Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

sábado, 24 de abril de 2010

receita

Todos os dias
leia poemas.

Mas, por favor,
não passe de três.

Escrever, pode escrever cem.
Ler somente três por dia.

A sua dose diária:
três poemas por dia.

Guarde o xarope.

Não há panaceia
contra rouquidão

senão ler três poemas
por dia.

No final do mês,
sua voz límpida.

Sem tosse,
sem engasgos.

Também notará sua alma
confusa e criativa.

Não esqueça:
três poemas por dia.

cirurgiã-dentista

Depois de amanhã
(segunda-feira
é um dia perfeito)
sentarei com a boca aberta
olhando a dentista toda de branco.

Pedirei a meio sorriso
(charme de roedor)
que me restaure os dentes
os dois dentes da frente.

Imagino a mesma
do semestre passado:

os olhos azuis
um riso vasto

jeans de marca
e bata (alvura do paraíso).

Dirá que o plano não cobre
mas haverá um ótimo desconto.

A dentista loira
um perfume lavanda

(clássico de bebês
e adolescentes)

logo me hipnotizará
com seu sorrisão

e uma pontinha de segredo
na covinha da face direita.

Não terei forças.
Não direi não.

Sentado naquela cadeira gigante.
A boca cheia de algodão.

Direi sim, doutora:

Deixe meus dentes da frente
(de esquilo) e as duas presas
(de vampiro) fortes e brilhantes.

Não tenho escolha.

Preciso pular varandas
adentrar em quartos

beijar nucas
e morder.

Morder nem que seja
o braço da cadeira
o pescoço da escrivaninha.

A doutora vai rir.
De fato, gargalhar.

A covinha quem sabe
despregue-se do seu rosto

dessa vez no meu colo
pouse.

Aquela covinha da face direita
que só as meninas ricas têm

e quando se tornam dentistas:
esbanjam.

Roer Ou Não Roer Pequi - Eis A Questão. Por Liduina Belchior.

Todos nós conhecemos aquele bordão:"Ame-o ou Deixe-o".Guardadas as devidas proporções, isto ocorre com o nosso famoso e ilustre Pequi. Para quem gosta o cheirinho dele no feijão, no baião, ou mesmo no arroz adentra nosso aparelho respiratório a léguas... Casas vizinhas juntinhas ou apartamentos quando as matriarcas o estão a cozinhar seu aroma é conhecido janela ou porta a dentro.Todos aguardam com ansiedade a hora de deglutí-lo. Às vezes tem até disputa prá ver quem vai roer mais caroços.Outros curtem apenas o gosto dele no arroz ou no baião.Não apreciam "atolá-lo" na boca e ter um prazer gustativo que se Freud fosse fazer algum comentário, diria que é um prazer sexual de comilança... Mas para quem NÃO gosta a história é bem diferente. Tudo é insuportável: o o cheiro, o sabor, e a própria visão de quem está comendo. O incômodo é grande: tem xingamentos, zoeira, afobamento, e retiradas radicais dos locais onde podem sentir seu odor (na opinião deles). Por esta razão, na minha opinião, cheguei a seguinte conclusão: ninguém gosta mais ou menos do nosso fruto "crateiro".Ou adora ou odeia. Mas eu como pequizeira convicta, quando tiver pequi em suas casas, me convidem que lá estarei. Já estou aguardando a próxima safra, lá para novembro. E vamos fundar a APA (associação dos pequizeiros anônimos).
Dedico esse texto a Nicodemus e a Corujinha Baiana.Abraços: Liduzeira.

O Livro do Cariricaturas



Um livro escrito por muitas mãos: uma coletânea com nossos escritores.

Detalhes :

. Release com fotografia de cada escritor ( 01 página)
• 4 textos por escritor (máximo de 7 páginas - fonte : garamond - altura : 12) - Temática livre ( crônicas, contos e poemas).
• Os textos serão escolhidos pelos próprios escritores;
• um contingente de 200,00 por escritor
• O pagamento poderá ser feito em 4 x 50,00 ( fev-mar-abr-maio)
. O livro será dedicado aos mestres de todos os tempos, representados por Dr. José Newton Alves de Sousa.
- A capa será a foto de Pachelly- essa que já caracteriza o Cariricaturas.
- O título é: "Cariricaturas em prosa e verso"
- Edição: Emerson Monteiro ( Editora de Sonhos - Crato-Ce)
- Dedicatória ( Assis Lima )
- Prefácio/ Apresentação ( José do Vale e Zé Flávio)

-Já estão confirmadas as seguintes adesões:

