Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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claude_bloc@hotmail.com

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Dormes? - (para Socorro Moreira) - Por Claude Bloc


Dissimulo as palavras
Abrem-se os versos
ao som azul de acordes em falsete
Versos vesgos, cantarolados
nas horas em que o sol
declina sobre a serra.

Vejo rostos cansados nos poemas
tocados pelas mãos que escrevem
Vejo sorrisos, riscos breves
e uma linha aberta ao ritual
do ocaso.
Vejo a luz onde escorre
a cor sanguínea no horizonte...

Mas ainda há azul
na abóbada celeste
lá do outro lado do sonho
onde descansas
onde a brisa e o vento
disputam a chegada da noite
em terras cariris.

É o verbo que se quer
a palavra faceira, a forma de menina
a tenra cor que apaga/acende a chama.
E nessa hora vejo-te entregue
à terra ,ao ar ,ao fogo, à água cristalina.
Dormes
e lá de cima
Anjos-sonhos velam teu sono.
.
=============================
A Socorro Moreira para ler nas horas em que se acha em "baixa-energia".
Um abraço,
Semana que vem estou por aí.
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.
Texto e foto por Claude Bloc
.

Vocação.


Bil Nording e Phil Scrofani,membros do IPS,viraram a mesa e
olharam para o que significa uma abordagem para o católico
praticante, em seu ensaio, "Implications of a catholic of Antropology
for Developing a Catholic Approach to Psycoterapy".
Eles explicam porque o conceito de vocação é útil quando aplicado à
carreira profissional de um terapeuta.
"Para um cristão, tornar-se um terapeuta pode ser uma resposta sem
par a um chamado de Deus para prestar serviços de saúde mental
para os clientes que sofrem", eles escreveram.
Sob esta luz, a tarefa do terapeuta não apenas envolve uma relação
terapêutica com o cliente, mas é uma relação que vai além de
negócios."Exibir sua profissão escolhida como uma vocação pessoal
motiva-o não apenas a observar a sua consciência ética profissional,
mas também para a prática de acordo com principios éticos
católicos", Nordling e Scrofani acrescentaram.
Esta concepção baseada na vocação de ser terapêuta também irá
servir para motivar quando trabalhar com um cliente dificil, ou
quando sacrifícios de tempo ou dinheiro são necessários.
A noção de uma vocação não apenas orientará a compreensão de um
terapêuta ao cliente e ao tratamento, mas também irá orientar um
terapêuta para entender que o cliente está inserido dentro de uma
familia, uma cultura, e muitas vezes uma tradição de fé.
"Este tipo de abordagem á psicoterapia demonstra um profundo
respeito pela diversidade, iniciando com o principio fundamental de
que o cliente é uma única e irreptível pessoa feita à imagem de
Deus", Nordling e Scrofani comentaram."Além disso, é um
imperativo moral, em última instância, para permitir que o próprio
cliente se torne definitivo para fazer livremente escolhas de acordo
com a consciência".
Ao concluir a sua contribuição, o autor especificou que uma tal
abordagem antropologicamente informada à psicoterapia não pode
ser concebida como estando em oposição à ciência da psicologia.
Portanto, os métodos terapêuticos serão escolhidos com a
consideração da sua comprovada eficácia.
Eles também admitiram que o principal foco de um terapêuta deve-se
circunscrever ao funcionamento psicológico do cliente, deixando de
lado questões mais específicas espirituais para sacerdotes e diretores
espirituais.
Acima de tudo, a publicação fornece idéias instigantes sobre como
uma antropologia baseada no cristianismo pode fornecer informações
valiosas sobre a condição humana.

Fonte: Padre John Flynn,LC "Edification" Catholic.

A Última Crônica - Fernando Sabino


"A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever. A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num acidente doméstico, torno-me simples espectador e perco a noção do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: "assim eu quereria o meu último poema". Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica.

Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se acrescentar pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas curtas ou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome.

Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a reassegurar-se da naturalidade de sua presença ali. A meu lado o garçom encaminha a ordem do freguês. O homem atrás do balcão apanha a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho - um bolo simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia triangular. A negrinha, contida na sua expectativa, olha a garrafa de Coca-Cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Por que não começa a comer? Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um animalzinho. Ninguém mais os observa além de mim.

São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve a Coca-Cola, o pai risca o fósforo e acende as velas. Como a um gesto ensaiado, a menininha repousa o queixo no mármore e sopra com força, apagando as chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: "Parabéns pra você, parabéns pra você..." Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-las na bolsa. A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura - ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração. Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido - vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso.

Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso."

Crônica publicada no livro "A Companheira de viagem" (Editora Record, 1965)

Morreu em 11 de outubro de 2004, véspera do seu aniversário, por volta de meio-dia, o escritor Fernando Sabino. O escritor vinha lutando há dois anos com um câncer no esôfago.

Fernando Tavares Sabino era mineiro de Belo Horizonte, onde nasceu em 12 de outubro de 1923, filho do representante comercial Domingos Sabino e de Odete Tavares Sabino. Na infância e juventude, destacou-se como escoteiro, locutor de programa infantil aos 12 anos e autor do primeiro conto ainda no secundário. Aos 16 anos venceu vários campeonatos de nado de costas em Minas, São Paulo e Rio de Janeiro e, aos 17 anos, escreve artigos literários para o jornal mineiro O Diário, onde também eram publicados Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos e Hélio Pellegrino.

Sempre eclético, faz serviço militar na cavalaria do CPOR, estuda direito e entra para o funcionalismo público em 1942 na secretaria de Finanças, além de dar aulas de português. Em 1944, muda-se para o Rio, onde vai trabalhar na justiça e convive com a nata intelectual do então distrito federal, incluindo Rubem Braga, Vinicius de Moraes, Di Cavalcanti e Manuel Bandeira.

Em 1946, forma-se em direito e se muda para os Estados Unidos para trabalhar no consulado brasileiro. De lá inicia uma longa cooperação com a imprensa brasileira, escrevendo para o ''Diário de Notícias'' e, ao longo dos anos, para o ''Diário Carioca'', ''O Jornal'', ''Jornal do Brasil'' e ''O Globo''.

Seu primeiro sucesso literário foi o romance ''Encontro marcado'', lançado em 1956, lançado em vários países e levado diversas vezes ao teatro. Em 1962, outro livro de sucesso, "A mulher do vizinho" e escreve o roteiro do filme "O homem nu", com direção de Roberto Santos com Paulo José.

Foi adido cultural da embaixada do Brasil em Londres durante o governo de João Goulart e fundou em 1967 a editora Sabiá, em sociedade com Rubem Braga que lança autores como Vinicius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Pablo Neruda e Manuel Puig. Em 1971 exerce seus dotes de diretor de cinema, realizando um curta sobre Rubem Braga e, no ano seguinte, oito pequenos documentários sobre Hollywood para a Rede Globo.

