele nesse momento ainda não possuía grandes conhecimentos teóricos.

Lamarca enfrenta outro problema; além de não existir a área de guerrilha, a VPR a partir de janeiro de 1969 estava passando por um momento difícil após a prisão de vários militantes. Devido à crise, a VPR convoca um congresso para se discutir as próximas ações. Nesse congresso Lamarca é nomeado dirigente, ele aceita esse cargo a contra gosto, pois perseguia somente o papel de líder da guerrilha rural e não de uma organização tipicamente urbana onde seria obrigado a dar respostas a problemas não militares. Já como dirigente Lamarca conhece Iara em abril de 1969. Era uma militante que passara por algumas organizações e que no inicio de 1969 tinha a função de manter contato ente a VPR e a Colina. Em junho de 1969 a VPR se une à Colina e forma VAR- Palmares. As duas tinham divergências, mas possuíam um ponto em comum, a luta armada através da guerrilha, para uma futura união das duas organizações. Lamarca e Iara se apaixonam, mas Lamarca tenta lutar contra esse sentimento, já que não seria justo com Maria que estava fora do país. Lamarca reluta em ficar com Iara, mas no meio de 1969 ele assume seu relacionamento com Iara e passam a viver juntos sempre que possível.

No dia 18 de julho de 1969 Lamarca e seus companheiros roubam o cofre da casa da amante de Adhemar de Barros, um político corrupto, e quando o abrem vêem uma montanha de dinheiro, um total de 2 milhões e 500 mil dólares. Os militantes tiveram que trocar os dólares também no mercado negro, já que as casas de cambio freqüentemente eram vigiadas. Cada militante recebeu 800 dólares para despesas, uma parte foi utilizada para preparar novas ações, uma fortuna foi gasta para manter os militantes na clandestinidade e 600 mil dólares caíram nas mãos da repressão.


A nova VPR

Entre Julho e Agosto de 1969 se realiza o congresso da VAR-Palmares. Desse congresso, Lamarca, Iara e outros companheiros saem da VAR por causa de entre outros motivos a relutância da VAR em se dirigir ao campo para guerra de guerrilhas. Com isso Lamarca refunda a VPR absorvendo vários dissidentes da VAR. A nova VPR é fundada oficialmente no final de 1969, comprando um sítio no vale do Ribeira que seria usado para treinar os militantes para guerrilha. Em janeiro de 1970 já havia chegado todos os militantes que receberiam treinamento, inclusive Iara. Mas um sério distúrbio ginecológico hormonal fez com que Iara fosse obrigada a abandonar o campo de treinamento.

Após o treinamento, o plano seria enviar alguns militantes para duas regiões do nordeste para desencadear a guerra de guerrilhas, mas a prisão de Mário Japa, dirigente da VPR que conhecia a localização do sítio de treinamento, fez com que se desmobiliza-se parcialmente o campo de treinamento, já que Mário estando preso e sofrendo torturas poderia entregar o campo. Preocupados com a vida de Mário Japa a VPR decide seqüestrar o cônsul do Japão. Com o seqüestro, Mário e outros companheiros são soltos, mas a repressão continua a prender vários militantes, e dois desses militantes delatam a área de treinamento. Lamarca ao saber da delação, inicia a evacuação da área. Oito companheiros saem do campo de treinamento, nove permanecem, eram eles: Lamarca, os ex-sargentos Darcy Rodrigues e José Araujo Nóbrega, Gilberto Faria Lima, Ioshitante Fujimoto, Edmauro Gopfert, Diogenes Sabrosa, o ex-soldado Ariston Lucena e José Lavenchia. Os guerrilheiros estavam escondidos em áreas perto do campo principal. Lá pelo dia 22 de Abril já havia 1500 homens à procura dos guerrilheiros, com a ajuda de vários helicópteros e aviões com pára-quedistas. José Lavenchia e Darcy Rodigues são presos pelo exército no dia 27 de Abril, e os outros guerrilheiros continuavam a fugir. Lamarca e seu pequeno grupo se mostram extremamente eficientes contra o exército. José Araujo Nobrega e Edmauro também são presos pelo exército. No dia 8 de Maio, Lamarca, num confronto consegue render um tenente, dois sargentos, dois cabos e doze soldados, e lê os termos de rendição para o tenente:

1- os guerrilheiros não fuzilariam ninguém;
2- os feridos seriam atendidos, facilitando o transporte dos mesmos;
3- os guerrilheiros apenas trocariam algumas armas sem expropriar nenhuma;
4- reabasteceriam de munição as armas;
5- O tenente levantaria o bloqueio do exército em Sete Barras (cidade próxima).

