Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O TREM



O trem

Lá vem... lá vem o trem.

Gigante. Imponente. Com os seus vagões, de carga ou de passageiros, encantava a criançada. No início, a Maria Fumaça que, movida à lenha, deixava o seu ruído ser interpretado, na doce ingenuidade embalada pelo espírito leve e criativo de criança, de café com pão, bolacha não...café com pão, bolacha não. Piui...Piui... Aos poucos, a Maria Fumaça foi substituída por um maquinário moderno, mais elegante, de cores vibrantes. Revelando sempre a sua imperiosidade, ainda distante, através de sua buzina estridente, sibilante, trilhando entre os seus trilhos e a paisagem verde, anunciava, em breve, a sua passagem. E, a criançada, destemida e abraçada por sonhos e fantasias, deixava para trás toda a brincadeira, chinelos e, com vestes despojadas, cabelos soltos ao vento, corria em direção ao seu encontro. Não importava a temperatura da terra, do sol ardente, dos espinhos que atravessavam o caminho. Nada era empecilho para desfrutar dessa aventura, de acenar para os passageiros, como um gesto de saudação, onde a satisfação se fazia presente em cada rosto, pelo sorriso singelo e inocente, próprio da idade.

Gigante em seu tamanho. Para a criançada, nada mais que um brinquedo miudinho, que, atrelado às suas estripulias, em período de férias, deleitava-se na mais doce ingenuidade de brincar com os seus trilhos, sobrepondo areia e pedras, na ilusão de desviar o seu percurso. E o trem continuava com a sua imponência, suavemente deslizando sobre os seus trilhos, ignorando e jogando ao lado as pedras e areia ali depositadas pelas nossas travessuras.

Tanta inocência! Somente o mundo de fantasias poderia responder tão grandioso desafio.

Hoje, cada um seguiu o seu destino. O trem, a criançada com os seus sonhos, fantasias e estripulias, bem como os demais habitantes daquela região, que, dos alpendres e calçadas de suas casas, contemplavam a sua passagem. O tempo passou e levou consigo todo o encantamento do trem. Com ele, muitos passageiros fizeram sua última viagem em busca de uma nova vida. Da bagagem, sentimentos, amizades, sonhos, alegrias e lembranças que adoçam a nossa existência.

E o trem de passageiros, assim como aconteceu com a Maria Fumaça, seguindo o ritmo da vida, ficou para trás. Lá se foi o trem... lá se foi o trem. Assim é a vida. Vivendo cada um o seu momento. Agora o espaço é do metrô, que certamente encantara a criançada.



Sítio São José – Crato – Ce
Teresa Barreto M. Peretti (Tetê)

PARTICIPE, PARTICIPE! Concurso ZOOMCARIRI de Fotografias!

Mais brindes surgiram para o grande ganhador do CONCURSO ZOOMCARIRI. A produtora e locadora de fotografias, a "LOCALFOTO" uma das mais conceituadas no Nordeste, fará brindes de livros e, a fotógrafa Nívia Uchôa, brindará com uma de suas belas fotos.

Partipem, participem, participem!

Ray Charles


Ray Charles (Albany, 23 de Setembro de 1930 — Los Angeles, 10 de Junho de 2004) foi um pianista pioneiro e cantor de música soul que ajudou a definir o seu formato ainda no fim dos anos 50, além de um inovador intérprete de R&B.

Seu nome de nascimento era Ray Charles Robinson, mas ele encurtou-o quando entrou na indústria do entretenimento para evitar confusão com o famoso boxeador Sugar Ray Robinson. Considerado um dos maiores gênios da música negra americana, Ray Charles também foi um dos responsáveis pela introdução de ritmo gospel nas músicas de R&B.


Romy Schneider


Romy Schneider, nome artístico de Rosemarie Magdalena Albach (Viena, 23 de setembro de 1938 — Paris, 29 de maio de 1982) foi uma atriz austríaca que atuou no cinema europeu, especialmente no francês.

Pablo Neruda


Pablo Neruda (Parral, 12 de Julho de 1904 — Santiago, 23 de Setembro de 1973) foi um poeta chileno, bem como um dos mais importantes poetas da língua castelhana do século XX e cônsul do Chile na Espanha (1934 — 1938) e no México.

