Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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terça-feira, 17 de maio de 2011


 TROVAS

Era como um pé de valsa
Um ternário de cadência
Deslisando como a balsa
Serena de paciência

Um castelo de areia
Não é feito pra durar
A lua que hoje clareia
Clareia pr'eu te olhar

Não vou mais atrás do nexo
Do complexo que há em ti
Seu olhar é o reflexo
De uma imagem que eu já vi

A poesia sempre chama
Sem nenhuma explicação
O sujeito tece a trama
No drama da oração

De tanto ser magoado
Eu parei pra refletir
Que a sombra do passado
Nunca deixa de existir

Não digo tudo o que sei
Mas sei de tudo o qu'eu digo
O teu beijo eu já provei
E senti todo o perigo

Sempre quis o que era meu
Eu agora dou o troco
Para cada isulto seu
Eu devolvo com um coco

Nunca julgue pelo porte
Da aparência delirante
A formiga é bem mais forte
Que o tatu ou  elefante

Ulisses Germano

PARABÉNS DIHELSON MENDONÇA


O nosso amigo está cheio de alegria,
pesou os prós e os contra
e se encheu de coragem.
No íntimo, você sabe
o que realmente é melhor para você.
Parabéns Dihelson,
pelo exelente trabalho realizado
como assessor de Imprensa na
Prefeitura do Crato !


Seus amigos do Cariricaturas

ROSA - Por Edilma Rocha


De um lado, a beleza e o perfume da flor.
Do outro, a rudeza do espinho,
oferecendo ao mesmo tempo
amor e dor.
Assim, a rosa ensina
que o segredo da felicidade
está no equilíbrio.

Terra Abençoada:Manhã de Chuva na Cidade do Crato-Wilson Bernardo.

CHUVAS DE MAIO NO PÉ DA CHAPADA...
Anoitece e o fogo da carne
dos piquis
ceiva a ternura do gosto
abusivo dos pomares nativos.
Chuva amanhecida na chapada
aflora
a cama e a doce madrugada
águas
que se fazem puras de orvalhos
cariri maravilhoso encantado.
Wilson Bernardo(Poema & Fotografia)

ENCONTRO COM AMIGOS


Edilma, Carlos Salatiel e Telma Saraiva
Sem palavras...

Dr. Leandro Bezerra Monteiro, um brasileiro ilustre -- por Armando Lopes Rafael




Leandro Bezerra Monteiro nasceu na cidade de Crato, no dia 11 de junho de 1826, filho primogênito do Coronel José Geraldo Bezerra de Menezes e de Jerônima Bezerra de Menezes, sendo seu avô o Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro, de quem herdou o nome. Descendia de uma família que se transportou de Portugal para o Brasil, acompanhando o primeiro donatário da capitania de Pernambuco, aí fixando residência. Tempos depois, membros dessa família, já nascidos no Brasil, migraram para o Ceará. Aqui, à custa de trabalho e honradez, atributos que sempre caracterizaram o clã, ganharam destaque na vida sócio-econômico-política da terra cearense.

Leandro Bezerra Monteiro começou seus estudos em Crato e, na sequência, frequentou escolas nas cidades de Jardim e Icó, sendo posteriormente aluno do Liceu, em Fortaleza, capital do Ceará. O curso de humanidades, concluiu-o no Colégio das Artes, em Olinda. Em 1847, com vinte anos de idade, iniciou o curso de Ciências Sociais e Jurídicas, na Academia de Direito de Pernambuco, onde recebeu o título de Bacharel, em 1851, com vinte e cinco anos de idade.

O ano 1852 vai encontrá-lo com residência em Sergipe. Aí, em 31 de janeiro, ocorreu o seu casamento com uma parenta, Emerenciana de Siqueira Maciel Bezerra, oriunda de um dos clãs mais importantes da então província de Sergipe del Rey. Durante seis anos, foi magistrado em Sergipe. Atraído pela política, foi eleito vereador e presidente da Câmara de Maruim, sendo eleito, também, deputado provincial (hoje deputado estadual). Em 1860, conseguiu o mandato de deputado geral (hoje deputado federal).

Em 1863, já com residência na cidade do Rio de Janeiro, capital do Império, seu mandato de deputado geral terminou com a dissolução da Câmara, como era prática no sistema parlamentarista, que vigorava, àquela época, no Brasil. Sem mandato, o Dr. Leandro mudou-se com a família para a cidade de Paraíba do Sul, na província do Rio de Janeiro, onde fundou a Casa de Caridade e o Asilo Nossa Senhora da Piedade, destinados ao tratamento de doentes e à educação gratuita de crianças pobres. Graças a esses serviços, foi vereador por doze anos, oito dos quais como presidente da Câmara Municipal de Paraíba do Sul.

Em 1872, foi novamente eleito deputado geral pela província de Sergipe. Foi nessa legislatura que o Dr. Leandro Bezerra Monteiro ganhou fama nacional, devido ao episódio que passou à história do Brasil, como a “Questão Religiosa”.

Os vários pronunciamentos feitos na Câmara pelo deputado Leandro Bezerra Monteiro, em defesa dos bispos Dom Vital e Dom Macedo Costa, constituiram-se em peças oratórias de grande coragem. Ninguém o excedeu, neste mister, naqueles momentos difíceis para a Igreja Católica no Brasil. Seus discursos tinham grande repercussão em todo o Brasil e até no exterior. Em Portugal, o Padre Senna Freitas, conhecido literato e polemista, publicou um livro, “Escritos Católicos de Ontem”, no qual, com grande entusiasmo, reproduziu e comentou um discurso proferido por Leandro Bezerra Monteiro, em defesa dos bispos.

