Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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sábado, 26 de dezembro de 2009

1968 - Honey



Bobby Goldsboro foi o primeiro a cantar esta canção.

HONEY

See the tree, how big it's grown
But friend it hasn't been too long
It wasn't big
I laughed at her and she got mad
The first day that she planted it, was just a twig
Then the first snow came
And she ran out to brush the snow away
So it wouldn't die
Came runnin' in all excited
Slipped and almost hurt herself
And I laughed till I cried
She was always young at heart
Kinda dumb and kinda smart and I loved her so
And I surprised her with a puppy
Kept me up all Christmas Eve two years ago
And it would sure embarrass her
When I came in from workin' late
'Cause I would know
That she'd been sittin' there and cryin'
Over some sad and silly late, late show

And honey, I miss you
And I'm bein' good
And I'd love to be with you
If only I could

She wrecked the car and she was sad
And so afraid that I'd be mad
But what the heck
Though I pretended hard to be
Guess you could say she saw through me
And hugged my neck
I came home unexpectedly
And caught her cryin' needlessly
In the middle of the day
And it was in the early Spring
When flowers bloom and robins sing
She went away

And honey, I miss you
And I'm bein' good
And I'd love to be with you
If only I could

One day while I was not at home
While she was there and all alone
The angels came
Now all I have is memories of Honey
And I wake up nights and call her name
Now my life's an empty stage
Where Honey lived and Honey played
And love grew up
And a small cloud passes overhead
And cries down on the flower bed
That Honey loved

And see the tree how big it's grown
But friend it hasn't been too long
It wasn't big
And I laughed at her and she got mad
The first day that she planted it, was just a twig

The Golden 60's



1967 - Bom ano, boa safra musical como todos os anos 60.

Something Stupid

I know I stand in line, until you think you have the time
To spend an evening with me
And if we go someplace to dance, I know that there's a chance
You won't be leaving with me

And afterwards we drop into a quiet little place
And have a drink or two
And then I go and spoil it all, by saying something stupid
Like: "I love you"

I can see it in your eyes, that you despise the same old lies
You heard the night before
And though it's just a line to you, for me it's true
And never seemed so right before

I practice every day to find some clever lines to say
To make the meaning come true
But then I think I'll wait until the evening gets late
And I'm alone with you

The time is right your perfume fills my head, the stars get red
And oh the night's so blue
And then I go and spoil it all, by saying something stupid
Like: "I love you"
("I love you, I love you,...")

I Will Wait For You



Uma grande canção do maestro francês Michel Legrand na interpretação de Astrud Gilberto.

Direito - Justiça e Verdade por Edmar Lima Cordeiro



SÓ PALAVRAS ABSTRATAS, AQUELAS QUE REFLETEM E REGEM NÃO AS NECESSIDADES MAS AS RELAÇÕES, QUE NÃO SE REFEREM AOS OBJETOS MAS AOS HOMENS, CONSERVAM INTACTA TODA A SUA CARGA DE MISTÉRIO. ELAS SE IMPÕEM SEM OFERECER NADA, RECEBEM SEM DAR NADA, E ACOMPANHAM A ESPÉCIE HUMANA EM SUAS PROVOCAÇÕES, EM SUAS CONQUISTAS, EM SEUS DESASTRES. CONSTITUEM A ARMADURA INFLEXÍVEL E DURÁVEL DAS SOCIEDADES. ATRAVÉS DOS AGENTES QUE BATEM, SÃO AS PALAVRAS QUE OPRIMEM. SÃO ELAS AS GUARDIÃS SAGRADAS DA REPRESSÃO, QUE TODOS INVOCAM, DIVINDADE SECRETA, MESTRE CUJO ROSTO NINGUÉM VIU SEM MÁSCARA.”
SEMPRE REPAREI A IMPORTANCIA E A FUNDAMENTAÇÃO DAS PALAVRAS DIREITO, VERDADE E JUSTIÇA, NA CONCEPÇÃO DOS TRABALHOS E NO ENSINAMENTO DA GLORIFICAÇÃO DESTAS PALAVRAS ABSTRATAS QUE REFLETEM E REGEM NOSSO COMPORTAMENTO COMO HOMENS JUSTOS E PERFEITOS.
SENDO ASSIM, BUSQUEI O ENTENDIMENTO DA GLORIFICAÇÃO DESSA DIVINDADE SECRETA NA PESQUISA.
PRIMEIRO FALAREI DO DIREITO, DOS SEUS PRINCIPIOS E DA SUA EXISTENCIA E DO SEU FIM, COMO SEGUE:
O DIREITO É UM TRABALHO INCESSANTE, NÃO SOMENTE DOS PODERES PÚBLICOS, MAS AINDA DE UMA NAÇÃO INTEIRA.
IHERING EM SUA OBRA “A LUTA PELO DIREITO”, EDITORA FORENSE, ENSINA QUE: “O DIREITO NÃO É UMA PURA TEORIA, MAS UMA FORÇA VIVA”.
INSTITUIÇÕES NA SUA GRANDE MAIORIA SÃO SOBREMANEIRA LEGALISTAS, A LUTA PELA ORDEM E PELA LIBERDADE DOS HOMENS SEMPRE FOI A FORÇA HISTÓRICA DELAS, GRANDES PENSADORES E LÍDERES EMPUNHARAM A FORÇA DO DIREITO PARA GARANTIR O SENTIDO HUMANISTA DA AÇÃO DESSAS NA DEFESA DAS LIBERDADES.
A MANUTENÇÃO DA ORDEM JURÍDICA, DA PARTE DO ESTADO, NÃO É SENÃO UMA LUTA INCESSANTE CONTRA A ANARQUIA QUE O ATACA, NO ENSINAMENTO DE IHERING.
MONTESQUIEU, EM 1726, DEIXOU A JUDICATURA EM SUA TERRA, FOI PARA PARIS E O EXTERIOR. E POR TODA PARTE ELE, BARÃO E RICO, ERA IGUALMENTE BEM RECEBIDO. TANTO ASSIM QUE LOGO INGRESSOU NA ACADEMIA FRANCESA (1726); E A SEGUIR, AO MORAR NA INGLATERRA (1729-1731) TAMBÉM INGRESSOU NA LOJA MAÇÔNICA DE WESTMINSTER E NA REAL SOCIEDADE DE LONDRES.
ESTE EMINENTE FILOSÓFO O ESCREVEU “O ESPIRITO DAS LEIS”, (1748) NO QUAL EXPÕE SUA DOUTRINA SOBRE AS FORMAS DE GOVERNO E RESPECTIVOS PRINCÍPIOS. MAS A TEORIA GERAL DO DIREITO DE MONTESQUIEU PODE ESQUEMATIZAR-SE ASSIM:
DIREITO NATURAL:- SÃO AS LEIS DA NATUREZA, “ASSIM DENOMINADAS POR DERIVAREM UNICAMENTE DA CONSTITUIÇÃO DO NOSSO SER”. NÃO É ELABORADO PELO HOMEM. É UM DITAME DA RETA RAZÃO.
DIREITO POSITIVO:- SÃO NORMAS JURÍDICAS ELABORADAS PELO HOMEM. É A RAZÃO HUMANA APLICADA AO GOVERNO.
ESSA DOUTRINA PERMANECE SEM NENHUMA NOVIDADE NA SUA EXTRUTURA E A LUTA DO HOMEM LIVRE É DE CONSERVÁ-LA INTACTA.
AINDA, DA PRODUÇÃO INDUTIVA DE MONTESQUIEU VERSA NO LIVRO DÉCIMO PRIMEIRO DE “O ESPIRITO DAS LEIS” A DIVISÃO DOS PODERES.
LIBERDADE POLÍTICA EXISTE, CONFORME MONTESQUIEU, QUANDO NINGUÉM PODE SER “CONSTRANGIDO A FAZER AS COISAS QUE A LEI NÃO OBRIGA, OU A NÃO FAZER AS QUE A LEI PERMITE”.
ORA, “TODO HOMEM QUE TEM PODER É LEVADO A ABUSAR DELE; VAI ATÉ ENCONTRAR OS LIMITES”.CHAVES, NA VENEZUELA,TEM PROCURADO SE MANTER NO LIMITE PELA CONSULTA POPULAR DANDO CARA DE LEGALIDADE AO SEU ATO.
POR ISSO NECESSÁRIA A DIVISÃO DOS PODERES. PARA QUE CADA PODER FREIE O OUTRO; IMPEÇA O ABUSO POR PARTE DESTE.
ELE CONSTATOU QUE EXISTEM NO ESTADO TRÊS PODERES: O LEGISLATIVO, O EXECUTIVO E O JUDICIÁRIO.
MAIS UMA VEZ AFIRMOU-SE COMO O CAMPEÃO.
ANTES DELE, A CONFUSÃO DOS PODERES IMPERAVA POR TODA PARTE E SEMPRE. DEPOIS DELE OS ESTADOS, UNS APÓS OUTROS, ADOTARAM SUA DOUTRINA. DE SORTE, QUE, HOJE, TODO PAÍS, SALVO EXCEÇÕES, TEM OS TRÊS PODERES.

