Criadores & Criaturas
"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata."
(Carlos Drummond de Andrade)
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sexta-feira, 29 de outubro de 2010
Amor incomum - por Socorro Moreira
esta noite não é uma noite comum
seria um insulto tremendo.
Deus não ouviria uma palavra
nem se importaria com a verdade
ou a mentira do verbo.
Quantas palavras para compor um poema
dedicado a Deus?
Mesmo sabendo que Ele não ouviria uma sequer.
Tampouco daria ouvidos aos tremores dos meus lábios.
Mas quantas palavras eu teria força
para escrever um poema
dedicado a Deus?
Haveria de ser simples e humano.
A simplicidade da criança que me resta.
Os horrores da humanidade na minha pele.
Deus não se encaixa no verso
como não cabe na dúvida.
Há tempos me livrei de ser ateu
e nunca soube como é ser devoto.
Somente por minha loucura consigo
imaginar um poema dedicado a Deus.
Mas quantas palavras eu teria força para ocultar
dentro da minha alma?
Não é normal escrever um poema para Deus.
Do mesmo modo que é patética a discussão sobre sua existência.
O meu engenho seria apenas escrever um poema para Deus.
Arrancar cada unha dos meus dedos dos pés e das mãos.
Hei de escrever um poema para Deus.
Sim, tenho que fazê-lo agora.
Esquecerei as palavras
e atearei fogo ao coração
com o silêncio de dentro.
Carta Pedindo Excomunhão - Maíra Kubík Mano
Prezada autoridade papal,
Eu, Maíra Kubík Mano, cidadã brasileira, 28 anos, venho, por meio desta, solicitar à Igreja Católica Apostólica Romana minha excomunhão.
Fui batizada involuntariamente, quando tinha poucos meses de vida, pelos meus pais. Eles nada mais fizeram do que seguir a tradição de seus antepassados e não pretendo nem vou responsabilizá-los por isso.
Contudo, aos 9 anos, fui de livre e espontânea vontade tomar a comunhão (Eucaristia). Fiz o curso necessário para tanto na Igreja Nossa Senhora do Brasil, em São Paulo, SP, Brasil. Durante nove meses, aprendi os preceitos católicos e estudei passagens bíblicas. Em seguida, participei da cerimônia em que recebi, pela primeira vez, a hóstia, ou o corpo de Cristo.
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Desde então, fui à missa poucas vezes e, com o passar do tempo, identifiquei-me cada vez menos com a doutrina católica. Ou, melhor dizendo, com aquela pregada diretamente pelo Vaticano.
É preciso aqui fazer uns parênteses para afirmar que tenho, isso sim, laços fortes com a chamada Teologia da Libertação, que inundou de solidariedade e compromissos sociais os rincões do Brasil na segunda metade do século XX. Mas com esse grupo, imagino, você não está preocupado. Conseguiu isolá-lo, desautorizá-lo, diminuí-lo. Porém, quero registrar aqui que não foi possível enterrá-lo. O exemplo de sua força segue vivo com D. Pedro Casaldáliga, Dom Tomás Balduíno e tantos outros.
De qualquer forma, cheguei à conclusão de que tenho um desacordo absoluto e completo com Sua Santidade, sem possibilidade de repactuação. Entre os pontos mais prementes sobre os quais temos visões diametralmente opostas estão legalização do aborto, casamento gay e utilização de preservativos durante o ato sexual. Isso só para começar a conversa. Poderia discorrer páginas e mais páginas sobre o lugar subalterno e humilhante que vocês têm reservado às mulheres durante séculos a fio.
A gota d’água que me levou a redigir essa carta foi a ordem de Vossa Senhoria para que os pastores orientassem politicamente seus fiéis com base em preceitos morais, tendo em vista a eleição para a Presidência da República que ocorre no próximo domingo (31/10/2010). Bem, para mim o único preceito válido é o do Estado laico e considero um absurdo completo a Igreja se pronunciar sobre isso. Religião e governo misturados é uma fórmula maléfica, que prejudica as liberdades individuais e coletivas e só semeia o autoritarismo doutrinário.
