Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

sábado, 31 de julho de 2010

Uma quadra violenta - Emerson Monteiro

As rajadas frias desse vento de julho do sopé da Serra escorregam nos sonhos quais fitas de sons estridentes, segredando mistérios de um tempo violento. Impactos de automóveis. Assassinatos. Sequestros com desaparecimentos. Crianças mortas sem explicação, como se houvesse explicação para a maldade. Assaltos. Essas coisas que ninguém gosta de escutar. Reportagens com pessoas indignadas face aos acontecimentos perversos. Expectativas de mudança a qualquer custo, onde possíveis alentos de renovação nasçam das eleições que se aproximam, nos seus mesmos carros e cartazes espalhados pelas ruas.
Os números financeiros indicaram prejuízo astronômico dos bilhões de litros de petróleo derramados impunemente abandonados ao mar, destruindo vidas. Soldados jovens indo matar outros jovens no Afeganistão. Mesmos movimentos de tropas. Velhas opções do desassossego. Garantias do dia de amanhã internacional.
E o cinema deu de apresentar filmes com gente assustada, riscos de ameaça pelo ar e desastres fantasmagóricos, pessoas pálidas, dentuças.
Conquanto haja secura de esperança pelo ar, as loterias falam outras línguas. Gritam sustos, desfilam preocupação. Normas desfilam exigentes em cada curva de estrada; sinais apreensivos passando velozes pelas janelas do trem.
Mundo esquisito esse que herdamos ou fizemos... Tanta maturidade a fim de ganhar dinheiro e preservar história de dramas... Marcas ferinas de presas afiadas, no espetáculo de exagero das noites luminosas e luas intensas... Depois, um sol tão bonito de manhã...
Correr para onde, quer-se saber nos programas vespertinos do domingo, enquanto profetas antigos dormem aos roncos. Contenho palavras.
Às vezes penso nessa busca afanosa dos dias das gentes quererem viver mais, amansar a besta do medo da morte, e lembro de quando, bem criança, ao visitar com minha mãe amiga sua que ela tinha nas proximidades da Igreja de São Francisco, em Crato. Na viagem, demos de cara com um enterro. Era a primeira ocasião, que recordo, de olhar de frente o desfile da vida em sua última viagem, na experiência da morte. Com isso, fiquei assustando alguns dias. Quanta peleja e saber-se retornar ao desconhecido, sem apelação...
Grandes as perguntas seculares da filosofia: De onde viemos, o que estamos fazendo aqui e para onde iremos depois?
Mediante as vivências deste mundo convulso, de tempos em tempos atualizo as indagações daquela tarde, nas emoções de menino inocente. Na verdade, reservo comigo algumas respostas ao observar a frieza destes tempos atuais, época de tecnologia em alta, largos dispositivos de viver muito, qual protagonista de um drama inacabado. Quantos, pois, perante os impasses e dissabores, gostariam de morrer bem, nos braços carinhosos de Nossa Senhora da Boa Morte, invés de jogados infames ao fim dos corredores escuros, junto de múmias preservadas com aparelhos, em forma de chagas abertas e corações feridos.
É isso, nem sempre as peças do tabuleiro obedecem para dançar a música alegre das comédias... E palavras duras tomam das nossas mãos da gente falando coisas assim desse jeito.

Para Edilma - uma cor para cada estado de espírito...






Claude Bloc
.

CLIQUE - Por Edilma Rocha

Ofereço esta imagem ao poeta
Ofereço esta magia da natureza a sua musica
Agradeço o carinho e atenção dos dias de convivência
Agradeço a paz de Nicodemos...
Obrigada por tudo!
Edilma

Último dia de Julho : Sábado !

Acabo de chegar da casa de João Marni e Fátima. Nos últimos tempos tem sido meu refúgio, nos dias de sábado. Presenças outras são constantes: Loura, Fanca, Adriana, Mona, Taciana , Rosineide, Ida  ... A prosa é sempre  animada, e até hilária ! Fátima sempre antenada com as notícias do mundo , nos alimenta das principais informações. João Marni, na beira da churrasqueira , aguça nosso apetite com aquele cheirinho de carne assada. O melhor é o repertório musical , e a graciosidade de Maria Alice, cada dia mais sabida , que toma conta  do palco. Quando pego o caminho de volta, sempre digo  : vou ficar uns dias sem dar trabalho a esse povo ...Mas, esquecida do propósito, sempre volto, e me  beneficio do carinho dessa amizade.
Hoje conversamos : eu, Roberto Jamacaru, Fanca, Neide, Loura, sobre projetos sociais. Estamos todos afins de contribuir de alguma forma. "A Casa do Recreio" , onde nasceu Vicente Leite, Joaquim Pinheiro, Maria Edite,  a mãe de Divane Cabral é  um dos pontos alvos.  Depois dessa fase de festas, vamos retornar pra valer  a esse interessante projeto. Dele fará parte , todos os cratenses e pessoas de boa vontade !
Nesta tarde de sábado,  eu agradeço a Deus  pelos ares de harmonia, que respirei entre amigos..
Daqui a pouco, o grande lance é visitar Liduína Vilar, e comer uma fatia de bolo de aniversário !

Socorro Moreira
João Marni e Maria Alice :
Fátima e Maria Alice
fotos de   Rosineide Esmeraldo

AZUL
(Para Liduína)
- Claude Bloc -

***
Este poema
Feito para Liduína
Deveria ser azul,

Azul, azulzinho
como o céu do Crato...
azulando na alegria da gente
Aberto em música
Em blues, azul, azul...

Deixei-o dormir até o dia nascer
Deixei-o amanhecer em versos
Contando em sobretons
O azul desejo
De muita felicidade
Azul
Como a rosa rara da amizade...

Pois é, este poema é azul,
Azul, azul – porque é teu, Liduína!
tão e somente teu, porque azul
como o teu mais puro sonho de amor
e de felicidade...



No Silêncio - por Ana Cecília S.Bastos





No Casulo, há silêncio de minhas palavras. Não da poesia, porém. Há que respeitar ritmos e tons, há que esperar. Como em um poema, tão antigo:

Efervescente/mente sou
pelas ruas da cidade.
Impura máscara
me faço.

Como se nada mais houvera
além do fustigo
deste falso,
merencório movimento.