O tenente concordou com os termos só que não ordenou o levantamento do bloqueio, fazendo com que Lamarca e seu grupo caíssem numa emboscada. Os guerrilheiros conseguem fugir da emboscada e decidem executar o tenente, afinal, ele não havia cumprido o acordo e não havia condição de prosseguir com ele naquela situação de cerco. O tenente deveria ser fuzilado mas para não fazer barulho o executam com uma coronhada de fuzil no dia 10 de maio. Lamarca e seu pequeno grupo continuavam a fugir, começam a fazer contato com os camponeses da região para obter comida e se impressionam com a maneira como eram bem recebidos na maioria das vezes. Alguns camponeses que ajudaram o grupo de Lamarca foram mortos e torturados pelo exército.

Lamarca decide que o companheiro Gilberto Faria Lima, que não estava identificado pelos órgãos de repressão, deveria sair da região para buscar ajuda em São Paulo. No dia 30 de Maio Gilberto pega um ônibus para a Capital sem problemas. No dia 31 de maio Lamarca e seu grupo montam uma emboscada e conseguem capturar um veiculo do exército, fazem 5 prisioneiros, sendo um sargento e quatro soldados. Os guerrilheiros vestem os uniformes dos prisioneiros e conseguem passar pelo bloqueio do exército sem problemas, Seguem para São Paulo e, ao chegarem lá, abandonam o caminhão e deixam os prisioneiros amarrados na caçamba. Lamarca e seu grupo conseguem incrivelmente escapar do Vale do Ribeira, mesmo sendo perseguidos por milhares de soldados e sendo bombardeados por aviões. Essa vitória prova que um pequeno grupo se movimentando rapidamente, com tática de guerrilha é extremamente eficiente. Após a fuga no Vale do Ribeira, Lamarca encontra sua organização em crise devido à prisão de vários militantes. No início de junho de 1970 o Conselho Permanente de Justiça da 2° Auditoria Militar de São Paulo condena Lamarca à revelia a 24 anos de prisão pelo roubo de armas do Quartel de Quitaúna, condena o ex-cabo Mariane a 12 anos e o ex-sargento Darcy Rodrigues a 16 anos.

Devido à situação difícil por que passava a VPR, ele decide junto com a ALN realizar mais um seqüestro. O seqüestro foi realizado no Rio de Janeiro, quando alguns militantes cercaram o carro do embaixador da Alemanha Ocidental e o seqüestraram. No dia 12 de junho, um dia após o seqüestro, o presidente Médici e os ministros da justiça militar e das relações exteriores decidem aceitar parte das exigências dos seqüestradores. Os militares permitem que seja publicado na imprensa um manifesto dos militantes de nome "Ao povo brasileiro". No dia 13 de junho o governo concorda em libertar presos políticos, e dois dias depois um avião levanta vôo levando 40 presos políticos para a Argélia. Entre os presos libertados estão: José Lavenchia, Darcy Rodrigues, José Araújo Nobrega e Edmauro Gopfert. Em Setembro de 1970 Lamarca vai para um aparelho no interior do estado do Rio. Lamarca ainda acreditava na guerrilha, mas estava muito preocupado com o crescente número de companheiros presos e torturados, e também percebia que grande parte do povo não estava preocupado com os presos políticos e com as torturas que eles sofriam, mas que o trabalhador explorado continuava submisso e calado.

No dia 7 de Dezembro de 1970, Lamarca comanda o seqüestro do embaixador suíço Giovanni Enrico Bucher, no bairro de Laranjeiras no Rio de Janeiro. No momento do seqüestro o agente de segurança Hélio Araújo de Carvalho é ferido e morre no hospital, o motorista é dominado e os militantes levam o embaixador para o cativeiro. A VPR faz as seguintes exigências para libertar o embaixador: O governo deveria soltar 70 presos políticos, divulgar textos de propaganda e distribuir gratuitamente passagens nos trens do subúrbio até o final das negociações. Mas dessa vez o presidente Médici endureceu e só concordou em libertar os presos políticos. A VPR manda várias listas com os nomes dos presos que deveriam ser soltos mas o governo não concorda em libertar alguns presos citados. A nova estratégia do governo surpreende a VPR que só tinha duas opções: aceitar as condições do governo ou matar o embaixador. A maioria decide matar o embaixador, mas Lamarca é contra porque matar o embaixador iria repercutir mal junto ao povo e afinal se deixaria de libertar 70 companheiros que estavam sofrendo todo o tipo de tortura nos porões da ditadura. Então Lamarca, como comandante da operação, diz: "Sou o comandante da ação, decido eu. Não vamos matar Bucher". Após se chegar a um acordo acerca dos presos que seriam libertados, 70 presos políticos partem no dia 16 de janeiro rumo ao Chile de Allende.