E, como se tudo isso não fosse suficiente, atualmente eu me defino como atéia.
Sendo assim, peço que Sua Santidade seja sensível e caridosa o bastante para compreender que eu não quero mais ser considerada uma parte deste rebanho. Nem oficialmente, nem extra-oficialmente. Me conceda a excomunhão.
Obrigada desde já,
Maíra Kubík Mano
*Texto originalmente publicado no blog Viva Mulher
As Meninas do Brasil - Fausto Nilo e Moraes Moreira
Meninas do Brasil
Moraes Moreira
Composição: Fausto Nilo
Três meninas do Brasil, três corações democratas
Tem moderna arquitetura ou simpatia mulata
Como um cinco fosse um trio, como um traço um fino fio
No espaço seresteiro da elétrica cultura
Deus me faça brasileiro, criador e criatura
Um documento da raça pela graça da mistura
Do meu corpo em movimento, as três graças do Brasil
Têm a cor da formosura
Se a beleza não carece de ambição e escravatura
E a alegria permanece e a mocidade me procura
Liberdade é quando eu rio na vontade do assobio
Faço arte com pandeiro, matemática e loucura
REFRÃO
Serenatas do Brasil, eu serei três serenatas
Uma é o coração febril, a outra é o coração de lata
A terceira é quando eu crio na canção um desafio
Entre o abraço do parceiro e um pedaço de amargura
REFRÃO
Se eu ganhasse o mundo inteiro, de Amélia a Doralice
De Emília a Carolina, e os mistérios de Clarice
Se teu nome principia, Marina no amor Maria
Só faria melodias com a beleza das meninas
REFRÃO
Quando o povo brasileiro viu Irene dar risada
Clementina no terreiro restaurando a batucada
Muito além de um quarto escuro, nos olhos da namorada
Eu sonhava com o futuro das meninas do Brasil
Luiz Carlos Salatiel - Emerson Monteiro
Antenógenes Silva - por Norma Hauer
Norma
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Papa e Aborto
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É importante que na intervenção do Papa na política interna do Brasil acerca do tema do aborto, tenhamos presente este fato para não sermos vítimas de hipocrisia: nos catolicíssimos países como Portugal, Espanha, Bélgica, e na Itália dos Papas já se fez a descriminalização do aborto (Cada um pode entrar no Google e constatar isso). Todos os apelos dos Papas em contra, não modificou a opinião da população quando se fez um plebiscito. Ela viu bem: não se trata apenas do aspecto moral, a ser sempre considerado (somos contra o aborto), mas deve-se atender também a seu aspecto de saúde pública. No Brasil a cada dois dias morre uma mulher por abortos mal feitos, como foi publicado recentemente em O Globo na primeira página. Diante de tal fato devemos chamar a polícia ou chamar médico? O espírito humanitário e a compaixão nos obriga a chamar o médico até para não sermos acusados de crime de omissão de socorro.
Curiosamente, a descriminalização do aborto nestes paises fez com que o número de abortos diminuisse consideravelmente.
O organismo da ONU que cuida das Populações demonstrou há anos que quando as mulheres são educadas e conscientizadas, elas regulam a maternidade e o número de abortos cai enormente. Portanto, o dever do Estado e da sociedade é educar e conscientizar e não simplesmente condenar as mulheres que, sob pressões de toda ordem, praticam o aborto. É impiedade impor sofrimento a quem já sofre.
Vale lembrar que o canon 1398 condena com a excomunhão automática quem pratica o aborto e cria as condições para que seja feito. Ora, foi sob FHC e sendo ministro da saude José Serra que foi introduzido o aborto na legislação, nas duas condições previstas em lei: em caso de estupro ou de risco de morte da mãe. Se alguém é fundamentalista e aplica este canon, tanto Serra quanto Fernando Henrique estariam excomungados. E Serra nem poderia ter comungado em Aparecida como ostensivamente o fez. Mas pessoalmene não o faria por achar esse cânon excessivamente rigoroso.
