Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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domingo, 6 de junho de 2010

Amor Bastante - por Paulo Leminski







quando eu vi você
tive uma idéia brilhante
foi como se eu olhasse
de dentro de um diamante
e meu olho ganhasse
mil faces num só instante

basta um instante
e você tem amor bastante

um bom poema
leva anos
cinco jogando bola,
mais cinco estudando sânscrito,
seis carregando pedra,
nove namorando a vizinha,
sete levando porrada,
quatro andando sozinho,
três mudando de cidade,
dez trocando de assunto,
uma eternidade, eu e você,
caminhando junto

Paulo Leminski



Paulo Leminski Filho (Curitiba, 24 de agosto de 1944 — Curitiba, 7 de junho de 1989) foi um escritor, poeta, tradutor e professor brasileiro. Era, também, faixa-preta de judô.
Filho de Paulo Leminski e Áurea Pereira Mendes. Mestiço de pai polonês com mãe negra, Paulo Leminski Filho sempre chamou a atenção por sua intelectualidade, cultura e genialidade. Estava sempre à beira de uma explosão e assim produziu muito. É dono de uma extensa e relevante obra. Desde muito cedo, Leminski inventou um jeito próprio de escrever poesia, preferindo poemas breves, muitas vezes fazendo haicais, trocadilhos, ou brincando com ditados populares.

Em 1958, aos catorze anos, foi para o Mosteiro de São Bento em São Paulo e lá ficou o ano inteiro.

Participou do I Congresso Brasileiro de Poesia de Vanguarda em Belo Horizonte onde conheceu Haroldo de Campos, amigo e parceiro em várias obras. Leminski casou-se, aos dezessete anos, com a desenhista e artista plástica Neiva Maria de Sousa (da qual se separou em 1968).

Estreou em 1964 com cinco poemas na revista Invenção, dirigida por Décio Pignatari, em São Paulo, porta-voz da poesia concreta paulista.

Em 1965, tornou-se professor de História e de Redação em cursos pré-vestibulares, e também era professor de judô.

Classificado em 1966 em primeiro lugar no II Concurso Popular de Poesia Moderna.

Casou-se em 1968 com a também poetisa Alice Ruiz, com quem viveu durante vinte anos. Algum tempo depois de começarem a namorar, Leminski e Alice foram morar com a primeira mulher do poeta e seu namorado, em uma espécie de comunidade hippie. Ficaram lá por mais de um ano, e só saíram com a chegada do primeiro de seus três filhos: Miguel Ângelo (que morreu com dez anos de idade, vítima de um linfoma). Eles também tiveram duas meninas, Áurea (homenagem a sua mãe) e Estrela.

De 1969 a 1970 decidiu morar no Rio de Janeiro, retornando a Curitiba para se tornar diretor de criação e redator publicitário.

Dentre suas atividades, criou habilidade de letrista e músico. Verdura, de 1981, foi gravada por Caetano Veloso no disco Outras Palavras. A própria bossa nova resulta, em partes iguais, da evolução normal da MPB e do feliz acidente de ter o modernismo criado uma linguagem poética, capaz de se associar com suas letras mais maleáveis e enganadoramente ingênuas às tendências de então da música popular internacional. A jovem guarda e o tropicalismo, à sua maneira, atualizariam esse processo ao operar com outras correntes musicais e poéticas. Por sua formação intelectual, Leminski é visto por muitos como um poeta de vanguarda, todavia por ter aderido à contracultura e ter publicado em revistas alternativas, muitos o aproximam da geração de poetas marginais, embora ele jamais tenha sido próximo de poetas como Francisco Alvim, Ana Cristina César ou Cacaso. Por sua vez, em muitas ocasiões declarou sua admiração por Torquato Neto, poeta tropicalista e que antecipou muito da estética da década de 1970.

Na década de 1970, teve poemas e textos publicados em diversas revistas - como Corpo Estranho, Muda Código (editadas por Régis Bonvicino) e Raposa. Em 1975 - e lançou o seu ousado Catatau, que denominou "prosa experimental", em edição particular. Além de poeta e prosista, Leminski era também tradutor (traduziu para o castelhano e o inglês alguns trechos de sua obra Catatau, a qual foi traduzida na íntegra para o castelhano).