Lamarca no MR-8

Após o fim do seqüestro Lamarca e Iara passam uns dias morando juntos. A decisão de Lamarca de não matar o embaixador é o estopim para uma série de discussões dentro da VPR, que queria que Lamarca saísse do país já que ele era o homem mais procurado, mas Lamarca não aceita e permanece no Brasil. No dia 22 de março de 1971 Lamarca rompe com a VPR e entra para o MR-8. Lamarca gostava de todos da VPR, mas politicamente considera a VPR muito vanguardista, negava qualquer espaço para o povo e não via como mudar essa situação. Por isso entra para o MR-8, e Iara o acompanha. No MR-8 Lamarca via novamente a possibilidade de ir para o campo, implantar o foco guerrilheiro e levar o povo ao poder, o MR-8 reservava ao povo um papel no processo revolucionário, o que foi um dos motivos da aproximação de Lamarca. De repente, o MR-8 começa a ruir: no dia 14 de maio Stuart Edgard Angel de 27 anos, membro da direção do MR-8, é preso e levado para a base aérea do Galeão, onde é torturado de todas as formas para dizer a localização de Lamarca, mas apesar disso Stuart não o entrega. Stuart morre, asfixiado e intoxicado por monóxido de carbono, após ser amarrado na traseira de um jipe da Aeronáutica e ser arrastado de um lado para o outro com a boca no cano de descarga do jipe. Os oficiais que participaram do assassinato de Stuart eram o Brigadeiro Burnier, Carlos Afonso Dellamara comandante do CISA, o tenente-coronel Abílio Alcantra e Muniz, o capitão Lúcio Barroso e o major Pena, todos do CISA., Alfredo Poeck, capitão do Cenimar, e o agente do Dops Jair Gonçalves da Mota.

Neste momento o MR-8 estava cercado no Rio de Janeiro e Lamarca e Iara estavam correndo perigo, então os dois partem em direção à Bahia (Iara consegue vencer a resistência da Organização em deixa-la ir junto com Lamarca já que não se sabia como absorvê-la no trabalho no campo). Lamarca e Iara chegam à Bahia mas não ficam juntos, pois Lamarca se dirige a Buriti Cristalino e Iara a Salvador. No dia 29 de junho de 1971 Lamarca chega a área de campo em Buriti Cristalino, e fica escondido no meio do mato, somente recebendo visitas de companheiros do MR-8 que levavam sua comida. Esses companheiros já estavam na região fazendo um trabalho de conscientização e educação com os camponeses. No dia 30 de julho Lamarca e seus companheiros discutem sobre a região e sobre as perspectivas de atuação, e percebem que seria um erro fazer a guerrilha ali, era necessário que a região tivesse alguma importância econômica para que a ação pudesse abalar o governo, e todo aquele agreste não tinha nenhuma importância para o país. Então ficou decidido que ali só se faria um trabalho de conscientização, recrutamento e formação de militantes de origem camponesa para mais tarde serem deslocados para uma região mais favorável à guerrilha.

