Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Coisas da terra

Coisas da terra

Eu falo das coisas da terra
Das plantas e dos bichos simples
A figueira na frente de casa
Os caracóis subindo na parede.

As jabuticabeiras pretas
Os sabiás com o mamão no bico
O bezerro Bito no pasto
Com o dia verde nos dentes.

Falo palavras redondas e úmidas
O café no terreiro ao sol
A água limpa vinda do mato
E a vaca Moela mugindo.

O cavalo cavalga no sonho
Tenho terra nos olhos e na língua
O milharal e os cafezais floridos
E o galo com o sol na garganta.

______

Cantigas de bordar- por Corujinha Baiana



Hoje é Dia da Saudade. “ E por falar em Saudade...”, lembrei-me da minha infância, e com ela, a imagem da minha mãe sentada à máquina de costura. Na sua máquina ela bordava, e nela criava verdadeiras obras de arte.

Mas não só bordava... o mais bonito é que enquanto bordava, cantava ...e quanto mais cantava, mais encantada eu ficava.

E as linhas melódicas das cantigas se mesclavam às linhas multicoloridas dos galhos, folhas e flores dos seus bordados.

Eu, criança, ouvidos e olhos atentos, a escutava extasiada ( vale dizer que ela era afinada, e tinha uma voz muito agradável ).Mas dava para perceber que havia uma certa melancolia naqueles versos, que eu não conseguia compreender muito bem. Mas a mim, isso não importava. Só sei que eu gostava de ficar ali, sentada no batente da sala, escutando a minha mãe, e pronto !

"Nesse mundo não pretendo mais amar, só a ti, só a ti, foi quem amei ...” E no seu pot-pourri melancólico, ela emendava :"Ao viajar pros Mares do Sul, ele partiu dizendo ...”
" Meu bem te espero essa noite no portão, porque sozinhos precisamos conversar ...”

Como eu amava aquelas cantigas ! E é importante frisar ( só mais tarde tomei conhecimento ), que cada letra, segundo ela, estava relacionada a uma história da sua vida e ao seu romance com o meu pai.

Mas, entre todas as músicas que minha mãe cantava, havia uma que tocava profundamente a minha alma de criança sensível que eu era.

" Saudade quem é que não tem ?... ”
................................................................................................................................................................Passado algum tempo, por acaso, escutei no rádio a música que minha mãe cantava ( Hoje eu sei que era uma regravação de “Saudade”,composição de Jayme Redondo,do ano de 1929, na voz de Dalva de Oliveira ).

Durante muitos anos, tentei encontrar essa música para lhe dar de presente, mas sempre em vão. Só hoje, tantos anos passados, pesquisando na Internet, encontrei a música tão procurada. E não só por Dalva de Oliveira ( 1961 ),encontrei também uma gravação anterior, na voz de Paulo Tapajós, de 1950.

E assim, hoje - "Dia da Saudade", lembrando as "Cantigas de Bordar" da minha mãe, me vejo a cantar com “ ELA ”:

" Saudade,
Quem é que não tem ?
Só mesmo alguém,
Que nunca quis bem.”
................................................................................................

( Coisas de Família - "Cantigas de Bordar" - Corujinha Baiana - 30 de janeiro de 2010 - Dia da Saudade )