Em 1979, lança "O grande mentecapto", que lhe vale o prêmio Jabuti. Lança ainda "O menino no espelho" (1982), "O gato sou eu" (1983), faca de dois gumes (1985) e é condecorado com a Ordem do Rio Branco pelo governo brasileiro. Em 1991, lança a biografia autorizada da então toda poderosa do governo Collor, Zélia Cardoso de Mello. Na seqüência, lança em "Aqui estamos todos nus" (1983), seguido de "Com a graça de Deus" (1995), "A chave do enigma" (1999) e "Amor de Capitu" (2000).

Fonte: O GLOBO ONLINE

"Nasci homem, morro menino".
Fernando Sabino
12/10/1923 - 11/10/2004

Taiguara



Taiguara Chalar da Silva (Montevidéu, 9 de outubro de 1945 — São Paulo, 14 de fevereiro de 1996) foi um cantor e compositor Brasileiro, embora nascido no Uruguai durante uma temporada de shows de seu pai, o Bandoneonista e Maestro Ubirajara Silva.

Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1949 e para São Paulo, posteriormente, em 1960. Largou a faculdade de Direito para se dedicar à música. Participou de vários festivais e programas da TV. Fez bastante sucesso nas décadas de 60 e 70. Autor de vários clássicos da MPB, como Hoje, Universo do teu corpo, Piano e viola, Amanda, Tributo a Jacob do Bandolim, Viagem, Berço de Marcela, Teu sonho não acabou, Geração 70 e "Que as Crianças Cantem Livres"; entre outros.

Considerado um dos símbolos da resistência à censura durante a ditadura militar brasileira, Taiguara foi um dos compositores mais censurados na historia da MPB, tendo cerca de 100 canções vetadas. Os problemas com a censura eventualmente levaram Taiguara a se auto-exilar na Inglaterra em meados de 1973. Em Londres, estudou no Guildhall School of Music and Drama e gravou o Let the Children Hear the Music, que nunca chegou ao mercado, tornando-se o primeiro disco estrangeiro de um brasileiro censurado no Brasil.

Em 1975, voltou ao Brasil e gravou o Imyra, Tayra, Ipy - Taiguara com Hermeto Paschoal, participação de músicos como Wagner Tiso, Toninho Horta, Nivaldo Ornelas, Jacques Morelenbaum, Novelli, Zé Eduardo Nazário, Ubirajara Silva e uma orquestra sinfônica de 80 músicos. O espetáculo de lançamento do disco foi cancelado e todas as cópias foram recolhidas pela ditadura militar em poucos dias. Em seguida, Taiguara partiu para um segundo auto-exílio que o levaria à África e à Europa por vários anos.

Quando finalmente voltou a cantar no Brasil, em meados dos anos 80, não obteve mais o grande sucesso de outros tempos.

Faleceu em 1996 devido a um persistente câncer na bexiga.

Wikipédia

Paulinho Nogueira- Inventor da Craviola



Paulo Artur Mendes Pupo Nogueira, conhecido por Paulinho Nogueira (Campinas, 8 de Outubro de 1929 — São Paulo, 2 de agosto de 2003) foi um músico compositor, cantor, violonista e inventor da Craviola.




"Blue Velvet" - para Corujinha Baiana

Waldick ou Ray Conniff ? - ( Se é pra lembrar do passado fico com os dois !)- Por Socorro Moreira



Ontem tivemos uma noite festiva, na casa de Zélia. Era o aniversário de Derek, seu filho caçula. Fugi antes do fim pelos abusos, nos quitutes. Esse povo devia não convidar diabéticos pras festas noturnas. Bastava o som do Waldick, que rolou em toda altura. Sim, aquele produzido pela Patrícia Pillar, que fez sucesso, e foi tão apreciado pela crítica.
A turma era quase sexagenária, claro! Mas depois chegaria a meninada.
Rosineide logo lembrou: vixe Maria é a cara da festa da padroeira do Crato.
“De alguém para alguém com muito amor e carinho”:
Minha querida,
Saudações...
E a gente que nunca comprara um vinil do Waldick jurou que nunca o negaceamos. A gente gostava, e aprendia todas as suas músicas, que até nos faziam chorar de emoção.
Depois foi a vez de Ray Conniff. Imaginem se a gente não dançou um bolero com brecadas, e olhos fechados? Foi uma noite muito leve. Essas repetições de encontros se amiúdam... É festa, em cima de festa!
Coincidentemente hoje é o dia dos Correios. Correios lembram carteiro, e carteiro lembra amor distante.
Pois é, a gente namorava anos por correspondência, esperando terminar os estudos, e realizar o sonho do casamento.
Sou das impacientes. E, como o apressado come cru, não casei por tempo de namoro, infelizmente!
Esses casamentos que aconteciam da noite pro dia, pouco tempo duraram. Não agüentaram a missa em latim de todos os dias.
Nos tempos de agora, existem outras formas de amor, na virtualidade. Também os acho pacientes demais para o meu gosto. Não tenho perfil!

Ainda bem que o coração com o tempo se aquieta. Mas sente saudades das festas amorosas, que neles se faziam. Hoje, dentro do meu tem sereno e rosas!
Socorro Moeira

"Depoimento em Blue" para Edilma Rocha


Nasci saudável, linda e “rechonchuda”,mas pouco tempo depois, fiquei muito doente, e só não morri, segundo minha mãe, devido a uma promessa feita por ela, a Nossa Sra da Conceição: a de que eu só usaria azul e branco até completar a idade de dez anos.

E assim foi... Como ficou prometido ,eu só usava azul e branco. Mas nem sempre era assim. Às vezes, mudava, e para não enjoar... era branco e azul . Eu sentia e comprovava as cores da Santa em minhas roupas, laços de fita, meias e sapatos ...

Eu vivia impregnada de azul.Os anos passavam, e, aos poucos, eu me transformava na verdadeira personificação do azul.

E depois ? Óbvia consequência: Fiquei condicionada ...

Mas não só ao azul claro ou escuro. E, sim, ao azul em todas as suas nomenclaturas e nuances : azul marinho, azul celeste ou cerúleo, azul turquesa, azul cobalto, azul anil , azul da Prússia, azul ultramar, azul petróleo ...

Baiana e soteropolitana que sou, sempre tive o mar como presença constante na minha vida e, como abrigo, nada melhor do que o céu da minha terra. Isso me ajudou a ficar uma “expert” nessa cor .Uma verdadeira “azulogista”. - Será que isso existe ? Ou seria “azulóloga”?

O fato é que, hoje eu sei, que a Bahia é o único estado do Brasil, produtor de granitos em diversas nuances de azul, como é o caso do Azul Bahia, Azul Macaúbas, Azul do Mar, Azul Boquira e Azul Imperial.

Aprendi através da Literatura, que “A Mosca Azul” do Machado “... e zumbia , e voava, e voava e zumbia...”

Aprendi que a rosa mágica das Mil e Uma Noites, que tinha o poder de curar a Princesa Amina, era uma “Rosa Azul”...

