Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Comentário importante.

Claude Bloc, boa tarde

Sou ativista do Garbo e fiquei muito feliz com a iniciativa da reunião na Fazenda Serra Verde, inclusive com a presença de representantes da família Boris. Infelizmente não pude participar do evento.

Sabemos da importância de divulgarmos a história desta fazenda, sobretudo pela sua influencia econômica e cultural na região do Cariri.

Pouca gente sabe da ligação da Fazenda Boris - como também é chamada -, com os fatos que ocorreram no Cariri durante o auge desta instituição agrícola, como exemplo: A Sedição do Juazeiro; A cantoria de Cego Aderaldo na casa do Coronel Botelho; O período que o beato José Lourenço viveu na Fazenda – a pedido do Padre Cícero.

Vivi minha infância nos sítios São Lourenço e Cacimbas. Conheço um pouco desse povo, sinto orgulho dessa vida sertaneja.

Agradeço de coração a família Bloc-Boris pela atenção com que recebeu o Grupo de Amigos Admiradores do Rei do Baião – Garbo.

 Pedro Cunha

FIM DE FÉRIAS - No Terraçus Bar e Petiscaria




Desfilando sucessos do rock das décadas de 60 a 90, as bandas "HOLYWOOD" e "REI BULLDOG" prometem festejar o final das férias no seu melhor estilo nessa sexta-feira, dia 5 de agosto, no TERRAÇUS BAR E PETISCARIA. A Holywood com o seu repertório voltado para as músicas que fizeram parte das trilhas sonoras dos comerciais do Cigarro Holywood e que já tem uma fantástica legião de fãs pelo Cariri afora, vai abrir a noitada. É a hora de esquentar o friozinho gostoso do sopé da Chapada do Araripe para ouvir as belas canções que a banda nos apresenta, para, em seguida, curtir o maravilhoso som da nova banda caririense que já conquistou o coração da moçada: a REI BULLDOG. Formada por roqueiros que veneram os Beatles, a banda cover dos garotos de Liverpool deverão completar a noitada, com sucessos inesquecíveis e muito som nessa noite que promete ser maravilhosa.

Atenção Beatlesmaníacos! Vamos viver esse fim de férias com toda a alegria e energia que essa noite de sexta-feira promete!

Vamos nessa Cariri!

INFORMAÇÕES:

SERTÃO POP PRODUÇÕES
KAIKA LUIZ
(88) 3521.5398 / 9666.9666 / 88242131

"O Mistério das 13 Portas"... no DN

Livro reúne ícones do Cariri

Publicado em 10 de julho de 2011

Diário do Nordeste


Lançamento do livro ofereceu uma identificação com o público infantil, envolvido com as tradições do lugar

Ilustrações da obra infantil "O Mistério das 13 Portas no Castelo Encantado da Ponte Fantástica", de autoria do médico José Flávio Vieira, lançado na cidade do Crato

Obra infantil aborda tradições e histórias que povoaram a região, enfatizada por apresentar-se em áudio

Crato. Lançado, nesta cidade, o livro "O Mistério das 13 Portas no Castelo Encantado da Ponte Fantástica", de autoria do médico José Flávio Vieira, com Ilustrações de Reginaldo Farias. A solenidade de lançamento aconteceu no Cine Teatro Salviano Arraes, antigo Cine Moderno, localizado no calçadão da Rua Bárbara de Alencar.

O livro, engenhosamente, faz uma tessitura dos mitos caririenses e acompanha um CD com 15 Músicas e um Áudio-Livro com a exposição da história. A narração do livro na voz de Luiz Carlos Salatiel é destinada a deficientes visuais, justifica o autor, destacando que é o primeiro livro cearense com áudio.

O projeto foi vencedor do I Prêmio Rachel de Queiroz da Secretaria de Cultura e Turismo (Secult). Na oportunidade, foi promovido um show com a presença de vários músicos e compositores cearenses que participaram do projeto, entre os quais Luiz Carlos Salatiel, Lifanco, Ibbertson Nobre, Luiz Fidelis, Pachelly Jamacaru, Amélia Coelho, Ulisses Germano, Zé Nilton Figueiredo, João do Crato, Leninha Linard, Abidoral Jamacaru, Fatinha Gomes, André Saraiva, Elisa Moura, João Neto, Bonifácio Salvador, Rodrigo e o Coral Mensageiros de Cristo.