Crônica de uma festa de casamento- por Ana Cecília S.Bastos



Voltando de Ubajara, precisaria de pelo um dia inteiro só para me acalmar. Não o tendo, escrevo no avião, urgentemente, aflita para dar espaço a tantas palavras. Tudo me deixa à flor da pele, este ser de uma tribo, esta herança índia pela qual sou parte dessas serras, desse recorte verde, lá do interior do mato, e me sinto tão integrada à chuva, à neblina, aos raios e relâmpagos, eu que sou tão alérgica. Este encontrar-me remetida a estar comigo vem de um modo tão veloz, vai tão longe e tão intenso que não consigo conter. Não penso: fico sabendo disso pelo olho, pelo olfato, pela pele, pelo estômago, e ainda pelas cores, dentro e fora, luz e sombra das casas à beira da estrada.
O avião está decolando agora. De um lado, vejo a Fortaleza moderna, com seus edifícios, querendo ser Ipanema. Do outro lado é bruscamente, sem transição, área rural. Prefiro olhar para esse lado de casas, campos, serras e vales, verde e névoa.
O senso térmico me remete ao denso que era crescer no interior, aprender a viver aqui, em tribo, essa colagem tão forte do tribal em nós, da qual é impossível falar, da qual calar é perder sentido.
Não sei se pelo cansaço, mas estou à flor da pele. São as casas à beira da estrada, e eu diante delas sem precisar ser forte, somente desarmada-, com vontade de chorar por tudo. São as casas à beira da estrada, e seu cheiro que é real de tanto que a visão das casas entra em mim tocando o que está lá dentro impregnado.
É o cheiro da cozinha da casa de vovó Sinhá, indescritível, mas impossível de desconhecer. Um cheiro feito de silêncio, de gestos suaves, de passos suaves pela cozinha em direção à sala onde eu lia, na cadeira de balanço. Ou onde talvez me escondesse atrás do livro fugindo do sentimento tão intenso e desconhecido da vida contida em apenas estar ali, amando o silêncio, sons e o cheiro da cozinha. O cheiro que vinha do fogão a lenha - torresmo, um vago chá de eucalipto ou sabugueiro, feijão de corda novinho cozinhando em panela de barro, a figueira no quintal, o fumo de rolo que vovó mascava escondido, podendo ser frágil, a gente podendo ver e saber disso. Esse olhar de avó que é lembrança tão doce, e eu queria saber chorar de saudade.
Esse lugar e tempo amo, a paz daquela esquina e o café feito bem fraquinho e com bastante açúcar para que a gente pudesse tomar, e o bom não era nem o café, mas poder estar sentados em volta da mesa, escolhendo qualquer cadeira, escolhendo copo e colher ("de ouro" o alumínio amarelo, melhor ouro não havia). E conversar, e bastar pedir algo e ser sempre acolhido de alguma forma, naquela casa de poucos e sempre os mesmos objetos, que do mesmo modo estão ainda arrumados, em alguns armários e na memória.
Bolinhas de homeopatia, guardadas no armário de copos, que podia ser aberto sem medo, porque o andar discreto era de ser suave e delicado, e não suspeitoso ou vigilante. E mesmo vovô, que quebrava o silêncio quando vinha toc toc com suas muletas, se era bravo (contam que no dia seguinte ao casamento ele vendeu o violão de vovó, que tocava e cantava lindamente), jamais o era conosco. Podia se divertir infinitamente nos contando "causos" de almanaque ou nos deixando ficar perto da janela escutando com ele as notícias da cidade que seu amigo Pedro Maia trazia.
E as palavras se distraem e migram na frase, invertidas na lembrança que teimosa vem pela pele, pelos cheiros.
Fazia em cima da serra do Araripe. Engraçado perceber que era natural sentir frio e ficar com frio, como também sentir fome de coisas especiais. Não era "injusto", pois era assim com todos, e o certo era ser forte, não ligar, não criar problemas.
Se não chovesse - quando mãinha, movida pelo próprio medo de temporais, deixava os menores e fazia uma blitz em todas as camas -, a gente sempre se virava. Eu tinha 7, 8 anos e não sabia dormir em rede como os primos. Pedia a minha prima para me cobrir e ela ficava fingindo não entender ("de graças.."?) até que eu encontrasse um sinônimo em relação ao qual ela não pudesse mais fazer trocadilhos ou se cansasse da pirraça e viesse me ajudar com aquela tão terrível dificuldade. Aliás, eu não gostava de adormecer. Um certo medo da noite, que não era de chuva nem de trovões, mas da noite em si, com tudo que povoasse o silêncio ou a escuridão. Até hoje não consigo mesmo dormir se não me distrair com alguma outra coisa de modo a não perceber a noite em si. Às vezes íamos para as camas dos irmãos, ou trazíamos para a própria cama os nossos bichos, fugindo à vigilância - pois não era para gatos e cachorros dormirem dentro de casa. Lembro também da gente “roubando” os bichos das camas uns dos outros.
Isto de ser irmãos me faz chorar. Estou ficando "dismilingüida", quem vai agüentar?
Minha mãe me conta um curativo que fez na farmácia quando machucou o braço e que, em seu modo de ver e de minha tia, precisou de uma limpeza radical, brutal. Meu estômago fica embrulhado, tenho náuseas, não suporto essa simples descrição. Não suporto muita coisa, e se eu deixar qualquer bobagem me atinge.
Lembro quando este homem agora casado, Emanuel , era pequeno, eu já na universidade, e ele leva um corte fundo acima do olho, sangue que não acaba mais, eu só em casa de pessoa adulta, e vou levá-lo ao Pronto Socorro, que ficava pertinho. Ele era todo confiante em mim, cooperativo, fica no meu colo sem chorar, aceita que eu o conforte e segure sua mão enquanto o médico limpa o corte e injeta o anestésico. Já eu estou me sentindo morrer, fugindo todo o sangue e tremendo, e no momento exato em que o médico vai dar o primeiro dos seis pontos nossa mãe por sorte chega e eu desmaio, morta de vergonha. Na família de minha mãe as mulheres são todas poderosas, essas mulheres fortes com quem aprendi a viver, e que enfrentam qualquer parada com eficiência máxima e sem nenhuma falha. Menos eu, que sou lenta, esquisitona, meio incompreensível.
O frio da serra em Ubajara, o cheiro dos eucaliptos, os tão variados cantos dos tantos pássaros no Parque. Estou novamente na infância, cheiros e sons, e viajava por perto do Crato, algum sítio na serra ou por ali, e era frio, e as crianças vinham meio enrodilhadas umas nas outras em cima da caminhonete do tio, e nós em cima de uma lona, e o carro cheirando a ração de gado ou a algo que não sei o que era, mas era bom. E nós irmãos, juntos porque era frio, e Beto, meu irmão tão querido, que inventava estórias e descobria coisas para cantar falando da noite estrelada do Brasil (ele adorava, e eu também, uma que começava dizendo “quisera eu ser um grande poeta...”). E era mesmo uma ‘viagem’ deitar no desconforto e no frio e olhar as estrelas, chegaríamos ao décimo mundo se este houvesse. E não sei se vi jamais algo tão belo quanto aquele céu estrelado sob o qual flutuávamos no alto da serra, tão perto de nós, tão claro, tão perto das estrelas e de seus nomes, que meu pai nos contava nas noites suaves sem luz elétrica. As lembranças de Beto são iguais às minhas, em cheiro, cor, gênero, número e grau.
E nós irmãos que temos a felicidade - em meio a muitas outras felicidades, sem dúvida, são tantas boas lembranças, e eu não queria ter tido uma infância diferente - mas a de poder chorar pelas mesmas coisas, como diz meu irmão Luís Sávio.