Desenho de Ígor Souza.
 por Ana Cecília

Como entender um mistério? – Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Há alguns dias, eu e Magali fomos convidados para falar para um grupo de jovens casais que se preparavam para a cerimônia de seus casamentos. É claro que além da nossa experiência pessoal, consultamos alguns livros. Num deles, vi algo que muito me emocionou e me transportou aos meus oito anos de idade, nas aulas de catecismo da minha querida e saudosa tia Esmeraldina, a irmã mais velha da minha mãe. Naquela época, eu me preparava para fazer a minha primeira comunhão. De repente, minha memória me fez ouvir a voz da tia Esmeraldina me perguntando sobre o mistério da Santíssima Trindade: O Pai é Deus? O Filho é Deus? O Espírito Santo é Deus? A cada uma dessas perguntas eu respondia sim, sem nada entender. E acredito que ninguém ainda hoje entenda tais mistérios. Mas lendo o livro “Os Sacramentos” de Dom Hilário Moser*, encontrei uma definição de Deus que satisfaz a quem pensa como eu, em aceitar a existência desse mistério principal da nossa fé. Abaixo, tomo a liberdade de compartilhar com aqueles que se deram ao trabalho de ler até aqui o que rabisco, a mesma emoção que eu senti ao ler as palavras de Dom Hilário.

“O nosso Deus não é um Deus solitário, é um Deus-Família. Ele é Pai que tem um Filho. E o amor que vai do Pai ao Filho e do Filho ao Pai é tão perfeito que é uma Pessoa, o Espírito Santo. Assim, em Deus há uma contínua corrente de amor entre as três Pessoas divinas. O Pai está todo voltado para o Filho, o Filho está todo voltado para o Pai, e o Espírito Santo mantém Pai e Filho voltados um para o outro. Este é o grande mistério da Santíssima Trindade. É difícil para nós, criaturas, entender esse mistério, mas assim é o nosso Deus e é assim que a Bíblia nos fala de Deus.”

Descobrimos que essas sábias palavras têm tudo a ver com a formação de uma família, onde o amor deve fluir entre o casal e os filhos, da mesma forma que circula na suprema divindade. O amor do marido para a mulher, o amor da mulher para o marido deve ser tão intenso quanto o amor dos pais para com os filhos e dos filhos para com os pais. Isto nada mais é que o reflexo do amor de Deus atuando sobre a família. Se todas as famílias do mundo colocassem esse mistério em suas vidas, vivendo sob o influxo do Espírito Santo, certamente não existiria tantas agressões entre os seres humanos, não haveria guerras, exploração do homem pelo homem e a pobreza; não somente a pobreza material, mas principalmente a pobreza moral, a maior de todas as misérias.

Por Carlos Eduardo Esmeraldo

* (Dom Hilário Moser é bispo emérito de Tubarão SC)

Crônicas de uma geração: o Bar de Abidoral - por Carlos Rafael

O "barman" Abidoral e Salatiel, o mentor do espaço

O Abidoral em questão é o mais conhecido abidoral do Crato: Abidoral Rodrigues Jamacaru Filho, cantor e compositor, projetado a partir dos festivais de música que aconteceram na cidade por toda década de 1970.

Pois bem, Abidoral já teve um barzinho, em sociedade com o também músico cratense Calazans Callou. O bar durou pouco, acho que no máximo um ano, mas propiciou momentos aprazíveis e boas e risíveis histórias.

Era 1985, um ano bom. Abidoral foi incentivado por Luiz Carlos Salatiel a ser um empreendedor. Calazans, que na época trabalhava no Bamerindus, topou dividir os duros afazeres deste complicado ramo comercial. A ideia de Salatiel era pragmática: como era impossível sobreviver de música no Cariri naqueles anos da chamada “década perdida” da economia brasileira (permeada de inflação, pacotes heterodoxos de choques econômicos, falta de incentivo à cultura, inexistência de espaços e mercados para o artista local etc), então o jeito era construir uma alternativa que aliasse negócio e diversão. Um bar, por isso, seria o empreendimento ideal.

Calazans, que conhecia os distribuidores de bebida da região, conseguiu o fornecimento de forma consignada. O espaço escolhido foi o Bar das Anas, como era conhecido o bar mantido por Ana Cássia e Ana Leonel, que estavam deixando o ramo, localizado no conjunto Padre Cícero, bem próximo da divisa Crato-Juazeiro.

Para a rapaziada que estava órfã de um point alternativo, foi um presentaço. O local era super-agradável, bastante ventilado, amplo, visto que havia um terrenão baldio ao lado, e muito acessível. Àqueles que não tinham automóveis, a grande maioria, bastava pegar o busão da Viação Brasília e saltar bem na porta do bar.

O nome do bar não poderia ser outro – Bar de Abidoral – batizado que foi pelo senso comum da galera. Nem adiantaria colocar, por exemplo, “Espaço Cultural Avallon”, pois não pegaria. A rapeize prontamente dizia: vamos pro Bar de Abidoral, e pronto!

Além da bebida e do peixe frito, o outro principal prato da casa era, lógico!, música: refinado som ambiente e excelente música ao vivo. Todas as sextas e sábados, um espetáculo. Foram antológicas, por exemplo, as apresentações da Banda Cariri (leia-se João do Crato, Manel D’Jardim, Cacheado, Cleivan Paiva, Borís, Nivando, Paulo Lobo e Iran, respectivamente no vocal, baixo, bateria, guitarra, baixo, sax, trombone e piston).

Na parede externa, o pintor Romildo Alves fez um painel retratando as figuras que frequentavam o bar: artistas das mais diversas especialidades e os contumazes boêmios. Além, é claro!, de Abidoral, imagens caricaturizadas de Geraldo Urano, a la filósofo grego, e Zadinha, retratado de véu e grinalda. Zadinha, apelido do artesão Osvaldo Filho, foi a noiva da única e inesquecível quadrilha junina que o Bar de Abidoral realizou. O noivo foi Monquinha Cabral.

Medo do novo...

Nunca tenha medo de fazer algo novo. Lembre que amadores construiram a arca. Profissionais construiram o Titanic.

(Não sei quem e nem onde disseram isso)

Cafezinho Quente

Dissipa-se a poesia
se a infame vaidade
insinuante e esguia

abocanha a pele
tritura os ossos
da alma picadinhos.

Voa e não retorna
aquele luar assombrado

se a tola inquietude
apodera-se do instante
e o ferimento não cura.

Precisa-se daquele poema
incauto, flagelado

nunca orado a santos
nem prometido ao diabo

trancafiado no baú antigo
dentro da gaveta da penteadeira
enterrado a sete palmos debaixo
do último sol, da última chuva
atrás do arco-íris.

Precisa-se daquele poema
oculto, exilado, passado
a goma e a lama
lacrando o envelope

que nem amiga mais fiel
que nem amigo mais correto

possam ter acesso
e liberdade.

Aquele poema exausto
sem sombra de figueira
sem sandálias antigas

apenas uma brisa
uma réstia

do que nunca foi dito
sussurrado em sonhos
escapado no gemido.

Que ninguém
(nem mãe nem filho)
invada e descubra

aquele poema iluminado
por ser inacabado
jovial, monge
e eterno.

Que a irmandade
do silêncio
rejubile-se

em nossa morte
duradoura e franca.

Não haverá vaidade
que torça o pescoço
e estrangule

o que cintila
dentro da alma.