Aprendi também que o “Pássaro Azul” é um símbolo da felicidade inatingível, e nasceu da analogia secreta do azul com o inacessível.
Aprendi também que o “Azulão”, aquele belíssimo pássaro que encontramos em muitas regiões do Brasil, possui inúmeros dialetos, e seu canto pode ser dividido em dois tipos : o canto normal e o canto em surdina ou mata - virgem, que quer dizer : por longo tempo.
Mas o que me causou surpresa , mesmo, ainda nos tempos de escola, foi saber que o maior animal do nosso planeta, a "Baleia Azul", é um mamífero.

Descobri que Da Vinci, o gênio do renascimento italiano, formulou: “o azul é composto de luz e trevas, de um preto perfeito e de um branco muito puro como o ar”.Teria ele mesclado alguma nuance do azul para pintar a Mona Lisa ?

Goethe, o autor de "Os Sofrimentos do Jovem Werther", me ensinou que : “o preto que clareia torna-se azul”, percebendo na criação, a maravilhosa passagem da treva à luz.

Com Kieslowsk , o cineasta polonês, aprendi que a “ Liberdade é Azul “em homenagem à França, inspirada nos princípios da Revolução Francesa (Liberdade, Igualdade e Fraternidade) e representada pelas cores da bandeira desse País: Azul, Branco e Vermelho. Os dois outros filmes que completam a trilogia são "A Igualdade é Branca" e "A Fraternidade é Vermelha".

Descobri, também, que o grande compositor Johann Strauss Jr. compôs "O Danúbio Azul", mesmo sabendo que aquela não era a verdadeira cor do rio que lhe inspirou a famosa valsa.

E embora aprecie as pedras preciosas, jamais ambicionei ter o "Blue Hope" (Esperança Azul), que é o mais famoso diamante, pois ele tem a fama de trazer azar a quem o possui.

E agora, eu pergunto : Quem não se emocionou quando o astronauta russo Yuri Gagarin ao avistar o nosso Planeta, lá do espaço, exclamou: ­­ - “A Terra é Azul !" ?

Também não tenho dúvida de que “L´Amour est bleu “ como afirma uma linda canção francesa. - Alguém discorda ?

Sendo assim, encerro esse meu depoimento agradecendo primeiro à minha mãe pela promessa, a Edilma que serviu de inspiração, e a mim que agüentei durante dez anos aquele sacrifício ( ? ).

Afinal,
por que não cantar ?

“ Vesti azul, minha sorte então, mudou.”

IDADE NOVA , ALEGRIAS E VELHOS AMIGOS


















Uma noite com uma bela lua, uma brisa suave e uma vista magnífica do meu Crato. Em volta da mesa amigos amados, queridos e inesquecíveis. E as surprêsas que só Dedeide sabe fazer. Felicidade é uma palavra mágica que cabe tudo dentro. Agradeço do fundo do coração a presença de todos. As demosntrações de afeto e de carinho e os presentes belos e significativos. Um beijo no coração de todos.

Caldeirão das Artes

Dia 11/10 - Dona Zefinha invade a Terreirada Cearense na Lapa (RJ)


Companheiros terreirantes!!

A Terreirada Cearense espera você neste domingo, 11 de outubro, véspera de feriado!
Muita cultura popular..ciranda, coco, baião, xote na Lapa!


Especialmente neste domingo a banda cearense Dona Zefinha invade a terreirada para apresentar seu espetáculo Zefinha vai a Feira.

Música, teatro e outras invenções... Assim podemos denominar o grupo Dona Zefinha, uma companhia multicultural, litero-musico-teatral, que mistura criatividade e diversão a partir de elementos sonoros, cênicos e coreográficos invocando os arquétipos ancestrais das manifestações da cultura popular brasileira numa interação com a multiplicidade cultural do mundo contemporâneo.
No show "Zefinha vai à feira, o repertório é um ajustado de baião, cantoria de viola, toadas, marchas, batuques de candomblé, música caipira e samba. Ritmos e melodias diferentes se entendem em letras instigantes sobre conflitos urbanos sociais, tecnologia, globalização e consumismo exagerado.
Os músicos Orlângelo Leal (voz, marimbal, rabeca, viola e violão), Vanildo Franco, (Pífanos, vocal e percussão), Ângelo Márcio (Percussão, vocal e sax), Maninho (bateria), Paulo Orlando (percussão, performance e vocal), Joelia Braga (Percussão, vocal e figurinos) e Samuel Furtado (Trompete, flauta e violino) transitam entre o popular e o erudito, comédia e lirismo, urbano e rural, tradição e contemporaneidade.
Tirando sons de latas, caixotes de madeira e aparelhos eletrônicos o grupo investe numa forte percussão, baixo “groovante”, variedade de ritmos e melodias que remetem à música de raiz numa fusão atemporal, instigando a platéia com jogos de improvisação, vaias, delírios e performance, fascinante de assistir, ouvir e dançar.
Envie email paraterreiradacearense@yahoo.com.br até domingo 16 hs, pague ingresso amigo!
(promação só para terreirantes masculinos!)


Show Dona Zefinha na Terreirada Cearense
Atrações: Geraldo Junior e Forró de Raiz, DJ Dona Jô e Dona Zefinha
Data: 11/10 domingo
Horário: a partir das 20h
Local: Casa do Ta na Rua
Endereço: Rua Mem de Sá,35 - Lapa, Rio de Janeiro - RJ
Ingresso: Homem R$ 7,00 e mulher R$ 5,00
**Mulher não paga até 22hs!!

Caldeirão das Artes
fone: 85 3265.1477 9997.7378
contato@caldeiraodasartes.com.br
www.caldeiraodasartes.com.br

" O TREM QUE CHEGA É O MESMO TREM DA PARTIDA"







JANTAR NO QUATRO ESTAÇÕES

E o "trem" chegou trazendo amigos queridos para o convívio de alguns dias no Crato, terra natal de todos. Dias de alegria , riso solto, atualizações de histórias, trocas de e-mails e promessas de breve reencontro. O trem partiu, o mesmo da chegada. Levou alguns, saudades pra lá e pra cá e a promessa de um breve reencontro. Ficamos certos de que a distância nos aproxima quando a amizade e o afeto permanecem inteiros. Foi ontem, foi hoje será sempre assim. Cada um no coração do outro e na lembrança que não morre. Até a volta: Ana Cecília, Márcia, Teresa, Alexandre, Liduina. Rosineide e Socorro.

Linda,linda,linda !!!!- Um presente pros amantes da música e das cartas !