Corujinha Baiana - release !





“Corujinha Baiana” é Professora com ampla experiência no Magistério de 1º, 2º e 3º Graus, Cursinho pré-vestibular e ensino de Língua Portuguesa para Estrangeiros.
Amante do aprendizado de idiomas, do conhecimento de outras culturas e das artes em geral, promoveu e coordenou uma Oficina de Teatro para alunos do Ensino Médio, com a apresentação de várias peças sob sua direção.
Gosta de escrever textos que exaltam a sua terra natal, paródias, poemas e crônicas, algumas familiares, que são reminiscências da infância, e que fazem parte de uma coletânea denominada “ Coisas de Família ”.
Textos aqui apresentados :
Crônicas familiares :
- Minha Tia Dora, a Iara do Rio Jaguaripe
- Cantigas de Bordar – Saudades
Poesias:
- Versos Baianos Sem a Letra “O”
- Indizível

Sobre o livro de todos nós - por José Flávio Vieira

“Parece que tudo passa para que recomece
Desde o princípio, como se fosse novo, ou se observe
sem levar em conta algo ao espírito que já existiu
e tampouco aquilo que virá , infindável.”
....................................................................
“Seremos capazes de devolver ao espírito cada centelha,
Se agora testemunharmos que tudo vive:
o passado dentro do futuro, a sabedoria na loucura,
o conhecimento nas trevas,
e tudo aquilo que na vida é rubro, vermelho-escuro,
branco raiado de paixão, jamais se acinzente”
Miodrag Pávlovitch ( “Tudo Vive”)