Que ninguém
(nem pai nem filha)
apodere-se do que
não tem nome
tampouco feições.

Permita-me
o sonho da morte
dormir e acordar

um cadáver brilhante
cílios de fogo.

Que a vaidade se desnuda
pelo reflexo da própria máscara

e não mais se funda
do horror ao despropósito.

Precisa-se do poema
do infeliz inocente

do tempo
e do emudecimento
por uma noite
o sossego.

CARIRICATURAS, INFORMA !



CIRCUITO COMPARTILHADO

pensado uma rede de artes visuais integrada para o interior do Ceará


PROGRAMAÇÃO

OFICINAS

Quinta e sexta-feira, dias 12 e 13 de agosto,

das 9h às 12h, Escola de Ofícios e Artes – ECOA

O DESENHO NA PRODUÇÃO DE ARTE CONTEMPORÂNEA

Diego de Sousa, Artista visual e arte educador

A oficina trabalhará questões relacionadas à produção do desenho na arte contemporânea. Será apresentada uma panorâmica sobre a produção atual do desenho nas artes visuais. Tendo como referencia principal sua pesquisa pessoal e produção, o ministrante irá realizar exercícios de desenho, em técnica própria, com os participantes.

Quinta e sexta-feira, 12 e 13 de agosto de 2010,

das 9h às 12h, Casa da Cultura de Sobral

AÇÃO EDUCATIVA EM MUSEUS E EXPOSIÇÕES DE ARTE

Aterlane Martins, Historiador, professor do IFCE-Quixadá e educador de museus

A oficina visa demonstrar a importância das ações educativas desenvolvidas por museus e exposições de arte para o entendimento e a fruição de trabalhos de artísticos. Serão discutidos textos e conceitos afins ao tema e apresentados alguns casos de atividades desenvolvidas em alguns museus de Fortaleza. Serão ainda realizadas práticas de mediação cultural com o grupo participante.

Quinta e sexta-feira, dias 12 e 13 de agosto,

das 14h às 17h30, Escola de Ofícios e Artes – ECOA

INTERVENÇÕES URBANAS

Járed Domício, artista visual e arte educador

A oficina trabalhará os conceitos relacionados à arte urbana, sobretudo no que toca às intervenções. Serão apresentados diversos trabalhos para discussão e interpretação. Como exercício prático será proposto aos participantes da oficina a realização de uma intervenção urbana em espaço a ser escolhido na cidade de Sobral.

Sábado, 14 de agosto, das 8h30 às 17h

Auditório do SESC – Sobral

CICLO DE PALESTRAS

08h30

Abertura

08h40

Importância das redes para o fortalecimento das artes visuais para o interior do Ceará – Anderson Morais, artista visual, Sobral

09h20min

Reflexões sobre a produção de artes visuais no interior do Ceará e o sistema de arte no contexto contemporâneo – Aterlane Martins, Historiador e professor do IFCE – Quixadá

09h50

Debate – Mediador: Ed Ferreira, artista e curador de exposições

10h15 – Intervalo para o café

10h30

O Coletivo Camaradas e o fortalecimento das artes visuais na região do Cariri Cearense – Alexandre Lucas, artista visual e professor (Crato CE)

Escola de Artes Visuais da Urca: estudo e profissionalização de artistas na região do Cariri – Nívea Uchoa, fotógrafa e professora (Juazeiro do Norte CE)

11h30

Debate – Mediador: Herbert Rolim

12h às 14h – Intervalo para almoço

14h

A produção de arte contemporânea no Ceará e o mercado local – Járed Domício, artista e arte educador

Grupo Meio fio: experiências de intervenção urbana na cidade de Fortaleza – Herbert Rolim, artista visual e professor do IFCE (Fortaleza CE) (A confirmar)

15h

Debate – Mediador: Alexandre Lucas

15h30 – Intervalo para o café

15h45

Apresentação da Rede Virtual de Artes Visuais no Ceará (BLOG), discussão e redação da Carta de Intenções do Seminário

Mediadores: Alexandre Lucas, Anderson Morais e Aterlane Martins

16h30

Encerramento

Entrega dos Certificados de Participação

Para Liduína !

Correio Musical


Francisco José Galopim de Carvalho (Évora, 16 de Agosto de 1924 - Lisboa, 31 de Julho de 1988), foi um cantor português.

Francisco José ficou conhecido com a sua balada romântica Olhos Castanhos, lançada em 1951, e Guitarra Toca Baixinho, em 1973.

CINDERELA SEM BAILE E SAPATOS DE CRISTAL - Por Edilma Rocha


Passei dias e noites imaginando o grande momento do lançamento do livro CARIRICATURAS com a grande festa nos salões do Crato Ténis Club. Meus pensamentos povoavam minha mente com um sabor delicioso de prazer e deleite. Ao aceitar o convite prontifiquei-me a fazer todo o possível para que a festa fosse um momento mágico, perfeito e inesquecível. Já com experiência em cerimoniais estava segura comigo mesma e tentei mesmo a distancia organizar e encaixar os horários curtos e funcionais das performances apresentadas. Mas não seria possível tudo ser organizado só por mim, afinal, estar em Fortaleza já me mantinha afastada de alguns detalhes que teriam de ser providenciados no Crato, sem falar nas situações de última hora que terminam quebrando o protocolo tão bem estudado anteriormente.
Fui ao costureiro escolher um figurino especial e digno de uma princesa, afinal o baile me esperava como num conto de fadas e seria por um momento alvo de olhares e atenções. Os sapatos poderiam até ser comparados ao da Cinderela de uma historia comum e que certamente ficariam enfiados nos meus pés. Assim pensei !
Cheguei discretamente e aguardei o momento exato de entrar em cena para abrir a noite com o cerimonial do lançamento do livro CARIRICATURAS tão aguardado por todos os escritores e convidados. Não havia nervosismo da minha parte, mas muita emoção misturada ao prazer por pisar novamente no palco em que tantas vezes usei em outros eventos. Ali estava eu desejando boa noite e falando através do texto de Socorro Moreira sobre a ideia do blog e a criação do livro CARIRICATURAS EM VERSO E PROSA. Se havia algum encanto em mim era aparente pois meu coração estava amargurado pelos últimos acontecimentos em minha vida. Naquele momento sentia-me absolutamente só em meio a tantas pessoas. Era eu e apenas um microfone. Na plateia apenas um irmão representando toda a minha família e que nem tive a oportunidade de comprimenta-lo. Muitos amigos espalhados por todos os cantos e os escritores atentos as minhas palavras sem tomarem conhecimento do meu sofrimento interior. Terminada minha função, me despedi, baixei os olhos, caminhei devagar até a porta de saída e como comentou Socorro, saí a francesa discretamente. Eram momentos de conflito comigo mesma e o baile que iria começar a meia noite coincidiu exatamente quando desci os últimos degraus da saída do Clube. O baile ficou para trás e não existia na porta nenhuma carruagem a me esperar. Um vigilante dos carros me afirmou que os táxis mais próximos estavam na Praça Siqueira Campos e lá já era quase minha casa.
Não perdi um pé do meu sapatinho de cristal na saída, mas retirei os dois dos pés e os carreguei na mão com as pontas dos dedos e sem perder a elegância puxei um pouco o vestido para não arrasta-lo ao chão e caminhei pelas ruas do Crato como nas voltas dos antigos bailes em que ninguém precisava de carro e íamos a pé conversando e nos despedindo um a um pelo caminho. Só existia a diferença de estar sozinha e os tempos serem outros, os dos assaltos e crimes e eu exibia jóias verdadeiras, heranças da minha mãe. Deus certamente iria me proteger! O clima da noite estava agradável e tudo deserto com todas as casas de portas fechadas. Próximo a praça da Sé surgiu na minha frente um bêbado que fiz questão de cumprimenta-lo fazendo-me amiga do bem.
_ Boa noite !
E ele parou muito desequilibrado, me fitou por um instante e disse com a voz tropa e embolada...
_ Você é a mulher mais bonita que já vi na vida !
_ Você é de verdade ?
Finalmente sorri perdendo o medo do perigo e posso até dizer que ganhei a noite pois foi de um vagante noturno e desconhecido que recebi o mais sincero dos elogios exatamente na noite do lançamento do livro CARIRICATURAS EM VERSO E PROSA.