“NORBERTO BOBBIO, FILOSOFO E JURISTA ITALIANO, NA SUA “TEORIA DO ORDENAMENTO JURÍDICO, LECIONA QUE ” O DIREITO, COMO ELE É, É EXPRESSÃO DOS MAIS FORTES, NÃO DOS MAIS JUSTOS”. “TANTO MELHOR, ENTÃO, SE OS MAIS FORTES FOREM TAMBÉM OS MAIS JUSTOS.”
“AFIRMA MAIS QUE O DEVER DE OBEDECER AO PODER CONSTITUIDO DERIVA DE UMA CONVENÇÃO ORIGINÁRIA, DA QUAL O PODER TIRA A PRÓPRIA JUSTIFICAÇÃO”.
“AO LONGO DE TODO O CURSO DO PENSAMENTO POLÍTICO, DESDE A ANTIGUIDADE ATÉ A ERA MODERNA, O FUNDAMENTO DO PODER FOI ACHADO AMIÚDE NO ASSIM CHAMADO CONTRATO SOCIAL, ISTO É, NUM ACORDO ORIGINÁRIO ENTRE AQUELES QUE SE REÚNEM EM SOCIEDADE, OU ENTRE OS MEMBROS DE UMA SOCIEDADE E AQUELES AOS QUAIS É CONFIADO O PODER.”
“AQUI A VONTADE COLETIVA TEM A MESMA FUNÇÃO DE DEUS NAS DOUTRINAS TEOLÓGICAS E DA RAZÃO NAS DOUTRINAS DOS JUSNATURALISTAS.”
A PALAVRA ABSTRATA JUSTIÇA É TAMBÉM GLORIFICADA. É POSSIVELMENTE A MAIS DESAFIANTE DISCUSSÃO FILOSÓFICA,TEOLÓGICA, DO PENSAMENTO DO HOMEM. OS TERMOS MAIS FREQUENTEMENTE USADOS PELOS JURISTAS NO ELOGIO OU NA CONDENAÇÃO DO DIREITO, OU DA SUA APLICAÇÃO, SÃO AS PALAVRAS “JUSTO” E “INJUSTO” E MUITO FREQUENTEMENTE ELES EXPRIMEM-SE POR ESCRITO COMO SE AS IDEIAS DE JUSTIÇA E MORAL FOSSEM COEXTENSIVAS.
HÁ, PORTANTO UMA CERTA COMPLEXIDADE NA ESTRUTURA DA IDEIA DE JUSTIÇA. PODEMOS DIZER QUE CONSISTE EM DUAS PARTES: UM ASPECTO UNIFORME OU CONSTANTE, RESUMIDO NO PRECEITO “TRATAR DA MESMA MANEIRA OS CASOS SEMELHANTES”, E UM CRITÉRIO MUTAVEL OU VARIÁVEL USADO PARA DETERMINAR QUANDO, PARA UMA DADA FINALIDADE, OS CASOS SÃO SEMELHANTES OU DIFERENTES.
PARA SOCRATES, “A JUSTIÇA ERA PARTE INTEGRANTE DA VIRTUDE E SABEDORIA E A INJUSTIÇA DO VÍCIO E IGNORÂNCIA” (Platão no Livro A Republica).
HART, NO SEU LIVRO “O CONCEITO DO DIREITO”, ENSINA: “A JUSTIÇA CONSTITUI UM SEGMENTO DA MORAL QUE SE OCUPA PRIMARIAMENTE, NÃO COMO CONDUTA INDIVIDUAL, MAS COM OS MODOS POR QUE SÃO TRATADAS CLASSES DE INDIVIDUOS. É ISTO QUE DÁ À JUSTIÇA A SUA ESPECIAL RELEVÂNCIA NA CRÍTICA DO DIREITO E DE OUTRAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS E SOCIAIS. TRATA-SE DA MAIS JURÍDICA DAS VIRTUDES E DA MAIS PÚBLICA DELAS. MAS OS PRINCÍPIOS DE JUSTIÇA NÃO EXAUREM A IDEIA DE MORAL; E NEM TODA A CRÍTICA DO DIREITO COM FUNDAMENTOS MORAIS É FEITA EM NOME DA JUSTIÇA”.

PARA HERMES LIMA, NO LIVRO “INTRODUÇÃO À CIENCIA DO DIREITO”, “A CONCEITUAÇÃO ABSTRATA DA JUSTIÇA É COMPLEXA. JUSTIÇA É IDEIA-VALOR; JUSTIÇA É SENTIMENTO; JUSTIÇA É RETRIBUIÇÃO”. ”JUSTIÇA COMO SENTIMENTO É A VIRTUDE, A QUALIDADE DO HOMEM JUSTO”.
PARA TOMÁS DE AQUINO, “JUSTIÇA IMPLICA IGUALDADE, E A RAZÃO DA JUSTIÇA ESTÁ NO QUE DIZ RESPEITO AO OUTRO: NADA É IGUAL A SI MESMO, MAS AO OUTRO.” (Suma Teológica).
“EU SOU ATENTO ÀS CONSEQUENCIAS DAS MINHAS DECISÕES!”, DISSE BARBOSA(JOAQUIM), MINISTRO DO STF. “TODOS NÓS SOMOS!”, RESPONDEU MENDES(GILMAR)PRESIDENTE DO STF. ESSA APARENTE CONCORDANCIA RETÓRICA ENCOBRE UM NECESSÁRIO DEBATE.
NA VERDADE, O MUNDO JUDICIAL, AQUI E ALHURES, ESTÁ DIVIDIDO ENTRE CONSENQUENCIALISTAS E FORMALISTAS. AFIRMA JOAQUIM FALCÃO, MESTRE EM DIREITO, É DIRETOR DA ESCOLA DE DIREITO DA FGV-RJ, EM ARTIGO DOMINGO DIA 24 DE MAIO DE 2009, NA FOLHA DE SÃO PAULO, REVELANDO A TENDÊNCIA DA POLITIZAÇÃO DA JUSTIÇA, NOS ESTADOS UNIDO TAMBÉM.
BARACK OBAMA, AO ESCOLHER O SUCESSOR DO JUIZ DAVID SOUTER, DA SUPREMA CORTE NORTE-AMERICANA, DISSE QUE LEVARÁ EM CONTA QUE:” A DECISÃO JUDICIAL NÃO É APENAS UMA QUESTÃO DE TEORIAS JURÍDICAS ABSTRATAS E DE NOTAS DE RODAPÉ EM MANUAIS DE DIREITO”. “ELA TEM A VER COM AS CONSEQUÊNCIAS PRÁTICAS PARA O COTIDIANO DO POVO”.
ESSA SERÁ A NOVA TENDENCIA DA JUSTIÇA NA QUAL S SOCIEDADE TERÁ QUE PARTICIPAR DOS DEBATES PARA COMPREENDER SUA ATUAÇÃO NO MUNDO MODERNO.
NA BIBLIA, EM ESDRAS HÁ UM ENIGMA APRESENTADO A ZOROBABEL PELO REI DARIO DA PÉRSIA NO QUAL CONSISTIA NA QUESTÃO QUE ZOROBABEL DEVERIA RESPONDER A ESTE PARA OBTER PERMISSÃO PARA RECONSTRUIR O TEMPLO DO ALTISSÍMO EM JERUSALÉM.

ZOROBABEL DEVERIA RESPONDER: “ QUAL DELAS É A MAIS FORTE, A FORÇA DO VINHO, A FORÇA DOS REIS OU A FORÇA DAS MULHERES”.
DO SÉQUITO DE ZOROBABEL O PRIMEIRO SÁBIO DISSE QUE O VINHO ERA O MAIS FORTE PORQUE ELE PODIA ALTERAR A MENTE E O HUMOR DE QUALQUER UM QUE BEBÊ-LO; O SEGUNDO SÁBIO DISSE QUE O REI ERA O MAIS FORTE, POIS, MESMO OS SOLDADOS ERAM OBRIGADOS A OBEDECÊ-LHE. NA VEZ DE ZOROBABEL ESTE FALOU:

- “Ó, SENHORES, É VERDADE QUE O VINHO É FORTE, BEM COMO OS HOMENS E O REI; MAS QUEM CONTROLA A TODOS? CERTAMENTE, AS MULHERES. O REI É O PRESENTE DE UMA MULHER. AS MULHERES SÃO AS MÃES DAQUELES QUE TRABALHAM NOS VINHEDOS QUE PRODUZEM OS VINHOS. SEM AS MULHERES, OS HOMENS NÃO PODEM EXISTIR. UM HOMEM FAZ DE FATO COISAS TOLAS PELO AMOR DE UMA MULHER; DÁ A ELA VALIOSOS PRESENTES E, ALGUMAS VEZES, MESMO VENDE-SE A SI MESMO À ESCRAVIDÃO POR SUA SAÚDE. UM HOMEM DEIXARÁ O LAR, O PAÍS E OS TÍTULOS DE NOBREZA PELO SEU BEM.
- Ó, SENHORES, NÃO SÃO AS MULHERES FORTES, HAJA VISTA O QUE ELAS PODEM FAZER?
MAS NEM AS MULHERES, O REI OU O VINHO SÃO COMPARÁVEIS À PODEROSA FORÇA DA VERDADE. COMO TODAS AS OUTRAS COISAS, ELES SÃO MORTAIS E TRANSITÓRIAS; MAS SOMENTE A VERDADE É IMUTÁVEL E ETERNA. OS BENEFICIOS QUE DELA RECEBEMOS NÃO VARIAM COM O TEMPO E COM A FORTUNA. EM SEU JULGAMENTO NÃO HÁ A INJUSTIÇA; E ELA É A SABEDORIA, A FORÇA, O PODER E A MAJESTADE DE TODAS AS ÉPOCAS. E, DISSE MAIS FINALIZANDO:
- ABENÇOADO SEJA O DEUS DA VERDADE.
- GRANDE É A VERDADE E PODEROSA É SOBRE TODAS AS COISAS!”
POR ÚLTIMOS A PALAVRA NOBRE E ABSTRATA GLORIFICADA PELOS HOMENS É A VERDADE. ESSA VIRTUDE QUE FUNDAMENTA AS RELAÇÕES SOCIAIS MAIS AMPLAS E COTIDIANAS DA NOSSA CONDUTA COMO HOMENS DE TRANSPARÊNCIA E FIDELIDADE. POUCO IREI DISCUTIR SOBRE A VERDADE, DEIXAREI A REFLEXÃO DESSA PALAVRA PARA QUE CADA LEITOR POSSA POR SI ENCONTRAR SUA ESSENCIA, POIS QUE APRENDEMOS AS VERDADES MAIS PROFUNDAS ATRAVÉS DOS NOSSOS RELACIONAMENTOS.
EIS O ENIGMA QUE LHES OFEREÇO CARO LEITOR PARA NOSSA REFLEXÃO:
“EU SOU O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA” (João 14;6).