À Guisa de Caricatura

Este livro é o diário de bordo de muitas viagens. Reunem-se nele os espólios de guerra de vários sobreviventes. Vencedores /vencidos da peste negra do tempo, do aríete dos anos, do curare paralisante do cotidiano. Como o poeta já nos havia alertado: “Tudo que respira / conspira”. Partimos lépidos, sem sequer perceber que a vida, como a terra, é esférica. Caminhos díspares, eis que nos encontramos todos, algo fatigados, na mesma encruzilhada. Vimo-nos Sífisos, fitando-nos surpresos, na certeza que tudo passou exatamente para que tudo recomeçasse. Como se todos fôssemos palavras de uma mesma oração, peças de um mesmo tabuleiro, planetas aparentemente dispersos no éter, mas presos, ainda que imperceptivelmente, por uma mesma força gravitacional misteriosa. Assim, como contas de um mesmo colar, estes contos/crônicas/poemas/ensaios têm um fino fio que os une. No fundo são capítulos de uma mesma história. Como Scheherazade, pomo-nos a narrar nossas “1001 Noites”, na inglória tentativa de aplacarmos a tara do Grão-Vizir do tempo. O leitor desavisado ao mergulhar nestas páginas não sairá incólume. Instigado pela tênue centelha, quem sabe descobrirá que o futuro gesta no ventre do passado e que a sabedoria é apenas a loucura que tirou férias? Esta é nossa tentativa em levar o rubro da paixão à aquarela da vida. Ela que teima em esmaecer frente aos raios do sol que, se ironicamente de um lado lhe dão brilho incandescente, do outro lhe sugam as cores e matizes.
J. Flávio Vieira
Crato, 21/05/10




Vera Barbosa - Release- Encarte virtual

Vera Barbosa


Essa moça não caiu de pára-quedas no Cairicaturas. Chegou pelas mãos seguras de uma amizade que já está completando uma década. A partir do primeiro contato, as afinidades foram aflorando, e tecendo uma teia de afeto indestrutível. Daí a tornar-se uma das nossas colaboradoras foi inevitável. Quando pensamos nessa coletânea, fizemos-lhe um convite formal e informal, prontamente aceitos.

Jornalista (desde 1997) com amplo domínio da Língua Portuguesa e sólida formação cultural, tem experiência em sala de aula convencional e também em oficinas de Literatura e Produção Textual de Projetos Sociais. Utiliza linguagem concisa e acessível ao público jovem. Acredita na arte como forma de expressão e interação social dos menos favorecidos. Utiliza a música como importante recurso de ensino e sociabilizarão, por meio de letras que retratam a realidade brasileira e as relações sociais.

Atualmente, atua como Educadora no IOS - Instituto da Oportunidade Social, que encaminha jovens de famílias de baixa renda ao mercado de trabalho, ministrando aulas de Comunicação e Expressão.

Colabora com diversos sites, escrevendo artigos sobre Música Popular Brasileira. Nos intervalos escreve poemas e crônicas, encostando a sua alma na parede, e revelando a sua misteriosa beleza.

Vera Barbosa você é da Tribo Cariri por escolha das nossas sensibilidades!



 Por Socorro Moreira



* Vera,


Infelizmente  a distância foi distância, e faltou-nos a sua presença. Em qualquer tempo, a gente te espera !
Estaremos enviando a quota em livros que lhe é devida.

Abraços  do Cariricaturas.

