Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

domingo, 18 de julho de 2010

Correio Musical

O fim do encanto
É o início de outro encanto
Amor em meta(mor)fase  !

(socorro moreira)

Cascata do Crato - foto by Nívia Uchôa

Na Praça Siqueira Campos - fotos by Nilo Sérgio

Faltam 4 dias para as festividades do Cariricaturas !

Colaboradores e leitores, vocês são convidados !

Dia 22.07- no teatro Rachel de Queiroz- 19 h
-Lançamento do livro " Poeiras na Réstia"  do escritor cratense Everardo Norões.
-Amostra " Cascas do Crato" , esculturas  da artista plástica , Sônia Lessa Norões
- Recital de piano "O dom da música" por Dihelson Mendonça
Entrada franca

Dia 23.07- Almoço literário, no Quatro Estações-
12,00 por pessoa

Dia 24.07- Festa de lançamento do Livro "Cariricaturas em prosa e verso "- coletãnea de 33 autores.

- Cerimonial de lançamento
- Performances poéticas
- Coquetel
- Sorteio de brindes ( cortesia de Elmano Rodrigues Pinheiro)
-Baile , animado por Hugo Linard e Banda

Mesas : 40,00 ( 4 ingressos e um exemplar do livro)

Informações pelos telefones : 35232867 ,  88089685  , 99444161 ( socorro moreira)

Aguardamos a presença de todos !

Claude, Socorro, Edilam e Emerson ( coordenação)

A poesia de Maiakovski

DE "V INTERNACIONAL"

Eu
à poesia
só permito uma forma:
concisão,
precisão das fórmulas
matemáticas.
Às parlengas poéticas estou acostumado,
eu ainda falo versos e não fatos.
Porém
se eu falo
"A"
este "a"
é uma trombeta-alarma para a Humanidade.
Se eu falo
"B"
é uma nova bomba na batalha do homem.

(tradução: Augusto de Campos)



ESCÁRNIOS

Desatarei a fantasia em cauda de pavão num ciclo de matizes, entregarei a alma ao poder do enxame das rimas imprevistas.
Ânsia de ouvir de novo como me calarão das colunas das revistas esses que sob a árvore nutriz es-
cavam com seus focinhos as raízes.

(tradução: Augusto de Campos e Boris Schnaiderman)



BLUSA FÁTUA

Costurarei calças pretas
com o veludo da minha garganta
e uma blusa amarela com três metros de poente.
pela Niévski do mundo, como criança grande,
andarei, donjuan, com ar de dândi.

Que a terra gema em sua mole indolência:
"Não viole o verde de as minhas primaveras!"
Mostrando os dentes, rirei ao sol com insolência:
"No asfalto liso hei de rolar as rimas veras!"

Não sei se é porque o céu é azul celeste
e a terra, amante, me estende as mãos ardentes
que eu faço versos alegres como marionetes
e afiados e precisos como palitar dentes!

Fêmeas, gamadas em minha carne, e esta
garota que me olha com amor de gêmea,
cubram-me de sorrisos, que eu, poeta,
com flores os bordarei na blusa cor de gema!

(tradução: Augusto de Campos)


Vladimir Vladimirovich Mayakovsky (Влади́мир Влади́мирович Маяко́вский) (7 de julho (calendário juliano) / 19 de julho (calendário gregoriano) de 1893, em Bagdadi, Geórgia – 14 de abril de 1930, em Moscou, Rússia) foi um poeta, dramaturgo e teórico russo, frequentemente citado como um dos maiores poetas do século XX, ao lado de Ezra Pound e T.S. Eliot.

Clementina deJesus



Clementina de Jesus da Silva (Valença, 7 de fevereiro de 1901 — Rio de Janeiro, 19 de julho de 1987) foi uma cantora brasileira de samba. Também era conhecida como Tina ou Quelé.