01. Claude Bloc *
02. Magali Figueirêdo *
03. Carlos Esmeraldo *
04. Maria Amélia de Castro *
05. Ana Cecília Bastos *
06. Assis Lima *
07. Corujinha Baiana *
08. Stela Siebra de Brito *
09. Wilton Dedê *
10. João Marni *
11. Rejane Gonçalves *
12. Rosa Guerrera *
13.Everardo Norões
14. Edilma Rocha *
15. Emerson Monteiro *
16. José Flávio Vieira *
17. João Nicodemos *
18. José do Vale Feitosa *
19. Liduina Vilar *
20. Carlos Rafael *
21. Armando Rafael *
22. Bernardo Melgaço *
2 3. Domingos Barroso *
24.. Roberto Jamacaru *
25.Dimas de Castro *
26.Joaquim Pinheiro *
27.Edmar Lima Cordeiro*
28.Olival Honor *
29.José Nilton Mariano*
30.Marcos Barreto *
31.Isabela Pinheiro *
32.José Newton Alves de Sousa *
33.Vera Barbosa . *
34. Rogério Silva *
35.Heládio Teles*/Socorro Moreira
36.Roberto Carvalho
37.Dihelson Mendonça *



Outras informações :
Tiragem : 1.000 exemplares
Distribuição entre autores : 20 para cada = 700 unidades
Saldo : será transformados em ingressos para cobrir as despesas da festa de lançamento : coquetel, convites, divulgação, banda,decoração, etc
300 x 20,00 = 6.000,00
Preço do livro por unidade : 20,00
A edição foi orçada em 6.500,00 ( já considerados todos os descontos possíveis).
Número de páginas : 250 ( aproximadamente).
O valor da contribuição por escritor ( 200,00) será depositado numa cta do Editor (Emerson Monteiro) a ser informada por e-mail. Em contrapartida será enviado respectivo recibo.
Atentar para as datas limite de pagamento : 05.05.2010

OBS: A maioria já fez depósitos de contribuição !
Prazo final : 5 de Maio de 2010
Festa de lançamento : 23 de Julho de 2010

Um poema de Everardo Norões

Poema VII


Restos de falas na mesa

e a náusea matinal.

O bule, a xícara, os copos.

A mão, submersa no sal,



da tarde, na planície,

tão clara, dessa mesa,

onde deslizam os repastos

da habitual tristeza



que cobre a toalha branca

de rendas. E essa fome,

bordada sobre a mesa

como as iniciais de um nome.



O jarro com flores e

as cinzas do outro dia,

fugindo aos arabescos

das rendas, tão frias,



como as coisas distantes

que nos aguardam à mesa:

o leite, o bule, o café,

o sono, a morte, a incerteza.


Em: Poemas. Recife: Fundação de Cultura Cidade do Recife, 1999. Prêmio Eugênio Coimbra (Conselho Municipal de Cultura), categoria Poesia, 1998.

Parabéns, Salatiel !

***
Uma homenagem singela
para um mestre
um momento singelo
de pura alegria
uma história singela
da arte na arte
e o artesão
tecendo a sinfonia do tempo
num sol maior.
***

Idade nova ?
Ele sempre ficará mais jovem !


Grande abraço !

A poesia incendiária de Lupeu Lacerda


SILVASSA · Salvador, BA


É pra ser uma resenha. De um dos livros mais geniais que li até agora. E não porque o escritor é meu irmão e chapa, parceiro de noitadas, biritas e similares. Dos bons tempos. A afirmação vem junto com a certeza de que os escritos que tenho comigo agora são verdadeiramente raros. Digo raros, pois entendo que, num mundo de escritores muito formais, ou de outros que se engajam em falsas vanguardas – um chute nos bagos em métrica e rima -, estes poemas funcionam como providenciais coquetéis Molotov.

Esse tipo de arte anda meio esquecida, já que cada vez mais os leitores preferem à prosa. Como se a velha matrona literatura jogasse pra escanteio a poesia furiosa, bela e inflamável.


Os textos que leio neste exato momento são aqueles que acordam os excessivamente metódicos. Em seus escritos e, por que não dizer, em suas vidas. Não que eu tenha nada contra os melancólicos de olhar tristonho e os filósofos de plantão – alguns donos de textos inspiradores. O que eu não tolero é o sujeito fingir que implode toda vez que escreve algo, enquanto não passa de um babaca enclausurado. Até ter a capacidade de diferenciar um do outro, vai um logo caminho. Mas a gente percebe a falsidade e a fraqueza explícita em cada ponto e vírgula depois que pega a manha.

Então, sendo isso aqui uma suposta resenha de um livro, sou obrigado a dar algumas informações didáticas e necessárias, antes de divagar um pouco.