Leis de Incentivo à cultura - Colaboração de Vera Lúcia Maia

Código de Ética
Lei Rouanet - Lei 8.313, de 23/12/1.991Leis com incentivos à cultura. 
LEI ROUANET (Lei Federal 8.313) - Esta lei federal foi assinada em 1991 e permite às empresas patrocinadoras um abatimento de até 4% no imposto de renda, desde que já disponha de 20% do total já pleiteado. Para ser enquadrado na lei, o projeto precisa passar pela aprovação do Ministério da Cultura, sendo apresentado à Coordenação Geral do Mecenato e Aprovado pela comissão Nacional de Incentivo à Cultura. Informações sobre lei pelo fone Oxx6l -321 7994.
LEI DO AUDIOVISUAL (Lei Federal 8685) - Esta lei federal modificada pela MP 1515 permite desconto fiscal para quem comprar cotas de filmes em produção. O limite de desconto é de 3% para pessoas jurídicas e de 5% para pessoas físicas, sobre o imposto de Renda.Em Brasília -informações pelo fone OXX61-2266299
.LEI DE INCENTIVO À CULTURAL - LINC (Lei Estadual 8819) - Esta lei está em vigor desde julho de 1996.A LINC cria o programa estadual de incentivo à cultura e institui o Conselho de Desenvolvimento Cultural, responsável pela análise dos projetos. Informações na Secretaria de Estado da Cultura, na Rua Mauá 51, 30 andar, sala 310.
LEI MENDONCA ( Lei Municipal 10923) - Em vigor desde 1991. Permite que o contribuinte do IPRJ e ISS abata até 70% do valor do patrocínio desses impostos.

Enviadas por Joaquim Pinheiro

Mais imagens da festa do Cariricaturas - enviadas por Joaquim Pinheiro

Imagens da festa, enviadas por Joaquim Pinheiro


Hibernação - Claude Bloc

Tive que hibernar por dois dias... A gente pensa às vezes que o tempo não conta, mas ser da geração dos anos 60 implica em muito cansaço, quando a gente se envolve num empreendimento de tal monta (festa do Lançamento do livro “Cariricaturas em Verso e Prosa”) e a emoção em demasia traz a exaustão.

Senti-me assim, no último fôlego. Meu trabalho foi silencioso refletindo em cada gesto a forma como me posto quando me envolvo em qualquer projeto. Buscando a proximidade com a perfeição, mesmo sabendo da fragilidade humana que há em mim e também das possibilidades de erro que podem surgir aqui e ali.

A luta pela realização desse momento foi um parto prolongado. Doloroso? nem tanto, pois as alegrias compensaram qualquer fadiga e também os percalços da ansiedade... Foram muitos encontros com Edilma, muitas articulações com Socorro e muita idéia para por em prática. E também muitos acertos com Emerson.

Creio que, dessa batalha toda, o lucro em termos de alegria e satisfação foi acima do imaginado, pois nem sempre é possível embarcar no sonho das outras pessoas e muitos embarcaram nesse nosso sonho que se revelou no momento em que se pôde concretizar através da escrita impressa aquilo que voava pelo Blog de forma virtual. Houve muito corre-corre, alguns acertos inesperados de última hora, tudo o que sempre acontece em todos os eventos, mas saímos ilesos.

Enfim, ânimos em polvorosa, estresse, cabeças a mil, corpos cansados, mente feliz. A festa aconteceu linda como um sonho. Clima bom do nosso Crato antigo com a bravura desses que compuseram o elenco de autores do livro “Cariricaturas em Verso e Prosa” e da tribo Cariri presente e participante.

As presenças de Dr. José Newton Alves de Sousa e de Dona Rute certamente, se constituíram no brilho maior da festa, onde distribuíram doçura e bom humor . Para mim não podia haver honra maior.

E cá estou, ainda moída com tanta emoção. Cansada ainda, mas feliz.

Imagem da festa do Cariricaturas, recebida por e-mail

Finalmente, uma imagem da pequena Isabella Pinheiro, uma das escritoras do " Cariricaturas em verso e prosa",
em companhia  de Camila Moreira, neta de Zélia.

O Purgatório

Poesia
não combina
com trabalho:

escritório,
sala de aula,
vendas.

Mas devo pagar a pensão do filho
e comprar cadernos para os versos.

Então trabalho:
descontente,
amuado,
dolorido.