ECT - com Cassia Eller

Antecipando o Dia das Crianças - Fotos : Heládio Teles Duarte



Um palhaço que sabe chamar
Uma criança que adora brincar
Um choro que se transforma em risos
Toda verdade de cada mentira
-Ser criança é acreditar em tudo
que nos dizem !
.
Essa energia que invade a nossa casa
Transforma o silêncio, acorda a felicidade ...
Sabe falar coisas engraçadas
Parece ser de um planeta encantado
.
Olhos nos olhos ,
e o sorriso aflora
Pergunta , e responde,
sem esperar a resposta
Abraços ,
Sofias e Clarices,
Biancas, Vitórias !
.
Alice no país da Bisaflor
Isabelas esperam
a magia de uma nova história
Venham, meninas
O Cariricaturas está lotado de avós,
que sabem ser crianças como vós !
.
Socorro Moreira

João do Crato e Blandino Ribeiro no programa Cariri Encantado

João do Crato

O programa Cariri Encantado de hoje, sexta-feira, 9, tem como convidados dois artistas que são almas gêmeas, tanto pelo sentimento fraternal que os unem quanto pelo sentimento ancestral que os unem ao mundo: João do Crato e Blandino Ribeiro. Artistas inspirados na natureza e artesãos que confeccionam produtos especiais, como incelenças divinas e meizinhas naturais.

Um canta os ritmos e a música da Chapada. O outro manipula os aromas e os gostos que se colhem nos campos. Os dois são alquimistas e mágicos, duendes arautos, herdeiros da ancestralidade indígena que resiste na rica cultura cariri.

Logo mais no Cariri Encantado, o programa mágico das tardes de sexta. Das 14 às 15 horas, na Rádio Educadora do Cariri 1020.

Apresentação de Luiz Carlos Salatiel.
Apoio: Centro Cultural BNB Cariri.

Homem.

Os joelhos sobre a areia
Palmas das mãos, hora juntas, hora na face a aparar as lágrimas
A fé trincada entre os dentes, no brilho perolado do negro olhar.
Olhar que mira o céu, catando migalhas de nuvens.
Que os dilaceram em sua branquidão

Os joelhos sobre a areia
Agora dourada pelo tingir de lágrimas
Um sofrimento eterno
Assim como a eterna luta em manter-se vivo

De pé, cabo da enxada sobre o ombro.
E homem que a pouco era escombro
Ergue-se e fere a terra agora pelos passos

Passo a passo com a solidão,
Ombro a ombro com Deus,
Dores aos montes, e ele some num horizonte,
Fonte de um homem de coragem e orgulho sem fim.

Saudades dos homens de verdade e medo aos de festim.

Foto: Heber Gracio

Dia dos Correios - Deixe o seu recado !


Estamos brincando de Correio Elegante !

Bancários do Cariri realizam assembleia e terminam greve no Banco do Brasil e no HSBC

Os bancários do Cariri, em Assembleia realizada na noite de ontem, quinta-feira, seguiram a orientação do Comando Nacional da categoria e aprovaram a proposta apresentada pela Fenaban que prevê reajuste salarial de 6% e melhoria da Participação nos Lucros e Resultados (PLR). Anteriormente, a Fenaban havia proposto um reajuste de 4,5%, o que foi rejeitado por todos os bancários. O percentual de 6% também será aplicado às demais verbas, como auxílio-refeição, cesta-alimentação e auxílio-creche/babá. No entanto, os bancários da Caixa Econômica Federal e do Banco do Nordeste, devido ao impasse que ainda ocorre nas negociações específicas, decidiram permanecer em greve até a apresentação de uma nova proposta pelos bancos.

Fonte: Seeb/Cariri

Use a Ira em seu favor : escreva uma carta de amor! - por Socorro Moreira




Meu bem,

.
Depois de 25 anos escrevendo memorandos, e em “oitavados”, especializei-me em listas de Supermercados:
- queijo branco
- pão integral, frutas, azeite e uma garrafa de vinho.
Casamento fora do papel merece carta do amor pensado, escrita, perfumada, e manchada de batom.
(Amassei. Não gostei...).
Vou tentar novamente:

Meu amor,

.
A noite também chegou por aqui. Já me fez cumprir todos os rituais, antes de dormir... Só falta uma espiada na janela, e fechá-la seguramente, pra que ela não me rapte de ti.
Li alguns textos no blog, apaguei e-mails, encaminhei alguns, abri Windows sucessivos, restaurei artigos, que vi na lixeira. Na falta do fogo para queimá-los, salvei-os!
Procurei-te nos sites de músicas, e Diana Krall deu-me teu recado: Fly Me To The Moon. Depois foi o Chico, que pegou pesado, cantando "Vitrines”... E o Vinícius, que também postou um poema: "Conjugação da Ausente".
Pesquisei sonetos de J.G.de Araújo Jorge. Achei-os melosos demais, e fiz umas trocas... Edu Lôbo com Cacaso, na “Toada”, e com Torquato Neto, no "Pra dizer adeus”.
Chega de ensaios!
Finalizo os prefixos musicais com a música “Amado”, por Wanessa da Mata.
Enfim, agora estamos a sós. Eu e pensamento. Pensamento e papel, em conflito ardente. Sem fundo musical. Silêncio total, para ouvir o coração bater, como os tambores do Salgueiro.
Entro na freqüência do teu esquecimento, e te acordo... É hora!


Vem cá...

O mar veio para cá.

Ele engole os mistérios da serra,

quando chega a madrugada.

Vamos catá-los um por um,

desvendá-los...

Estou farta de segredos invioláveis.


Lembra do começo, que nunca foi?
Lembra do encontro, que esperou sem chegar?
Lembra dos desvios, arrodeios, e esbarrões,

nos atropelos dos sentimentos?


O amor chegou mil anos depois!

Quase etéreo

Atrevido na pureza, racionando carinho

Mas é tão intenso e tão lindo

que alimenta, mesmo dormindo!


Fui clara?
Fui anônima, ou indiretamente fácil?
Direto é dizer nesse cantinho de papel,

em letras tremulas e pequenas,

quase indecifráveis... Adoro você!

.
Um abraço,
Zen(ira)

P. S. “O amor que nos separa é o amor que nos une”.


* Carta não enviada. Escrita, quando fuiu apaixonada .( risos)

Socorro Moreira

Mário de Andrade






Eu sou um escritor difícil
Que a muita gente enquisila,
Porém essa culpa é fácil
De se acabar de uma vez:
E só tirar a cortina
Que entra luz nesta escuridez.

(A Costela de Grão Cão)


1893: Nasce Mário Raul de Moraes Andrade, no dia 9 de outubro, filho de Carlos Augusto de Moraes Andrade e Maria Luísa Leite Moraes Andrade; na Rua Aurora, 320, em São Paulo - SP.

1904: Escreve o primeiro poema, cantado com palavras inventadas. "O estalo veio num desastre da Central durante um piquenique de subúrbio. Me deu de repente vontade de fazer um poema herói-cômico sobre o sucedido, e fiz. Gostei, gostaram. Então continuei. Mas isso foi o estralo apenas. Apenas já fizera algumas estrofes soltas, assim de dois em três anos; e aos dez, mais ou menos, uma poesia cantada, de espírito digamos super realista, que desgostou muito minha mãe. "— Que bobagem é essa, meu filho?" — ela vinha. Mas eu não conseguia me conter. Cantava muito aquilo. Até hoje sei essa poesia de cor, e a música também. Mas na verdade ninguém se faz escritor. Tenho a certeza de que fui escritor desde que concebido. Ou antes... Meu avô materno foi escritor de ficção. Meu pai também. Tenho uma desconfiança vaga de que refinei a raça..." Este o depoimento do escritor a Homero Senna, publicado no livro "República das Letras", Editora Civilização Brasileira - Rio de Janeiro, 1996, 3a. edição, sobre como havia começado a escrever.