Lupeu Lacerda, artesão e escritor, nasceu em Juazeiro do Norte. Passou bravamente – e com bêbado louvor– pelos anos setenta e de lá tirou suas melhores referências. Na verdade, longe das débeis cronologias, o escritor sacou que muita coisa hoje considerada eterna – Helter Skelter, dos Beatles; o disco Aqualung, Robert Crumb, Leminski, entre tantas outras ondas – surgiu naquela época. Tornando-se o seu lastro. Além de ser o tipo de cara que vislumbrava atrás de um muro, ou de qualquer vastidão seca, árida e meio desesperançada, um mundo de possibilidades, certamente o ar, a famosa resposta soprada pelo vento do Dylan, também deve ter feito lá seu estrago. E ele caiu fora. Viajou, montou bandas, tomou todas, escreveu pra caralho. Principalmente em fanzines, num momento em que isso implicava em datilografar os textos, recortar fotos e montar tudo com cola para, depois, tirar umas fotocópias.

Quando não era feito no jurássico e extinto mimeógrafo.

Seus textos foram “publicados” em diversos desses bravos redutos de literatura, tais como Séquiço Sacro e o Art Pop Zine, antológico zine que sacudiu a velha Juazeiro natal do sonolento João Gilberto. Viveu com a intensidade digna dos escritores que tanto admira – e esqueçam aqui o peso “clichê” da frase; se conhecerem um dia o cara verão do que falo: suas aventuras e viagens estão gravadas em seus olhos.

O livro Entre o Alho e o Sal - um petardo de 136 páginas, de qualidade gráfica indiscutível - começou a ganhar corpo no início da década de 90. Ao menos como projeto, algo que pudesse se transformar em livro. Foi nesse período que a coisa tomava um outro rumo para o poeta. Não em suas convicções, mas no mundo em si - ou alguém esqueceu que foi a partir de 1990, mais ou menos, que as nossas velhas crenças começaram a sumir com a chamada revolução tecnológica? O livro, assim como a tal revolução de bytes, teclados, chips e todo o resto, veio sem data pra terminar. Entre uma noite e outra, Lupeu enchia garrafas com gasolina e ácido sulfúrico, colocava um velho pano nos gargalos, acendia seu cigarro e esperava: ou seja, escrevia.

Na época ele já tava morando na terra natal do suposto gênio da Bossa Nova. Foi por aí que o conheci. A cidade não era mais tão sonolenta quanto seu filho desafinado e temperamental. Aqui e acolá, rolavam shows de bandas locais. Peças de teatro eram montadas no peito e na raça. Muita gente boa andava pelas estreitas ruas de pedra com Kerouac, Ginsberg, Henry Miller e Murilo Mendes debaixo do braço. Além de contar com um sebo, heroicamente comandado por Hélio, Dom Roncalli e Uberdan – nobres desconhecidos para vocês, mas fundamentais pra caras como eu. O sebo ficava numa sala pequena e acolhedora, em frente à igreja principal. E estava sempre lotado de clássicos da literatura mundial, livros Beat, quadrinhos verdadeiramente undergrounds e vinis raríssimos. Foi lá que eu vi, pela primeira vez em minha vida, um exemplar do Pasquim, da década de setenta.

Também foi ali que Ângelo Roncalli, amigo, autor do livro Orbitais e editor, teve o primeiro contato com o que seria Entre o Alho e o Sal. E gostou, batizando o tal com o título. Então, convertido numa espécie de Lawrence Ferlinghetti do São Francisco - não confundam com San Francisco -, começou a batalhar para que a obra pudesse ser publicada, muitos anos depois. Mas a falta de grana, recurso motriz de qualquer porra neste mundo confuso, jogou o projeto por água abaixo. Apesar do esforço eminente a coisa não vingou para o nosso Dom Roncalli.

Foi aí que outro cara, Sidney Rocha, amigo de longa data, sujeito nascido na Juazeiro inicial, a do Norte, topou a parada. E, “... se apaixonou pelo projeto”, como afirma o autor. Tomando pra si a iniciativa de publicar aquelas verdadeiras e ferventes sacações de mundo. E foi ele quem deu as caras e correu atrás – e deu a cara ao livro. O projeto gráfico, que contém alto relevo, ilustrações fabulosas de Leugim, colagens de Spirit, Crumb e etc – num merecido revival dos bons tempos dos zines – é algo que complementa o livro. Digo, sem risco de errar, que o editor e idealizador da Kabalah Editora tratou com todo o respeito à obra do cara. Coisa de parceiros.