Coração Cortado - Edmar Lima Cordeiro

Vou cortar teu coração
Para enxergar seu conteúdo.
Examinar canto por canto dele
Estudar seu ritmo
Suas batidas.
Conhecer os caminhos de suas artérias
Revirar tudo dele
Para encontrar a alma que pulsa nele
Assim sentir sua legitima essência.
Não usarei lâminas, lanças, navalhas, bisturis!
Usarei a força do amor
Para rasgar e entender
Seus sonhos,
Sua vida,
Suas paixões,
Suas dores.

EDCOR

Só pensado - Por Zé Nilton


Por Zé Nilton

Uma surpresa daquelas. Até que o dia de hoje poderia ter passado sem nenhuma novidade. Todo dia, andando pelas ruas de nossa cidade, e num demorado percurso cumprimentamos a tantos, paramos, conversamos com tantos, são muitos amigos, amigos dos amigos, pessoas, alunos, ex-alunos, colegas de trabalho, colegas dos colegas - ah, você, te conheci naquele dia... como vai sua esposa ? - Bicho, tu tá magro pra cacete, qual é irmão? - Olha só, toda tardinha, escuto você cantando o hino do Crato na rádio Centro.. - Quando vai gravar outro disco? - Ei, Zé, e a Urca ? - Tem ido pra serra? - Professor, compre um livro que saiu, é do João Pierre. - Olha só, to escrevendo um livro contando o tempo da ditadura no Crato... - Quando tu quer participar da Rapadura Cultural? Neste fim de mês nós vamos homenagear...

Claro, isto acontece com todos os amigos quando se encontram com os amigos na cidade. Muitas conversas, muitas histórias, muitos conchavos, muitos “pé de orelha” (sem politicagem), contando a última daquele ou daquela.. ou daquilo e daquilo outro. Virge, tu sabe da última?

Uma surpresa daquelas hoje me ocorreu. Querem saber?

Encontrei, pela manhã, na loja do Amilton, o meu amigo, José Flávio Vieira – o Zé. Já no interior da loja, foi difícil trazer o homem para as minhas confabulações. As pessoas puxavam o sorridente e afável Zé pra cá e prá lá, todas queriam a atenção do bicho feio, mas transido de bondade e presteza para com todos.

Pensando em minorar aquele assédio espontâneo das gentes, levei o cara pra fora da loja. Qual o quê! Piorou. Como diria minha avó – foi peor ! Fez-se uma roda em torno do homem, e nós no meio. Fiquei embasbacado com tanta gente querendo falar com o Zé. Teve um que disse: - você me operou e nem doeu... Outro, - quando passo lá pra tu me ver ?

Vou tentar reproduzir um pouco do que pude encacholar das vozes que ouvir no meio daquele furdunço.

- Dr., meu gogó tá flácido ? Mas, tô tomando todos os remédios...

- Fique sempre novo prá cuidar da gente...

- Não, você me fez ficar mais nova... olha só, foram os remédios...

- Que nada, dr, nunca me esqueço de seu pai. Quando na Faculdade, eu lhe pedi para fazer um trabalho sobre português. Aí ele disse: pois faça o meu que é sobre religião. Aí eu fiz, acho que ele nem entregou, era assim o Vieirinha...

- Dr., aquela sua operação, olha, só o mi !...

- Me dê um abraço, esse homem me salvou a vida...

- Bonitão, hem? Tá novim...

- Viva o dr. Zé Flávio ! Tô na sua sombra...

- Rapaz, é mesmo o dr. Zé Flávio, a esta hora por aqui ?...

- Cara, você salvou a minha mãe...

- Olha só o homi, ah se ele tomasse conta do Crato...

E foram longe as mesuras do povo de minha cidade para com o Zé. Confesso que fiquei pasmo com a avalanche de carinho devotado a esta figura de médico, cuidador e amigo das pessoas.

Aí sai dali pensado...

Calma, só pensando!

Zé Nilton

O Ovo do Sonho


Por um momento ainda tentou acreditar , enquanto cantarolava: "Eu sou o bom, sou o bom, sou o bom....", tentou acreditar que a imagem refletida no espelho do banheiro era a sua . Era sim aquele ali era o "Negro Gato de Arrepiar" , o tremendão espedaçador de corações; não havia nenhuma dúvida. Há pouco recebera o convite de um Cara, convidando-o para uma Tertúlia, uma reunião jamais imaginada: os mais importantes Conjuntos musicais do país: The Fevers, Os Pholhas, Os Golden Boys , ali estariam num encontro inimaginável e histórico. Ensaiando os passos ziguezagueantes do Twist, arrancou do Guarda-roupa a velha Calça Lee , boca de sino; o empoeirado sapato cavalo de aço; a Camisa Volta ao Mundo e o negro blusão de couro. Com habilidade arqueológica, exumou da gaveta o colarzão metálico e o pôs cuidadosamente no pescoço, após vestir toda aquela indumentária em feitio de armadura medieval que, não entendia bem porque, ainda ontem tão perfeita, hoje mal cabia no modelo. Aplacou um pouco o cheiro de mofo das vestes com o inconfundível : "Topaze" da Avon. No momento exato em que banhava a vasta e negra cabeleira com a insuperável Brilhantina Glostora , é que lhe veio o primeiro sobressalto: havia algo de errado com a lâmina do espelho( Ah essa tecnologia moderna!): a juba refletia-se estranhamente rala , teimando em não fazer topete e em não cair nos ombros, e, possivelmente por conta do reflexo da florescente, os cabelos mostravam-se grisalhos, como se alguém (quem sabe, o tempo?), numa daquelas freqüentes gozações, lhe tivesse atirado Maizena. Rapidamente desviou o olhar para as costeletas : duas botinas de cano largo, que ali estavam tal e qual um elmo : de fazer inveja ao próprio Elvis. Solfejando: "Vejam só que Festa de Arromba, noutro Dia eu fui parar"... folheou desordenadamente a velha agenda, até encontrar o telefone da Mariazinha : Será que ela ia para a Tertúlia? Tantas vezes me rejeitou "só porque sou pobre demais", pensou. Quem sabe ,hoje, a lábia tradicional, a cantada tantas vezes insulsa não faria efeito? Tentou discar várias vezes. Não entendia por que , sempre atendia uma voz chata e monocórdica pedindo para verificar novamente o número, que não tinha 07 dígitos, dizendo ser de uma tal de Telemar . Nem sequer falava na SERTESA.
--Encontro com ela, por lá!
Na rua buscou com os olhos o famoso "Mustang Cor de Sangue". Como só avistasse um fusquinha estranhamente familiar, entrou cantando "Meu Calhambeque, bibite..." Ah! Mas o carango não quis pegar na chave, pois aí pegou no tranco mesmo : "With a Little Help From My Friends". Saiu em disparada, como que derrapando nas tortuosas curvas da estrada de Santos e ia matutando com seus colares: "Existem mil garotas atrás de mim .
Entrou no Clube. Aos poucos, na penumbra, foi reunindo a velha patota. Estavam lá , alegres todos , mas um pouco distantes , como se atônitos se mostrassem sobreviventes de alguma catástrofe longínqua e impalpável. O Rum com Cola foi desanuviando os semblantes e , em pouco, estavam todos no ponto, morou? No palco, os Fevers apareceram quentes como nunca. Enquanto os Pholhas tocavam, alguém se lembrou, discretamente, de algum outro tipo de folha bem mais inflamável e que rolou incandescente de mão em mão , levando, magicamente, os jovialíssimos Golden Boys a brilharem em feitio de cometa, como certamente nunca tinham resplandecido até então.
--"Bicho, olha quem tá ali!"
Não soube nunca ao certo quem teve, na rodinha, aquela iniciativa. Olhou do lado e ali estava, a paixão da sua vida; aquele broto a que mais amou . E dela, até aquela data, sequer ao menos tinha ganho um beijo, um toque mínimo que fosse... ou seria por isso mesmo que tanto ainda a amava? Algum louco já dissera ela tinha se casado e separara há pouco tempo, mas agora, não tinha nenhuma sombra de dúvida: tinha sido, ao certo, um simples namoro, uma volátil chuva de verão. Mariazinha era a mesma menina na sua saia plissada, nos seus olhos negros, profundos e expressivos ; no seu sorriso sensual, leve e enigmático. Tentou balbuciar alguma coisa, algo assim como: "Você é o tijolinho que faltava na minha construção"... mas percebeu que todas as palavras pareciam supérfluas e desnecessárias: a orquestra atacava de "And I Love Her ". Simplesmente tomou-a nos braços e começaram a dançar num espaço infinito, etéreo e atemporal, como se passado e presente houvessem se fundido: como se a vida tivesse se iniciado naquele exato momento, rompendo com estardalhaço o ovo do sonho que havia hibernado por tantos e tantos anos...

J. Flávio Vieira

A filha de Jefté - Por Emerson Monteiro



Primeiro, Jefté fora discriminado pelos herdeiros de seu pai, Galaad, em face de nascer de uma prostituta, ainda que considerado um valente guerreiro. Afastou-se do meio dos irmãos filhos legítimos do mesmo pai e viveu na terra de Tod, quando, então, se viu cercado de pessoas menos consideradas, vindo a formar e capitanear um exército de miseráveis.

Passado algum tempo, os parentes que o abandonaram sofreram ataques de povo vizinho, os amonitas. Diante da constante insegurança que se instalara, acharam por bem recorrer à coragem já reconhecida de Jefté, instando-o a liderar a antiga nação, recebendo proposta dos anciões de chefiar as tropas da família e, em seguida, ocupar o trono da tribo.

Na expectativa do que a oportunidade representava, Jefté indicou para si que aceitaria a missão caso obtivesse o êxito nas armas, concordando, pois, em seguir à frente de batalha. Nessa hora, prometeu ao Senhor que, retornando vitorioso ao lar, sacrificaria em holocausto quem primeiro viesse ao seu encontro.