Na poesia de Paulo Leminski, por exemplo, a influência da MPB é tão clara que o poeta paranaense só poderia mesmo tê-la reconhecido escrevendo belas letras de música, como Verdura.

Músico e letrista, Leminski fez parcerias com Caetano Veloso e o grupo A Cor do Som entre 1970 e 1989.Teve influência da poesia de Augusto de Campos, Décio Pignatari, Haroldo de Campos, convivência com Régis Bonvicino, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Moraes Moreira, Itamar Assumpção, José Miguel Wisnik, Arnaldo Antunes, Wally Salomão, Antônio Cícero, Antonio Risério, Julio Plaza, Reinaldo Jardim, Regina Silveira, Helena Kolody, Turiba, Ivo Rodrigues.

A música estava ligada às obras de Paulo Leminski, uma de suas paixões, proporcionando uma discografia rica e variada.

Entre 1984 e 1986, em Curitiba, foi tradutor de Petrônio, Alfred Jarry, James Joyce, John Fante, John Lennon, Samuel Beckett e Yukio Mishima, pois falava 6 línguas estrangeiras (inglês, francês, latim, grego, japonês, espanhol). Publicou o livro infanto-juvenil ‘’Guerra dentro da gente’’, em 1986 em São Paulo.

Entre 1987 e 1989 foi colunista do Jornal de Vanguarda que era apresentado por Doris Giesse na Rede Bandeirantes;

Paulo Leminski foi um estudioso da língua e cultura japonesas e publicou em 1983 uma biografia de Bashô. Além de escritor, Leminski também era faixa-preta de judô. Sua obra literária tem exercido marcante influência em todos os movimentos poéticos dos últimos 20 anos.

wikipédia

Maysa - por Norma Hauer


Maysa Figueira Monjardim nasceu em São Paulo no dia 6 de junho de 1936. Ficou conhecida como Maysa Matarazzo, depois como Maysa Monjardim e, finalmente como MAYSA.

Nascida numa família tradicional do Espírito Santo, que se transferiu para São Paulo e depois para o Rio de Janeiro, mais precisamente para o bairro de Botafogo.

Depois de quase um século, quando Chiquinha Gonzaga despontou para a música popular, apareceu MAYSA. Nesse intervalo não surgiram outras mulheres compositora.

Tivemos Rosa Floresta, mas pelo que sei só compôs uma música e não ficou conhecida.

Contemporânea da compositora e cantora Dolores Duran, Maysa compôs 26 canções, todas gravadas por ela.
Maysa interpretava de maneira muito singular, personalista, com toda a voz, sentimento e expressão. Um canto gutural, ensejando momentos de solidão e de grande expressão afetiva.
Um dos momentos antológicos desta caracterização dramática foi a apresentação, em 1974, de Chão de Estrelas (Silvio Caldas e Orestes Barbosa). Grande sucesso!

Como atriz Maysa trabalhou no teatro, televisão, com participações especiais nas novelas “O Cafona”, ao lado de Francisco Cuoco, “Bravo!”, com Carlos Alberto, na Rede Globo, e em “Bel-Ami”, na TV Tupi.

Em 1977, um trágico acidente automobilístico na Ponte Rio-Niterói encerrava (aos 41 anos) a carreira e o brilho da estrela, que foi um dos maiores mitos da música brasileira.

No ano passado (2009) a Rede Globo apresentou a vida de MAYSA em uma mini-série, dirigida por seu filho Jayme Monjardim.
Norma

Fabulosa Programação de Shows da Expocrato / 2010


Corram que os Ingressos já estão à venda !

O boi




O boi

O boi pastava borboletas no jardim.
Esse boi é tudo quanto eu quero.
Os bagres puseram o córrego de bruços
E escovaram os dentes com inhame.

A rã se ajoelha de toalha no pescoço.
O bem-te-vi repete a mesma paisagem,
As mesmas palavras têm anzol dentro.
O lagarto conhece cada gomo da pedra.