Lista de escritores do livro "Cariricaturas em prosa e verso"



01. Ana Cecília Bastos /Rute Barreto

02. Armando Lopes Rafael /

03. Assis Lima /
04. Bernardo Melgaço/Claude Bloc

05. Carlos Esmeraldo

06. Carlos Rafael

07. Claude Bloc

08. Corujinha Baiana/Zélia Moreira

09. Dimas de Castro

10. Domingos Barroso/Carlos Rafael

11. Edilma Rocha

12. Edmar Lima Cordeiro

13. Emerson Monteiro

14. Everardo Norões/Joaquim Pinheiro

15. Isabela Pinheiro

16. J. Flávio Vieira/Luis Carlos Salatiel

17. João Marni
18. João Nicodemos

19. Joaquim Pinheiro

20. José do Vale Feitosa/Almina Arraes

21. José Newton Alves de Sousa

22. José Nilton Mariano/Emerson Monteiro

23. Liduína Vilar
24. Magali Figueirêdo
25. Marcos Barreto/Elsa Barreto

26. Olival Honor

27. Rejane Gonçalves/Stela Siebra
28. Roberto Jamacaru
29. Socorro Moreira
30. Stela Siebra Brito

31. Vera Barbosa/Socorro Moreira

32. Wilton Dedê
33.Bruno Pedrosa / Edilma Rocha


O  mais depressa  possível estaremos enviando a quota de livros devida aos  escritores ausentes, através dos seus representantes.

Se alguém desejar um exemplar do livro em lançamento , basta contatar  um dos tais : 
Edilma, Claude, Socorro ou Emerson.

Receita de Brigadeirão - Colaboração de Fátima Figueirêdo

Brigadeirao de nutella

5 ovos
02 latas de leite condensado
01 xic de leite
06 colheres de chocolate do frade
01 colher de sopa de margarina
01 pote de nutella
Bata no liquidificador os ovos ( bater bem) ,o leite condensado e demais ingredientes, coloca em forma untada polvilhada com açúcar Coloca para assar em banho Maria.
Deliciosa!

CLIQUE -Por Edilma Rocha


Everardo Norões e Você - José do Vale Pinheiro Feitosa

Guerrilheiro, andarilho do terceiro mundo, político de seiva, erudito, universal como a cratera de um vulcão, vivente de muitas vidas numa apenas, cratense inconcluso, Everardo Norões é um dos poetas mais maduros da geração do pós guerra. E muito sério.

Isto é, quem olha Everardo na ambiência social, encontra uma sisudez herdada. Aproxime-se e descobrirá um verbo que tem aquilo que Eça de Queiroz dizia do português falado no Brasil: tem a doçura da cana. Mas não procure que se cristalize definitivamente, logo ele se liquefaz e toma outras formas. Por isso tão múltiplo como dito no início.

Ia me esquecendo dizer de quem herdou. De Plínio Norões, o seu pai, quem o mundo movia-se por quereres, mas também por aleatoriedade. Nem acaso apenas como necessidade somente. A sisudez como atenção pelo momento em curso.

Portanto, neste evento que o Cariricaturas promove de lançamento de mais uma edição de Everardo Norões, o livro “Poeira nas Réstias” o pessoal do Crato tem de se desapegar desta preguiça malsã.

A preguiça que não é nossa e nem nos convém como acontecia nas canções de Dorival Caymmi. Peço aos meus que mande para os quintos dos infernos esta preguiça de televisão, da mesmice pequeno-burguesa do Jornal Nacional e que por falta não perderá a alma. Ganhe sua alma e vá ao Teatro Rachel de Queiroz.

Encontre Everardo em companhia de Sonia e Dihelson Mendonça. Verás quão significados existem neste verbo encontrar: frente a frente; descobrir a consciência; recuperar a própria alma escondida atrás dos cristais luminosos das televisivas. Tudo bem que procure a simplicidade própria, não este sonambulismo hipnotizado por tantos lugares comuns e tanta notícia sangrenta.