Transcorridos os feitos da guerra, coberto de todas as glórias contra os filhos de Amon, Jefté se aproximava de sua casa em Masfa, onde vivia com a família, quando a pessoa a quem coube lhe recepcionar, em festa de animação, tamborins e danças, ninguém mais seria senão a filha única e adorada, envolta na mais intensa das alegrias.

Por isso, o pai, numa total prostração, exclamou contrafeito:

- Ah, tu me acabrunhas de dor, e estás no rol daqueles que causam a minha infelicidade! - para em seguida confessar a causa das duras palavras: - Fiz ao Senhor um voto que não posso revogar.

Daí, a filha tomou conhecimento de tudo, e resigna-se ao compromisso paterno para com Deus.

Porquanto até ali permanecesse virgem, o que representava razão de infelicidade a não procriação, a filha apenas solicitou um período ausente durante o qual pudesse cumprir, junto de suas amigas, turno de dois meses nas colinas, para, nesse período, chorar a contrariedade de sua virgindade.

Conta a história que deste modo ocorreu. Vencido o prazo concedido, a filha veio a ser ofertada em holocausto, de acordo com o livro bíblico de Juízes, restando ao povo daquele tempo o costume, a cada ano, de os jovens prantearem por quatro dias seguidos a morte da filha de Jefté, o galaadita, raro exemplo de sacrifício humano registrado entre os judeus.

FELIZ VIDA NOVA NO ANO NOVO QUE SE APROXIMA!

IMAGENS RECEBIDAS PELA INTERNET

Que no Novo Ano cada alma humana seja uma PONTE ILUMINADA PARA A LIBERDADE E FELICIDADE DE TODOS!

Desejo de coração que nesse ano novo possamos nos libertar de tudo o que é passado. Que nossos vícios – todos eles! – possam ser trabalhados para que de fato se renove o ser, livre da estreita visão de mundo, da pequena sensibilidade ética, da crise de percepção da realidade, da inversão de valores, do egoísmo sub-humano, do consumo acelerado, da destruição da natureza, da indiferença com as diferenças raciais, sociais, culturais, religiosas e morais. Que nesse ano novo possamos ter sensibilidade e inteligência para corrigir a rota do futuro. Para percebermos definitivamente a ilusão do caminho sem visão das possibilidades latentes infinitas em cada um. E assim, encontrarmos na alteridade da filosofia perene uma vida holística e irmã onde o Todo não é simplesmente a soma das partes da nossa riqueza e nem a subtração da oportunidade de vida digna do nosso irmão semelhante. Que assim, possamos perceber as interligações cósmicas em cada micro realização seja do rico, do pobre e excluído. Que a sorte não seja apenas um jogo, mas o produto das energias humanas em busca de uma finalidade maior, ou seja, que a nossa sorte não seja o azar do outro; que nossa riqueza não seja a miséria ou pobreza do outro; que a nossa liberdade não seja a exploração alheia; que o nosso bem não seja o mal em alguém; que o nosso deus não seja o inferno astral e desespero de um irmão.


Desejo a todos de coração que nesse ano novo possamos compreender a dimensão humana do ser integral em si mesmo. Que o conhecimento não seja utilizado apenas para formar ideologias de luta e morte, mas que de fato eleve a consciência humana para níveis jamais imaginados ou sequer pensados existir. Que a infinita potencialidade humana possa fazer-nos ver que somos muito mais que acreditamos ser nesse mundo político, econômico, social, tecnológico ou cultural; que nossa verdade incorpore a essência criadora da natureza ilimitada e invisível. Que o dinheiro não seja apenas uma moeda, um artifício comum de troca-compra-venda, mas a força de mudança social na doação de si para a construção de uma economia solidária e sustentável. Que esse valor monetário não compre a nossa oportunidade de transcendência para ir além dos benefícios e privilégios gerados pela sua circulação. Que a fraternidade seja uma cultura adorada por todos. E que a bondade seja amiga, solidária e irmã. Que nosso discurso incorpore a ética universal dos sábios gregos, do Cristo e de todos os sábios espiritualistas; incorpore o saber e a verdade da consciência maior: luz e caminho da transformação e libertação!

Desejo a todos de coração que cada um escute a voz doce e suave interior que nossos maiores sábios - Gandhi, Jesus, Buda, Einstein, Ami Goswami, Sócrates, Platão, Madre Teresa de Calcutá e tantos outros - perceberam num estado incomum de sensibilidade fina. E assim, guiados pela estrela da verdade possamos descobrir e revelar a verdadeira vida que se oculta em nosso escuro céu de ignorância histórica de sofrimento, insensibilidade, egoísmo e destruição da humanidade. Enfim, que sejamos conscientes de si e do Todo. E que Deus, Cristo, Jeová, Brahmam, Maomé etc., sejam a face pintada do mesmo Criador. E que a ciência não negue a sua alma gêmea: a religião! E que, conforme EINSTEIN, a ciência sem a religião não seja manca, e também que a religião sem a ciência não seja cega. De modo que, possamos andar reto com a visão correta e completa de que a realidade é infinitamente superior e mágica - que nossa vã filosofia ou ciência ou religião possam sequer imaginar!


Desejo a todos um Feliz Ano novo de descobertas e realizações porque nada nos impede de sermos felizes se assim desejarmos com fé, vontade e coração. Pois, toda Criação é o próprio Criador em Ação! Crie, Ame e Viva Feliz de acordo com o nível de compreensão de sua consciência. Pense: Existe Algo Criador que vive em Nós, e não sabemos como Ele em Nós entrou. Ele nunca morre, e não sabemos como viver em harmonia, paz e Amor sem Ele!

Bernardo Melgaço da Silva

Divagando ... - por Socorro Moreira




Tempo,
cura essa lembrança
costura esse vazio
me joga outra vez na estrada
Um dia,
a felicidade me acha!
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Teus textos te desnudam .
Fecho os olhos e deixo aberta uma fresta
Vejo tua pauta escrita na tela ...
Nua, tímida e bela
Festejo teu desconhecido
Salto em degraus
para chegar até você
Sigo o teu mapa
com minha nesga de olhar
Tua poesia despida
não se intimida ...
Sobre ela, repouso o meu olhar!
--------------------------------
Meu presente é um sufoco
louco por suspiros...
Hoje é dia de estio
Nem choro, nem rio.
Tudo foi pro mar
Fugiu com o vento
Queria que o futuro esperasse
minha esperança voltar !
--------------------------
Não quero falar do passado
Quero o presente,
(que desconheço)
na ponta da lingua

O VERDADEIRO VERSO por Rosa Guerrera

Onde o verdadeiro verso do poeta ?
Aquele que fala em amor ardente,
De sofreguidão de corpos enlaçados,
Ou o que fala em saudade persistente ?

Estaria ele num sonho sem vida
Num beijo morto,
Numa lembrança sem cor ?
Onde o verdadeiro verso do poeta ? ,

Na palavra não escrita ,
Na voz do silencio
Num cais sem ancoradouro ?
Ou no ruído de uma lágrima ?

O verdadeiro verso do poeta
Nada mais é que o avesso
De uma alma que ama
No estreito corredor da sua verdade ...

Porque só poeta é capaz de entender
Que efêmero é o momento,
Rápida demais a felicidade,
Clandestino o tempo
E amargo , muito amargo o medo
De um dia não mais poder cantar em versos
para o mundo
tudo de grande que lhe emoldura o coração.

Ano Novo ... - Salve 2010 !

Ano de Yemanjá, segundo os babalorixás

2010 será governado por Yemanjá. Senhora dos mares e mãe de quase todos os outros orixás, essa divindade traz fartura, romantismo e gravidez.

Ela avisa que março, abril, junho, julho e agosto são os meses mais favoráveis para as mulheres e os mais rentáveis para homens que trabalham com produtos dirigidos ao público feminino.

Será um ano de realizações intelectuais, de transformações e mudanças. Geralmente, a natureza se manifesta nestes anos com muitas chuvas e enchentes.

A cor de Yemanjá é azul e branco. Procure usar roupas nessas cores e decore seu ambiente com vasos de flores brancas.

Ela governará 2010 juntamente com pai Oxalá e pai Odé. Oxalá, Deus supremo do candomblé, vai encher de beleza, perfeição, evolução, amor e progresso o ano de 2010.

Ano do Tigre, segundo o Horóscopo Chinês
2010 começará com um estrondo e acabará com um choramingo. Nada será feito numa escala pequena, ou tímida.

Tudo, bom e mau, pode e será levado aos extremos. As fortunas podem ser feitas e perdidas. Se você tiver uma possibilidade poderá agarrá-la mas nunca esqueça que tem grandes obstáculos pela frente.

Será uma época de testar a sua diplomacia. Como o tigre, nós tenderemos a agir sem pensar e a terminar lamentando-nos pela pressa que tivemos.

Entretanto, o ano forte e vigoroso do tigre pode também ser usado para injetar vida e vitalidade em causas perdidas, em riscos, em indústrias que se afundam.

Ano de Vênus, segundo a Astrologia
O ano regido por Vênus promete destaque na realização de nossos desejos e a tudo aquilo que nos traz prazer e satisfação. Recomeço, transformação e busca da identidade e valores serão marcas nesse ano.

Sob a regência de Vênus, as pessoas buscarão o entendimento, os acordos de paz, os tratados, e estarão mais propensas a dividir o pão de cada dia com seus semelhantes.

Os assuntos ligados à saúde e à proteção da mulher serão salientados pela mídia e não faltarão grande eventos de moda, sociais e artísticos.

Ano do número 3, segundo a Numerologia
A virbração do número 3 fornece força suficiente para as as pessoas se expressarem melhor, terem mais inspiração e critividade.

Entretanto, elas devem se esforçar para captar e transformar essas vibrações em situações adequadas à sua realidade Isso trará benefícios no trabalho e nos estudos.

As viagens e os momentos de lazer estarão favorecidos.

Oficina da Palavra - Cairicaturas, informa !