No dia 6 de Agosto o militante Zé Carlos do MR-8 é preso em Salvador e fica a duvida se ele entregaria o local onde estava Lamarca e Iara. Zé Carlos é torturado mas não fala tudo de uma vez, fala sobre onde estava Iara porque achava que ela já tinha ido para Feira de Santana mas estava enganado. No dia 20 de agosto de 1971 os militares invadem o prédio onde estava Iara, prendem o companheiro Jaileno e outras pessoas. Quando Iara parecia estar salva, um menino a vê com duas armas e avisa aos militares. Iara fica presa num quarto porque o menino que a viu bateu a porta que só abria por fora e, acuada, sem chances de escapar, se suicida com um tiro no meio do peito. Com a morte de Iara, os militares têm certeza que Zé Carlos sabia onde estava Lamarca, e ainda possuíam o diário de Lamarca que falava da região onde estava. Em cima das informações de Zé Carlos e com o diário de Lamarca nas mãos, os agentes vão mapeando a região. Lamarca e os militantes ficam sabendo que Zé Carlos estava preso, e mesmo sabendo dos riscos em permanecer em Buriti Cristalino resolvem ficar porque não podiam abandonar todo o trabalho que estava sendo feito com o povo da região. Por precaução montam vários táticas de fuga caso fosse necessário. No dia 28 de Agosto os militares e policiais chegam a Buriti Cristalino. Olderico, militante do MR-8, percebe que tudo havia sido descoberto e quando os militares ordenam que todos saiam das casas ele começa a atirar para que Zequinha e Lamarca que estavam no acampamento ouvissem os tiros e fugissem. A atitude corajosa de Olderico deu certo, e ao ouvirem os tiros no vilarejo Lamarca e Zequinha fugiram pela Caatinga. Olderico é baleado.

A morte na caatinga

Buriti Cristalino foi palco do terror com a presença dos militares e policiais na região: vários camponeses foram torturados e espancados a troco de nada, animais dos camponeses foram fuzilados só por diversão, e o militante Otoniel foi morto. Os militares continuavam a perseguição a Lamarca, que estava muito doente, o que dificultava sua locomoção. O próprio Lamarca dizia para Zequinha o largar e fugir mas Zequinha respondia que "Quem é amigo na vida é amigo na morte!". No dia 17 de Setembro Zequinha e Lamarca estão descansando embaixo de uma árvore, depois de haver percorrido mais de 300km em fuga, quando Zequinha percebe que estão cercados. Ele então grita para Lamarca: " Capitão os homens estão ai", mas Lamarca não tem tempo nem para atirar, sendo fuzilado pelo Major Cerqueira. Zequinha corre ainda alguns metros mas também é morto. Antes de cair Zequinha grita: "Abaixo a ditadura!". Os corpos de Lamarca e Zequinha são levados para Brotas de Macaúbas onde são jogados num campo de futebol para todo mundo ver. Os Agentes se divertiam dando chutes nos cadáveres, rindo e dando gargalhadas de felicidade.


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Inspirados pela revolução cubana, a Vanguarda Popular Revolucionária, tinha como maior líder ex-militar Carlos Lamarca. Fazendo guerrilhas urbanas e mais tarde rurais, a VPR não conseguiu seus objetivos por causa da linha dura dos militares que estavam no poder e suas torturas com os companheiros apanhados. Tinha por convicção, a ideologia Marxista, eram bem disciplinados, talvez pela influência de Lamarca (ex-militar). Roubavam bancos, seqüestravam diplomatas em troca de guerrilheiros ou de dinheiro para patrocinar a guerrilha que consumia muito dinheiro.

Depois de fracassar a guerrilha urbana, Lamarca e alguns guerrilheiros foram para o Nordeste (Bahia) para tentar a guerrilha rural, já que na cidade eles estavam correndo sérios riscos, e a segurança dos guerrilheiros estava sendo quebrada. No começo Lamarca não queria ir para a Bahia, mas se convenceu dá situação critica vivida na cidade. Já lá na Bahia, contavam com a ajuda de alguns cidadãos das aldeias, que lhes davam proteção, comida, descanso...

O Objetivo da VPR na Bahia era divulgar suas idéias e seu movimento tentando convencer a massa para lutar junto com a REVOLUÇÃO, sem esse recurso o movimento morre. Mas o governo jogava duro, e prometeu recompensa ao povo, para quem desse informação ou alguma pista de Lamarca, cujo recebeu atenção especial do governo por ser desertor das forças armadas o que irritava o Exército.

Com o povo contra e o Exército apertando, Lamarca foi cada vez mais encurralado e seus companheiros, na cidade e no campo, foram sendo exterminados ou torturados até a loucura o que dificultava o apoio. Depois de muito fugir, com dificuldades de locomoção, Lamarca deve seu fim, o pior possível para um Militante (Revolucionário), foi morto de costas (veja o laudo, depois de muito tempo depois) sem poder reagir pelo Exército que encurralou eles em uma árvore enquanto descansavam, Dia 17 de setembro de 1971... Estava morta a Vanguarda Popular Revolucionária.