Mas Dom José Sobrinho, arcebispo do Recife o fez. Canonista e extremamente conservador, há dois anos atrás, quando se tratou de praticar aborto numa menina de 9 anos, engravidada pelo pai e que de forma nenhuma poderia dar a luz ao feto, por não ter os orgãos todos preparados, apelou para este canon 1398 e excomungou os medicos e todos os que participaram do ato. O Brasil ficou escandalizado por tanta insensibilidade e desumanidade. O Vaticano num artigo do Osservatore Romano criticou a atitude nada pastoral deste Arcebispo.
É bom que mantenhamos o espírito crítico face a esta inoportuna intervenção do Papa na politica brasileira. Mas o povo mais consciente tem, neste momento, dificuldade em aceitar a autoridade moral de um Papa que durante anos ocultou o crime de pedofilia entre padres e bispos.
Como cristãos escutaremos a voz do Papa, mas neste caso, em que uma eleição está em jogo, devemos recordar que o Estado brasileiro é laico e pluralista. Tanto o Vaticano e o Governo devem respeitar os termos do tratado que foi firmado recentemente onde se respeitam as autonomias e se enfatiza a não intervenção na política interna do pais, seja na do Vaticano seja na do Brasil.
Um abraço bem fraterno
Leonardo Boff
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MARCHA PARA A OCIOSIDADE – por Pedro Esmeraldo
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Um vídeo golpista circula na internet - José do Vale Pinheiro Feitosa
Estou falando de um vídeo, chamado, Dilma 2012 – o fim está próximo, que apareceu nas páginas on-line do Globo, do UOL e do blog do Noblat e da Campanha de Serra sem qualquer condenação à pregação golpista. É um vídeo profissional, com roteiro bem construído por cineastas, de ficção futurista, que chupa o nome de um filme americano em que um meteoro bate na terra e são preparados submarinhos imensos para salvar apenas representantes do G8. Abandone-se o resto, a escória da humanidade, é a mensagem.
Aí começa o primeiro patamar da psicologia de massa, ele se destina à classe média brasileira insegura com a crise mundial do capitalismo, subliminarmente promete um submarinho apenas para ela. O segundo patamar são os alvos dos segmentos a se unir no golpe: igreja católica, militares, empresas de comunicação, os governadores do PSDB e o povo paulistano igual àquelas passeatas de 64.
O vídeo tem um pé tão atolado na lama do golpe de 64 que não perde o vício da subserviência aos americanos, quando chama a CNN para lhe dar uma mão. Passa a impressão para o ouvinte que já a tem às mãos. Do mesmo modo promove todos os “demônios comunistas” que iriam se aliar a Dilma: Hugo Chávez e o presidente do Irã, esqueceram Fidel, este já não tem mais apelo.
Os democratas têm dois caminhos possíveis. O primeiro é usar o mesmo método para confrontar os golpistas, mas denunciando-os à justiça como o melhor campo para que se dirimam dúvidas se esta pregação é aceitável num estado de direito. Ou convocar o candidato Serra a condenar o conteúdo do que está ali como um crime contra a própria biografia do candidato. As mágoas passam, mas os golpes destroem o futuro.
Em toda democracia moderna o seu curso num deixou de receber os ventos do extremismo minoritário. Quando esta o bem compreende, ele se torna apenas um ponto no campo vasto das ações democráticas.
Tempo. Liduina Belchior.
PENSAMENTO PARA OS DIAS...