1917: Diploma-se em piano pelo Conservatório. Morre seu pai. Publica Há uma gota de sangue em cada poema, poesia, sob o pseudônimo de Mário Sobral.. Primeiro contato com a modernidade na Exposição de Anita Malfatti. Primeira viagem a Minas: encontra o barroco mineiro, visita Alphonsus de Guimarães. Já iniciou sua Marginália.

1918: Recebe Diploma de Membro da Congregação Mariana de N. Sra. da Conceição da Igreja de Santa Ifigênia. Noviciado na Ordem Terceira do Carmo. Nomeado professor no Conservatório. Escreve contos e poemas. Colabora ocasionalmente em jornais e revistas como crítico de arte e cronista; em A Gazeta e O Echo (São Paulo).

1919: Profissão na Ordem Terceira do Carmo à 19 de março. É colaborador de A Cigarra, O Echo e A Gazeta. Viagem à Minas Gerais, visitando as cidades históricas.

1920: Lê obras Index . Faz parte do grupo modernista de São Paulo. Colabora em Papel e Tinta (São Paulo), na Revista do Brasil (Rio de Janeiro - até 1926) e na Illustração Brasileira (Rio de Janeiro - até - 1921).

1921: É professor de História da Arte no Conservatório. Pertence à Sociedade de Cultura Artística. Está presente no lançamento do Modernismo no banquete do Trianon. É apresentado ao público por Oswald de Andrade através do artigo "Meu poeta futurista" (Jornal do Commércio São Paulo). Escreve "Mestres do passado" para o citado jornal.

1922: Professor catedrático de História da Música e Estética no Conservatório. Participa da Semana de Arte Moderna em São Paulo, de 13 à 18 de fevereiro, no Teatro Municipal de São Paulo. Faz parte do grupo da revista Klaxon, publicando poemas e críticas de literatura, artes plásticas, música e cinema. Escreve Losango Cáqui, poesia experimental. Inicia a correspondência com Manuel Bandeira, que dura até o final de sua vida. Publica Paulicéia desvairada, poesia.

1923: Estuda alemão com Kaethe Meichen-Bosen, de quem se enamora. Faz parte da revista Ariel, de São Paulo. Escreve A escrava que não é Isaura, poética modernista. Continua a colaborar na Revista do Brasil (Rio de Janeiro).

1924: Realiza a histórica "Viagem da Descoberta do Brasil", Semana Santa dos modernistas e seus amigos, visitando as cidades históricas em Minas. Colabora em América Brasileira (contos de Belazarte), Estética e Revista do Brasil (Rio de Janeiro).

1926: Férias em Araraquara, escrevendo Macunaíma. Publica Primeiro andar, contos, e Losango Cáqui (ou Afetos Militares de Mistura com os Porquês de eu Saber Alemão), poesia. Escreve poemas de Clã do Jaboti. Colabora na Revista de Antropofagia, na Revista do Brasil e em Terra Roxa e Outras Terras.

1927: Colabora no Diário Nacional de São Paulo: crítico de arte e cronista (até 1932, quando o jornal é fechado). Estréia como romancista, publicando Amar, verbo intransitivo, que choca a burguesia paulistana com a história de Carlos, um adolescente de família tradicional iniciado nos prazeres do sexo pela sua Fraülein, contratada por seu pai exatamente para essa tarefa. Lança, também, o livro Clã do Jaboti, de poesias. Realiza a primeira "viagem etnográfica": percorrendo o Amazonas e o Peru, da qual resulta o diário O Turista Aprendiz.

1928: Membro do Partido Democrático. Realiza sua segunda "viagem etnográfica": ao Nordeste do Brasil (dez. 1928 - mar. 1929). Colabora na Revista de Antropofagia e em Verde. Publica Ensaio sobre a Música Brasileira e Macunaíma - o Herói sem nenhum caráter, onde inova com audácia e rebela-se contra a mesmice das normas vigentes. Com enorme sucesso a obre repercutiu em todo o país por seus enfoques inéditos. Sob um fundo romanesco e satírico, aí se mesclavam numa narrativa exemplar a epopéia e o lirismo, a mitologia e o folclore, a história e o linguajar popular. O personagem-título, um "herói sem nenhum caráter", viria a ser uma síntese, o resumo das virtudes e defeitos do brasileiro comum.

1929: Inicia coluna de crônicas "Táxi", no Diário Nacional. "Viagem etnográfica" ao Nordeste, colhendo documentos: música popular e danças dramáticas. Rompimento da amizade com Oswald de Andrade. Publica Compêndio de História da Música.

1930: Apóia a Revolução de 30. Defende o Nacionalismo Musical. Publica Modinhas Imperiais, crítica e antologia, e Remate de Males, poesia.

1933: Completa 40 anos. Faz crítica para o Diário de São Paulo (até 1935).

1934: Diplomado Professor honorário do Instituto de Música da Bahia. Cria e passa a dirigir a Coleção Cultural Musical (Edições Cultura Brasileira - São Paulo). Colabora em Festa (Rio de Janeiro), Boletim de Ariel. Publica Belazarte, contos, e Música, Doce Música, crítica.

1935: É nomeado chefe da Divisão de Expansão Cultural e Diretor do Departamento de Cultura. Publica O Aleijadinho e Álvares de Azevedo.

1937: É contra o Estado Novo.

1938: Transfere-se para o Rio de Janeiro (27 jun.), demitindo-se do Departamento de Cultura (12 mai.). É nomeado professor-catedrático de Filosofia e História da Arte na Universidade do Distrito Federal e colabora no Diário de Notícias daquela cidade. Publica Namoros com a Medicina, estudos de folclore.

1939: Cria a Sociedade de Etnologia e Folclore de São Paulo, sendo seu primeiro presidente. Organiza o 1o. Congresso da Língua Nacional Cantada (jul.). Projeta a criação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, SPHAN. É nomeado encarregado do Setor de São Paulo e Mato Grosso. Escreve poemas de A Costela do Grão Cão. Publica Samba Rural Paulista, estudo de folclore. É crítico do Diário de Notícias (até 1944) e colabora na Revista Acadêmica (Rio de Janeiro) e em O Estado de S. Paulo. Publica A Expressão Musical nos Estados Unidos.

1941: Volta a viver em São Paulo, à Rua Lopes Chaves 546. Está comissionado no SPHAN. Colabora em Clima (SP).

1942: Sócio-fundador da Sociedade dos Escritores Brasileiros. Colabora no Diário de S. Paulo e na Folha de S. Paulo. Publica Pequena História da Música.

1943: Publica Aspectos da Literatura Brasileira, O Baile das Quatro Artes, crítica, e Os Filhos de Candinha, crônicas.

1944: Escreve Lira Paulistana, poesia.