Garimpando versos e prosas - Acatem o Desafio !!!- Foto de Heládio Teles Duarte




Respostas ao Desafio - (Pérolas nos bastidores) - Foto : Dedê Cariri


Maria Amélia Castro disse...


Estrada estreita;
Caatinga verde.
O cachoro a guiar,
O carro de boi a cantar
Levando o homen a pensar
Por essa longa estrada sem fim.


Corujinha Baiana disse...

.
Caminho rápido ...
A estrada é comprida
e o tempo é pouco.

Não vejo as pedras
que machucam meus pés,
nem a lama
que anuvia a minha visão.

Que rumo devo tomar ?
Conseguirei ?
Ou o cansaço me fará desistir ?
Não sei.

Só sei que a areia se esvai
e a ampulheta me alerta :
-Não dá mais tempo para covardia.

Pierre Larousse


Pierre Athanase Larousse (Toucy, 23 de Outubro de 1817 — Paris, 3 de Janeiro de 1875) foi um pedagogo, editor e enciclopedista francês. Sua sepultura se encontra no cemitério de Montparnasse.
Nasceu em 23 de outubro de 1817, na cidade de Toucy, na França. Teve uma infância feliz dividindo seu tempo entre a escola, o campo e os livros. Aos dezesseis anos, ganhou uma bolsa para concluir seus estudos em Versailles. Com apenas 21 anos, Pierre Larousse regressou à sua terra natal para trabalhar como professor. Deparou-se com métodos e manuais de ensino que considerou extremente arcaicos. Dois anos depois, em 1840, abandonou a escola em que lecionava para dedicar-se plenamente a sua grande vocação. Apesar dos poucos recursos, foi a Paris onde participou de diversos cursos gratuitos. Como os estudos não eram oficializados por nenhum tipo de diploma, foi considerado um autodidata. Em 1848, ele publicou sua primeira obra, uma gramática: "A lexicologia das escolas". Tratava-se de uma obra moderna, pioneira. Naquela época, a maioria das regiões francesas falava dialeto e na escola se aprendia o francês. Em 1851, Pierre Larousse teve um encontro com Augustin Boyer, um professor que acabava de abandonar o magistério e pretendia iniciar-se no comércio. Os dois ficaram amigos e associaram-se para fundar, em 1852, a livraria Larousse & Boyer. A partir de então, Pierre Larousse revolucionou o ensino do francês, com o objetivo de estimular a criatividade, interligência e capacidade de raciocínio das crianças. em 1856, foi lançado, com grande êxito, o Novo Dicionário da Língua Francesa, precursor do Petit Larousse. Mas havia tempo que Pierre Larousse tinha outro projeto em mente: a elaboração de uma enciclopédia comparada, segundo seu desejo, à enciclopédia Diderot y d'Alembert. Seria um livro em que, em suas próprias palavras, "fosse possível encontrar, por ordem alfabética, todo o conhecimento que atualmente enriquece o espírito humano"; que não fosse dirigido apenas a uma elite, mas a toda a sociedade, para "instruir a todo o mundo sobre todas as coisas". Esse projeto tornou-se uma realidade em 27 de dezembro de 1863, com o lançamento do primeiro fascículo do Grande Dicionário Universal, dedicado à gloria das idéias republicanas, liberais, progressistas e laicas. Pierre Larousse esteve presente em todo o processo de criação da obra, lendo e revisando os verbetes dos dicionários. Durante o trabalho, contava piadas, divertia-se, indiginava-se, fazia reflexões, explicava, sempre...ensinava. Em 1869, Auguste Boyer separou-se de Pierre Larousse. As obras escolares e o dicionário passaram a ser distribuídos, a partir de então, pela Editora Boyer, que imprimia através de Larousse suas próprias obras. Pierre Larousse sofreu uma embolia cerebral causada por esgotamento provocado pelo excesso de atividades empreendidas. Em 1871, foi afetado por uma paralisia e faleceu em 3 de janeiro de 1875, aos 57 anos, sem chegar a ver sua obra finalizada.

Larousse - Cultura Para Todos

Dr. Zerbini

Euryclides de Jesus Zerbini (Guaratinguetá, 10 de maio de 1912 — São Paulo, 23 de outubro de 1993) foi um médico cardiologista brasileiro. Tornou-se internacionalmente conhecido por ter realizado o primeiro transplante de coração no Brasil.