Para Sônia Lessa

Conversa puxa conversa - por Sônia Lessa

Conversa puxa Conversa (1)

Um violinista no telhado, filme do diretor norte-americano Normam Jewison, realizado em 1971, - baseado no livro "Tevye's Daughters and play Tevye der Milkhiker", de Sholem Aleichem, conta a história de Tevye, um leiteiro que vivia numa comunidade rural de judeus na Rússia, no começo do século XX. É bem provável que o diretor Normam Jewison tenha se inspirado também num quadro intitulado "O Morto", pintado em 1908 por Chagall, artista plástico russo e judeu. A pintura de Chagall contém muitas imagens da vida dos judeus que viviam em pequenas aldeias, chamadas shtetel, tal como o filme retrata. Chagall dizia que quando foi pintar esse quadro queria retratar a rua, olhada a partir de sua janela. Procurou algumas imagens que pudessem dar ao quadro um certo mistério e imaginou um morto estendido no meio da rua, cercado de velas acesas, e um violinista tocando em cima do telhado. O violinista, segundo ele, era uma lembrança que tinha de seu avô, que subia no telhado para tocar, anunciando que assim o fazia para tocar com paz. No filme, o leiteiro Tevye comenta que o violinista no telhado procura o equilíbrio, e o equilíbrio é a tradição. Na verdade, o violino, que também aparece em vários outros quadros de Chagall, é um instrumento musical utilizado tradicionalmente pelos judeus russos. Grandes intérpretes de violino - como Isaac Stern, que executa uma peça musical na trilha sonora do filme - são de origem judaica. Para um povo quase sempre em conflito, é compreensível a preferência pelo violino, instrumento fácil de ser transportado.

O tema do filme são os judeus da Europa Central, chamados de askhenazitas, que falavam o dialeto ídiche, de origem alemã, e durante o século XIX viviam em shtetelech (plural de shtetel, que significa aldeia), comunidades tipicamente judaicas. Apesar do isolamento político e cultural, mantinham relações econômicas com a população nacional e ligações oficiais com o governo. Quando pretenderam a nacionalidade e o tratamento como cidadãos, enfrentaram a resistência dos governos e das populações civis, porque tais reivindicações significavam direitos políticos e a ocupação de postos de trabalho. Principalmente na Rússia, foram criadas leis de exceção e progroms - massacres institucionalizados pela polícia, que provocavam a dizimação das aldeias. O governo czarista justificava o massacre com o argumento de que as reivindicaçoes dos judeus eram uma provocação aos camponeses miséráveis da Russia do começo do século XX.
por Sônia Lessa

Senhora Sant"ana

Virgem e o Menino com Santa Ana
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Leonardo da Vinci
A Virgem, o Menino e Santa Ana
Leonardo da Vinci, 1510
óleo sobre madeira
168 × 112 cm
Museu do Louvre, Paris, França

A Virgem e o Menino com Santa Ana, óleo sobre madeira (168 cm x 112 cm), é obra de Leonardo da Vinci, pintada em Milão entre 1508 e 1513. Leonardo nunca finalizou este painel.

Leonardo havia conquistado total maestria ao modelar o rosto humano. A Virgem e Santa Ana, nesta pintura têm as mesmas características que as mulheres que ele já havia pintado. Os rostos são calmos e serenos. A paisagem é parecida com a do quadro Mona Lisa.

Recentemente, após um exame laboratorial, três desenhos (uma cabeça de cavalo, metade de um crânio humano e de um menino Jesus com um cordeiro) foram descobertos no reverso do quadro do pintor florentino que se encontra exposto no Museu do Louvre.[carece de fontes?]

Tobias Barreto



Tobias Barreto de Meneses (Vila de Campos do Rio Real, 7 de junho de 1839 — Sergipe, 26 de junho de 1889) foi um filósofo, poeta, crítico e jurista brasileiro e fervoroso integrante da Escola do Recife (movimento filosófico de grande força calcado no monismo e evolucionismo europeu). Foi o fundador do condoreirismo brasileiro e patrono da cadeira 38 da Academia Brasileira de Letras.

Evita Perón


María Eva Duarte de Perón, conhecida como Evita, (província de Buenos Aires, 7 de Maio de 1919 — Buenos Aires, 26 de Julho de 1952) foi uma atriz e líder política argentina. Tornou-se primeira-dama da Argentina quando o general Juan Domingo Perón foi eleito presidente.

Dia 26.07.2010 - Festa de Santa Ana - Dia da Avó !