Edilma Rocha

Liszt


Franz Liszt (pronuncia - se Lisst), em húngaro Liszt Ferenc, (Raiding, Boêmia, 22 de outubro de 1811 — Bayreuth, 31 de julho de 1886) foi um compositor e pianista teuto-húngaro do Romantismo. Liszt foi famoso pela genialidade de sua obra, pelas suas revoluções ao estilo musical da época e por ter elevado o virtuosismo pianístico a níveis nunca antes imaginados. Ainda hoje é considerado um dos maiores pianistas de todos os tempos, em especial pela contribuição que deu ao desenvolvimento da técnica do instrumento.

Exupéry



Antoine-Jean-Baptiste-Marie-Roger Foscolombe de Saint-Exupéry (29 de junho de 1900, Lyon - 31 de julho de 1944, Mar Mediterrâneo) foi um escritor, ilustrador e piloto da Segunda Guerra Mundial, terceiro filho do conde Jean Saint-Exupéry e da condessa Marie Foscolombe.

Diderot


Denis Diderot (Langres, 5 de Outubro de 1713 — Paris, 31 de Julho de 1784) foi um filósofo e escritor francês.

A primeira peça relevante da sua carreira literária é Lettres sur les aveugles a l’usage de ceux qui voient (Cartas sobre os cegos para uso por aqueles que veem), em que sintetiza a evolução do seu pensamento desde o deísmo até ao cepticismo e o materialismo ateu, tal obra culmina em sua prisão. Escreveu ainda Dictionnaire raisonné des sciences, des arts et des métiers (Dicionário razoado das ciências, artes e ofícios). Mas a sua obra prima é a edição da Encyclopédie (1750-1772) onde reportou toda o conhecimento que a humanidade havia produzido até sua época. Demorou 21 anos para ser editada, e é composta por 28 volumes. Mesmo que na época o número de pessoas que sabia ler era pouco, ela foi vendida com sucesso. Denis conseguiu uma fortuna. Deu continuidade com empenho e entusiasmo apesar de alguma oposição da Igreja Católica e dos poderes estabelecidos. Escreveu também algumas outras peças teatrais de pouco êxito. Destacou-se particularmente nos romances, nos quais segue as normas dos humoristas ingleses, em especial de Sterne: A Religiosa, O Sobrinho de Rameau, Jacques, o fatalista e seu mestre. Escreveu vários artigos de crítica de arte.

Foi um dos primeiros autores que fazem da literatura um ofício, mas sem esquecer jamais que era um filósofo. Preocupava-se sempre com a natureza do homem, a sua condição, os seus problemas morais e o sentido do destino. Admirador entusiasta da vida em todas as suas manifestações, Diderot não reduziu a moral e a estética à fisiologia, mas situou-as num contexto humano total, tanto emocional como racional. Seu pensamento sobre a nobreza e o clero se exprime na seguinte frase: "O homem só será livre quando o último déspota for estrangulado com as entranhas do último padre". Com essa frase, ele quis dizer que todos os governantes e os dogmáticos deveriam ser completamente derrubados, para a humanidade ser livre. Diderot é considerado por muitos um precursor da filosofia anarquista. Alguns estudiosos acreditam que, sob inspiração de sua obra, "A Religiosa", barbáries foram praticadas contra religiosos e freiras na Revolução Francesa de 1789 com o deturpado intuito de "protegê-los" contra os crimes praticados pela Santa Sé, há ainda um suposto dossiê encontrado por Georges May em 1954, que mostra a obra A religiosa como pura ficção e não um retrato da realidade.
[editar] Diderot na cultura popular

* Existe uma anedota sobre Euler e Diderot, quando este estava em São Petersburgo influenciando a corte russa com seu ateísmo, e Euler foi chamado a intervir. Euler teria uma prova matemática da existência de Deus, e teria dito "Monsieur, \frac{a+b^n}{n}=x, donc Dieu existe. Respondez!". Diderot não teria conseguido responder, e retirou-se humilhado sob os risos da corte. Esta anedota é completamente falsa.

Referências: wikipédia

Santo Inácio de Loyola ou Loiola, nascido Íñigo López (Azpeitia, 31 de maio de 1491 — Roma, 31 de julho de 1556) foi o fundador da Companhia de Jesus, cujos membros são conhecidos como os jesuítas, uma ordem religiosa católica romana, que teve grande importância na Reforma Católica. Atualmente a Companhia de Jesus é a maior ordem religiosa católica no mundo.

FELIZ ANIVERSÁRIO LIDUINA - Por Edilma Rocha

APRENDI A LHE QUERER BEM
A CONHECER A PESSOA ALEGRE QUE ÉS
HOJE É O DIA DO SEU ANIVERSÁRIO
ACEITE ESTA NOVA AMIZADE
POIS A VIDA É COMO UMA PEÇA DE TEATRO
QUE NÃO NOS PERMITE TANTOS ENSAIOS
CANTE, CHORE, DANCE, RIA
E VIVA INTENSAMENTE ANTES QUE AS CORTINAS SE FECHEM
ESTOU AQUI SOMANDO AOS QUE FAZEM O CARIRICATURAS
PARA LHE APLAUDIR
FELIZ ANIVERSÁRIO !

Carlos Severiano Cavalcanti


Origem: Wikipédia,
Carlos Severiano Cavalcanti (Fazenda Monte, Campina Grande, 31 de julho de 1936) é um poeta brasileiro.