À beira da estrada uma árvore reza.
O poema se concentra nas coisas,
De ser coisa se basta como um moirão.

Carrego uma cobra no bolso da calça,
Com uma embira prendo na paisagem.
Na minha língua um boi está pastando.

19-2-03
________

CLIQUE - Por Edilma Rocha


NOITE DE SÃO JOÃO - Por Edilma Rocha

Os festejos de São João faziam a alegria da meninada todos os anos. Tempo de coisas simples e comemorava-se ali na calçada da rua. Famílias e vizinhos se reuniam para organizar a noite tão esperada. Todos juntos, papai, mãezinha, Ricardo, Roberto, eu, Edilsinho, também meu avô, minha avó, sem esquecer Vilanir que morava conosco; mas Flash, o cachorro, estava enfiado debaixo da cama com medo das bombas.

As casas eram quase todas enfileiradas parede com parede mas aqui e ali um bangalô se destacava das demais. Eram das famílias abastadas, casas dos Coronéis. As calçadas cheias de cadeiras, de balanço, esparguete e até tamboretes para sentar e assistir a grande noite de São João. As vizinhas se encarregavam da decoração preparando uma mesa grande com toalha de xadrez recebendo os pratos típicos como, mucunzá, pé de moleque, canjica, bolo de macaxeira, pipoca, milho cozido , sucos, caldo de cana e aluá. Os cordões com bandeirinhas coloridas tremiam ao vento enquanto se ouvia o som do acordeon da galinha da rua. Não sabia porque era chamada assim, mas a sua figura, lembro bem, era diferente das nossas mães. Alta, magra, cabelos louros de farmácia, as unhas enormes e vermelhas, decote grande num vestido apertado e andava balançando muito as cadeiras. Ficava num grupinho afastado perto dos correios, mas tocava bonito.

Era costume cada morador ter a sua própria fogueira em frente a sua casa e montada próximo ao meio fio da calçada. As bombinhas brilhavam na noite iluminada pelas fogueiras de uma ponta a outra da rua. A luz elétrica já tinha ido embora e o clarão do fogo aquecia nossos rostos como uma carícia gostosa, no clima frio do mês de Junho fazendo as nossas bochechas ficarem vermelhas. Minha avó olhava de um lado para o outro tentando controlar nossos passos a certa distância.

_ Telma, olha esses meninos !

_ Quando der fé, o fogo engole um !

E fugíamos às gargalhadas...

Os mais velhos eram mais audaciosos e podiam estourar as famosas bombas rasga-latas e nós as crianças ficávamos com os traques, chuvinhas e pixites. O papai de vez em quando soltava um rojão para o céu num colorido brilhante que caía devagar em gotas de fogo de várias cores.

Mãezinha tinha me enfeitado toda. Cabelos bem presos por laço de fita, franja bem aparada, sapatos com meias brancas e um vestido rodado na cor azul de uma espécie de tule com bolinhas salientes que me penicava inteira. Era um horror !

_ Está linda neste vestido novo...

Falava a todos que chegavam. E eu com ódio, franzia a testa e fazia beicinho com um olhar de poucos amigos. Era um corre-corre danado da meninada em volta da fogueira e cada um exibia orgulhoso os seus fogos. Joguei todos os traques nos pés de Ricardo e Roberto fazendo-os pular adoidado enquanto me divertia. Só me restava na caixinha os pixites, mas as chuvinhas de Edilsinho giravam no ar hipnotizando nosso olhar. De repente, as faíscas caíram na minha caixinha e os pixites acenderam todos e tomaram conta do meu vestido de tule espinhento. Pareciam estar vivos... Foi faisca pra todo lado. Os pixites subiam e desciam na minha saia rodada e eu aos pulos de medo e alegria. Medo do fogo me queimar e alegria porque certamente iria me livrar para sempre daquele vestido azul de carrapicho.

Ouviam-se vozes...

_ Chega, acode ! A menina vai se queimar !

E correram todos para me acudir, mas não aconteceu nada comigo. Os pixites estavam fazendo a festa era no meu vestido novo. Quando o fogo cessou, eu estava com uma carinha pra lá de feliz e o vestido do orgulho da minha mãe, cheio de buracos queimados.