No Teatro Rachel de Queiroz, neste dia 22, na próxima quinta feira, não deixe sua alma no éter, dê-lhe a chance de ser ela por ela mesma. Abrace esta intenção, supere o umbral desta casa que lhe prende por exaustão. Vá para a rua e encontre-se. Lembre de um poema de Everardo Norões em seu “Retábulo de Jerônimo Bosch”:

Orley

Ele cruzava
as pontes do recife
em direção à Abissínia.

Nós o seguíamos:
havia sempre um cais,
um segredo,
o elixir das noites mortas.
Aprendíamos
a verdade incompleta,
o sortilégio dos desenganos,
as formas de penetrar,
(de leste a oeste)
a pálpebra das coisas.

Sempre um átomo a pulsar
no vidro,
no sexo,
nos móveis da casa:
a substância mais viva
do esquecimento.

Digo:
o silêncio é uma rua
de janelas fechadas.

Uma longa viagem - Por Marcos Barreto de Melo

Lembro-me do tempo em que eu era criança e via o meu pai fazer uma longa e demorada viagem para a fazenda Boqueirão, no município pernambucano de Bodocó. Tudo me parecia muito distante, um mundo desconhecido e quase inatingível. Os preparativos para a viagem começavam cerca de três dias antes da data marcada e seguiam um verdadeiro ritual. O meu pai não falava em viagem, mas era fácil para nós descobrirmos pelas cenas incomuns que ocorriam ao nosso redor.
Via o meu pai ir ao Crato para comprar numa serraria algumas peças de pau d’arco aparelhadas e entregá-las ao mestre Zé Nanor, que em menos de dois dias de labuta preparava uma bela cancela. Em seguida, uma primeira pintura em vermelho era aplicada.
À sombra de uma generosa e frondosa árvore que cobria o oitão da nossa casa, trabalhava o nosso compadre Neco Soares, exibindo toda a sua habilidade no trato de arreios de couro. Fazendo marras de chocalho, cordas de couro, cabeçadas, rédias para animal, consertando celas ou arrumando cangalhas. Estava desfeito todo o segredo. O meu pai iria mesmo viajar nos próximos dias.
Na véspera, com o sol já para se esconder, via os serviçais da fazenda arrumar os “trens” na carroceria da velha picape chevrolet. Sacas de milho e de feijão para semente, algumas bolas de arame farpado, carro de mão, pá , uma enxada bem encaibrada, um esticador de arame farpado, sacas de sal, veneno pra lagarta e remédio para curar bicheira na vacaria.
De madruga, eu acordava com a movimentação dos viajantes entre a sala e a varanda. A minha mãe ia para a cozinha preparar o café da manhã. Eu me levantava em meio àquela madrugada fria, agasalhado num velho e macio pijama de flanela. Não podia deixar de me despedir do meu velho. E quando ele saia, eu pedia a sua benção. Depois de ver o carro virar a curva da estrada e se perder na escuridão, eu voltava a dormir no quentinho da minha rede. Mas antes, ainda rezava e pedia a papai do céu para acompanhá-lo em sua viagem. Pedia também para que ele não demorasse muito a voltar.
Dias depois, imagino que não mais que uma semana, ele voltava sem nos avisar. Era aquela alegria quando víamos a picape coberta de poeira e de lama aproximar-se de nossa casa. Com ela vinha também um cheiro diferente de uma terra distante e desconhecida. Tinha um cheiro agradável, de mato que a gente não conhecia. E quando ele descia do carro, estávamos em fila ao seu redor novamente a lhe pedir a benção.
Na carroceria, logo descobríamos um carneirinho a berrar, cuja mãe morrera de parto. De agora em diante, ele seria criado por nós. Mas, seria também um novo brinquedo, uma diversão. E no dia seguinte, com o meu pai em casa, a vida voltava ao seu normal. Até que viesse a próxima viagem.


Marcos Barreto de Melo