Oficina da Palavra - por Stela Siebra Brito

“Os leitores são viajantes, circulam nas terras de outras pessoas, nômades que caçam furtivamente nos campos que não escreveram”.
(Michel de Certeau)

Objetivando estimular o prazer e o interesse pelo exercício da leitura de poesia e da contação de histórias, a Oficina da Palavra oportuniza a descoberta de valores individuais e propicia o exercício da autoria através do diálogo entre as linguagens (poesia, histórias, música, dança em roda).


DESENVOLVIMENTO DA OFICINA

A ação terá como prioridade atingir um público formado por pessoas que amam a poesia e/ou a contação de histórias. A oficina acontecerá, na cidade do Crato, nos dias 29 e 30 de dezembro/09 e nos dias 6, 7 e 8 de janeiro/10.
O encerramento da Oficina da Palavra será no sábado, dia 9, com um Recital de Poesias e Contação de Histórias, feitos pelos participantes.
Todas as dinâmicas serão realizadas em círculos, já que no círculo se trabalha o equilíbrio entre o indivíduo e o coletivo. Na roda, somos convidados a estarmos presentes, a participarmos de maneira plena dos processos de transformação social.
Cada encontro será iniciado com uma atividade de expressão corporal - para aquecimento e relaxamento das tensões musculares - e com uma dinâmica de aquecimento vocal - para relaxar e ativar, especialmente, os órgãos da fala.
Entendemos que estas duas atividades conduzem a um relaxamento não só do corpo, mas também da mente, favorecem o equilíbrio físico e emocional, possibilitando uma respiração mais livre e consciente, o que, inevitavelmente, conduz a uma maior concentração e encontro pessoal com sua essência.
Os exercícios de voz facilitam o desempenho da leitura, com a boa articulação das palavras, sonorização, entonação e pontuação adequadas, além de permitirem uma maior soltura das pessoas, que passam a ler e a narrar de forma mais espontânea e confiante. Para complementar os exercícios de voz, brincaremos com parlendas e trava-língua. A música e a dança estarão presentes através de dinâmicas diárias de danças circulares e de atividades com poemas musicados.

Colocados em círculo, percebemos a nossa identificação com o outro. O círculo é essencialmente inclusivo. Ignorar um componente ou a manifestação de um componente da roda seria, num certo sentido, ir contra a tendência natural do círculo.
A produção escrita será estimulada através da brincadeira da remessa de cartões postais no final da oficina, o que será uma oportunidade para os participantes exercitarem a imaginação e a criatividade, registrando, por escrito, a memória desta experiência e de outras memórias guardadas com eles. Neste caso, o lembrar não será apenas reviver, mas, sobretudo, recriar.

Stela Siebra Brito


Vr. do Investimento : 50,00

Local : SCAC
Cronograma : 29 e 30.12; 06 a 08.01.2010.
09.01.2010- Recital de encerramento ( Teatro Raquel de Queiroz)
Horário : das 19 às 21 h.
Mestra : Stela Siebra Brito
Coordenação : Socorro Moreira
Parceria : SCAC (Divani Cabral)

Lista de Participantes :
Socorro Moreira
Rosineide Esmeraldo,
Fátima Esmeraldo ,
Abidoral Jamacaru,
Roberto Jamacaru
Fanca Jamacaru,
Eleonora Figueiredo,
Fabiana Vieira,
Poliana Esmeraldo,
Blandino,
Divani Cabral,
Hermógenes Teixeira,
Olival Honor
Márcia
João do Crato


Vagas limitadas !

Maiores informações, fale conosco !
Tel : 35232867
Socorro Moreira

O último baluarte - por Norma Hauer



Na véspera de Natal (de 2006) quando a cidade se preparava para as festas,com suas luzes tremulando, uma se apagou, deixando um rastro de Saudade: João de Barro, o nosso Braguinha partiu.

E por que João de Barro?

Eles eram 5: Carlos Braga, Henrique Foréis, Noel Rosa, Henrique Brito e Alvinho. Criaram o "Bando dos Tangarás" lembrando um pássaro cantador. Cada qual se
"incorporou" em um pássaro e começaram a cantar, apresentando-se nas emissoras de rádio então existentes, em pequenas reuniões e em qualquer lugar onde pudessem se apresentar como um grupo de "cantadores". Sua primeira gravação, na gravadora Parlophon, foi um samba de Almirante (Henrique Foréis), de nome "Mulher Exigente".

Com a morte de Henrique Brito e a saída de Alvinho, o grupo se desfez e cada qual seguiu seu caminho, dentro da esfera musical da época (fim dos anos 20). Henrique Foréis passou a ser conhecido como Almirante, Noel Rosa era o Noel que todos conhecemos e Carlos Braga, que adotara o pseudônimo de João de Barro, foi o único que manteve o nome do pássaro. E assim passou a assinar as inúmeras composições que foi criando. E como criou!!!
Um de seus primeiros sucessos foi gravado por Mário Reis: "Moreninha da Praia":

Moreninha querida/ da beira da praia /que mora na areia todo o verão.../ que anda sem meia,/ em plena avenida,/ varia como as ondas/ o seu coração".

Andar sem meia era um ato corajoso.

Os anos foram passando e ele sempre produzindo com o nome de João de Barro. Vieram a "Chiquita Bacana" que se vestia "com uma casca de banana nanica", as "Touradas em Madri", ele cantou as "Noites de Junho": "noite fria,/ bem fria de junho,/ os balões para o céu vão subindo... " transformou parte da letra de "Linda Pequena", de sua pareceria com Noel Rosa, tornando-a um dos maiores sucessos de todos os tempos, com o nome de "As Pastorinhas", da mesma forma que, fazendo a letra de um velho choro que vinha dos anos 10, da autoria de Pixinguinha, marcou uma das músicas mais ouvidas em serestas:"Carinhoso".

Enfeitou o carnaval dizendo "Yes, nós temos banana", cantou o "Balancê", "A Saudade Mata a Gente", os "Sonhos Azuis", navegou pelos "Mares da China", descobriu ser Copacabana a "princesinha do mar" e revelou ao estrangeiro "Onde o Céu Azul é Mais Azul".

Maracanã - 1950-Copa do Mundo. Jogo: Brasil x Espanha – vitória do Brasil! Todo o povo canta "eu fui às touradas em Madri,/ parara tim-bum...e quase não volto mais aquiii...". Braguinha, o nosso João de Barro, emocionado, começa a chorar. Nessa emoção, ouve alguém dizer: "o que este espanhol está fazendo aqui?" Era o autor chorando por sentir como sua música alegrou uma multidão feliz.

Carnaval de 1984 – desfile da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, sambódromo lotado e Braguinha desfilando, sendo homenageado com o enredo vitorioso "Yes, nós Temos Braguinha".

Isso é pouco diante do muito que ele nos deixou. Partiu quase centenário e era o último baluarte dos anos de ouro do rádio, vindo das décadas de 20 e 30.


Norma Hauer

Isaac Karabtchevsky



Isaac Karabtchevsky (São Paulo, 27 de dezembro de 1934) é um maestro brasileiro. Atualmente é o diretor artístico da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre. Iniciou sua carreira como regente do Madrigal Renascentista, de Belo Horizonte.

Isaac Karabtchevsky vem pautando sua carreira com unânime reconhecimento pelas suas atuações nos Estados Unidos e na Europa.

O Conselho Cultural de Veneza, cujo presidente é o Prefeito Massimo Cacciari, acaba de renomeá-lo Diretor Musical do Teatro La Fenice.

Em fevereiro de 1999, dirigiu na Washington Opera House, "Boris Godunov", com Samuel Ramey no papel título. O crítico Tim Page, do Washington Post, destacou sua interpretação da opera de Moussorgski entre os dois melhores espetáculos da temporada do Kennedy Center em 1999.

Entre 1988 e 1994 Karabtchevsky foi Diretor Artístico da Tonkunstler Orchester, de Viena, com a qual fez varias tournées internacionais. Por sua atividade naquele país, recebeu do Governo Austríaco a comenda "Grande Mérito a Cultura", reconhecimento dado pela primeira vez a um cidadão brasileiro.

Karabtchevsky regeu concertos e óperas na Staatsoper, na Volksoper e no Musikverein, consideradas as melhores salas de Viena, tendo obtido enorme sucesso com "Uma tragédia Florentina" e "O aniversário da Infanta", de Zemlisky e "O Caso Makropulos" de Jana ek.

Karabtchevsky dirigiu, entre outras, no Concertgebouw de Amsterdã, no Royal Festival Hall de Londres, na Salle Pleyel de Paris, no Carnegie Hall de New York, no Kennedy Center de Washington, na Saatsoper de Viena, no Teatro Real de España e no Teatro Colón de Buenos Aires. Nos últimos anos, em Veneza, dirigiu no Teatro La Fenice, importantes óperas, tais como "Erwartung", "O Castelo do Principe Barba Azul", "O Navio Fantasma", "Don Giovanni", "Falstaff", "Carmen", "Fidelio", "Aida", "Rei Teodoro em Veneza", "Un Ballo in Maschera", "Sansão e Dalila" e "Sadko".

As principais interpretações de Karabtchevsky no La Fenice, foram editadas em CD da "Mundo Música", de Munique, a casa discográfica do teatro veneziano. Estas gravações receberam ótimas críticas da imprensa internacional. A recente versão de Fidelio de Beethoven foi aclamada como a mais recomendada pela revista francesa "L’Opéra".