Pablo Neruda

Já és minha. Repousa com teu sonho em meu sonho.
Amor, dor, trabalhos, devem dormir agora.
Gira a noite sobra suas invisíveis rodas
e junto a mim és pura como âmbar dormido.
Nenhuma mais, amor, dormirá com meus sonhos.
Irás, iremos juntos pelas águas do tempo.
Nenhuma mais viajará pela sombra comigo,
só tu, sempre-viva, sempre sol, sempre lua.
Já tuas mãos abriram os punhos delicados
e deixaram cair suaves sinais sem rumo,
teus olhos se fecharam como duas asas cinzas.
Enquanto eu sigo a água que levas e me leva:
a noite, o mundo, o vento enovelam seu destino,
e já não sou sem ti senão apenas teu sonho.

O Vento na Ilha (Pablo Neruda)

Brincando com as sobrinhas - Por Caio Marcelo

Pérola da MPB - Copo Vazio - Para Aloísio

COMPOSITORES DO BRASIL

Eu prefiro a dor de uma saudade
A ter de lhe perdoar sem razão
Você roubou meu sossego
Zombou da minha aflição
Agora é tarde demais
Seu erro não tem perdão.

(Seu erro não tem perdão - Lauro Maia e Humberto Teixeira)

LAURO MAIA

Por Zé Nilton

A Lauro Maia Teles, cearense de Fortaleza, (06/11/1912 - 05/01/1950) cabe o mais justo elogio e reconhecimento a um compositor de rara nobreza e de uma visão aberta sobre a música e o fazer musical. Regionalista dos mais apegados compunha verdadeiras obras primas de valor universal.

Possuía algo mais no ofício de compositor, pois era um pesquisador em tempo integral, e com o mesmo entusiasmo anotava os modos de ser e de fazer musicais tanto do meio urbano quanto do rural.

Como tantos, aprendeu música em casa, no seio da família. Consta que sua mãe, pianista e professora de teoria musical, obrigou-lhe severamente a aprender o clássico instrumento. Como tantos, sofreu/gozou seu rito de passagem na arte musical no rádio, no seu caso, na famosa Ceará Rádio Clube – PRE-9.

Em suas andanças como pesquisador adentrou o Cariri, e daqui colheu a musicalidade do tempo, e criou em cima do que muito ouviu ritmos como o balanceado, a ligeira e o miudinho. Descobriu e estimulou muitos músicos principalmente de Jardim, no caso o virtuoso Zé Menezes, que o acompanhou em suas primeiras composições, como a clássica “Saudades do Cariri”, gravada ao vivo na PRE-9. Não ficou por aí. Compôs uma música chamada “Catolé”, que segundo Nirez teria sido criada sobre motivos populares da região do Cariri.

Influenciou muitos compositores e cantores na era da renovação da música popular brasileira. João Gilberto chegou a gravar uma de suas mais belas composições, “Trem de Ferro”, no seu terceiro LP, gravado em 1961.

Excelente músico e arranjador não se esmerou na arte da escrita musical. Contudo, teve uma sorte danada, pois o imponderável colocou no seu caminho de grande artista, quando chega ao Rio de Janeiro, na década de 1940, o poeta do Sertão, o criativo Humberto Teixeira, seu cunhado. Foi ele quem burilou e arrumou melhor as letras de Lauro, e daí surgiu uma grande parceria.

Lauro Maia, no entanto, interrompe a parceria. Movido mais por sua humildade, declina de um pedido de parceria vindo de Luiz Gonzaga. E para o bem da música encaminha Luiz Gonzaga para Humberto Teixeira. O resultado todos conhecemos...

Bom, vamos deixar os caros amigos da resistência musical saber mais sobre Lauro Maia através do eminente e sério pesquisador cearense, o nosso amigo Miguel Ângelo de Azevedo, o Nirez, no seu livro “ O Balanceio de Lauro Maia. Secretaria da Cultura , Turismo e Desporto do Ceará, 107 páginas, 19 ilustrações, 1991.