***


É comum, quando alguém faz uma resenha, rolar aquele tipo de comparação fundamental com algum escritor antigo e de maior visibilidade. Geralmente, esses críticos de literatura fazem o que eles próprios chamam de “traçar um paralelo” entre o autor “x” e o “y” – na maioria dos casos o “y” é novato e tem sua obra diminuída pela comparação malfadada. E, na concepção inicial deste texto, enquanto organizava mentalmente as idéias, não foi diferente. Tive a pretensão vaga, que logo virou fumaça, de compará-lo ao Waly Salomão e Leminski. Ou até mesmo ao Gregory Corso. O que para Lupeu, creio, seria motivo de orgulho. Porém, tanto eu quanto o Roncalli e o próprio Sidney, que escrevem no livro, não caímos nesse expediente; um puta esparro. Por compreendermos tanto o livro. E por sabermos que as condições, contexto, história, vida, vontades subentendidas e escancaradas, biritas, fodas, madrugadas heróicas e outras coisas mais que fizeram surgir os poemas, foram tão diferentes e únicas, resolvemos impor nossa vontade. Colocamos Entre o Alho e o Sal ao “lado” dos grandes. Numa boa, sossegados.

Nas palavras – ou seriam tiros ? - do Sidney: “Não que eu catalogue o trabalho de Lupeu Lacerda com vanguardista ou romântico. E não o faço temendo outros críticos, que sabem muito bem que estas categorias carecem de significações mais profundas (...). Não o faço só porque não aprecio a catalogação das espécies(...)”; no que Roncalli arremata: “Entre conhecimentos que ainda não temos, entre coisas que temos e ainda não conhecemos. Lupeu é lupa e telescópio...ao mesmo tempo(...)”

Lupeu é lupa e telescópio...

Ou seja, os “molotovs” – dei esse nome pela carga explosiva contida em cada linha - deram conta do recado e incendiaram essa minha vontade de compará-lo a quem quer que fosse. E acho que eles também foram por esse caminho.

Não dá para simplificar uma obra desse quilate, quando leio, por exemplo: “uma mulher / é uma tempestade de verão / uma mulher / é uma bala perdida / na madrugada do sábado / uma mulher é um grito de gol anulado”.

Por enxergar beleza demais nas palavras; por ver, sutilmente entre uma letra e outra, além da influência dos já citados poetas, resquícios de um Murilo Mendes e de um Maiakosvky – meio chapado, de sarro e carregado de genuína esperança.

Ou então, quando mudo a página e vejo algo como: “A verdade / É que eu me amarro / Quando você me olha / Com essa cara de quem entrou / No banheiro errado. / Eu, eu entro pelas frestas / Eu, eu entro pelas saídas”. Típico texto de quem já varou diversas madrugadas tontas – e eu tava em algumas delas; os dois embriagados e divertidos pra caralho, tomando todas e mais algumas, tentando ver qual era a do próximo bar, se estava aberto ou se já tinha entregado as pontas e baixado as portas.

Outra garrafa incendiária: “quem quiser mais verde engole a serra. / quando vai falar, / cospe duzentas e trinta gramas, de bobagens coloridas. / o luar salta do bolso descorado / do mendigo em chamas / e solicita uma água tônica gelada. / o presidente cerra os dentes / e se auto-prolifera. / as feras comem a pinacoteca / do palácio da alvorada”.

Fogo, explosão. Uma espécie de “...alta temperatura anarquista (...)” como diz o editor e projetista gráfico do livro.

É por isso que não devo fazer a tal comparação, pura e simples. Recuso-me a “traçar” o tal “paralelo” tão comum aos críticos de verdade - nunca fui chegado a retas, paralelas ou não; sempre preferi parábolas e outras curvas que não sabem aonde vão chegar. Não sou jornalista, catedrático, ou coisa parecida.

Sei que se fizer isso, muita coisa se perde. A essência de todo o livro – algo não linear, que detona a tal linha reta - se corrói, desaparece. Injustamente. Cada vez que leio Entre o Alho e o Sal, acredito que ele tem o direito de reivindicar seu espaço e sua existência nas estantes desse tal mundo louco e entediado, como sendo uma obra particular e nova. Mesmo que de vez em quando a gente suponha, preguiçosamente, reconhecer uma ou outra coisa parecida com esse ou aquele escritor “estabelecido”.

Mas um livro não é inventar a roda; talvez reinventá-la, atear fogo à dita cuja...

A minha “crítica” surge da sorte assumida de poder ler essa obra, que se disfarça de pequena e casual; algo feito entre amigos numa mesa de boteco. Este meu texto começou por conhecer e admirar o cara, o autor do livro. E de poder dizer, com aquele raro orgulho, que ele é meu irmão; meu bróder, um dos escolhidos. Sem desmerecer, caindo numa espécie de descrédito ou da mais deslavada picaretagem, a qualidade de seus textos. Nem diminuir esta minha tentativa de explicar o que não tem tanta explicação assim.