O maestro Isaac Karabtchevsky é diretor do Teatro La Fenice desde 1995. Nascido no Brasil, descendente de família russa. Foi diretor musical da Orquestra Sinfônica Brasileira durante 20 anos, com a qual fez turnês pela Europa e Estados Unidos. Entre 1988 e 1994, o maestro foi regente titular da Tonkünstlerorchester de Viena. Na Áustria, Karabtchevsky estreou como regente de ópera, apresentando-se principalmente na Staatsoper, Volksoper e no Festival de Bregenz. Neste período, dirigiu Eine florentinische Tragodie (Uma tragédia florentina) e Der Zwerg (O anão), de Zemlinsky, e Makropolous Case (O caso Makropolous), de Janacek. Suas produções mais importantes no La Fenice foram Falstaff, Erwartung (A espera) e Bluebeard's Castle (O castelo de Barba Azul), Don Carlo, Carmen, assim como a Segunda Sinfonia de Malher (a Ressurreição) na Basílica de São Marco, realizado imediatamente após o incêndio do La Fenice, gravado pela Fonit Cetra. Em janeiro de 1999, o maestro dirigiu Bóris Godunov, de Mussorgsky, na Ópera Nacional de Washington.

Em 16 de Maio de 2009, o maestro Isaac Karabtchevsky esteve a frente da Orquestra Sinfônica de Barra Mansa, na própria cidade da orquestra . Este concerto atraiu mais de 6 mil pessoas a assistirem gratuitamente a esse concerto a céu aberto.Nesse concerto regeu obras de Beethoven(Abertura Egmont), Bizet(Suíte da Ópera "Carmen"), Villa-Lobos (Bachianas Brasileiras Nº4), Verdi (Abertura da Ópera "La Forza del Destino") e por fim Tchaikovsky (Suíte do balé "A bela adormecida").

wikipédia

Maurício Tapajós



Maurício Tapajós Gomes (Rio de Janeiro, 27 de dezembro de 1943 — Rio de Janeiro, 21 de abril de 1995), ou simplesmente Maurício Tapajós, foi um compositor, instrumentista, cantor e produtor musical brasileiro.

Era filho de Paulo Tapajós e irmão de Paulinho Tapajós e Dorinha Tapajós.

Secreto- por Ana Cecília S.Bastos


Chove sossegadamente na cidade.

Coração aquecido, reúne memórias de cidades quando chove.


Era menina e a cidade movia-se através da vidraça,

sossegada, porque chovia.

A doçura da grande cidade sobre a chuva ...

O silêncio, os olhares úmidos e limpos.

Como se a cidade fosse, na chuva, a revelação de um segredo.
(Ana Cecília)

Marlene Dietrich - Tribute

A poesia de CACASO


Cacaso
(Antônio Carlos Ferreira de Brito)


Descartes

Não há
no mundo nada
mais bem
distribuído do que a
razão: até quem não tem tem
um pouquinho


Fatalidade

A mulher madura viceja
nos seios de treze anos de certa menina morena.
Amantes fidelíssimos se matarão em duelo
crepúsculos desfilarão em posição de sentido
o sol será destronado e durante séculos violas plangentes
farão assembléias de emergência.

Tudo isso já vejo nuns seios arrebitados
de primeira comunhão.

Meio termo

Meio termo
(Lourenço Baêta e Cacaso)

Ah! como eu tenho me enganado
como tenho me matado
por ter demais confiado
nas evidências do amor
como tenho andado certo
como tenho andado errado
por seu carinho inseguro
por meu caminho deserto
como tenho me encontrado
como tenho descoberto
a sombra leve da morte
passando sempre por perto
o sentimento mais breve
rola no ar e descreve a eterna cicatriz
mais uma vez,
mais de uma vez,
quase que fui feliz!

Cacaso - Édma Cristina de Góes




Cacaso: poeta em eterno exílio
04.12.2004

Minha pátria é minha infância/Por isso vivo no exílio”. Roberto Schwarcz talvez tenha sido quem melhor interpretou a figura de Cacaso, com suas complexidade e simplicidade revezando-se. Ensaísta, letrista, desenhista, principal articulador e teórico da poesia marginal, Cacaso era um menino, na leveza e busca exaustiva pela liberdade. Os poemas de “Na corda bamba”, agora reeditados pela Editora Bem-te-vi, são um tributo a esse espírito de menino, que mexe, inconforma-se, retruca e termina se rendendo, ao menos à poesia

Antônio Carlos Ferreira de Brito (1944-1987) é mineiríssimo de Uberaba. Aos doze anos, ganhou página inteira de jornal por causa de suas caricaturas de políticos. Isso antecipou o artista que viria a ser ou já o era. Mas a poesia terminou se antecipando aos traços e, antes dos vinte anos, ingressou na palavra escrita, através de letras de sambas com os amigos Elton Medeiros e Maurício Tapajós.

Seu primeiro livro, “A palavra cerzida”, foi lançado em 1967, mas, na avaliação da crítica Heloísa Buarque de Hollanda, ainda tímido e contido diante da profusão posterior vivida. Segundo ela, “dentro dos padrões literários do momento”. Seguiram-se “Grupo escolar” (1974), “Beijo na boca” (1975), um dos mais conhecidos, “Segunda classe” (1975), “Na corda bamba” originalmente lançado em 1978 e “Mar de mineiro” (1982).

Os poemas de Cacaso não só o revelaram uma das mais criativas vozes daqueles anos de ditadura e desbunde, como ajudaram a dar visibilidade e respeitabilidade ao fenômeno da “poesia marginal”, em que militavam, direta ou indiretamente, nomes como Francisco Alvim, Helena Buarque de Hollanda, Ana Cristina Cézar, Charles, Chacal, Geraldinho Carneiro, Zuca Sardhan e outros. No campo da música, os amigos e parceiros se multiplicavam na mesma proporção. Em 1985 a Editora Brasiliense publicou a antologia “Beijo na boca e outros poemas”. Em 1987, no dia 27 de dezembro, Cacaso foi embora, vitimado por um enfarto no miocárdio.

A crítica considera o quase anonimato de sua obra, por mais de quinze anos, indiferente diante da forte referência para os poetas da geração de 80 e 90. A edição de sua obra completa, “Lero-Lero”, foi a redescoberta do poeta mineiro. Ele foi único num momento em que a poesia foi eleita como forma de expressão predileta da geração que experimentou os anos de chumbo. Heloísa Buarque de Hollanda nos adverte: “pensar sua poesia sem pensar na sua vida é quase errado”.

Cacaso era um retrato de 68: cabeludo, óculos John Lennon, sandálias, meia soquete branca, paletó vestido em cima de camisa de meia, sacola de couro. E mesmo se o ambiente variava, ele continuava com esse ar, mineiro do interior, irônico por vocação, intelectual trajado de “porra-louca”.

No poema que dá nome ao livro, “Na corda bamba” Cacaso diz: “Poesia/ Eu não te escrevo/ Eu te/ Vivo/ E viva nós!”. Não se trata de um verso breve e inocente. É exatamente o contrário. Pulsivo e profundo, aparente gratuidade, marca da poesia marginal. Essa poesia surge no limite entre a vida e a obra, podendo a poesia desaparecer, por estar na corda bamba, efetivamente. Cacaso equilibra-se entre essas partes do todo. Enquanto os Outros se preocupavam com o concretismo e liam Ezra Pound, Cacaso preferiu Manuel Bandeira, Oswald de Andrade e Carlos Drummond. A familiaridade com a teorização levou o poeta, bacharel em Filosofia, a elaborar vários estudos críticos. No artigo “Alegria da Casa”, de 1980, diz: “O modernismo, para quem a criação é igual à realização, em ato, de um ideal, é portanto um esforço empenhado em prol da gratuidade, da autonomia das coisas e dos valores, um jeito de constranger para que a espontaneidade pudesse aflorar sem constrangimento, o que em si já configura um paradoxo”.

Mao Tsé-Tung - político e revolucionário chinês




A Revolução Cultural promovida por Mao perseguiu intelectuais e velhas lideranças do PC

Fundador da República Popular da China e um dos mais proeminentes teóricos do comunismo do século 20, Mao Tsé-Tung (ou Mao Zedong) desenvolveu idéias sobre revolução e guerrilha que influenciaram marxistas no mundo inteiro, inclusive no Brasil, onde o PC do B - então na clandestinidade e ligado à China - desenvolveu ações guerrilheiras durante a década de 1970.

Mao nasceu numa família de camponeses, mas recebeu uma educação esmerada. Desde jovem, porém, revoltou-se com a situação social opressiva de seu país e foi um dos fundadores do Partido Comunista Chinês. Durante os anos 1920, conjuntamente com o Kuomitang - ou Partido Nacionalista Chinês - organizou sindicatos e entidades de classe operárias e camponesas. Em 1927, ocorreu o rompimento entre os dois partidos e teve início o processo revolucionário chinês.

Durante os anos seguintes, após um levante fracassado em Hunan, Mao estabeleceu sovietes no interior do país e organizou o Exército vermelho. Em 1931, foi eleito presidente da República Soviética da China, com base na província rural de Jiangxi. Depois de diversos enfrentamentos com os nacionalistas, e quase derrotado, Mao conduziu o Exército vermelho pela chamada "Longa Marcha", percorrendo 10 mil quilômetros até a província de Shensi. Tornou-se assim o principal líder comunista do país.

Durante a Segunda Guerra Mundial, comunistas e nacionalistas continuaram guerreando entre si, mesmo combatendo os japoneses que invadiram o país. A guerra civil chinesa foi em frente após a derrota do Japão e resultou na tomada da China continental pelos comunistas, que forçaram os nacionalistas a se fixar em Formosa (Taiwan), criando uma divisão do país que permanece até os dias de hoje.

Em 1949, foi fundada a República Popular da China. Mao tornou-se seu presidente, assim como secretário-geral do Partido Comunista Chinês. No entanto, a China era um país atrasado em termos econômicos e industriais. Na tentativa de resolvê-los, usando como combustível a ideologia revolucionária, Mao lançou em 1958 a política que chamou de "Grande Salto para a Frente", com o intuito de industrializar o país.

Essa política revelou-se desastrosa. Não só não conseguiu a industrialização do país como matou de fome cerca de 20 milhões de chineses (estimativas mais recentes mencionam 70 milhões). Isso resultou também na ruptura com a União Soviética que cortou seu auxílio à China. Mao acusou os soviéticos de traidores do marxismo e de "revisionistas".