1945: Coberto de reconhecimento pelo papel de vanguarda que desempenhou em três décadas, Mário de Andrade morreu em São Paulo - SP em 25 de fevereiro de 1945, vitimado por um enfarte do miocárdio, em sua casa. Foi enterrado no Cemitério da Consolação. Publicação de Lira Paulistana e Poesias completas.


Projeto releituras

João Cabral de Melo Neto




"...E não há melhor resposta
que o espetáculo da vida:
vê-la desfiar seu fio,
que também se chama vida,
ver a fábrica que ela mesma,
teimosamente, se fabrica,
vê-la brotar como há pouco
em nova vida explodida;
mesmo quando é assim pequena
a explosão, como a ocorrida;
mesmo quando é uma explosão
como a de há pouco, franzina;
mesmo quando é a explosão
de uma vida severina."

(Morte e Vida Severina)

João Cabral de Melo Neto nasceu na cidade de Recife - PE, no dia 09 de janeiro de 1920, na rua da Jaqueira (depois Leonardo Cavalcanti), segundo filho de Luiz Antônio Cabral de Melo e de Carmem Carneiro-Leão Cabral de Melo. Primo, pelo lado paterno, de Manuel Bandeira e, pelo lado materno, de Gilberto Freyre. Passa a infância em engenhos de açúcar. Primeiro no Poço do Aleixo, em São Lourenço da Mata, e depois nos engenhos Pacoval e Dois Irmãos, no município de Moreno.

Em 1930, com a mudança da família para Recife, inicia o curso primário no Colégio Marista. João Cabral era um amante do futebol, tendo sido campeão juvenil pelo Santa Cruz Futebol Clube em 1935.

Foi na Associação Comercial de Pernambuco, em 1937, que obteve seu primeiro emprego, tendo depois trabalhado no Departamento de Estatística do Estado. Já com 18 anos, começa a freqüentar a roda literária do Café Lafayette, que se reúne em volta de Willy Lewin e do pintor Vicente do Rego Monteiro, que regressara de Paris por causa da guerra.

Em 1940 viaja com a família para o Rio de Janeiro, onde conhece Murilo Mendes. Esse o apresenta a Carlos Drummond de Andrade e ao círculo de intelectuais que se reunia no consultório de Jorge de Lima. No ano seguinte, participa do Congresso de Poesia do Recife, ocasião em que apresenta suas Considerações sobre o poeta dormindo.

1942 marca a publicação de seu primeiro livro, Pedra do Sono. Em novembro viaja, por terra, para o Rio de Janeiro. Convocado para servir à Força Expedicionária Brasileira (FEB), é dispensado por motivo de saúde. Mas permanece no Rio, sendo aprovado em concurso e nomeado Assistente de Seleção do DASP (Departamento de Administração do Serviço Público). Freqüenta, então, os intelectuais que se reuniam no Café Amarelinho e Café Vermelhinho, no Centro do Rio de Janeiro. Publica Os três mal-amados na Revista do Brasil.

O engenheiro é publicado em 1945, em edição custeada por Augusto Frederico Schmidt. Faz concurso para a carreira diplomática, para a qual é nomeado em dezembro. Começa a trabalhar em 1946, no Departamento Cultural do Itamaraty, depois no Departamento Político e, posteriormente, na comissão de Organismos Internacionais. Em fevereiro, casa-se com Stella Maria Barbosa de Oliveira, no Rio de Janeiro. Em dezembro, nasce seu primeiro filho, Rodrigo.

É removido, em 1947, para o Consulado Geral em Barcelona, como vice-cônsul. Adquire uma pequena tipografia artesanal, com a qual publica livros de poetas brasileiros e espanhóis. Nessa prensa manual imprime Psicologia da composição. Nos dois anos seguintes ganha dois filhos: Inês e Luiz, respectivamente. Residindo na Catalunha, escreve seu ensaio sobre Joan Miró, cujo estúdio freqüenta. Miró faz publicar o ensaio com texto em português, com suas primeiras gravuras em madeira.

Removido para o Consulado Geral em Londres, em 1950, publica O cão sem plumas. Dois anos depois retorna ao Brasil para responder por inquérito onde é acusado de subversão. Escreve o livro O rio, em 1953, com o qual recebe o Prêmio José de Anchieta do IV Centenário de São Paulo (em 1954). É colocado em disponibilidade pelo Itamaraty, sem rendimentos, enquanto responde ao inquérito, período em que trabalha como secretário de redação do Jornal A Vanguarda, dirigido por Joel Silveira. Arquivado o inquérito policial, a pedido do promotor público, vai para Pernambuco com a família. Lá, é recebido em sessão solene pela Câmara Municipal do Recife.

Em 1954 é convidado a participar do Congresso Internacional de Escritores, em São Paulo. Participa também do Congresso Brasileiro de Poesia, reunido na mesma época. A Editora Orfeu publica seus Poemas Reunidos. Reintegrado à carreira diplomática pelo Supremo Tribunal Federal, passa a trabalhar no Departamento Cultural do Itamaraty.

Duas alegrias em 1955: o nascimento de sua filha Isabel e o recebimento do Prêmio Olavo Bilac da Academia Brasileira de Letras. A Editora José Olympio publica, em 1956, Duas águas, volume que reúne seus livros anteriores e os inéditos: Morte e vida severina, Paisagens com figuras e Uma faca só lâmina. Removido para Barcelona, como cônsul adjunto, vai com a missão de fazer pesquisas históricas no Arquivo das Índias de Sevilha, onde passa a residir.

Em 1958 é removido para o Consulado Geral em Marselha. Recebe o prêmio de melhor autor no Festival de Teatro do Estudante, realizado no Recife. Publica em Lisboa seu livro Quaderna, em 1960. É removido para Madri, como primeiro secretário da embaixada. Publica, em Madri, Dois parlamentos.

Em 1961 é nomeado chefe de gabinete do ministro da Agricultura, Romero Cabral da Costa, e passa a residir em Brasília. Com o fim do governo Jânio Quadros, poucos meses depois, é removido outra vez para a embaixada em Madri. A Editora do Autor, de Rubem Braga e Fernando Sabino, publica Terceira feira, livro que reúne Quaderna, Dois parlamentos, ainda inéditos no Brasil, e um novo livro: Serial.

Com a mudança do consulado brasileiro de Cádiz para Sevilha, João Cabral muda-se para essa cidade, onde reside pela segunda vez. Continuando seu vai-e-vem pelo mundo, em 1964 é removido como conselheiro para a Delegação do Brasil junto às Nações Unidas, em Genebra. Nesse ano nasce seu quinto filho, João.

Como ministro conselheiro, em 1966, muda-se para Berna. O Teatro da Universidade Católica de São Paulo produz o auto Morte e Vida Severina, com música de Chico Buarque de Holanda, primeiro encenado em várias cidades brasileiras e depois no Festival de Nancy, no Théatre des Nations, em Paris e, posteriormente, em Lisboa, Coimbra e Porto. Em Nancy recebe o prêmio de Melhor Autor Vivo do Festival. Publica A educação pela pedra, que recebe os prêmios Jabuti; da União de Escritores de São Paulo; Luisa Cláudio de Souza, do Pen Club; e o prêmio do Instituto Nacional do Livro. É designado pelo Itamaraty para representar o Brasil na Bienal de Knock-le-Zontew, na Bélgica.