Formou-se médico em 1935, especialista em cirurgia geral. Ao realizar o primeiro transplante brasileiro de coração, o Dr. Zerbini e sua equipe tornaram-se reconhecidos em todo o país e no exterior.

Professor da Universidade de São Paulo, criou o Centro de Ensino de Cirurgia Cardíaca, semente do futuro Instituto do Coração. No dia 25 de maio de 1968, tornou-se o primeiro médico brasileiro a realizar um transplante de coração, seis meses após o transplante pioneiro, realizado em dezembro de 1967 pelo cirurgião sul-africano Christian Barnard. Na noite desse dia, no centro cirúrgico do Hospital das Clínicas de São Paulo, ele transplantou o coração de Luis Ferreira de Barros, morto por atropelamento, para o peito do lavrador João Ferreira de Cunha, conhecido como João Boiadeiro. João viveria apenas 28 dias com seu novo coração - e Zerbini realizaria mais dois transplantes ainda nos anos 1960. Um dos transplantados, o empresário Ugo Orlandi, viveu 15 meses após a cirurgia. Em 1985, aos 73 anos de idade, o Dr. Zerbini voltou aos transplantes cardíacos, já na fase dos medicamentos anti-rejeição, e novamente foi pioneiro - ao realizar, dia 3 de junho daquele ano, o primeiro transplante de coração num paciente portador do mal de Chagas, Manoel Amorim da Silva. Em 58 anos de carreira, o Dr. Zerbini recebeu 125 títulos honoríficos e inúmeras homenagens de governos de todo o mundo. Participou de 314 congressos médicos. Realizou, pessoalmente ou através de sua equipe, mais de quarenta mil cirurgias cardíacas, trabalhando incessantemente até poucos meses antes de morrer. Ele costumava dizer que morreria operando - e quase cumpriu essa profecia. Faleceu de câncer, aos 81 anos, no próprio hospital que criou, inaugurou e dirigiu - o Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Em 1988, foi objeto de uma biografia, escrita pelo jornalista Celso Arnaldo Araujo e intitulada "Dr. Zerbini - O Operário do Coração", na qual é descrita toda a sua trajetória profissional e a própria história da cirurgia cardíaca brasileira, que teve em Zerbini seu fio condutor.

Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Euryclides_de_Jesus_Zerbini"

Capristano de Abreu


"Historiador brasileiro, João Capristano de Abreu nasceu em 1853, perto de Maranguape, e faleceu em 1927. Após ter terminado os estudos no Recife, dedicou-se à crítica literária e mais tarde à investigação histórica. Em 1875 fixou-se no Rio de Janeiro, onde desenvolveu uma actividade intensa, quer como jornalista, quer como professor. Como historiador, realizou uma vasta e notável obra de investigação, devendo-se-lhe trabalhos de pesquisa historiográfica que esclareceram ou solucionaram numerosos problemas de identificação e interpretação. "

Festival Cariri Da Canção - 2009 - Estudantil

Panorama

Jurados (com João do Crato)

Tietes - Carlos Rafael e Fran

Sávio estava lá

Estivemos lá, nessa noite do dia 22.
Presentes, na alegria da classificação :
música de Luiz Carlos Salatiel e José Flávio Vieira !

RETALHOS

O mesmo rio que flui nessa margem
é um outro que vês, no teu igarapé.
Ao meu porto banha um oceano revolto,
no teu cais só percebes um mar sem maré.

A montanha que avisto aqui desse topo,
não é a mesma que vês aí no sopé.
Entre a minha e a tua verdade,
há uma distância de cachorro Basset.

Todos os momentos são fragmentos,
pequenos esparços e falhos.
Preciso unir o que sinto ao que tu sentes,
para tecer minha colcha de retalhos.

Quando entras no teu bosque ensandecido,
vês um regato que geme no pé de uma figueira.
No mesmo bosque que adentro do meu lado.
Canta um soldadinho num galho de jaqueira.

No nirvana te sentes com as 11 mil virgens,
para mim homem-bomba dessa vida.
Os instantes escorrem, sem sentido.,
para o pântano final de todas as origens.

Nos meus sentimentos, são fragmentos,
pequenos esparços e falhos.
Preciso unir o teu céu ao meu inferno,
para tecer minha colcha de retalhos.