Após um breve período em plano secundário, Mao retornou ao poder promovendo o que chamou de Revolução Cultural (1966-1976). Através dela, mobilizou as massas contra as velhas lideranças do Partido Comunista Chinês, a quem acusava de burocratização ao estilo soviético. A criação de grupos armados de estudantes, que perseguiu intelectuais, professores e antigos membros do PC, acabou resultando num banho de sangue cujas mortes ainda não podem ser calculadas, dado ao fato de a ditadura comunista chinesa persistir e impedir as investigações.

Vale mencionar que, enquanto os massacres varriam a China, os intelectuais ocidentais garantiam que tudo não passava de propaganda anticomunista e filósofos do porte de Jean-Paul Sartre se proclamava maoísta, tecendo louvores à Revolução Cultural.

Em 1976, porém, com a morte de Mao, o processo se interrompeu. A viúva de Mao, Jiang Qing, que tentou sucedê-lo, não conseguiu se manter por mais de poucos meses no poder. Os oponentes de Mao que lhe haviam sobrevivido, liderados por Deng Xiaoping, deram um golpe de estado e imprimiram novos rumos à China - sem desviar da política ditatorial do partido único.

uoleducação

Henry Miller



Desejo dar uma volta por aquelas altas e áridas cordilheiras de montanhas onde se morre de sede e frio, por aquela história "extratemporal", aquele absoluto de tempo e espaço onde não existe homem, nem fera, nem vegetação, onde se fica louco de solidão, com linguagem que é de meras palavras, onde tudo é desengachado, desengrenado, sem articulação com os tempos. Desejo um mundo de homens e mulheres, de árvores que não falem (porque já existe conversa demais no mundo!) de rios que levem a gente a lugares, não rios que sejam lendas, mas rios que ponham a gente em contato com outros homens e mulheres, com arquitetura, religião, plantas, animais - rios que tenham barcos e nos quais os homens se afoguem, mas não se afoguem no mito e lenda e nos livros e poeira do passado, mas no tempo e no espaço e na história. Desejo rios que façam oceanos como Shakespeare e Dante, rios que não se sequem no vazio do passado. Oceanos sim! Tenhamos novos oceanos que apaguem o passado, oceanos que criem novas formações geológicas, novas vistas topográficas e continentes estranhos, aterrizadores, oceanos que destruam e preservem ao mesmo tempo, oceanos nos quais possamos navegar, partir para novas descobertas, novos horizontes. Tenhamos mais oceanos, mais convulsões, mais guerras, mais holocaustos. Tenhamos um mundo de homens e mulheres com dínamos entre as pernas, um mundo de fúria natural, de paixão, ação, drama, sonhos, loucura, um mundo que produza extâse e não peidos secos. Creio hoje mais do que nunca é preciso procurar um livro ainda que de uma só grande página: precisamos procurar fragmentos, lascas, unhas dos dedos dos pés, tudo quanto contenha minério, tudo quanto seja capaz de ressuscitar o corpo e a alma.

Henry Miller

Janelas Para a Alma: Mandalas (Para Socorro Moreira)

Símbolos do psiquismo humano, as mandalas têm o poder de nos levar à introspecção e nos colocar em contato com os níveis mais profundos da nossa consciência.

Texto: Paulo Urban/Ilustrações: Mônica Facó- Todas as ilustrações deste artigo, com exceção da abertura (de Rogério Borges), são de Mônica Facó, que trabalha com artesanato gráfico, mandalas e cartões; Paulo Urban é médico psiquiatra, acupunturista e terapeuta junguiano

Mandala é um termo sânscrito, que se traduz por círculo mágico. Mas, na tradição hindu, seu conceito expressa muito mais do que as palavras que possam defini-lo. O dicionário de Aurélio Buarque de Holanda aceita o termo, registra-o como substantivo feminino e o explica como imagem do mundo e instrumento para a meditação. Em seu estado original a palavra é oxítona de gênero masculino, pronunciada abertamente: man-da-lá. Não somente designa um mantra, mas o vivifica por ser ela própria o movimento.

Mantras são sons vocálicos, puros ou combinados, passados dos mestres aos discípulos. Costumam ser verbalizações secretas de poder, transmitidas como fórmulas rituais particulares, usadas para fins iniciáticos; mas há mantras de domínio geral, aplicados à coletividade, especialmente devotados ao despertar psíquico, ou proferidos em prol da paz ou saúde do planeta.

Quando escritos, os mantras assumem a forma de seu equivalente gráfico, os iantras, figurações que tendem à simetria geométrica e se comportam também como raízes gráficas (chamadas mula-iantras) dos diferentes mantras e demais termos que deles se derivam. Os iantras nada mais são que o suporte, o arcabouço linear dos mantras. Mas estão muito além do conjunto correlato de letras que se combinam para criar vocábulos nos idiomas ocidentais, já que o hinduísmo considera que as palavras têm vida, que toda vogal é extensão das notas musicais da voz divina. Os mantras, portanto, são a alma dos iantras, o espírito por detrás da matéria que o Verbo cria e denomina.

Representações mandálicas são sublimes; suas formas representam a combinação perfeita entre os mantras e seus respectivos iantras. No tantrismo, prestam-se à meditação; comumente as vemos pintadas ou riscadas no chão, feitas de sementes ou grãos de areia, usadas para delimitar locais sagrados, como o altar dos templos, ou áreas destinadas a procedimentos ritualísticos específicos.

Assim como o fogo, as mandalas têm ainda a propriedade de nos prender a atenção, de nos convidar à introspecção, à percepção de seus aspectos, de seu arranjo harmônico, que se distribui num quatérnio espacial.

Tal como a água, deleitam-nos a ponto de nos fazer tranqüilos; propiciam à mente que se distancie dos problemas imediatos, induzindo-a ao exercício da contemplação. Efeito semelhante ocorre quando observamos peixes num aquário em seu vaivém constante, em sua dança circular que nos acalma. Mandalas são, portanto, todas as formas que nos permitem penetrar no jogo das vibrações que constituem o universo. São portas quânticas para outros níveis de consciência, verdadeiras bases de lançamento de nossas naves Enterprises, no seio das quais viajamos a lugares onde nenhum homem jamais esteve.

As mandalas selam o sacramento de nossa união com o cosmos. São veículos para o religamento de nossa consciência com a fonte absoluta de onde provimos. Na tradição tibetana, são guias imaginários e provisórios da alma; orientam-nos em nossa prática meditativa e transmitem o equilíbrio com que se distribui a essência divina, cuja ubiqüidade jamais permite que a capturemos em nossas mãos. Concordante é o pensamento do filósofo medieval Nicolau de Cusa (1400-1464): “Deus é uma esfera cujo centro está por toda parte, embora suas circunferências não O delimitem em parte alguma.”

Do círculo divino, forma absoluta, fechada em si, emana o quadrado, o quarto dos símbolos primordiais.

O círculo é o terceiro dos quatro símbolos fundamentais. Comecemos pelo ponto, virtualidade sem a qual o mundo inteiro não estaria manifesto; de sua natureza se estende a cruz, segundo elemento, que, ao girar sobre si mesma, produz o círculo. Este, por ser perfeito, sem começo, meio ou fim, diz respeito ao mundo divino, ou à imagem de Deus quando quer que O representemos pelo oroboro (a cobra que morde o próprio rabo), a simbolizar a vida que, perenemente, se devora e se transforma. Do círculo divino, forma absoluta, fechada em si, emana o quadrado, o quarto dos símbolos primordiais, representando a Terra e todas as criaturas.

Ancorado sobre seus quatro lados, o quadrado tende à estabilidade, contrastando com o dinamismo da roda ou do círculo, que é puro movimento. Em oposição ao céu, o quadrado designa o plano terreno em que se manifestam todas as coisas criadas. Altares e templos comumente são quadrangulares ou retangulares; sob essas formas também se organizavam as cidades antigas, bem como as fortalezas e os acampamentos militares. No campo das religiões, observemos a Caaba, de Meca, templo máximo do islamismo. A pedra cúbica significa a divindade dando fundamento a toda a humanidade, ao mesmo tempo em que sustenta, feito pilar supremo, a abóbada celeste, outra representação da morada de Deus. Ademais, em época anterior ao Islã, Meca era chamada por Umm-al-Qura, ou “Mãe das Cidades” (Corão, 6, 92 e 42,5), sendo considerada, tal qual o templo apolíneo de Delfos, o Umbigo do Mundo.

Em outros casos, é o círculo que delimita lugares consagrados ao divino, como, por exemplo, o enigmático templo rochoso de Stonehenge, construído, entre 2600 e 1700 a.C., a partir de conhecimentos astronômicos de espantosa precisão. Curiosamente, a palavra inglesa usada para designar igreja, church, provém do escocês antigo kirk, que, além de templo, significa círculo.

Na verdade, toda forma circular, quadrangular ou qualquer outra que insinue a presença de um centro em torno do qual todo um complexo se organiza pode ser tida como uma forma mandálica. Não foge à regra a Távola do Rei Arthur, circular e orientada em torno do Graal, símbolo do ideal comum de integração e transcendência.

Mandalas podem ser consideradas sagradas por tudo isso. Ao sintetizarem os conceitos de mantra e iantra em todas as suas possíveis combinações, revelam, por imagens que nunca se repetem, a infinita variedade do potencial divino. Quando quer que meditemos incursos na harmonia de seus desenhos, mais prontamente nos alçamos em espiral, projetando-nos em torno do rabo da serpente e nas asas da espiritualidade.

A tradição alquímica propõe que os filósofos, mediante a pedra filosofal, ou por meio do elixir da longa vida, atinjam o fulcro do derradeiro mistério oculto na quadratura do círculo. Metaforicamente, “quadrar” o círculo é fazer caber no plano humano (o quadrado) toda a dimensão divina (o círculo).