Nesta quinta, de 14 às 15, na Rádio Educadora do Cariri, em Crato, vamos falar e tocar algumas músicas de Lauro Maia no programa Compositores do Brasil.

Na sequencia:

POEMA MORTAL, de Lauro Maia e Humberto Teixeira, com Orlando Silva
SAMBA DA ROÇA, de Lauro Maia e Humberto Teixeira com David Duarte
EU VI UM LEÃO, de Lauro Maia com Quatro Ases e um Coringa
FAN RAN FUN FAN, de Lauro Maia com Fagner
TABOLEIRO D´AREIA, de Lauro Maia com Os Vocalistas Tropicais
TREM DE FERRO, de Lauro Maia com João Gilberto
EU VOU ATÉ DE MANHÃ, marcha do balanceio, de Lauro Maia com Joel e Gaúcho
É MUITO TARDE, de Lauro Maia com Lúcio Ricardo
O TREM Ô, LÁ, LÁ, de Lauro Maia e Humberto Teixeira, com Carmélia Alves
DEUS ME PERDOE, de Lauro Maia e Humberto Teixeira com Ciro Monteiro
SAUDADES DO CARIRI, instrumental de Lauro Maia com acompanhamento de músicos da PRE-9 e Zé Menezes.

Quem ouvir verá!

Compositores do Brasil
Rádio Educadora do Cariri
www.radioeducadoradocariri.com
Acesse: www.blogdocrato.com
Quintas-feiras, de 14 às 15 horas
Pesquisa, produção e apresentação de Zé Nilton

Motivos para ser feliz - Emerson Monteiro

Alguns dias, coisas deixam de acontecer do jeito que pretendíamos vê-las junto de nós. Nessas horas balançadas, espécie de peso desnecessário além até das proporções de costume, pressiona os nossos ombros, feito impacto nos sentimentos, a mexer nas fibras internas, querendo nos tirar do sério e quase que invadindo o caminho normal do barco.
Ficamos por ali, desconfiados, assim meio contrariados diante dos acontecimentos, vendo um tanto mais de cores cinza forte no mundo meio cinza fraco do lado de fora, entre movimentos de máquinas e da barulheira tradicional com quem já nos acostumávamos, no espaço da cidade.
Alguma descalibragem na direção, talvez fruto do desgaste das estradas. Todavia a fase com certeza passará, na dependência ao modo como encaramos aborrecimentos e pelejas de outras ocasiões.
Às vezes isso nasce dos desencontros de opinião no meio das pessoas, porém ninguém deve homenagem a ninguém, nos confrontos dessa vida. Outras vezes, caprichos desatendidos, os calores mais intensos dos finais do ano, as notícias contraditórias, esperanças perdidas, multidão de apreensões quanto ao futuro, etc. E paramos enquanto é tempo de parar.
Hora de ver em volta. Analisar o panorama geral dos hemisférios e decidir pelo melhor. Olhar com atenção quanto de valores positivos demanda em nossa volta para a formação das respostas aos desafios, que nada mais seriam do que as lições necessárias ao bom andamento do aprendizado nesta escola.
Ficar triste coisa nenhuma, afundar no desencanto nenhum sentido valerá.
E os milagres do cotidiano, as maravilhas que merecemos da natureza sem qualquer direito de herança, de nada representariam, chegando às nossas posses e oferecendo alegrias sem conta?
O tamanho da nossa resistência significa o verdadeiro reconhecimento original de cada um, máquina perfeita em tudo por tudo. A saúde, as oportunidades de conhecer os mistérios da existência. O calor do Sol, a suavidade da luz da Lua, o brilho das estrelas, o ar que se respiramos, o alimento, a doçura da água, o lume dos olhos, o desenho das imagens nas telas do firmamento, somados à grandeza imensa do infinito, no tempo eterno que repete, ao sabor de momentos mágicos e pulsações intermináveis, o sorriso das crianças e a perenidade, nas outras gerações que se sucedem na exatidão da história, movimento dos corpos no ritmo e na melodia de música saborosa, na suavidade do silêncio, preservação da humanidade e suas realizações pelo decorrer de séculos persistentes, resistentes.
Para onde nos virarmos, trilhos e sonhos, na arte da Criação, representam personagens e possibilidades, circunstâncias de todas as razões de crer no melhor e acrescentar sublimidade às dádivas de Ser justo e criterioso. Por isso, por muito mais, abençoemos a chance de representar a grandeza deste outro novo dia de viver com satisfação o segredo de estar aqui.
Rita
- Claude Bloc -



Rita sempre visita nossa velha casa... e tem suas razões. Morou conosco uma vida inteira, cuidou dos meus manos com tanta dedicação que hoje se tornou um pedaço de nós, complemento de nossa família.

