De onde vem esse vai-vém? Um passinho pra frente, dois passinhos pra trás, ela tropeça na mesma pedra...Já sabia que ela estava ali mas fez de conta que não viu e faz cara de desentendida como se aquilo não fosse com ela.
Miou baixinho e saiu andando mal disfarçando a cara suja de leite. Ia repetindo as mesmas frases decoradas já há tanto tempo, e não olhava pros lados, e não via o que estava diante do nariz. Ignorava as placas ao longo do caminho e os avisos pra ir com cuidado. Pra pisar de levinho e, assim, não fazer sangrar de novo as mesmas velhas feridas que não saram nunca.
Seguiu faceira e foi levando aos trancos e barrancos com a mesma leveza de sempre, os sinais de tempestade pra poder começar tudo de novo. Um passinho pra frente, dois passinhos pra trás e o tropeço na mesma pedra. Depois, o mesmo sorrisinho amarelo que era pra disfarçar e não disfarçava coisa nenhuma.
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Texto e foto formatada por Claude Bloc (Uma homenagem à gata siamesa de Dr. Heládio)
4 comentários:
Ela é linda! Precisamos apresentá-la (virtualmente embora), a Frederico Felino ("Forelfas" para os íntimos), que enche esse lugar aqui de poesia, silêncio e esculturas móveis (que são ele mesmo).
O seu texto é uma delícia.
Abraço grande!
Ana Cecília,
Adorei conhecer teu lado felino (risos) e também os comentários...
Creio que agora "as crianças" estão devidamente apresentadas.
Virtualmente, claro!
Abraços
Claude
Oi,Claude!
Fico feliz pela homenagem tão sensível e justa a minha querida gata, que mesmo a distancia enche a memória e o coração de beleza!Ela é pura contemplação!
Alda Duarte
Oi Alda,
Valentina me encantou e inspirou. Olhou-me com aqueles lindos olhos azuis e buzinou em meus ouvidos que havia gostado de mim... Aí sucumbi, lógico! Senti um efeito simbiótico no texto, não sabia, em certos momentos, se era eu ou ela que escrevíamos.
Abraço,
Claude
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