Eu estava a salvo !

Edilma Rocha

Alunas do Diocesano...

Na rua Duque de Caxias - Crato - CE
Quem são?
Teus silêncios

- Claude Bloc -
Chama-me do que quiseres, diz-me o que disseres, mas, na verdade e a bem da verdade, eu queria perder-me nos teus silêncios e sentir-me parte deles, como se disso dependesse o mundo.

Distâncias nunca vão desaparecer, a palavra nunca deixará de existir, não para sempre. Não, ponto!

Portanto, se fores pássaro, recomeça tudo por onde der, pois já não sei como queres que isso vá adiante. Voarei ao encontro dos teus sonhos. Como se disso dependesse o mundo.
Foto e texto por Claude Bloc

Fim de Noite- poor Socorro Moreira






Fim de noite
é o dia amanhecendo
Olhos sonolentos
querendo mais vida ao relento
Quando o músico guarda o instrumento ,
quero a saideira em doses , em notas ,
e no guardanapo molhado ,
mais um tonto poema .


Fim de noite
é droga que se evapora
voz rouca , coração cansado
transformado em saudade



"Olha , fecha os olhos meu amor ...
é noite ainda ..."



Céu escuro que vai clareando
Murmúrios no silêncio
de uma noite que cala .


Havia tantas estrelas ,
e tão pouco céu ...
Agora existe um sol cor-de-rosa
e o infinito imenso pedindo uma rede ,
e a benção da aurora !

Por Socorro Moreira



Nos tempos do verbo



Sensível
a qualquer tipo de carinho
sorriso , mimo ...
Rostos distantes
parecem contas
de colares partidos
olhares , bocas ...
pérolas escapadas de mim
Sem adereços
esqueço endereços
acendo velas
ilumino lembranças
fragmentos visíveis
O vento traz
o vento leva
a onda traga
espuma de amor
...saturada !
Entreguei os pontos
sem checar os trunfos
meus ases, meus ais ...
num jogo comum
E se todos chegassem ,
num apelo coletivo ?
- Eu ficaria contigo !
Se o tempo voltasse
eu dançaria a valsa dos meus 15 anos
Pediria uma bicicleta no Natal
Nadaria nos rios poluídos
Do Crato até Ingazeiras ...
E naquele trem , naquele dia
Teria te visto primeiro
E naquela festa , naquela dança
Me apertaria em teu peito
E naquela noite , naquela praça
te entregaria os meus olhos.
Donzelas de saltos finos e meias desfiadas
se avermelhavam
quando a brisa do amor passava
Guardavam cadeiras no cinema
pro moço que não chegava
Choravam em convulsão
por Francisco e Santa Clara.
Tremores nas mãos , em dias de prova
Disparos no coração , quando recebiam nota
A chatice
de provar o vestido novo
que ficara torto
A vergonha de vestir
o traje antigo
com mancha de caju
na altura do colo
A barra da saia desmanchada
O sapato de sola desgastada
as meias de algodão afolozadas
E o coração na boca
todo atrapalhado
As cartas de amor nunca postadas
promessas tímidas
desejos contidos
orelhas pegando fogo
retrato em 3 x 4
na bolsa ou no livro
um trevo de 4 folhas
pra garantir o destino
Queríamos correr no tempo
e o tempo nos pegou
Deixou-nos
aonde estou !
Senhora - vó
Querendo comer maça
Pecar contra o que não fez
Ser feliz sendo o que quis !

Naquele tempo - por Socorro Moreira






Todas as manhãs
vestíamos a mesma roupa
ouvíamos as mesmas aulas
Assuntos repassados ,
alguns até ficaram ...
Olhar puro ,
mesmo aquele
de cabeça baixa
vírgulas ponteando a amizade
Vivi todas as reticências
Acordei sonolenta
madrugando um problema
que era apenas matemático
Quebrei tantos óculos
usei candieiros
Insistia no ponto
que a vida exigia
A intenção era única
O sentimento comum
Estudar, terminar....
Casar de branco
Como lírios do campo
e lua de mel
copiada do céu
Rostos registrados
Sons e letras
na pureza de um sonho ,
Hoje conquistado !