Alfabetizado já na adolescência, viveu restrito à zona rural até os quinze anos, migrou para Pernambuco aos dezesseis, aprimorando seu aprendizado e ingressando no comércio de tecidos. Voltando à Paraíba, transferiu-se para Guarabira, onde tornou-se empresário do ramo têxtil.

Por sua atividade comercial e social naquela cidade, recebeu o título de Cidadão guarabirense, em 1967. Voltou a Pernambuco, onde reside atualmente. Retomando o estudo, formou-se Bacharel em Comunicação social, sendo, posteriormente, professor universitário de Comunicação Social na faculdade onde se graduara.




APELOS

(a Paulo Dantas e Gilberto de Hazaña de Godoy)


Pelos varais premidos da favela,
retalhos multicores da penúria
tremulam apontando para a incúria
da farta sociedade paralela.

Poderes insensíveis à lamúria
amargam os efeitos da sequela:
fechando porta e sem abrir janela
são vítimas também da imensa fúria.

Esse contraste traz desequilíbrio
na luta desigual entre o ludíbrio
e a dura realidade da carência.

E nos varais as roupas tremulando
são mãos desidratadas apelando
na busca de conter a vioência.

Xico Sá - Modos de Macho

xicosa@brpress.net

A capanga e a vida

Ao me deparar esta semana, em um banheiro de um moderno restaurante de São Paulo, com dois homens, aparentemente héteros, discutindo sobre técnicas depilatórias e cremes básicos para uma nécessaire masculina, me veio ao cocoruto, imediatamente, a velha imagem da capanga e o kit máximo permitido por um macho-jurubeba.

Como bem sabemos, amigo, o macho-jurubeba é o macho-roots, a criatura de raiz, o sujeito tradicional e quase em extinção nos tempos modernos. Um personagem que nos parece nostálgico e, de algum modo, folclórico, mas perfeito para nos revelar o universo dos marmanjos até meados nos anos 1990 - quando Deus fez, de uma costela do David Beckham, o ser doravante conhecido como metrossexual.

Vasculhemos, pois, a capanga, usos, costumes higiênicos e os arredores antropológicos deste predador do nosso paleolítico. Era, sim, naturalmente vaidoso o macho popular brasileiro. Aqui encontramos os vestígios: um espelhinho oval com o escudo do seu time ou uma diva em trajes sumários, um pente nas marcas Flamengo ou Carioca, um corta-unhas Trim ou Unhex, um tubo de brilhantina, um frasco de leite de colônia, uma latinha de Minâncora e outra de banha de peixe-boi da Amazônia em caso de eventuais ferimentos, calos ou cabruncos.

Em viagens mais longas, barbeador, gillette, pedra-hume -o seu pós-barba naturalíssimo, nada melhor para refrescar a pele e fechar os poros. Alguns pré-modernos e distintos se antecipavam aos novos tempos usando também Aqua Velva, a loção para o rosto utilizada pelos "homens de maior distinção em todo o mundo".

Vemos aqui também, no kit do macho-jurubeba, emplasto poroso Sabiá, pedras de isqueiro com a marca Colibri e um item atual até nossos dias, o polvilho antisséptico Granado, afinal de contas a praga do chulé é atemporal e indisfarçável. O lenço de pano nem se comenta, não podia faltar nunca.

Ainda no capítulo do asseio corporal e dos bons tratos, façamos justiça às moças. Elas adoravam tirar nossos cravos e espinhas, atitude hoje cada vez mais rara - se alguma o fizer, amigo, a tenha na mais alta conta, a abençoada filha de Eva te ama mesmo.

Objeto de investigação e estudo do caboclo pré-metrossexualismo, a capanga dos mais espertos continha ainda um canivete e, para eventuais dores de macho, cachetes de Cibazol.

Aí, porém, já saímos um pouco dos cuidados estéticos e vasculhamos outros armarinhos de miudezas do vasto museu deste homem que - para o bem ou para o mal - já era.

& Modinhas de Fêmea

Ainda sobre amor e novas tecnologias, fica aí uma sábia reflexão das minhas amigas do 02 Neurônio: "O que nos assusta no momento é o iPhone 4, em que você fala enquanto vê a pessoa. Não seremos hipócritas: claro que vamos ter um desses! Pior: o mundo todo vai ter! Pronto, acabaram aqueles telefonemas que você dava para um pretê nervosa. Agora, além de falar, você vai ter que estar bem na foto. Medo! E se a gente ligar para um ex e ele estiver com a atual, a gente vai ter que ver a cara dela? E se a gente estiver com aquele amigo lindo de quem o namorado morre de ciúme, teremos de agüentar um ataque depois? Não sabemos como o amor vai sobreviver ao iPhone 4."
por Xico Sá

Feliz aniversário, Liduína !

Por tudo que você representa , como sensibilidade humana , meu  respeito e admiração !
Um ano de convivência , o bem querer chegando,  em doses homeopáticas, até  se firmar numa grande amizade.

Que Deus te conceda a graça de ser feliz !

Grande abraço !

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Show, show,show !!! - A apresentaçaõ de Pachelly Jamacaru - Aconteceu na noite de hoje, no Sesc Juazeiro

Show intimista : voz e violão - do jeito que a gente gosta !
Apresentou  composições inéditas  com  novas e velhas  parcerias : Abidoral Jamacaru, Abidoral pai, Domingos Barroso, Rosemberg Cariri, Dandinha Vilar, e para minha surpresa e emoção, musicalizou  uns riscos poéticos  que fiz,  e  tornaram-se especiais , no canto de uma belíssima melodia, de sua autoria.
"Demais" me comoveu demais ! 

Depois do show , nosso alegre agradecimento, pelo deleite de ouvir Pachelly Jamacaru !
Você arrasou , nos tantos estilos : toada, blues, embolada...Voz marcante, belíssimo timbre, interpretação  personal, violão destro, matreiro !
Menção especial para a participação de Elisa Moura, interpretando uma das suas composições, e o canto de Pachelly , numa canção de Thiago Araripe.
Tudo bem cuidado,   com o jeito apurado , elegante , de fazer arte, que lhe é peculiar.
Deus me livre, que eu tivesse perdido esse show !
Obrigada , grande artista , pelo prazer de  vê-lo e ouvi-lo !
Parabéns pelo seu talento. 
A linha melódica  da sua criação, me enternece !

Eu não existo sem você... com Osvaldo Montenegro

From me to you

Recadinho do Coração - Para alguém ...

Samba em Prelúdio - com Toquinho e Maria Creusa

Lombalgia

Desagradável escrever
sentado no pufe:
as costas doem
pra chuchu.

Mesmo que escrevamos
arrebatamentos infantis
ficamos com aquela postura
de corcunda ao final do dia.

A tensão do franco atirador
some dos ombros com as cãibras.