Adivinhem quem somos !

Fotos, festa do Cariricaturas - Eventos dos dias 22,23 e 24..07.2010- acervo de Magali Esmeraldo

O Rebento

Sobre o tanque
de lavar roupa:

a flauta
do meu filho.

É uma flauta doce
do jeito que é doce

seu olhar matreiro
sua voz de criança.

Se nas férias
fizer tatuagem

será seu rosto
tocando flauta.

A flauta doce.

Com a doçura
da bala soft.

Carlos Galhardo - por Norma Hauer


25 DE JULHO DE 1985
Já se passaram 25 anos, daquela data em que ele partiu. E quem é ele?

Seu nome Catelo Carlos Guagliardi, mas foi como CARLOS GALHARDO que ele marcou a música de nossa terra, aquela música bonita, poética, romântica, que regeu sua vida e a de todos que o acompanharam desde que ele apareceu no rádio e nos discos, na fase áurea dos anos 30, 40, 50...

Uma valsa de nome “Destino”, que ele cantou quando pela primeira vez se apresentou em uma emissora (no caso a antiga Rádio Educadora do Brasil) marcou seu destino como o cantor de mais bonita voz de todos os tempos . E nosso destino foi embelezado por aquela voz, quando descobrimos que ele sonhara uns “Sonhos Azuis” e nos trouxera para o “mundo das valsas e canções”, que ele cruzara através de uma “Cortina de Veludo”.

CARLOS GALHARDO foi um cantor eclético. De sua primeira gravação em 78 rotações (um frevo) às valsas que acentuaram sua carreira, cantou todos os ritmos, embelezando-os com sua magistral interpretação.

No final de 1937 ele encontrou seu verdadeiro rumo, quando ingressou na Rádio Mayrink Veiga, então em pleno apogeu. Passou a ser o principal cantor daquela emissora, que com ele subiu ainda mais em nosso conceito Era impossível falar em Rádio Mayrink Veiga, sem lembrar que ali se encontrava alguém que só momentos bons nos trazia mesmo que estivéssemos vivendo horas amargas.
Amargas? Impossível!... com a doçura de sua voz.
Antes de ingressar na Mayrink já era dono de uma bagagem musical riquíssima. Já cantara uma “Lenda Árabe”; já “viajara” pelos “Mares da China” e pelos “bosques de Viena”; já conhecera uma “Madame Pompadour” e uma “Italiana”; já brilhara no carnaval com “O Palhaço o que é?; já navegara com uma “Vela Branca Sobre o Mar” até já “dançara” uma rumba com uma “Crioula”.
Mas foi na Mayrink que ele lançou sucessos que ainda hoje, 25 anos após sua partida, são relembrados, como a valsa internacional “Fascinação”, com sua primeira letra brasileira.
25 jul (17 horas atrás)
Norma
25 DE JULHO DE 1985 -2-
Até uma valsa Carlos Galhardo lançou em pleno carnaval: “Nós Queremos uma Valsa”; somente ele , ao lado de Nássara e Frazão, ousaria cantar uma valsa em pleno carnaval e, o mais importante, conseguir sucesso com ela.

No mesmo ano de “Nós Queremos uma Valsa” Galhardo obteve outro sucesso carnavalesco, ainda hoje fazendo parte dos blocos de rua que estão renascendo: “Alá´-lá´-ô”.

Na dá para falar sobre CARLOS GALHARDO sem colocar algo pessoal , afinal, além de conhecer quase todo seu repertório de cerca de 800 músicas, tive o prazer de fazer parte de seu círculo de amizade.

A data de 25 de julho é uma daquelas que gostaríamos que não tivesse existido. Gostaríamos que neste 25 de julho de 2010, ele aqui ainda se encontrasse para batermos um bom papo como o fizemos inúmeras vezes.
A CARLOS GALHARDO, minha grande e eterna SAUDADE com meu preito de gratidão por tudo de bom que você trouxe a minha vida.

“Estrela que correu no céu em busca de outros mundos
A tua luz se expandiu, perdeu-se na imensidão.
Deixaste entre nós dois abismos tão profundos
Ficaste como eu em plena escuridão;
Pensavas que a tua luz era só tua,
Mas um pouco de mim mesmo nela existia,
De meu carinho, de meu amor, fantasia...”