O Baile- por Socorro Moreira






A primeira música do baile
inquietava os nossos passos
Uma vozinha interior nos dizia:
Não posso olhar ,nem estimular ...
Menina direita não se mexe na cadeira
A indocilidade nos levava à toilete
Pra retocar o batom , disciplinar o coração
E o moço tímido , o par nunca desejado
é quem pagava o pato:
Estou cansada , não sei dançar ...
Na pior das hipóteses
um bolero lhe concedíamos
De nuca tencionada ...
Face a a face , nem pensar !

O outro - o desejado
distante era acompanhado.. .
sempre embevecido ,
no brilho de outro olhar.
A última canção
era o sufixo da esperança
Outro dia , outra dança ...


Em casa , leite de rosas na cara
E o sono da própria ilusão.
Canções em tons baixinhos
serenatas pras vizinhas
alguém se punha a cantar


Nunca mais vivi tamanha magia
O farfalhar das sedas
a sensualidade , no meu vestido vermelho
Minha morenice , meu jeito intimidado
de negar o que eu sentia


Por todos os sonhos ...
Cadê aquele baile , aquela valsa ,
aquele sonho ?

Um dia do passado - por Socorro Moreira

Inércia - Por Socorro Moreira



A cantiga da chuva começa a ficar monótona.
Saudades dos meus óculos de sol.
O retiro que se indefine, encharca-se de uma preguiça nostálgica. As distâncias vão instalando valas ... Os abismos aprofundam-se. Nossas próprias águas avoluma-se , e nos asfixiam.
Olho para o céu ... Esse tempo nublado me deixa careta, e desapaixonada.
Meu amor platônico auto-deletou-se !
Meu amor virtual dorme antes e depois de mim.
Meus afetos reais ocupam-se dos seus dramas pessoais ...Não tocam, se entocam !
A casa de janelas abertas ferrolha a sua porta. A vida consome-se lenta e corrosivamente. O tempo arranca meu velho papel de parede, num vendaval insubmisso. Pesam-me os pensamentos, e essa virada do tempo.
Caras desmotivadas e assaltadas por todas as angústias do mundo, impostam-me máscaras. Alegria sem eco.Tristeza sonora, como um disco arranhado .Pinga em gotas, conta-gotas( lágrimas da Terra).
Sinto que os mensageiros de todas as novas estão a caminho. As mudanças aleatórias virão ! Esse aperto no peito explodirá um jeito verde de enxergar a vida .
São poucas horas de um novo 13 de Abril .
Casa silenciosa , abandonada pelas baratas, pessoas e paixão. Meus tamancos zuadam pela escada interna .Passeiam nos recantos selados e desmemoriados. Lá fora a cidade corre. Meus templos são as calçadas ... Empoçadas , espelham um céu e um momento gris.
Vou e volto para os algodões verde - água dos meus lençóis desarrumados pelo tormento dos sonhos. Pernas cruzadas, olhar embaçado .
Quando a minha energia voltar vou inverter a posição das telas do meu quarto, polir as lembranças, inocentá-las de todas as dores, retirar essa energia senil .
É confortável o silêncio do corpo. O meu silêncio só abre a boca, quando encara a vida , e sente-se feliz !

Pedra- por Everardo Norões

A mudez das pedras
no seu ninho de acaso

À reverberação da luz,
infinito adágio.

A nudez das pedras,
seu conluio de nuvens,
seus limite4s de sombra:
seus secos sentidos.

Na garganta acesa,
uma planície de água :
ninho de pedras,
guarda.

Ditadores do livre mercado - por José do Vale Pinheiro Feitosa

Craig Venter é bem uma verdade antropológica que supera esquemas filosóficos excessivamente determinísticos. Basta que se ponha Donald Francis em confronto com aquele biólogo ambicioso, cujo maior desejo era se tornar bilionário e famoso numa única tacada. Venter e Francis fizeram suas vidas na mesma matriz de ambições e concentração de poderes que são os EUA. Venter foi por um rumo e Francis por outro. Mesmo que estuários do mesmo do “destino confesso” isso faz uma enorme diferença.