Notas: Contatos com o escritor: 1 - lupeulacerda@gmail.com 2 - (87) 8812 9504 3 - (74) 3612-5264 / (74) 3614-2142 Onde comprar o livro: 1 - Livraria Cultura

Shirley MacLaine




Shirley MacLean Beaty, conhecida como Shirley MacLaine (Richmond, 24 de abril de 1934) é uma atriz estadunidense.

Shirley estudou balé na infância e adolescência e, assim que se formou no curso médio, mudou-se para Nova Iorque, para realizar o sonho de se tornar uma atriz da Broadway. Numa de suas apresentações, foi notada por um produtor de cinema, que a convidou a ir para Hollywood e trabalhar na Paramount Pictures. O primeiro filme em que atuou foi The Trouble with Harry, dirigida por Alfred Hitchcock, em 1955.

Shirley MacLaine é conhecida não apenas pela sua atuação no cinema, como também por ter escrito um grande número de livros autobiográficos e que relatam sua crença na reencarnação.

Shirley tem uma filha e dois netos.

É irmã do ator Warren Beatty e possui uma estrela na Calçada da Fama, localizada em 1615 Vine Street.

wikipédia

Irma La Douce

Lembrando ...

Carlos Galhardo - por Norma Hauer




HOJE É DIA 24 DE ABRIL...
CARLOS GALHARDO


Lembrar hoje de Carlos Galhardo sentir sua presença que, na data de 24 de abril de 1913, abriu os olhos para o mundo e chorou uma "Cantiga de Ninar", que lançaria em discos 23 anos depois, quando abriu uma "Cortina de Veludo"
Essa Cortina abriu também as portas para as valsas e canções que o acompanharam por toda a vida.
Carlos Galhardo foi, talvez, o cantor que mais ritmos gravou em sua carreira; foi o primeiro artista, sem ser nordestino, que gravou frevos; foi o único que lançou uma valsa em pleno carnaval:"Nós Queremos Uma Valsa”; foi o primeiro a gravar composições para São Jorge (gravou cinco); foi quem mais gravou para datas especiais:"Bodas de Prata";"Boas Festas";"Valsa dos Noivos";"Valsa da Vovozinha";"Valsa da Formatura";"Valsa dos Quinze Anos"...
Foi o primeiro a gravar para o dia das mães "Mãezinha Querida", sendo "Sublime Herança" uma das mais bonitas; foi um dos poucos a gravar para as festas da Penha:"Sinos da Penha"; foi o único a gravar para "São Brás".
Foi o único a gravar um tango para o carnaval: "Morocha Linda", assim como uma quadrilha "Quadrilha no Carnaval"...

Gravou guarânias "Orgulho"; baiões"Quando eu Era Pequenino"; bolero "Te Quiero,Dijiste"; canção italiana"Cara Piccina; rumba "Crioula"; sambas "Sei que é Covardia"; foxes"Rosa de Maio";canções "Conversando com a Saudade"...

E ele era o "Rei da Valsa"! Imagine se não fosse...

Em 24 de abril ele chegou e só trouxe beleza; em 25 de julho ele partiu e não deixou apenas sua voz em centenas de gravações, mas deixou uma grande SAUDADE. É tempo de relembrá-lo em toda sua pujança.

Nesta hora o estamos relembrando com a palavra SAUDADE no coração.
.
Obrigada, muito obrigada Carlos Galhardo por tudo que você nos deixou, ao lado, também de sua amizade que tive a alegria de compartilhar. Um grande abraço de agradecimentos onde você se encontra.

Quero deixar aqui resgistrada a letra completa do considerado o maior sucesso de Carlos Galhardo, dentre as mais de 800 músicas que gravou:
FASCINAÇÃO Autores Marchetti e Armando Louzada
Os sonhos mais lindos sonhei
De quimeras mil, um castelo ergui.
E no teu olhar.
Tonto de emoção
Com sofreguidão mil venturas previ.
O teu corpo é luz, sedução
Poema divino cheio de esplendor
Teu sorriso prende , enebria ,entontece
És fascinação, amor

Parte declamada:

A sorrir, a cantar e a beijar
Nossas bocas se uniam então
E os camops sorrindo viviam
E nos vendo as flores se abriam.

Volta a parte cantada (melodia diferente)

Mas o destino mau certo dia chegou
E sem o teu, meu coração secou.

Hoje sombra sou do que fui.
Minhas ilusões o destino levou
Nada mais existe, desde que partiste
E em meu coração só saudade ficou.
Vivo com o passado a sonhar,
Vendo-te ainda em meu coração.
Mas tudo promessas, quiumeras, mentiras
Da tua fascinação.