Antes de começar o seu trabalho na cozinha, essa moça precisava se abrir diante do espelho. Penteava-se, cuidava-se. Olhava se seu rosto estava aprazível. Se sua expressão estava cansada... A intenção era mais que nobre, pois de peito aberto, ela desfiava, com todo zelo, cada trama de sentimentos que se emaranhavam no seu peito. De início, meio enroscados, em seu coração. Depois mais brandos em sua alma. Hoje, porém, há muitas lembranças, saudades, mágoas e tristezas que se cruzam ali e se confundem naquele peito.

Seu coração bate com mais força quando se lembra de Hubert e Janine. Seu amor despende mais força diante da dificuldade em se movimentar naquele novelo de fios-sentimentos que a envolve nos dias de hoje. Essa miscelânea mantém uma palpitação bruta lá dentro do seu peito. E assim, é necessário desfiar linha a linha, todas elas entrelaçadas nesse processo dolorido, mas necessário.

Agora Rita mudou-se para lá. Sua casa fica ao lado da nossa velha casa na fazenda. Diz-se disposta a tecer a vida com suas próprias mãos. Depois de desmanchar os velhos traçados, ela resolveu recoser o peito, fio a fio, ponto a ponto, temendo ainda o aspecto final de sua nova costura: a marca provocada pela ação das agulhas do tempo. Por isso, Rita decidiu guarnecer seu peito com o brilho da saudade, com o colorido da terra, com as pedrinhas miudinhas do seu jardim para, desta forma, arrematar essa jóia rara no mundo: sua liberdade

Claude Bloc

Carência de “quadros” ??? - José Nilton Mariano Saraiva

Todo “cabeça-chata” minimamente informado tem conhecimento que o PSDB do Estado do Ceará é uma espécie de feudo dominado com mão de ferro pelo senhor Tasso Jereissati; em conseqüência, tudo que ali acontece (ou deixa de acontecer) tem que passar pelo crivo do referido senhor, embora ele já não faça parte do seu corpo diretivo (foi seu presidente, em mais de uma oportunidade). Retrato emblemático da assertiva acima foi a escolha do atual candidato a Governador do Estado, pelo PSDB, o insosso e desprovido de votos Marcos Cals, escolha pessoal do senhor Jereissati.
Eis que agora, na fase crepuscular do seu mandato de Senador da República, após exercer em três oportunidades o comando do Executivo cearense, repentinamente (jogando para a platéia) e de forma até surpreendente, têem sido recorrentes as manifestações do senhor Tasso Jereissati sobre a necessidade de renovação dos quadros políticos do PSDB, em todos os escalões. No seu entendimento-desabafo (da boca pra fora, como se verá adiante), o modelo adotado por seus abastados colegas empresários do Centro Industrial do Ceará (CIC), em 1987 (data da sua primeira eleição a governador do Estado) até esta data, desgastou-se celeremente, apresentando hoje comprometedores sinais de saturação, fadiga e exaustão e, portanto, há que ser mudado ou substituído, a fim que se abram espaços ao surgimento de novos “quadros”.
No entanto, como na arena política vigora e reina a hipocrisia em estado latente, o exercício da verbalizada teoria deixa muito a desejar na prática diária e cotidiana do Senador; tanto é que, paradoxalmente às suas declarações sobre a necessidade de abrir os tais espaços às novas lideranças, o senhor Tasso Jereissati trata de tentar garantir “SUA” vaga e reservar o “SEU” lugar no Congresso Nacional ao, egoisticamente, jogar pesado, gastar uma montanha de dinheiro e lutar desesperadamente para não largar o osso, porquanto candidato à reeleição para uma das vagas do Estado do Ceará no Senado da República.
Convém, entretanto, que lembremos:
1) como político e Senador da República o senhor Tasso Jereissati optou por privilegiar o mega-empresário Tasso Jereissati e demais colegas do CIC (deixando o povo na orfandade), ao votar pela extinção da CPMF, decisivamente contribuindo para o estupendo desfalque de R$ 40 bilhões nas verbas governamentais direcionadas à Saúde; 2) passou todo o mandato criticando de forma cáustica o programa Bolsa Família (ou Bolsa-Esmola, na versão tucana) para, agora, às vésperas da eleição, apresentar como principal bandeira o fortalecimento do dito-cujo; 3) não esquecer, também, que a família Jereissati, através do tímido empresário e irmão Francisco Jereissati (teria mesmo capital pra isso ???), foi beneficiária privilegiada da bilionária privatização da telefonia brasileira, no governo FHC.