A gravidade do olhar
invade as retinas
quando deveria haver
apenas guloseimas.

De fato torturante
escrever sentado
em um dócil pufe.

Devo logo comprar
aquela cadeira giratória.

Dessas que ao leve vento
e ao inesperado torpor
o bardo voe.

Uma questão de idade – Por Magali de Figueiredo Esmeraldo

Há trinta e sete anos, recém-casados, eu e Carlos fomos morar na cidade de São João d’Aliança em Goiás, distante cento e cinqüenta e dois quilômetros de Brasília. Nessa época, Carlos trabalhava na construção da estrada São João d’Aliança a Alto Paraíso. São João d’Aliança era uma cidade antiga de uma única rua. Alugamos uma casa e como Carlos trabalhava o dia todo, eu ficava muito sozinha. Antes que pudesse me dar conta que seria difícil ter amigas nessa pequena cidade, duas mulheres com idade de mais ou menos sessenta anos, nossas vizinhas, vieram nos fazer uma visita. Elas foram tão acolhedoras, tão educadas que me senti grata pela delicadeza delas. Apesar da diferença de idade minha e de Carlos, para as nossas novas amigas, pois eu tinha vinte e três anos e Carlos vinte e sete, nos alegramos em ter pessoas tão boas morando perto de nós. Assim ganharíamos experiência com elas e, elas se alegrariam com a nossa juventude.

Moramos apenas dois meses nessa cidade, mas foi o suficiente para reconhecer o quanto as nossas amigas eram bondosas, como a maioria das pessoas que moram em cidades pequenas. Fomos convidados por elas para passar um domingo em Alto Paraíso, uma região montanhosa, cheia de vales e muito verde, onde elas tinham uma irmã que morava lá. À medida que subíamos a serra, ficávamos maravilhados com a beleza de um rio que descia ordenadamente. Era uma visão radiante da natureza. Fomos muito bem recebidos pela família das nossas amigas. Lá chegando, elas nos ofereceram papa de milho. Olhando a mesa repleta de pratos cheios de uma papa amarela, eu logo desconfiei que fosse canjica e aceitei. Carlos disse que não queria. E eu sabendo o quanto ele gosta de canjica, perguntei por que não aceitou e expliquei o que era. Ele respondeu: “É canjica? Então eu quero!” Rimos muito e explicamos a elas que aquilo que elas chamavam papa de milho, na nossa terra é canjica.

Ainda hoje lembro com carinho dessas duas mulheres maravilhosas que nos trataram tão bem e, supriram a falta que sentíamos dos nossos familiares. Com essas lembranças agradeço a Deus por ter colocado no nosso caminho essas pessoas de bem. Tem gente que vem ao mundo para distribuir bondade e sempre são recompensadas pelas Bênçãos Divinas.

Relembrando os fatos ocorridos em épocas passadas, notamos como a nossa percepção do tempo muda à medida que os anos passam. Há mais de quinze anos estávamos conversando com uma prima de Carlos sobre esse período em que moramos em São João da Aliança. Então sem pensar, fui dizendo para ela, que lá nós só tínhamos como amigas duas velhinhas de sessenta anos. Entretanto não foi no sentido de desvalorizar minhas amigas, mas para ressaltar a nossa diferença de idade. Mesmo assim a prima de Carlos, quase que me crucificou, pois essa era a idade dela. Tive muito trabalho para consertar meu erro. Fui explicar que com vinte três anos, achava que pessoas com mais de sessenta anos já eram velhas. Mas com minha idade do momento já não pensava assim. O certo é que fui perdoada e hoje tenho muito cuidado quando o assunto é idade. Aprendi a lição, pois viver é um eterno aprendizado.

Por Magali de Figueiredo Esmeraldo

Saudades de Corujinha Baiana !

Ainda ontem pensava que não era
mais do que um fragmento trêmulo sem ritmo
na esfera da vida.

Hoje sei que sou eu a esfera,
e a vida inteira em fragmentos rítmicos move-se em mim.

Eles dizem-me no seu despertar:
" Tu e o mundo em que vives não passais de um grão de areia
sobre a margem infinita
de um mar infinito."

E no meu sonho eu respondo-lhes:
"Eu sou o mar infinito,
e todos os mundos não passam de grãos de areia
sobre a minha margem."

Só uma vez fiquei mudo.
Foi quando um homem me perguntou:

"Quem és tu?"
( Kahlil Gibran )

A FEIRA DE ANTIGAMENTE – POR PEDRO ESMERALDO


No tempo de minha infância, observava com muita tensão o movimento circulante dos mascates na antiga estrada velha que liga Crato a Juazeiro para a movimentação da feira do Crato.

Era coordenada por uma legião enorme de romeiros que marchava em direção do Crato a fim de buscar seus bens necessários para sua subsistência.

A feira do Crato sempre foi considerada uma das maiores feiras do nordeste. Tinha toda espécie de bugiganga, como especiarias, cereais e também pequenos animais domésticos: aves canoras, suínos, ovinos e caprinos. Era longa e seu movimento assustador. Não havia outro igual.

O povo de Juazeiro, possuidor de grande vocação para as obras artesanais, fabricava seus utensílios durante a semana, após o movimento do seu trabalho árduo na agricultura; produzia durante a semana a sua cultura agrícola para depois vir movimentar seus negócios na feira do Crato.

Era uma comunidade pacífica e capacitada para pendores artesanais com grande movimentação de utensílios domésticos, o que aproveitava o seu labor com a venda nesta devida feira. Os mais pobres não tinham condições financeiras e carregavam na cabeça os seus produtos manufaturados, os mais bem aquinhoados utilizavam seu transporte utilitário que eram as carroças de tração animal, o que vinha ser mais atenuantes na sua tarefa, e os menos possuidores de recursos teriam de concordar com as sujeições dos fiscais da prefeituras.

Nessa época, quase não havia carro, já que as duas principais cidades do cariri eram incipientes no movimento progressista e não podiam movimentar, de maneira alguma, os seus serviços com mais eficiência em busca da civilização mais bem acentuada, além disso, arcavam com poucos recursos financeiros e ainda não possuíam métodos educativos evoluídos. Esses movimentos eram suavizados e controlados pelos poderosos coronéis do sertão. Por isso, os técnicos da produção agrícola traziam pouco poder aquisitivo ao sertanejo que era completamente rudimentar, pois eram dominados por uma classe ruborizada e grosseira de pseudo-protencionistas.

Nesse período, ou sejam entre as décadas de 40 e 50, observava-se um comportamento ruidoso, deixando todo o pessoal submisso, sem procurar meios favoráveis para melhorar sua vida económica. Esses movimentos eram controlados pelos poderosos coronéis, a fim de se locupletarem com as benesses dos trabalhos agrícolas e procuravam controlar a submissão que, há tanto, dilacerava os pobres, deixando-os conviver em absoluta pobreza.