A letra completa conta uma história que. sem a parte declamada e o reinício da cantada. fica "sem pé nem cabeça".
Foi assim que Armando Louzada colocou letra original em uma música de mais de um século. E a letra foi composta a pedido de Carlos Galhardo, que a gravou em 1943..

Norma




Pixinguinha - por Norma Hauer

ELE É DO DIA DE SÃO JORGE
PIXINGUINHA

Alfredo da Rocha Vianna Jr. nasceu em 23 de abril de 1897 aqui no Rio de Janeiro, ficando conhecido com o nome de PIXINGUINHA, sendo considerado um dos pais do choro brasileiro.
.
Pixinguinha criou o que hoje são as bases da música brasileira. Misturou a então incipiente música de Ernesto Nazareh , Chiquinha Gonzaga e dos primeiros chorões, com ritmos africanos, estilos europeus e a música negra americana, fazendo surgir um estilo genuinamente brasileiro.
Arranjou os principais sucessos da então chamada época de ouro da música popular brasileira, orquestrando desde marchas de carnaval até choros. .
Pixinguinha foi antes de tudo um pesquisador de música, sempre inovando e inserindo novos elementos na música brasileira. Foi, ainda, um compositor de sucessos, assinando “Carinhoso”;”Rosa”;”Urubu”;”Lamento” e muitos outros.

Pixinguinha fora convidado para ser padrinho em um batizado do filho de um amigo e na hora, passou mal em plena Igreja vindo a falecer ali mesmo, no dia 17 de fevereiro de 1973, sem completar 76 anos.

SÃO JORGE
Das cinco composições que CARLOS GALHARDO gravou para São Jorge, deixarei aqui a letra de uma que não foi muito badalada, mas é tão importante e boa como as demais.

NOVAMENTE ABRIL
Autores: Ari Monteiro e Irani de Oliveira

Novamente abril vê surgir o calendário
Vejo em cada santuário
Um pronúncio de alegria.
Novamente abril é o mês da grande festa
Que todo devoto presta a São Jorge no seu dia.
Novamente abrill
Vejo mocinhas e velhas,
A comprar rosas vermelhas
P'ra seu santo ornamentar.
Novamente abril,
Missa de alvorada
Vai toda a cidade rezar.

São Jorge, és meu santo padroeiro,
Que faz festa no terreiro
Na Igreja e no lar.
São Jorge, mês de abril é o teu mês
Salve o dia 23
Vamos todos festejar.

Carlos Galhardo foi quem mais gravou musicas em louvor a São Jorge.

........................................................................................................................

Recado para Socorro:

Aprecio os chorinhos, pricipalmente os de Pixinguinha (aniversariante de hoje, por isso hoje é considerado o DIA DO CHOR0}
Pela manhã, na homenagem que Luiz Vieira prestou a Pixinguinha por motivo de seu aniversário ele apresentou alguns choros.
Mas o resto do dia dediquei a São Jorge, ouvindo as músicas que Carlos Galhardo gravou para São Jorge (total de cinco).

Amanhã, ouvirei Carlos Galhardo o dia inteiro, como o faço sempre. Seria seu aniversário, mas de qualquer forma, é sua data natalícia.

Norma

Geraldo Pereira - por Norma Hauer

ELE E A FALSA BAIANA
GERALDO PEREIRA
Nascido em Juiz de Fora, em 23 de abril de 1918, esse mineiro conquistou o Brasil com o samba- e como compositor da Estação Primeira de Mangueira.

Geraldo Pereira levou ao extremo o que se entendia por samba sincopado - onde residia sua genialidade. Trouxe em suas músicas o cotidiano carioca, a mulher e o homem dos morros, uma forma de ver o país em que vivia nos anos 40 que se estende até os dias de hoje.
Geraldo Pereira ganhou a vida como motorista de caminhão de coleta de lixo e gastou tudo o que tinha da velha e boa boemia, por quem viveu e morreu.
Seus sambas atravessaram os tempos e foram retomados na Bossa Nova, com a gravação de “Bolinha de Papel” em 1961 por João Gilberto - que trouxe à luz o samba e o nome do homem que seis anos antes (em 05 de maio de 1955), aos 37 anos, morria após uma briga com Madame Satã.

Madame Satã sempre afirmava que não fora ele quem matara Geraldo Pereira, outros dizem que foi.É claro que Madame Satã teria de negar sempre
Três músicas foram as mais famosas de Geraldo Pereira: “Falsa Baiana”;”Escurinho” e “Escurinha”
As duas primeiras gravadas por Ciro Monteiro.

Contava-se no meio musical que a mulher de Roberto Martins (D. Chininha) fora a inspiradora do samba “Falsa Baiana”, por ter-se fantasiado de baiana em um carnaval e não saber sambar nem rebolar.