Noir- antes de (res)po(n)der, pirar - por Socorro Moreira

(Toquinho)

Quando do meu violão
Solto um acorde no ar
É como quem bebe um chopp
Num canto de bar.



(Michael Sullivan e Paulo Massadas)


Eu preciso respirar
O mesmo ar que te rodeia

( Arnaldo Antunes)

Debaixo d'água se formando como um feto
Sereno, confortável, amado, completo
Sem chão, sem teto, sem contato com o ar
Mas tinha que respirar

(Caetano Veloso)

O amor não é mais do que o ato

Da gente ficar

No ar antes de mergulhar


Visão de impacto
falta de ar
não responder
respirar!

Fico fora do ar
quando a rádio
dos meus sonhos
me acorda
com canção de amor

"saudade
torrente de paixão
emoção diferente..."

e eu respondo
pra você que sabe rimar
ligue o rádio
ela sempre está no ar
de cabeça ligada
e coração respirando
um "último blues"

socorro moreira 
Arte: Caio Marcelo



Desafio: Vazio - Por Aloísio

Vazio

Com os dedos no teclado
Eu procuro preencher
O vazio que está na tela
Pois espero alguém pra ler

Basta querer o vazio
Basta querer encontrá-lo
Meu Deus onde foi parar
Me diga para ir buscá-lo

Meu cérebro ficou vazio
Com este ar primaveril
O único vazio que achei
Foi no copo que é de Gil

Aloísio

Copo Vazio
(Gilberto Gil)

É sempre bom lembrar
Que um copo vazio
Está cheio de ar.

É sempre bom lembrar
Que o ar sombrio de um rosto
Está cheio de um ar vazio,
Vazio daquilo que no ar do copo
Ocupa um lugar.

É sempre bom lembrar,
Guardar de cor que o ar vazio
De um rosto sombrio está cheio de dor.

É sempre bom lembrar
Que um copo vazio
Está cheio de ar.
Que o ar no copo ocupa o lugar do vinho,
Que o vinho busca ocupar o lugar da dor.
Que a dor ocupa metade da verdade,
A verdadeira natureza interior.

Uma metade cheia, uma metade vazia.
Uma metade tristeza, uma metade alegria.
A magia da verdade inteira, todo poderoso amor.
A magia da verdade inteira, todo poderoso amor.

É sempre bom lembrar
Que um copo vazio
Está cheio de ar.

Pelo dia Da árvore! Pachelly Jamacaru

Parte o coração lembrar que, todos os dias descem caminhões da Chapada do Araripe corregados com este presente que a criação deu ao Povo do Cariri. Desce sobre 4 rodas, essas maravilhas da Floresta do Araripe!








Fotos: Pachelly Jamacaru
Direitos reservados.

Aluá




Ingredientes:
Casca de 2 abacaxis bem maduros e lavados
2 litros de água filtrada
1 xícara de açúcar mascavado
6 cravos-da-índia
1 colher (chá) de gengibre ralado


Coloque as cascas de abacaxi em uma tigela grande e cubra com água. Cubra a panela com pano limpo e deixe descansar até o dia seguinte. Junte os demais ingredientes e deixe descansar por mais um dia. Coe a bebida para uma jarra e deixe na geladeira até o momento de servir.