Estrela que correu no céu, tua luz vive ainda
Cintila no meu coração numa SAUDADE infinda.
Não vês, que tudo escureceu?...
Estrela que correu no céu em busca de outros mundos.”

Norma

Por Norma Hauer

ALCEBÍADES BARCELOS

Ele nasceu em Niterói no dia 25 de julho de 1902 e faleceu em 18 de março de 1975.

Já aos seis anos veio com sua família para o Rio indo residir no Estácio onde viveu a maior parte de sua vida.

Exerceu o ofício de sapateiro até incorporar-se aos sambistas do Estácio, dentre eles Ismael Silva, Brancura, Baiaco e, depois, Benedito Lacerda . À exceção de Benedito, os sambistas do Estácio fundaram, em 1928, a primeira escola de samba,dando-lhe o nome de "Deixa Falar".
Já nesse mesmo ano, teve sua primeira composição ("A Malandragem") gravada por Francisco Alves, que fez constar da etiqueta do disco apenas seu nome como autor, o que ele não era.
Francisco Alves procurava os compositores do morro, como Ismael Silva e, neste caso, Alcebíades Barcelos propondo gravar seus sambas, participando como co-autor. No caso de "A Malandragem" o nome de Alcebíades Barcelos só constou da partitura musical. Eles aceitavam porque Chico Alves já era um nome conhecido, com várias gravações, e o pessoal dos morros não teria oportunidade de gravar naquela época.

Em 1932 a "Deixa Falar" desfilou pela primeira vez no carnaval com suas músicas "O Meu Segredo" e "Rir para não chorar".
Em 1934 já existiam outras escolas e Alcebíades Barcelos passou a desfilar pela "Recreio de Ramos".
Foi nesse ano que sua primeira música com Armando Marçal, formando a dupla Bide-Marçal "estourou" no carnaval e ainda hoje é conhecida, tendo sido regravada por vários intérpretes: 'A GORA É CINZA".

Foi Alcebíades Barcelos quem "descobriu" Ataúlfo Alves, com ele compondo"Você não sabe, Amor", uma das primeiras gravações de Carlos Galhardo.
A dupla Bide e Marçal gravou com todos os cantores da fase de ouro do rádio, como Galhardo, Francisco Alves, Orlando Silva, Sílvio Caldas.
Compondo normalmente até o início dos anos 60, quando se aposentou, afastando-se de suas atividades. Em 1967 deu um depoimento no Museu da Imagem e do Som, registrando sua passagem por nossa música.

Naquele tempo em que o rádio era o maior veículo de comunicação e onde as músicas se espalhavam por todo o país, seus compositores e cantores não enriqueciam, daí o triste fim de Alcebíades Barcelos,um dos grandes compositores da época.

Ele morreu pobre, depois de haver abandonado o Estácio.

Os tempos eram outros e quero registrar a letra do mais famoso samba da dupla Bide e Marçal:

AGORA É CINZA
Autores:Alcebíades Barcelos e Armando Marçal
Gravação original de Mário Reis.

Você partiu, saudade me deixou
Eu chorei.
O nosso amor foi uma chama
Que o sopro do passado desfaz,
Agora é cinza
Tudo acabado e nada mais.

Você partiu de madrugada
E não me disse nada
Isso não se faz.
Me deixou cheio de saudade e paixão
Eu me conformo com a sua ingratidão.

Agora, desfeito o nosso amor
Eu vou chorar de dor
Não posso esquecer.
Vou viver distante de seus olhos, oh querida
Não me deu um adeus por despedida.

Mais uma letra de Alcebíades Barcelos:

O PALHAÇO O QUE É?
Gravação de Carlos Galhardo para o carnaval de 1937

O palhaço está na rua e vem anunciar
Que o Rei Momo já chegou
E é hora de brincar
Este ano vamos ter variedade
Vai ser um barulho na cidade

Hoje tem marmelada?
Tem sim senhor.
Hoje tem goiabada?
Tem sim senhor.
O palhaço o que é?
É ladrão de mulher.