1967 marca sua volta a Barcelona, como cônsul geral. No ano seguinte é publicada a primeira edição de Poesias completas. É eleito, em 15 de agosto de 1968, para a Academia Brasileira de Letras na vaga de Assis Chateaubriand. É recebido em sessão solene pela Assembléia Legislativa de Pernambuco como membro do Conselho Deliberativo da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (SBAT).

Toma posse na Academia em 06 de maio de 1969, na cadeira número 6, sendo recebido por José Américo de Almeida. A Companhia Paulo Autran encena Morte e vida severina em diversas cidades do Brasil. É removido para a embaixada de Assunção, no Paraguai, como ministro conselheiro. Torna-se membro da Hispania Society of America e recebe a comenda da Ordem de Mérito Pernambucano.

Após três anos em Assunção, é nomeado embaixador em Dacar, no Senegal, cargo que exerce cumulativamente com o de embaixador da Mauritânia, no Mali e na Giné-Conakry.

Em 1974 é agraciado com a Grã-Cruz da Ordem de Rio Branco. No ano seguinte publica Museu de Tudo, que recebe o Grande Prêmio de Crítica da Associação Paulista de Críticos de Arte. É agraciado com a Medalha de Humanidades do Nordeste.

Em 1976 é condecorado Grande Oficial da Ordem do Mérito do Senegal e, em 1979, como Grande Oficial da Ordem do Leão do Senegal. É nomeado embaixador em Quito, Equador e publica A escola das facas.

A convite do governador de Pernambuco, vai a Recife (em 1980) para fazer o discurso inaugural da Ordem do Mérito de Guararapes, sendo condecorado com a Grã-Cruz da Ordem. Ali é inaugurada uma exposição bibliográfica de sua obra, no Palácio do Governo de Pernambuco, organizada por Zila Mamede. Recebe a Comenda do Mérito Aeronáutico e a Grã-Cruz do Equador.

No ano seguinte vai para Honduras, como embaixador. Publica a antologia Poesia crítica.

Em 1982 é agraciado com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Vai para a cidade do Porto, em Portugal, como cônsul geral. Recebe o Prêmio Golfinho de Ouro do Estado do Rio de Janeiro. Publica Auto do frade, escrito em Tegucigalpa.

Ganha o Prêmio Moinho Recife, em 1984 e, no ano seguinte, publica os poemas de Agrestes. Nesse livro há uma sessão dedicada à morte ("A indesejada das gentes"). Em 1986 é agraciado com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Pernambuco. Sua esposa, Stella Maria, falece no Rio de Janeiro. João Cabral reassume o Consulado Geral no Porto. Casa-se em segundas núpcias com a poeta Marly de Oliveira.

Em 1987 publica Crime na Calle Relator, poemas narrativos. Recebe o prêmio da União Brasileira de Escritores. É removido para o Rio de Janeiro.

Em Recife, no ano de 1988, lança sua antologia Poemas pernambucanos. Publica, também, o segundo volume de poesias completas: Museu de tudo e depois. Recebe o Prêmio da Bienal Nestlé de Literatura pelo conjunto da obra, e o Prêmio Lily de Carvalho da ABCL, Rio de Janeiro.

Aposenta-se como embaixador em 1990 e publica Sevilha andando. É eleito para a Academia Pernambucana de Letras, da qual havia recebido, anos antes, a medalha Carneiro Vilela. Recebe os seguintes prêmios: Criadores de Cultura da Prefeitura do Recife, Luis de Camões (concedido conjuntamente pelos governos de Portugal e do Brasil), em Lisboa. É condecorado com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Judiciário e do Trabalho. A Faculdade Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro publica Primeiros Poemas.

Outros prêmios: Pedro Nava (1991) pelo livro Sevilha andando; Casa das Américas, concedido pelo Estado de São Paulo (1992); e também nesse ano o Neustadt International Prize for Literature, da Universidade de Oklahoma. Viaja a Sevilha para representar o presidente da República nas comemorações do dia 7 de Setembro, que tiveram lugar na Exposição do IV Centenário da Descoberta da América. No Pavilhão do Brasil, foi distribuída sua antologia Poemas sevilhanos, em edição especial. No Rio de Janeiro, na Casa da Espanha, recebe do embaixador espanhol a Grã-Cruz da Ordem de Isabel, a Católica.

Em 1993 recebe o Prêmio Jabuti, instituído pela Câmara Brasileira do Livro.

João Cabral era atormentado por uma dor de cabeça que não o deixava de forma alguma. Ao saber, anos atrás, que sofria de uma doença degenerativa incurável, que faria sua visão desaparecer aos poucos, o poeta anunciou que ia parar de escrever. Já em 1990, com a finalidade de ajudá-lo a vencer os males físicos e a depressão, Marly, sua segunda esposa, passa a escrever alguns textos tidos como de autoria do biografado. Conforme declarações de amigos, escreveu o discurso de agradecimento feito pelo autor ao receber o Prêmio Luis de Camões, considerado o mais importante prêmio concedido a escritores da língua portuguesa, entre outros. Foi a forma encontrada para tentar tirá-lo do estado depressivo em que se encontrava. Como não admirava a música, o autor foi perdendo também a vontade de falar ("Não tenho muito o que dizer", argumentava). Era, sem dúvida, o nosso mais forte concorrente ao prêmio Nobel, com diversas indicações dos mais variados segmentos de nossa sociedade.

Transcrevemos abaixo o discurso proferido por Arnaldo Niskier, presidente da Academia Brasileira de Letras, por ocasião da morte do poeta, em 09/10/99:

"Adeus a João Cabral"

"Severino retirante,
deixe agora que lhe diga:
eu não sei bem a resposta
da pergunta que fazia,
se não vale mais saltar
fora da ponte e da vida;
nem conheço essa resposta,
se quer mesmo que lhe diga;
é difícil defender,
só com palavras, a vida,
ainda mais quando ela é
esta que vê, Severina;
mas se responder não pude
à pergunta que fazia
ela, a vida, a respondeu
com sua presença viva."

Vida que foi para João Cabral uma bonita e ao mesmo tempo sofrida obra de engenharia poética, como demonstrou no seu inesquecível Morte e Vida Severina.

Aqui está o poeta João Cabral de Melo Neto, presente pela última vez na Academia Brasileira de Letras, de que foi, por 30 anos, uma das figuras fundamentais. Aos 79 anos, apaga-se a voz de significação universal, com a singularidade do seu verso, tantas vezes lembrado para a glória do Prêmio Nobel de Literatura.