Muito antes de os alquimistas medievais terem nascido, os pitagóricos (século 6 a.C.), herdeiros dos ritos órficos, viam na tetrakys, ou tétrade sagrada, a base de sua doutrina, que faz do 10 um número perfeito, resulta- do da soma do quatérnio básico (1+2+3+4=10), do qual emana toda e qualquer forma vivente. “O Universo é número”, dizia Pitágoras, que valorizava o 4 como alicerce da vida, e o 3 como a própria divindade. De seu produto (3x4) obtinha-se o número que revelava a totalidade do acerto entre homens e deuses: 12 é o número do todo.

Carl Gustav Jung viu nas mandalas o melhor dos exemplos figurativos daquilo que ocorre em toda a dinâmica psíquica, cuja essência última resta sempre incapturável. Inspirado na máxima citada de Nicolau de Cusa, Jung chamou de selbst o centro organizador da psique, espécie de núcleo atômico psíquico. Traduzido para o inglês por self, o termo encontra em português expressão que muito melhor o representa, o si mesmo. A rigor, na psicologia junguiana, tal instância é o ponto central de todo o psiquismo, mas também sua esfera inteira, que abrange o mundo inconsciente bem como o consciente. O ego aqui é mero centro funcional de nossa consciência, a mesma que nos permite dar conta de nossa individualidade.

As mandalas revelam, por imagens que nunca se repetem,
a infinita variedade do potencial divino.

Como todo arquétipo, o si mesmo é essencialmente incognoscível. Dele sabemos apenas empiricamente e por vias indiretas. São nossos sonhos que nos contam de sua existência; o percebemos, nos mitos e contos de fada, sempre disfarçado por detrás dos símbolos da totalidade, como o círculo, a cruz e o quadrado; ou por meio de contrastes que expressem a coniunctio opositorum, isto é, a união dos opostos que também se complementam, como é o caso do dia e da noite, do bem e do mal, de yin e yang.
Às vezes, o si mesmo se esconde por detrás de personagens que dinamicamente se encarregam de desenvolver toda uma trama dialética, como ocorre com as duplas Fausto e Mefistófeles, Dom Quixote e Sancho Pança, Peter Pan e o Capitão Gancho, etc. Em outras ocasiões, ele está no personagem axial desses enredos mágicos, quer na figura de um rei, de um profeta, ou projetado sobre um avatar ou mesmo num herói qualquer que, enredado em sua missão lendária, busca vencer obstáculos intransponíveis pelos seres comuns, mediante o que ele reorganiza e salva o mundo onde vive seu drama.

Através dos séculos, a humanidade sempre se mostrou mais ou menos consciente acerca da existência do si mesmo. Entre os egípcios há o conceito Ba como instância além da alma comum, correspondente ao daimon dos gregos, aspecto que Sócrates admitia aconselhá-lo sempre, em suas horas mais difíceis. Em sociedades e culturas primitivas, a idéia está incutida ora num espírito protetor da natureza, ora sobre a imagem de algum animal, ou num sábio antepassado cuja função, depois de morto, é a de orientar sua tribo.

Jung viu nas mandalas o melhor dos exemplos figurativos daquilo que ocorre em toda a dinâmica psíquica.

Segundo Jung, há duas razões principais pelas quais podemos perder contato com o si mesmo que nos regula e nos tempera, o que compromete a distribuição homogênea e espontânea da energia anímica por toda a mandala de um psiquismo saudável.

O primeiro obstáculo surge sempre que nos vemos tomados por impulsos instintivos emocionalmente fortes, que nos levam a reagir visceralmente. Até os animais comportam-se assim, quando, por exemplo, excitados sexualmente, esquecem-se até da fome, ou descuidam-se de suas defesas, em detrimento da conduta habitualmente tomada para sua segurança. São inúmeros os povos indígenas em que situações de perturbação mental, associadas ou não às doenças físicas, são interpretadas pelos xamãs como um quadro de “perda da alma” – nada mais, segundo a psicologia analítica, do que o resultado da unilateralidade do funcionamento psíquico, capaz de condensar demasiada energia em torno deste ou daquele aspecto num processo neurótico e gerador de complexos.

A humanidade sempre se mostrou mais ou menos consciente acerca da existência do si mesmo.

O segundo empecilho é propriamente uma condição oposta à primeira; advém da cristalização excessiva do ego, que adora se prender ao mundo da realidade objetiva e esquecer-se de todo o resto, dificultando a percepção dos estímulos inconscientes provenientes do centro psíquico interior. Claro, precisamos de um ego conscientemente voltado às tarefas habituais da vida. Mas ele deve ser bem disciplinado e nos levar às realizações pessoais sem cair no abismo de julgar que só a realidade objetiva possa locupletar as necessidades da alma. Por essa razão, muitas vezes acordamos ungidos pela bênção de certos sonhos significativos, cuja função é a de restaurar a receptividade cotidianamente perdida e restabelecer o diálogo necessário entre a consciência e o mundo psíquico mais profundo. Sempre que nos privamos prolongadamente desse intercâmbio entre o ego e o si mesmo, ainda que não o percebamos, adoecemos; e o surgimento de sintomas neuróticos ou psicóticos, mesmo doenças orgânicas das mais simples às incuráveis, passa a ser mera questão de tempo.

Nas paisagens de nossos sonhos, nas visões proféticas, a estrutura mandálica está sempre presente.

Jung elegeu a mandala por excelência adequada para simbolizar o psiquismo; isso porque nas representações mitológicas do si mesmo está presente, quase sem exceção, a estrutura quaternária como arcabouço nuclear da alma. Mandalas multiplicam-se pelo mundo. Todos os povos do planeta, de todas as épocas e lugares, expressam-nas em sua arte, bem como nos enredos de seus mitos.

No Oriente, elas são usadas para recompor o ego diante da majestade do eu interior. A contemplação dessas imagens homogêneas, organizadas em torno de um centro, tende a facilitar, por analogia, a emergência de processos inconscientes, capazes de permear de paz interior a mente que deseja vislumbrar a ordem subjacente no cosmos, ou que queira abstrair da contemplação algum significado para a existência ou para o milagre da vida.

Nas paisagens de nossos sonhos, nas visões proféticas, nos contos de fadas, a estrutura mandálica está sempre presente. Há exemplos por toda a parte. Nossa Via Láctea, galáxia espiralada com dois braços que se evolvem a partir de um núcleo, é uma assombrosa mandala. O Sistema Solar é núcleo da mandala que o circunda de planetas; do mesmo modo, elétrons viajam a 960 km/s “presos” a uma esfera mandálica atômica imaginária. Nossos olhos, globos mandálicos, enxergam o mundo por uma lente mandálica cristalina ovalada, coberta pela colorida e radiada mandala da íris. A Terra, aparentemente esférica, é mandala que orbita. O cérebro, composto por dois hemisférios mandálicos, com partes anterior e posterior, mantém o padrão. O mesmo podemos dizer do coração humano, palácio da alma descrito em quatro câmaras. Os pássaros costumam fazer ninhos circulares, e as aranhas tecem mandalas de extraordinário requinte nos cantos das cavernas.

Mandalas fazem isto: propiciam iluminação àquelas mentes que diante delas silenciam.

Mandalas estão abundantemente representadas no Ocidente principalmente desde a Idade Média. As rosáceas dos vitrais das catedrais de Chartres e Notre-Dame são mandalas translúcidas, inspiradoras da paz interior que deve estar presente nos campos religiosos da mente. Aliás, todas as cruzes, religiosas ou não, incluindo a suástica, são mandalas; a estrela de Davi com seis pontas idem, reforçando o mistério do cruzamento divino e humano pelo entrelaçado de seus dois triângulos equiláteros. Os tabuleiros dos milenares jogos esotéricos (xadrez, go, damas, gamão, etc.) são espaços mandálicos sobre os quais se reproduz o simulacro da dança da vida. Cartas de baralho são igualmente mandalas. No tarô, ela acha-se delineada em todos os arcanos, ressaltada nos maiores, principalmente no Mago, na Justiça, na Roda da Vida, no Enforcado, na Temperança, na Estrela (onde pela primeira vez surgem juntos os quatro elementos), no Julgamento e no Mundo. Na abóbada celeste, projetamos a mandala zodiacal. Nos mitos, as mandalas do destino humano. Um deles, o de Hermes, conta-nos que em torno de seu caduceu estão duas serpentes abraçadas, uma com a função de acompanhar as almas em sua viagem ao reino de Hades, mundo dos mortos; a outra com função psicagógica, a de reconduzir as almas mortas à luz da vida, quando devem renascer. Mandalas fazem isto: propiciam iluminação às mentes que diante delas silenciam e, a partir da pacificação dos indivíduos comuns, proporcionam paz ao mundo, tão carente dessa dádiva.


IO CHE AMO SOLO TE - Sergio Endrigo

Io che non vivo senza te - com Pino Donaggio

Asas
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- Por Claude Bloc -
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Cortei minhas asas e as dei para ti, mesmo sabendo que não voltaria a voar.
Em pura busca deliberada de mim mesma ensinei-te a voar, mesmo sabendo que depois me esqueceria de como se voa.

As asas que me pertenceram sufocavam-me; perdi-me num espaço que não era meu. Subi bem alto e te deixei seguir teu rumo.

Pensei que nunca voarias sem mim, mas quando olhei para trás tu já tinhas saltado e abrias os céus com as asas que outrora foram minhas.

Deixaste atrás de ti um rastro de silêncio, irredutível drama de minh’alma...

Claude Bloc
Silêncio
- Por Claude Bloc -
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Hoje o silêncio para mim tornou-se um vácuo. Esse silêncio que já não é normal ou bom em si próprio; mas que representa, sobretudo, a ausência dos sons em minh’alma, a ausência de qualquer vontade.

Meus gritos e delírios emergem desse silêncio, dessa falta que sinto de mim mesma nas horas tardias desta noite quente. Minhas dores então parecem maiores contra este fundo de silêncio porque, para interrompê-lo, é preciso ter alguma coisa para dizer e nada tenho pra falar neste momento.
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Claude Bloc
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