Norma

"Última Inspiração" - Carlos Galhardo, o Rei da Valsa !!


Última Inspiração (valsa/canção) Peterpan Interpretação de Carlos Galhardo

Eu sempre fui feliz, vivendo só sem ter amor,
Mas o destino quis roubar-me a paz de sonhador,
E pôs no sonho meu um olhar de ternura,
De alguém que, mesmo em sonho,
roubou minha ventura.
Sonhei com este alguém noites e noites sem cessar,
Por fim, alucinado, fui pelo mundo a procurar,
Aquele olhar tristonho da cor do luar,
Mas tudo foi um sonho, pois não pude encontrar.
Mas na espinhosa estrada desta vida, sem querer, um dia,
Encontrei com este alguém que tanto eu queria
E este alguém que, mesmo em sonho,
eu amei com tanto ardor não compreendeu a minha dor.
Foi inspirado então na ingratidão de quem amava tanto
que fiz esta triste valsa, triste como o pranto
que me mata de aflição,
bem sei que esta valsa será
a minha última inspiração.

Carlos Galhardo
Fonte: cifrantiga

Carlos Galhardo (Catello Carlos Guagliardi) nasceu em Buenos Aires, Argentina, em 25/4/1913 e faleceu no Rio de Janeiro RJ, em 26/7/1985. Seus pais, italianos, moravam no Rio de Janeiro quando Dona Savéria Novelli engravidou. Nessa mesma época foram tentar a sorte em Buenos Aires, mas, dois meses depois de seu nascimento, mudaram-se para São Paulo SP. Outros dois meses depois estavam de novo no Rio de Janeiro. Aos oito anos, com a morte da mãe, foi viver com um parente, no bairro do Estácio, para aprender o ofício de alfaiate.