Desgostoso com a indiferença do povo de Sergipe em relação à “Questão Religiosa”, Dr. Leandro Bezerra Monteiro apresentou-se, novamente em 1877, como candidato a novo mandato de deputado geral, mas agora pelo seu Estado natal, o Ceará. Eleito, voltou à Câmara de Deputados, mas seu mandato foi interrompido, em 1878, devido à ascensão do Partido Liberal. A partir daí, não mais conseguiu novos mandatos. Afastado da política, o golpe militar, que derrubou a monarquia e instaurou a forma de governo republicana, em 1889, veio encontrá-lo como advogado e empresário rural, em Paraíba do Sul. No entanto, manteve-se fiel ao seu ideal monárquico, ao tempo que via, decepcionado, antigos companheiros aderirem ao novo regime implantado pelo Marechal Deodoro.

Depois disso, mudou-se com a família para um subúrbio de Niterói – o Fonseca – onde viveu os últimos anos de vida ensinando catecismo às crianças que se preparavam para a primeira comunhão. Faleceu em 15 de novembro de 1911. Conforme escreveu o Barão de Studart, no livro “Dicionário Biobibliográfico Cearense”, Volume II, publicado em 1913: “O enterro do Dr. Leandro Bezerra Monteiro foi uma procissão, abalando uma multidão enorme e para mais de 200 crianças – meninos e meninas – que o amavam de coração”.

Texto e postagem: Armando Lopes Rafael

A reforma agrária perdeu o encanto – por Mailson da Nóbrega (*)


O Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST) está em claro declínio. O último "abril vermelho" evidenciou seu esvaziamento. As setenta invasões do mês foram comemoradas, mas elas haviam sido 496 em 2004. Os acampamentos reuniam 400.000 pessoas em 2003, mas agora têm apenas 100.000. Seu estandarte, a reforma agrária, esmaeceu.

A reforma agrária tem raízes na Antiguidade. O Senado romano aprovou leis específicas por volta de 133 a.C. O século XX testemunhou distintos tipos de reforma, alguns deles após revoluções. Em regimes comunistas, como na Rússia e na China, as terras foram expropriadas e coletivizadas. Na Europa Ocidental, a reforma agrária centrou-se na eliminação de características feudais da posse da terra, definindo direitos de propriedade. Esteve ausente onde ocorreu a revolução agrícola do século XIX. Nos Estados Unidos, a Lei de Homestead (1862) concedeu lotes de terras públicas de 160 acres (64,7 hectares) a imigrantes, ex-escravos e trabalhadores sem terra, futuros líderes da agricultura familiar.

No pós-guerra, aconteceu na Ásia a mais bem-sucedida reforma, a do Japão, imposta pelo general MacArthur, comandante das Forças Aliadas. Drástica e ampla, a reforma redistribuiu terras dos grandes proprietários que dominavam a sociedade rural. Ao quebrar a supremacia desses senhores, ela virou um êxito mais político do que econômico. A redistribuição da riqueza e da renda contribuiu para a democratização e para a estabilidade social do Japão, que se erguia dos escombros da guerra.

A América Latina é plena de casos de insucesso, em geral causados por uma visão socialista da luta de classes entre camponeses e grandes proprietários. Cuba, com sua reforma comunista, protagonizou o maior fracasso agrícola da região. No Brasil, a reforma agrária era demandada particularmente pela esquerda, que se encantava com a ideia de distribuir terras aos pobres. A democratização (1985) lhe deu eminência e inspirou a criação de um ministério.

O MST surgiu em 1984, apoiado por organizações católicas radicais, sindicalistas, petistas e parte da esquerda. A invasão de propriedades se tomou instrumento de sua luta. Militantes foram atraídos sob a promessa de saírem da pobreza. Com Lula, o movimento se fortaleceu. Passou a indicar seus próprios quadros para postos no governo e ampliou o acesso a recursos públicos.
Acontece que a sociedade parece ter-se cansado da agitação e dos atos de violência do MST, como diz o pesquisador Zander Navarro. Não mais haveria demanda significativa pelo acesso à terra. Já a queda de atratividade do MST seria fruto da ampliação do emprego e do bem-sucedido Bolsa Fami1ia, cujos beneficiários pertencem aos mesmos grupos recrutados pelo movimento.

Os assentamentos dos programas de reforma agrária enfrentam problemas. Muitos dos assentados vendem os lotes ou ganham dinheiro com a venda de madeira extraída ilegalmente. Pouquíssimos dispõem das qualificações requeridas por uma agricultura de alta tecnologia.
O agronegócio competitivo cria empregos formais protegidos por leis trabalhistas e previdenciárias. Suas atividades ampliam vagas no comércio. O público-alvo do MST percebe que o acampamento significa ficar na estrada qual um favelado. Seu desafio não é produzir, para cujo mister está despreparado, mas obter renda, que pode vir de programas sociais ou da aquisição de habilidades para trabalhar nas fazendas modernas.

A urbanização e a globalização dos mercados, da informação, da tecnologia e da produção contribuíram para a obsolescência do processo de redistribuição de terras, que se tomou irrelevante para a geração de renda e riqueza.
Aqui, todavia, a reforma ainda se nutre de argumentos de seis décadas atrás. O MST neles insiste por instinto de sobrevivência, pois precisa salvaguardar seu objetivo básico. que é o de mudar radicalmente a sociedade e fazê-la adotar um socialismo do tipo soviético.
(*) Mailson da Nóbrega é economista e ex-ministro da Fazenda