O nível das composições está muito bom !
Sábado estaremos na Final, torcendo por Retalhos .

Cariricaturas

Simbologia de Escorpião - 23 de Outubro a 21 de Novembro



Príncipio: Passivo
Dia: Terça feira
Elemento: Água, Fixa
Pedra: Granada
Parte do corpo: Órgaos genitais e sistema reprodutor
Metal: Ferro
Estação do ano: Primavera (Hemisf. Sul)
Côr: Preto e tons de vermelho
Planeta Regente: Marte e Plutão
Incensos: Eucalipto
Escorpião: O dom da finalidade

.
Comportamento Geral :
A finalidade através da transmutação.

Como dizia Descartes:"Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma."
Pois bem, cabe a Scorpio este olhar de águia que percebe aquilo que se transmuta.
A finalidade que se encontra na essência primordial da vida.

A personalidade Escorpião é a essência do mistério, daquele olhar magnético que te atravessa e te desnuda até a alma.

Nada é superficial com Escorpião.
Aliás, a personalidade Scorpio despreza qualquer coisa próxima ao supérfluo ou mesquinho.

Escorpião legítimo é aquela pessoa oculta num canto da festa que chama a atenção de todos.
De atitude e roupa discreta, não se move - desliza, fala baixinho e você não sabe porque quer ouvir tudo o que êle tem a dizer.

O Escorpião muitas vêzes também não sabe porque - mas êle lida sempre com poder.
O poder da percepção, o poder da intensidade emocional, o poder material, o poder do oculto e, finalmente, as vezes, o poder pelo prazer do poder.

Liderar para o Escorpião é quase que uma sina.
Talvez a sua postura de auto-controle que dá a parecer que nada o abala, o comportamento de discreção e silêncio que transmite confiança e auto-domínio - todos pequenos comportamentos que acabam arrastando a personalidade Escorpião exatamente para onde êle não quer ser lançado: bem alí - no meio de suas próprias intensidades e contradições.

Nada é banal com um Scorpio - esta palavra simplesmente não consta de seu vocabulário.
Sua vida é muito vivida através dos extremos: oito ou oitenta.

Assim. De preferência com poucas palavras - é mais impactante.

Aliás, se eu realmente quiser descrever a personalidade Escorpião, é melhor não falar muito.
Eles não admitem invasões em seu mundo.

O signo de Escorpião e a Amizade
É muito melhor ter um amigo Escorpião do que um inimigo do mesmo signo.

São ótimos amigos.
Sempre prontos para ajudar - êles tem uma capacidade incrível em analisar corretamente os acontecimentos de sua vida.

São capazes de te defender com unhas e garras, caso algum inocente infeliz faça alguma brincadeira a seu respeito que não o agrade.

O signo de Escorpião não é de quantidades - ele busca suas amizades pela empatia mental.
Muito menos, não é de bajulações ou de presença constante.
Ele considera que isto não é ncessário - seus elos de amizades são calcados na confiança mútua.
Por vêzes é difícil convencê-los da reciprocidade. Scorpio nunca confia plenamente.
Caso o Escorpião se decepciona com a amizade, êle simplesmente rompe e se puder - esquece de sua existência.

O signo de Escorpião e o Amor
Pode não parecer, mas a verdade é que os Escorpiões são amantes românticos e sonhadores.
Buscam pela alma gêmea.

O duro é convencer um Escorpião a revelar o amor que sentem.
Chegam a optar por por aquele amor platônico, distante, silencioso e suspirante.

Quando se envolvem, se entregam totalmente.
Capazes de renúncias e sacrifícios pela pessoa amada.
Acreditam no amor eterno, e, por isto mesmo, são tão cativantes.

Gostam de pessoas tranquilas e discretas.

O Scorpio tem muita necessidade de fidelidade, daí a lendária fama de ciumento.


Noite encantada - (encontro na casa de Dr. Heládio)



Um encontro
Lirismo em prosa em busca do verso,
Exaltação à vida, à natureza
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Maré em dedos de água.
Ciclo que não se fecha

Encontro com os amigos,
parceiros da vida em comum,
amigos da arte em comum.

Nova dimensão,
a dimensão da poesia.
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Encontro das palavras
Voz pessoal
compreendendo muitas vozes.
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Encontro com a voz com todas as vozes.
poesia semeada.
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Por Cariricaturas