Por sua vez, causava admiração em observar a coragem desse povo humilde conduzir as suas quinquilharias para movimentar a feira do Crato.

Convém notar que essa classe pobre durante dias e noites, tinha que se desloca das suas atividades agrícolas para administrar em casa a sua tarefa artesanal, fabricando rudimentarmente os seus utensílios para, juntamente com a mulher e filhos, complementar com produto agrícola a sua economia. Fabricava de tudo desde vassouras, bacias de flandres, foice, espingardas, garruchas etc.

Hoje, devido a modernidade, não temos mais esse movimento febril, já que as coisas mudaram tudo para melhor, pois vemos um trabalho mais sofisticado e com melhoria de produtividade e adequando ao tempo moderno. Esse tempo de miséria já passou. Graças a Deus.

Crato-CE, 29 de Julho de 2010

Flerte Matrimonial Dos Objetos

A minha xícara
tem duas pequeninas
fissuras na borda

(o quadro se assemelha
a um sorriso)

e logo que a cafeteira
canta ofegantes suspiros

o som passa pelas covinhas
da minha xícara

trazendo-me à alma
um estalo.

Levanto-me da escrivaninha.
Arrasto-me os chinelos.

Da porta da cozinha
(emocionado)

vejo a cafeteira
e minha xícara
próximas,

em profundo deleite
sem uma pontinha
de ciúme

por ser, afinal, o poeta
o único desvairado
senhor delas
e delas escravo.

Do baú de Stela Siebra Brito

Metafísica é para isso?

Sei mais falar do que me fere
daquilo que me atormenta
me amedronta
me encurrala me açoita me violenta

Sei mais falar do silêncio
das palavras malditas
incontidas
encurtadas
invertidas

Sei mais falar do meu avesso
atravessado na garganta
sei mais falar do que me cala
e me mata.

No entanto vem o vento
e ultrapasso o desvão da memória humana:

um homem passa de bicicleta
escuto o barulho do mar
cai uma chuvinha fina fria
encharca minha alma
me lava.

Renasço.

Até o próximo ano !

E a vida continua. . A rotina já se restabeleceu. Começo a avaliar , com todo meu espírito crítico , os nossos lapsos,  distrações, e vou anotando num carderninho, para que no futuro  não se repitam, e que o projeto LIVRO, volte a acontecer em 2011.
Não tenho na boca  um gosto amargo de festa. Tenho a lombra  de ter sorvido um coquetel de alegrias. Encontros ... Foi a nossa tônica !

Fotos autorizadas à Claude por Dihelson Mendonça

Por João Nicodemos

o poeta olha o mundo
vê as pessoas
vê as coisas

não move um dedo
nem pisca um olho

mas
quem vê dentro
sabe...

Um texto que não foi publicado - Por Edilma Rocha

MENINA DA RUA DA VALA - Por Edilma
O mundo se resumia apenas em uma rua na mente de uma criança. Os limites iam desde a casa do Sr. Antonio Alves até a oficina do Sr. Moreirinha. Sair mais adiante para a escola Pio X na praça da Sé, só acompanhada de Vilanir. E a alma de criança se deliciava com aquele imenso mundo de descobertas vividas em uma rua. A rua da vala.
Menina sapeca, só uma entre três irmãos. As brincadeiras eram de meninos, jogava bola no final da tarde enquanto todos trabalhavam na casa e depois de muito corre-corre e suja de barro, era hora de entrar para se tornar uma princesinha. Vestido rodado, grande laço na cintura, meias de crochê; os cabelos eram penteados com capricho, afinal, todas as tardes as menininhas passeavam na calçada. Ao entardecer a luz elétrica dava o sinal para apagar três vezes e tudo escurecia, era hora de dormir. Tudo começava outra vez com um outro dia cheio de novidades na rua da vala...
Tinha o homem que vendia maçãs todas as quintas aguardado por todos com o dinheirinho bem apertado entre os dedos da mão. Vermelhas, brilhantes, lindas como a história de Branca de Neve e estava ali mesmo, naquela rua. As duas da tarde, todos os dias, era do padeiro o caminho da calçada, pão dôce quentinho com a forma de jacaré. Coisas simples e deliciosas para a garotada. Sem deixar de falar do picolé de Bantim que os meninos traziam de uma audaciosa corrida atravessando o beco e chegando a praça Siqueira Campos. Os correios ficava na esquina para colecionar os sêlos. No prédio do palácio do comércio, a alta escadaria para a nossa felicidade e ainda o escritorio da Companhia Real que estampava nas paredes as fotos do lindos aviões, pilotos e aeromoças. Os bangalôs da rua pertenciam as familias ricas, como o Sr. Antonio Alves, Dr. Hermano Teles e Sr. Aderson Tavares. As outras casas eram simples e de paredes coladas, enfileiradas com calçadas que perdiamos de vista até o canal...
O dia mais festivo era de chuva. Todos nas janelas admirando aquele rio forte e perigoso, sair, era proibido. As águas turvas e barrentas que vinham dos dois lados da cidade desciam com uma velocidade tão grande que levavam tudo pelo caminho. Um espetáculo aguardado todos os anos e depois de tudo, a brincadeira dos barquinhos de papel que corriam pelas cochias e iam embora rapidamente... Ficava uma arreia fininha para o jôgo de triangulo e bila; hora dos carinhos e bonecas sairem de casa. Nas noites de São João podíamos ficar até a luz ir embora pois as fogueiras iluminavam a rua da infância. Cada um recebia uma caixinha cheia de traques, pixites e bombinhas compradas em Sr. Heleno. E tudo era festa ! Se ficasse dodói, os doutores estavam na rua; Dr. José Wlisses, Dr. Jéferson e Dr.Mauricio Teles; se precisasse estudar, Juracy Batista estava nos esperando com a terrivel palmatória. Não havia doenças graves, só olhinho com dordolho que amanheciam fechados, nada que uma água morna não resolvesse. Bebia leite com toddy e tomava Emulsão Escot que o papai dizia que era prá não ficar burra e raquítica.
Felizes lembranças que ficaram para sempre de uma rua tão pequena e tão grande no coração de criança... As amiguinhas ? Foram embora atrás dos seus sonhos... Mas reencontrei três preciosas delas, Zelia, Verônica e Socorro Moreira.

Edilma Rocha

Amanhã, 31 de Julho, é o aniversário de Liduína Belchior Vilar !

Aguardamos o momento de apagar as velas . Chamas de vida que ela encerra !

Um abraço carinhoso , meu, em especial !

Dois Corações (A arte de amar)- Por Vera Barbosa

"De que é feito o amor? Dizem que o amor é paz." Os versos, na voz de Nana Caymmi, dão início à bela canção, e eu me ponho a acreditar que a afirmação é verdadeira. Depois de um longo processo de reconstrução interior, finalmente, redescobri o amor - e ele a mim. E, nessa fase de purificação do sentimento, sinto-me leve como uma bolinha de sabão. Serenidade, substantivo abstrato essencial à concretização da felicidade. A definição a meu respeito, hoje, é essa: estou serena.

