Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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sexta-feira, 29 de outubro de 2010

esta noite não é uma noite comum

Dedicar um poema a Deus
seria um insulto tremendo.

Deus não ouviria uma palavra
nem se importaria com a verdade
ou a mentira do verbo.

Quantas palavras para compor um poema
dedicado a Deus?

Mesmo sabendo que Ele não ouviria uma sequer.
Tampouco daria ouvidos aos tremores dos meus lábios.

Mas quantas palavras eu teria força
para escrever um poema
dedicado a Deus?

Haveria de ser simples e humano.
A simplicidade da criança que me resta.
Os horrores da humanidade na minha pele.

Deus não se encaixa no verso
como não cabe na dúvida.

Há tempos me livrei de ser ateu
e nunca soube como é ser devoto.

Somente por minha loucura consigo
imaginar um poema dedicado a Deus.

Mas quantas palavras eu teria força para ocultar
dentro da minha alma?

Não é normal escrever um poema para Deus.
Do mesmo modo que é patética a discussão sobre sua existência.

O meu engenho seria apenas escrever um poema para Deus.
Arrancar cada unha dos meus dedos dos pés e das mãos.

Hei de escrever um poema para Deus.
Sim, tenho que fazê-lo agora.

Esquecerei as palavras
e atearei fogo ao coração
com o silêncio de dentro.

6 comentários:

José do Vale Pinheiro Feitosa disse...

Domingos é um guerreiro desafiando o supremo. Um guerreiro sertanejo, que vai dialogando com a fera, entre revelar seu medo, o quanto é inóquo o diálogo com quem não o escuta, e vai dizendo e se aproximando dela. E chega, nem percebe e está dentro da fera, se queimando e no silêncio com o qual o supremo não o atinge ou ele atingiu a fera.

Um digno poema nordestino. Só lembrando das lutas de Glauber Rocha, mas deixando Domingos à vontade pois quem sabe dele é ele.

Domingos Barroso disse...

José do Vale Pinheiro Feitosa,
tu não imaginas como sempre
é prazeroso ouvir teu olhar
preciso.

Forte abraço.

Liduina Belchior disse...

Domingos Barroso,

Esta não seria mesmo uma noite comum,a não ser que você se livrasse dos arquétipos introjetados na gente por nossos ancestrais e fizesse o mais bonito de seus poemas dirigidos ao Divino.
Sem horrores e sabendo sim, que Ele iria sentir e perceber sua tônica.
Não há necessidade da insanidade mental, basta pensar e escrever.
Arrisco dizer que você possui a facldade para tal.

Abraços Com ares do Criador: liduina.

socorro moreira disse...

Se eu atear fogo no meu coração queimo a planta do amor umedecida e verde.
Noite nenhuma é comum, minhas lágrimas são estrelas.
O céu do meus sonhos
permite todos os encontros
Existe uma alegria indisfarçável
a alegria de amar,
mesmo sem jeito,
num eterno encabulecer
Porque declarar
é exsaurir
o que precisa crescer.
Ainda acredito nas possibilidades
sem fim
com destino de construção
numa realidade concreta, mas inversa....
O que se leva ?
Amor vai junto do caixão.

Domingos Barroso disse...

Liduiana,
obrigado pelas gentis palavras.

Carinhoso abraço.

Domingos Barroso disse...

Socorro,
belo poema
...

Carinhoso abraço.