Alusão

Zé Flávio faz questão de dizer que a produção contou com a participação de mais de 60 pessoas que deram sua colaboração, a partir de sua neta, Thais, de 13 anos de idade, que leu o livro com o objetivo de indicar se o texto estava à altura do público infantil. Com base nesta leitura, o autor teve que fazer algumas correções antes de liberar o trabalho para impressão.

A obra destinada ao público infantil trata de um Reino Encantado com o nome de Aimará, localizado no pé de uma serra, com árvores grandes e frondosas, cercado de fontes perenes que banhavam o vale. Ali, nasciam flores e cresciam muitas fruteiras. Era o paraíso dos pássaros, entre eles uma ave especial que era o guardiã do Reino e se chamava Soldadinho. Aimará era governada pelo Rei Tristão e a Rainha Bárbara. Com tantas fruteiras e caças, os habitantes não precisavam trabalhar muito. O Reino criado pelo autor é uma alusão à região do Cariri.

Ao lado, havia outro Reino com o nome de "Trono do Altar", governado pelo Rei Joaquim que, ao contrário do Rei Tristão, era guerreiro, perverso e invejoso. Terminou invadindo o Reino de Aimará. Com o tempo, o Reino foi destruído em consequência do pipoco da pedra da Batateira que inundou a região. Os sobreviventes se refugiaram na serra do Horto, onde se encontra a estátua do Padre Cícero, fundador de Juazeiro.

Ao longo da história, o autor lembra as lendas que povoam o imaginário popular do Cariri. Entre elas, uma baleia que morava embaixo da Igreja da Sé, o boi misterioso, a cobra da lagoa encantada, a pedra de Nova Olinda e outras crendices que construíram e povoaram o mundo do Cariri encantado. No trajeto místico em busca de decifrar o mistério que envolveu a destruição do Reino, o autor denuncia os crimes ambientais, o progresso avassalador e a ganância do homem. Por fim, depois de uma longa caminhada, um dos personagens encontra as 13 portas do Castelo Encantado, que são representadas por 13 mitos que escreveram com o seu jeito de ser a história do Cariri.

Maldição

Uma história construída por gente simples como Canena, uma mulher que vendia tapioca com fígado no Crato antigo. Tandô, um moreno metido a cangaceiro que carregava na cartucheira, ao invés de balas, fragrâncias dos mais diversos perfumes silvestres do Reino.

O Rei da Serra, um ermitão que fez da floresta do Araripe a sua morada e única propriedade. Capela, um travesti valente que se tornou o defensor dos injustiçados. Vicente Finim, o filho ingrato que, por maldição da mãe, virava lobisomem nas noites de lua cheia. Maria Caboré, uma serviçal que morreu de peste bubônica, enquanto tratava dos pais. O Príncipe Ribamar da Beira Fresca, que inventou uma fábrica de descaroçar fumaça. Noventa, um chapeado, um profeta que foi alfabetizado enquanto trabalhava. Zé Bedeu, um boêmio que fez das praças do Crato o seu lar. Padre Verdeixa, um missionário irreverente que arranjava um pé-de-briga por onde passava. Zé de Matos, um poeta que vagava, fazendo poesias nas feiras do Crato. O Beato Zé Lourenço, um líder espiritual que foi perseguido pelos poderosos e Jeferson da Franca Alencar, o ecologista que conseguiu salvar alguma coisa do Reio Encantado.

Identidade

O autor justifica que a história de uma região nem sempre é escrita por nobres. Estes mitos que alimentam conversas de mesas de bares, nos alpendres das fazendas e nos terreiros das casas sertanejas são os verdadeiros símbolos da identidade da Nação Cariri.

Com estes personagens, mitos e crendices, o médio José Flávio com a ajuda de músicos e intérpretes regionais, consegue transformar um elenco de lendas numa denúncia contra a devastação da natureza, alimentada pela ignorância de muitos, pela ganância especulativa ou pela cegueira política.