Apesar de não gostar do ramo, aos 15 anos já era oficial, abandonando os estudos (só completou o primário) para se dedicar à profissão. Passou por várias alfaiatarias do Rio e, numa delas, trabalhou com Salvador Grimaldi, alfaiate e barítono, com quem costumava ensaiar duetos de ópera.
Em casa, gostava de cantar sozinho canções italianas e árias de óperas, mas o início de sua carreira só se deu em 1932, ano em que, numa reunião na casa de um irmão, onde estavam presentes Mário Reis, Lamartine Babo, Jonjoca e Francisco Alves, cantou Deusa (Freire Júnior). Gostando de sua voz, Francisco Alves aconselhou-o a tentar o rádio. Nessa época, trabalhava numa barbearia e, graças à manicura e cantora portuguesa Maria Fernanda, conseguiu entrar em contato com pessoas influentes da Rádio Educadora (hoje Tamoio), onde se apresentou cantando Destino (Nonô e Luís Iglésias).
No dia seguinte foi procurado por um representante da Victor que o convidou para fazer um teste na gravadora. Cantando o samba Até amanhã (Noel Rosa), foi aprovado, passando a fazer parte do coro que acompanhava as gravações, até lançar no início de 1933 seu primeiro disco, com os frevos Você não gosta de mim (Irmãos Valença) e Que é que há? (Nelson Ferreira), de muito sucesso em Recife. Logo a seguir lançou em seu segundo disco dois sambas de Assis Valente, de quem se tornou amigo: Para onde irá o Brasil e É duro de se crer.
Gravou, ainda em 1933, Samba nupcial (José Luís e Jaime Silva), Elogio da raça, em dupla com Carmem Miranda, P'ra quem sabe dar valor e Boas Festas (todas as três de Assis Valente) e Pão de AÇúcar (Assis Valente e Artur Costa). Boas festas foi seu primeiro grande sucesso e inaugurou no Brasil o gênero natalino.
Trabalhou por cachê em várias emissoras do Rio de Janeiro, entre elas a Mayrink Veiga, a Rádio Clube, a Philips e a Rádio Sociedade, e, no Carnaval de 1934, destacou-se com a marcha Carolina (Bonfiglio de Oliveira e Hervé Cordovil), gravada na Victor. Nesse ano, contratado pela Columbia, lançou em disco Olha lá o balão (Roberto Martins e Carlos Maurício); e, em 1935, gravou Lá no céu (Silvino Neto e Pedro Romano), Boneca de pano (Assis Valente) e Mariana (Bonfiglio de Oliveira e Lamartine Babo), estreando como cantor romântico com a valsa-canção Cortina de veludo (Paulo Barbosa e Osvaldo Santiago), grande sucesso.
Foi então contratado pela Rádio Cruzeiro do Sul e, em 1936, gravou seu último disco pela Columbia. Voltando para a Victor gravou, nesse mesmo ano, a marcha Madalena (Bonfiglio de Oliveira) e o samba Você não sabe, amor (Ataulfo Alves e Bide), mas seu grande destaque foi a gravação em disco Victor da valsa Italiana (Paulo Barbosa, José Maria de Abreu e Osvaldo Santiago).
Tornou-se um dos intérpretes mais requisitados no cenário musical carioca, sendo convidado, para trabalhar na Rádio Cajuti e na Rádio Tupi, e assinando contrato com a gravadora Odeon, onde lançou, ainda em 1936, o samba Dou-te um adeus (Bide e Marçal) e a valsa Apenas tu (Roberto Martins e Jorge Faraj), entre outras músicas.
No ano seguinte, foram gravadas a valsa A você (Ataulfo Alves e Aldo Cabral), as valsas Assim acaba um grande amor, O destino desfolhou (ambas de Gastão Lamounier e Mário Rossi) e É quase felicidade (Benedito Lacerda e Jorge Faraj), e o samba E a saudade ficou (Benedito Lacerda e Jorge Faraj). Foi para a Rádio Mayrink Veiga, onde permaneceu durante 11 anos.
Em 1938 participou do filme musical Banana da terra, dirigido por J. Rui. Novamente na Victor, gravou, em 1939, a marcha Sem banana (João de Barro e Alberto Ribeiro), o samba Sei que é covardia, mas... (Ataulfo Alves e Claudionor Cruz), o fox-canção Linda Butterfly, a valsa Perfume de mulher bonita e o fox Dia há de chegar (as três de Georges Moran e Osvaldo Santiago).
Trabalhou, em 1940, no filme Vamos cantar, de Leo Martin e, no ano seguinte, em Entra na farra, de Luís de Barros. Para o Carnaval de 1941, gravou dois sucessos: a marcha Allah-lá-ô (Haroldo Lobo e Nássara) e a valsa Nós queremos uma valsa (Nássara e Frazão).
Em 1945 lançou, pela Continental, com Dalva de Oliveira e Os Trovadores, a adaptação de João de Barro para a história infantil Branca de Neve e os sete anões, com músicas de Radamés Gnattali. Em 1948, deixou a Rádio Mayrink Veiga para trabalhar na Rádio Nacional, onde ficou por quatro anos; gravou pela Victor o samba Vinte e Três de Abril (Roberto Martins e Ari Monteiro) e a valsa Saudade do Maranhão (Roberto Martins e Dilu Melo), lançando para o Carnaval a marchinha Cadê Zazá? (Roberto Martins e Ari Monteiro}.
Passou a trabalhar na Rádio Mayrink Veiga e na Rádio Mundial, em 1952, ano em que foi a Portugal, realizando apresentações durante um ano por todo o país. Em 1953 foi eleito Rei do Disco pela Revista do Disco. Em 1955 participou do filme Carnaval em Lá maior, de Ademar Gonzaga. Atuou, em 1957, no filme Metido a bacana, de J. B. Tanko.
Como um dos cantores que mais venderam disco no Brasil, lançou os seguintes LPs pela Victor hoje RCA: na década de 1950, Evocação, incluindo Guacira (Hekel Tavares e Joraci Camargo) e a Valsa dos namorados (Silvino Neto); Carrossel de melodias, com Fascinação (versão de Armando Louzada para a valsa de Marchetti) e Saudades de Matão [Antenógenes Silva, Jorge Galati e Raul Torres); em 1961, Jóias musicais de Joubert de Carvalho, com Maringá e Dor de recordar, esta em parceria com Olegário Mariano; em 1962, Um sorriso... uma frase... uma flor, com músicas já anteriormente gravadas em 78 rpm; em 1965, Canções de toda gente, com a faixa-título de Paulo Barbosa e Osvaldo Santiago; em 1966, O mundo das velhas canções, com A dama de vermelho (Alcir Pires Vermelho e Pedro Caetano) e Chão de estrelas (Sílvio Caldas e Orestes Barbosa); em 1968, Se ela sente saudade, com Gosto que me enrosco (Sinhô} e Viola enluarada (Marcos Vale e Paulo Sérgio Vale); em 1969, Italiana e outros sucessos de Carlos Galhardo, com Último beijo (Jorge Faraj e Roberto Martins); em 1970, Uma voz e um violão, com Nancy (Areli e Luís Lacerda) e Malandrinha (Freire Júnior); em 1971, Se esta rua fosse minha, tom a faixa- título e Casinha pequenina (ambas de domínio público).
Depois de Francisco Alves, foi o cantor que mais gravou em 78 rpm, cerca de 570 músicas, sendo conhecido como O rei da valsa e O cantor que dispensa adjetivos.