A nossa dor, que é também a da sua companheira Marly de Oliveira e dos seus filhos e demais parentes, não apaga da nossa memória a convicção de que foi ele um dos maiores poetas brasileiros de todos os tempos - o poeta da razão - que jamais esqueceu, mesmo nos 40 anos de vida diplomática, as suas raízes pernambucanas. O homem que soube desenhar em versos cálidos a saga do retirante nordestino, quando ainda não havia passado dos 35 anos de idade.

João Cabral, o poeta João, que não se conformava em perfumar a flor, é o mesmo que escreveu aos 22 anos o livro Pedra do Sono, para depois nos brindar, entre outros, com O engenheiro, O cão sem plumas, Poesias completas, A educação pela pedra e o antológico Morte e Vida Severina, com versões no teatro e na mídia eletrônica.

Fecham-se os olhos cansados do poeta João e não conseguimos realizar o sonho que agora desvendo: ver o América Futebol Clube voltar aos seus dias de glória. Nem o daqui do Rio, nem aquele que era a sua verdadeira paixão: o América do Recife.

Quando preparava com ele a Cabraliana, que foi o seu primeiro audiolivro, ouvi fantásticas histórias da vida diplomática, especialmente dos tempos de Portugal, Espanha e Marrocos, além de nele reconhecer um orgulho especial pela família, parente que foi de grandes escritores brasileiros, como Gilberto Freyre, Manuel Bandeira, Mauro Mota e Antônio de Moraes e Silva, o famoso Moraes do Dicionário de Língua Portuguesa. Parece que era herdeiro, no seu jeito tão humilde e cativante, de uma genética literária originalíssima.

É compreensível a nossa consternação. Enquanto a saúde permitiu, honrou esta casa com a sua assiduidade e o seu sentimento da mais pura cordialidade. Sofrendo agora com o seu silêncio, curvamo-nos diante do grande poeta, para afirmar que a Academia sempre o terá presente, com a saudade e a admiração de todos os seus confrades.

Descanse em paz, poeta João. A sua presença jamais deixará de estar conosco. Teremos o consolo da sua poesia imortal."

Dados obtidos nos livros do autor, em "Obra Completa", organizada por Marly de Oliveira com assistência do autor e em sites da Internet.
© Projeto Releituras .
Arnaldo Nogueira
Júnior

A Cor da Tarde - por Ana Cecília S.Bastos


Gratuito como a beleza inesperada

de uma canção desconhecida.

O corpo, desprevenido

sob a invasão da pura música.


E o registro:

.esse som,

.a cor da tarde

..e tudo acorda

.sob a árvore.


Ana Cecília
Foto de Teresa Abath

Projeto "Água pra que te quero!"- Nívia Uchôa


Catullo da Paixão cearense - por Norma Hauer

Seu nome é Cearense, mas ele nasceu em 8 de outubro de 1863 em São Luiz do Maranhão,onde viveu até os 10 anos, quando sua família passou a residir no interior do Ceará, terra de seu pai (Amâncio José da Paixão Cearense).

Durante muito tempo, com ele já residindo aqui no Rio de Janeiro, pensava-se que fosse cearense. Parece-me que quem "destrinchou" a verdade sobre sua naturalidade foi Almirante (Henrique Foreis) um dos homens mais inteligentes do rádio brasileiro. Inteligente e pesquisador que ia "fundo". Não aceitava nada sem provas.

Aos 19 anos, Catullo, contra a vontade do pai, abandonou os estudos e passou a dedicar-se a tocar violão. O violão, naquela época, assim como outros instrumentos era considerado vulgar e "gente bem" não se aproximava de um.

Mas Catullo era teimoso e sendo um poeta e músico nato, dedicou-se ao instrumento e começou a compor serenatas, o que era, também, uma "ousadia". Por aí vê-se a dificuldade que deveria ser dedicar-se a coisas "reles" que as pessoas de família não apoiavam.

Catullo, enfrentando tudo, em 1908 apresentou-se com seu instrumento "infame" no
Conservatório de Música e passou a ser aceito na sociedade . Afinal era um gênio !!!

Apesar disso, só em 1914, quando a pedido de Nair de Tefé, mulher do então
Presidente da República (Marechal Hermes) apresentou-se no Palácio do Catete, é
que foi mais bem recebido a ponto de ser convidado para saraus, "modismo" da
época.
Nair de Tefé, mesmo sendo quem era, também encontrou preconceito para se impor como caricaturista, com o nome de Rian (Nair invertido).
Reconhecido como gênio e freqüentando saraus, num deles uma mocinha metida a
importante zombou de sua feiura. Para que?
Na hora ele compôs "Talento e Formosura".
Porém a música mais famosa de Catulo, cantada até pór crianças atualmente ("Luar
do Sertão") não é das mais bonitas nem mais poéticas.

Por Um Beijo ";"Clélia";Cabocla Bonita"; "Rasga o Coração"... são verdadeiras obras
de arte, com músicas e poemas deslumbrantes. (continua) 19:41 (4 horas atrás) Norma
Colocarei aqui a letra de "Talento E Formosura"porque a considero uma obra-prima que é uma lição para quem pensa que a beleza é eterna.

TALENTO E FORMOSURA

Tu podes bem guardar os dons da formosura,
Que o tempo um dia há de implacável trucidar.
Tu podes bem viver ufana da ventura,
Que a natureza cegamente quis te dar.
Prossegue, embora,
Em flóreas sendas sempre avante,
De glórias cheias no seu solo triunfante,
Que antes que a morte vibre em ti funéreo golpe seu,
A natureza irá roubando o que te deu.

E quanto a mim, irei cantando meu ideal de amor,
Que é sempre novo, no vigor da primavera.
Na lira austera em que o Senhor me fez tão destro,
Será meu estro só do que for imortal.

Terei mais glória em conquistar com sentimento,
Pensantes almas de varões de alto saber.
E com amor e com pujança de talento,
Fazer um bardo ternas lágrimas verter.
Isso é mais nobre, é mais sublime e edificante
Do que vencer um coração ignorante.
Porque a beleza é só matéria e nada mais traduz
Mas o talento é só espírito e só luz.

Descantarei na minha lira as obras-primas do Criador,
O mago olor da flor, desabrochando à luz do luar.
O incenso dágua que nos olhos faz a mágoa rutilar
Nuns olhos onde o amor tem seu altar.

E o verde mar que se debruça na alva areia a espumejar
E a noite que soluça e faz a lua soluçar.
E a Estrela Dalva e a Estrela Vésper langüescente
Basta somente para os bardos inspirar.

Mas quando a morte conduzir-te à sepultura,
O teu supremo orgulho, em pó, reduzirá.
E após a morte profanar-te a formosura
Dos teus encantos mais ninguém se lembrará.
Mas quando Deus fechar meus olhos sonhadores
Serei lembrado pelo bardos trovadores,
Que os versos meus hão de na lira em magos tons viver
Eu morto, embora, nas canções hei de viver.

Ufa! Parece que teremos de usar um dicionário para entender esta letra.

Catulo faleceu em 1946 e hoje, 63 anos após sua morte, ele morto, embora, nas
canções está vivendo.

Assim são os gênios !
Norma Hauer