MAIS INFORMAÇÕES
Secretária de Cultura, Esporte e Juventude do Crato
Centro Cultural do Araripe
Telefone: (88) 3523.2365


ANTONIO VICELMO
Repórter

Cusco


Quando viajamos empreendemos sempre duas viagens. Uma nos afasta geograficamente do lugar onde habitamos e o deslocamento nos transporta, magicamente, para paragens desconhecidas, para novos costumes, novas línguas, novas culturas. Simultaneamente, fazemos uma excursão por nossas trilhas internas percebendo a existência de novas verdades, novos modos de sentir o mundo , outras formas de conviver com miragem estonteante da vida. Viajar de alguma maneira nos completa e , quando retornamos, é como se trouxéssemos as gavetas da alma rearrumadas, os armários do espírito com cada coisa reposta no seu devido lugar. Talvez, por isso mesmo, é que a ida seja tão prazerosa quanto a volta, como se o ir e o vir fossem, exatamente, os cíclicos movimentos de um mesmo pêndulo.

Senti exatamente isso quando visitei o Peru nestas férias. Foi como se voltasse para casa. A desértica paisagem do sul peruano, com sua pluviosidade rara e eventual, fez-me imergir novamente no Nordeste brasileiro, como se daqui nunca tivesse me ausentado. A placidez do humilde povo do Peru se assemelha enormemente à resignação do nordestino frente às adversidades climáticas e sociais. As roupas de cores vivíssimas e alegres, a música farta e escorreita que fluem das flautas fazem-se um contraponto à aridez da paisagem, às intempéries da natureza. Não tão diferente das vestimentas estampadas nas roupas do nosso povo mais simples, de forte influência afro. O peruano, no entanto, é profundamente orgulhoso da sua cultura e do seu país no que difere cabalmente do povo brasileiro, que ainda carrega consigo, mesmo nos tempos atuais, aquele complexo de cão rabugento, de raposa hidrofóbica.

Perambulando pelas ruínas do Império Inca em Paracas, Nazca e Cusco tem-se à nossa frente o filme da destruição de uma das mais avançadas culturas dos Séculos XII ao XV pela ganância do Colonialismo Espanhol, bem mais predatório do que o Português em terras de Pindorama. Os Incas que no seu auge ocupavam um território gigantesco de mais de 1.800.000 Km2, englobando o Peru, o Equador, a Bolívia, o Chile, Colômbia e norte da Argentina, foram dominados, estranhamente, por algumas caravelas espanholas com pouco mais de 200 soldados. Como terá sido possível ? A pólvora? A guerra biológica ? Quem sabe a ingenuidade Inca em acolher o satanás no seio do seu povo, como se enviado de Deus. O certo é que a Espanha perpetrou um dos maiores crimes da história da humanidade em nome da sua ganância incontrolável.

Os jesuítas chegaram com os espanhóis e promoveram a devassa religiosa do Império Inca, destruindo os inúmeros templos e construindo suas igrejas justamente em cima dos antigos monumentos religiosos , boa parte das vezes utilizando as mesmas pedras que estruturavam as paredes antigas. Os próprios Incas já tinham anteriormente procedido de forma igual com as culturas pré-incas. É que os deuses , amigos, são tão mortais como nós humanos. Onde hoje se encontram os poderosos deuses de outrora ? Zeus, Júpiter, Thor, Osíres , Viracocha, Inti ? “Estão todos dormindo, dormindo profundamente...” Que destino aguarda as sumidades do momento : Jeová, Buda, Maomé ?

Em meio as montanhas andinas, viajando pelo Vale Sagrado dos Incas, tem-se imediatamente uma imersão transcendental. Dos pícaros é quase que impossível olhar para baixo, acima tudo parece estranhamente familiar. Em quitchua, a língua oficial dos Incas, Cusco significa umbigo do mundo. Alguma coisa dá à luz dentro de nós quando visitamos a cidade. Bate-nos a solidão de Pachacuti, em Macchu Picchu, esperando candidamente a destruição final do sonho, pelas hostes inexoráveis do senhor Tempo.

J. Flávio Vieira