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Pensamento para o Dia 29/10/2010
“Seres humanos comuns lutam para conquistar felicidade material e prazeres externos. Eles não procuram a bem-aventurança espiritual (Ananda) que o Atma, sua realidade interior, pode conceder. Eles perdem a grande oportunidade de experimentá-la e não tomam todas as medidas necessárias para esse propósito. A todo momento, sua atenção está voltada apenas para o mundo externo. Eles não se voltam para dentro. Olhar para fora é característica dos animais, não dos humanos. Os órgãos importantes da percepção dos sentidos do corpo humano—olho, nariz, língua etc.—todos se abrem para o exterior, a fim de manter contato com objetos externos. O Senhor Deus é a personificação da doçura indivisível (Rasa), a casa do tesouro da bem-aventurança, que pode ser conscientizado somente quando você olhar para o seu interior. Uma pessoa sábia se esforçaria gradual e constantemente em olhar para dentro de si e adquirir essa vitória da Bem-aventurança.”
Sathya Sai Baba
Pensamento para o Dia 28/10/2010
“A mente está envolvida em duas atividades: Alochana ou planejamento e Sambhashana ou diálogo. Ambos seguem linhas diferentes. Planejamento é a intenção de resolver os problemas que se apresentam diante da mente. Diálogo multiplica os problemas e confunde as soluções causando confusão e adoção de meios errados e prejudiciais para resolvê-los. A conversa interior e o palavrório controverso estendem-se desde a manhã até a noite, até que o sono tome conta da mente. Eles causam problemas de saúde e o início precoce da velhice. Os tópicos em que a conversa se baseia são principalmente as faltas e fraquezas dos outros e as suas venturas e desventuras. Esse diálogo permanente é a essência de todas as misérias do homem. Ele cobre a mente com a escuridão. Ele cresce descontroladamente, muito rapidamente, e suprime o verdadeiro valor da pessoa.”
Sathya Sai Baba
OS GRANDES CRAQUES DO PASSADO – por Pedro Esmeraldo
Crato-Ce, 28/10/2010
Artigo de autoria de Pedro Esmeraldo
Omara Portuondo - 80 anos
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Esta dama da música cubana, de voz macia como o veludo, iniciou sua caminhada artística aos 15 anos, quando era conhecida como “la novia del filin”, estilo romântico que marcava o cenário de Cuba. Seu talento é inato, desenvolveu-se naturalmente, sem que ela precisasse se dedicar à teoria no interior dos estabelecimentos de ensino musical. Sua verdadeira escola foi seu lar, seus mestres os próprios pais, que cultivavam o hábito de cantar depois do almoço. Primogênita de três irmãos, já na infância ela improvisava duplas com o pai, fonte de muitas das músicas que ela posteriormente gravaria em seus discos.
Magia Negra foi seu primeiro álbum individual, lançado em 1959, com destemidas doses de música produzida na ilha e jazz procedente dos Estados Unidos. Na época em que o governo norte-americano rompe relações com Cuba por conta da questão dos mísseis, as irmãs se encontram em Miami. Enquanto Omara opta por retornar a sua terra natal, Haydee prefere se refugiar na América do Norte.
Sua recente aparição no filme Buena Vista Social Club, cantando junto com Ibrahim Ferrer e Compay Segundo, lhe garantiram finalmente o reconhecimento internacional. Em 2008 Omara cantou ao lado da cantora brasileira Maria Bethânia, em turnê histórica pelo Brasil, a qual rendeu um álbum, um DVD e um belíssimo livro ricamente ilustrado, com registros desse encontro inesquecível. Nesse mesmo ano lança o CD Gracias, com participações de Chico Buarque, Pablo Milanês, Jorge Drexler, Cachaito e Chucho Valdés.
(Juan Formell)
Tal vez
Si te hubiera besado otra vez
Ahora fueran las cosas distintas
Tendrías un recuerdo de mí
Pero tal vez
Si tú hubieras hablado mi amor
Te tendría aquí a mi lado
Y serías feliz
Tal vez
Si al despedirte de mí
Tus manos tibias
Hubieran tocado mis manos
Diciéndome adiós
Pero tal vez (Refrão)
Tal vez
Si te hubiera besado otra vez
Ahora fueran las cosas distintas
Tendría un recuerdo de ti
Pero tal vez (Refrão)
Tal vez
Si al despedirte de mí
Tus manos tibias hubieran tocado
Mis labios diciéndome adiós
Pero tal vez (Refrão)