Para Everardo Norões

Bar- por Everardo Norões




Todo bar
abriga  oculta natureza :
um jardim de dentro:
som de alguma história
desfolhada.
Somos o que não vemos.
E no mais profundo do corpo,
na mais alta vertigem:
volvemos.

Uma geografia
tão pequena
para sufocar o mundo ...
E contamos voltas,
e sempre em torno um ar de tango,
mesmo quando outro som
desmente
as letras da toalha.
Pois todo bar
guarda um suplício:
o retorno
evoca labirintos
e o silêncio engordurado
nos enreda
como moscas
na cerveja.

Nhoque de Abóbora



Ingredientes

3 xícaras de abóbora cozida e amassada
1 ovo médio inteiro
2 colheres (chá) de azeite de oliva extra virgem
1/2 xícara de farinha de trigo branca
1 xícara de trigo integral
1 colher de queijo parmesão ralado
4 colheres de ricota.
Sal marinho a gosto

Misture todos os ingredientes e despeje num saco de confeitar. A massa fica bem mole mesmo, acho difícil conseguir modelar como nhoque tradicional. Vá despejando pelotas da massa em água fervente. Deixe cozinhar até que subam à superfície. Retire com espumadeira e deixe escorrer. Sirva com o molho de sua preferência.

À espreita do nada - Por Ana Cecília S.Bastos

Atrás do meu poema
 ....................e veias tensas.


Uma longa espera.
Trilhas não seguidas e tudo que não fiz.
Desejos inconfessos e tesos.
Atrás do meu poema estou desperta
......................e silente.
Atrás do meu poema sou mulher.

Por Domingos Barroso

Bermudão
Após um dia de trabalho
(todas as escamas
caíram dos dedos)

sobra o sol guardado
no bolso das pálpebras
para que a noite
não gele tanto.

É rotina esse sol ao entardecer
no instante em que a última
andorinha suspira:

"hora de alimentar
os sonhos."

Acredito nas andorinhas
(afinal sou um sonhador)

e mergulho os olhos
ainda mais vermelhos
dentro do copo
até a borda cheio
das lágrimas que lutam
contra todo tipo de lucidez.

Longe do que se chama
saudade ou alma

não penso
em outra coisa
senão pôr de molho
meus pés e amanhecer
com um cigarro entre
os dentes.

Mas não é simples
fumar quando não
se fuma e chorar
quando não se tem
nem lágrima
nem sonho.

Para ser sincero
e falar a verdade,

basta-me agora uma ninfa
com os cabelos molhados

pingando espuma de sabonete
sobre meus chinelões

vindo aos requebros
à minha direção.

Apenas isso.
Não é pedir muito.

Mas os deuses
(ah, os deuses)

nunca foram
meus camaradas.

Madrugando- Por Socorro Moreira




Vida de aposentada cria uma rotina particular.
Encaixes  de atividades impossíveis , num tempo de trabalhador ativo :
Conjugação do verbo " blogar" ! Sem intenção de ganhar.
A não ser a leitura compulsiva do presente e releitura  do passado , 
antecipando um destino mais sensível ou talvez mais esquisito.

Vivam !
Namorem muitooooooo!
Cansem as vistas  com novas paisagens;  e as pernas  com caminhares.
Fiquem tortos e calejados , na condução de  sacos, pacotes e malas.
O futuro nos encontra, antes do dia. 

Uma ruga a mais, um sinalzinho novo... 
Muitos  sinais, pintando o nosso corpo.
Cansaço crônico para vencer  desafios.
Perda  da ingênua confiança de acreditar em todos.
Fartura nos comes, bebes, fumaças ,e tentativas de restauros.
Saudades sem carências.
Tudo quase pronto. 
Tudo quase nu , nas  intenções .
Amor por todos.
Ódio nenhum !

Mario Quintana..

  O poema                                             

Um poema como um gole d´agua bebido no escuro.
Como um pobre animal palpitando ferido.
Como uma pequenina moeda de prata perdida para sempre na floresta noturna.
Um poema sem outra angústia que a sua misteriosa condição de poema.
Triste.
Solitário.
Único.
Ferido de mortal beleza.

Mario Quintana