Nos últimos meses, eu vinha me policiando e me reservando, a fim de evitar uma aproximação nociva de quem quer que fosse. Tá, eu não sou de cristal, mas quebro. Fico sem as pernas quando me decepciono com alguém e, a partir daí, faço mil questionamentos, revejo meus atos e conceitos (e também dos que me são próximos) à procura de uma resposta sobre o descaso com que as pessoas tratam os sentimentos alheios. Enfim, eu penso sem parar e não chego a conclusão alguma, além das tão conhecidas por todos: o ser humano é inconstante, egoísta e incompreensível.

Entretanto, em se tratando do que eu sinto e penso, tenho muita clareza do que me agrada, bem como do que tenho a oferecer e também do que espero. "Eu nunca quis pouco, falo de quantidade e intensidade", como Caetano explicitou. Claro, como qualquer outra pessoa, também tenho dúvidas, mas, quando elas surgem, eu não as ignoro, pois acredito que podem crescer e virar um bicho de sete cabeças que acabará me engolindo. E o começo-meio-e-fim vira um círculo vicioso: eu vivo, experimento, sinto. Aí, tudo vai pelo ralo, e eu recomeço o ciclo.

Diante das decepções vividas, eu decidi ficar na minha e evitei, ao máximo, um contato mais íntimo com qualquer pretendente. Em alguns momentos, hesitei e sucumbi ao desejo de burlar a solidão, mas nada que significasse uma ameça incisiva de quebra do meu silêncio. E fui ficando assim, bem comigo mesma, tranquila, desisti de apressar o rio e deixei que ele corresse sozinho. Foi então que constatei mais uma verdade: se você cuida bem do seu jardim, não precisa caçar borboletas, pois elas vêm e pousam sozinhas em seu canteiro.

Para arrematar o raciocínio, apesar dessa contenção de emoção a que me propus, nunca deixei de acreditar no ser humano e no amor. E a vida, tão generosa comigo, apronta suas peripécias e me coloca no caminho da refação sentimental. Quando menos espero, estou pronta para outra. Outra experiência, veja bem, não outra decepção. Porque essa sempre magoa e maltrata, não há como estar pronta para recebê-la.

E foi assim que tudo aconteceu, natural e espontaneamente. Chegou o momento de me entregar de corpo e alma e, sem pudores, me desnudo para essa que ainda é a melhor de todas as sensações que a vida pode nos proporcionar. Termino com os versos do saudoso Gonzaguinha, num brinde à delicadeza do amor.

Vida, vida, vida
Que seja do jeito que for
Mar, amar, amor
Se é dor, quero um mar dessa dor
Quero meu peito repleto
De tudo que eu possa abraçar
Quero a sede e a fome eternas
De amar, e amar, e amar

por Vera Barbosa

Viagem - Por Ana Cecília S.Bastos

 
Ela registrou seus sonhos no caderno que lhe dei
de presente.
Ela arrumou na mala pedaços  de sua alma.
Suas veias abertas sangram em despedida.
Ela diz adeus para lugar nenhum e parte,
sem quandos nem ondes.

Fantasmas melancólicos dormem em sua cama
solitária.

A lágrima sobre a mesa.


por Ana Cecília.

CESUMAR - Universidade Privada de Maringá ( PR)- por Edmar Cordeiro

Edmar , depois  de vivenciar as festividades  do Cariricaturas, voltou  para sua morada , e nos manda notícias de lá. 

Abraços ! Você deixou saudades.

Hoje, hoje! às 20h, SESC de Juazeiro do Norte.

Por Vera Barbosa



o verbo
mudo
não me cala
o verso


                                                                     ( Vera Barbosa)

Conversa puxa conversa (4) - Por Sônia Lessa



A fila do supermercado era longa.
Dava tempo de muita conversa.
O fio da meada era o preço do ovo de Páscoa: ela ia comprar na cidade,
segundo uma amiga, era mais barato.
Argumentei que não valia a pena,
a passagem do ônibus equivalia à diferença.
Contou-me que era cobradora de ônibus,
tinha carteira para andar "de graça".
Disse-lhe que deveria ser por isso que seu rosto me era familiar.
Cabelo sarará, olhos verdes, pele clara,
certamente cruzamento de judeu com negro.
Ponderou que talvez não fosse ela quem eu pensava,
pois há dois anos estava de licença.
Havia sido vítima de 6 assaltos e tomara a decisão de pedir demissão.
O gerente lhe sugeriu licença médica. Categórica, observou
que o conselho do gerente era melhor situação
para a empresa e para ela:
para a empresa, porque era sabido que cobradores de ônibus
costumam reaver, através da Justiça,
o dinheiro com que ressarcem a companhia quando ônibus são assaltados;
para ela, porque ainda devia o correspondente aos 2 últimos assaltos
e durante a licença não era permitido que lhe fizessem descontos no salário.
Melhor então que ficasse à custa do INSS.
Interrompi minha recém-conhecida nesta parte da conversa
e confessei minha surpresa por não saber
que os cobradores dos ônibus assaltados arcam com tal prejuízo.
Explicou-me que os donos das empresas fazem isso
para evitar combinações entre cobradores e assaltantes...
Nessa altura, atônita, ainda pude perguntar-lhe
se em alguma das vezes havia sido agredida.
Fez expressão de sofrimento e com um gesto de cabeça afirmou que sim.
Começou a falar baixinho, só para mim,
deixando curiosas nossas vizinhas de fila.
Foi-se chegando, cabeça quase encostada na minha,
cochichou que o pior acontecera fora do ônibus.
Costumava sair de casa às 3 horas da manhã, porque às 4
partia o primeiro ônibus da garagem.
Estava com a farda de cobradora
e mesmo assim fora estuprada por 3 homens.
Nas ocorrências dentro do ônibus, pelo menos, os assaltantes
levavam somente o dinheiro que depois lhe descontavam.
Nessa vida já se iam 4 anos.
Agora seus nervos estavam esgotados.
Foi licenciada e talvez lhe aposentassem.
Na última eleição para deputado o gerente lhe visitara em casa
e advertiu-lhe de que o INSS podia ter métodos capazes de reabilitá-la,
sobre isso não sabia ao certo. Mas o motivo da visita era lembrá-la
que o dono da empresa era candidato
e contava com o voto dos empregados.
Em tom de quem extrai confissão perguntei-lhe se havia votado nele.
Secou as lágrimas com o dorso da mão que segurava
um pacote de margarina.
Outra vez, fez expressão de sofrimento
e com um gesto de cabeça afirmou que sim.

Ilustração do artista plástico cearense Mário Sanders
por Sônia Lessa