Craig Venter olha para o mundo como uma massa amorfa a se dar forma. E ele deseja sozinho ser escultor desta massa, traduzindo o mesmo vício imperial do seu país. E tem mais, e isso é importantíssimo, pois nem toda crítica deseja superar uma ordem injusta para implantar outra mais democrática. Ele se torna famoso e milionário (mas o objetivo é ser bilionário) justamente porque baixou a lenha sobre a burocrática estrutura pública dedicada à decifração do código genético humano. Só que o objetivo do pequeno ditador era simplesmente criar uma estrutura de exploração humana sobre aquilo que era a sua essência no sentido mesmo da metafísica, embora à primeira vista não pareça. Ele simplesmente desejava controlar o código genético humano. Como agora vem com mais esta jogada da chamada “vida artificial”.

O modelo empresarial dos antigos médicos de Hitler ao patentear o código genético humano teria direito a um naco de cada ser humano. Isso significa que daí em diante qualquer conhecimento sobre biotecnologia e farmacologia de natureza humana, de alguma forma, iria pagar pedágio a esta versão da Microsoft na biotecnologia. Neste ponto Craig Venter seguia o modelo esperto dos softwares proprietário que diariamente tomam “impostos” de milhões de operações banais em computadores pessoais. Este Bill Gates da biotecnologia é um ser especialmente a ser combatido,denunciado e expostas as suas contradições.

Não me esqueci do Don Francis. O Craig Venter tem sua ambição forjada como biológico do exército americano na guerra do Vietnã. Em corpos mutilados por armas de fogo e armadilhas rústica dos Vietcongues. Já o Don participou na erradicação da varíola em três continentes (Ásia, África e Europa), esteve no controle da epidemia de Ebola na África, foi um dos pioneiros no estudo da vacina contra a Hepatite B nos EUA e China e depois participou dos estudos que traduziu a epidemia de AIDs e inclusive do seu agente viral, tendo sido um dos primeiros cientistas a revelarem o modelo da etiologia viral da síndrome.

Donald Francis foi do CDC (Crontol Disease Center) e sempre trabalhou na saúde pública americana, tendo sido aposentado por pressão de Bush Jr. Já Creig quando saiu do exército americano se dedicou às empresas privadas, procurando o mesmo modelo de poder de Bill Gates. Enquanto Don viveu na periferia do mundo, se expondo em nome de uma vontade coletiva, inclusive da Organização Mundial de Saúde, o Creig percebendo o boom econômico dos EUA após a década de 70, foi para sofisticados e esterilizados laboratórios coordenar cientistas, enquanto noutra ponta penetrou o mundo da bolsa de valores prometendo remunerar capitais numa escala jamais vista.

O que a aventura de Don Francis afinal leva é uma fragilidade empresarial em tudo que ele se meteu no setor privado. Agora mesmo busca uma vacina para a Dengue,certamente ganhará muito dinheiro e remunerará os capitais investidos, mas ainda se encontra numa escala limitada do controle humano. A patente um dia cai e o mundo fica beneficiado com a vacina. Já o que Creig deseja é simplesmente o poder, absoluto, irresoluto das suas decisões, que ao longo do tempo degeneram em vontades periféricas que se prestam apenas aos humores patológicos deste tipo de poder.

Aí não existe mais progresso humano, tudo se resume meramente à exploração econômica, científica e cultural. Com estes códigos revelados, não tenhamos dúvidas, virão uma série de normas antropológica a serviço de alguma área de exploração e padronizando o que antes eram oportunidades naturais ou induzidas. Um sujeito com um poder deste é horizonte finito das possibilidades humanas.

Pensamento para o Dia 06/06/2010



“Para fixar-se na contemplação do Senhor onipresente, não há nenhuma limitação de tempo e lugar. Não há nada como um tempo auspicioso ou um lugar sagrado. Onde quer que a mente se deleite na contemplação do Divino, esse é o lugar sagrado. Onde quer que a mente medite no Senhor, esse é o momento auspicioso. O mundo pode alcançar prosperidade através de almas disciplinadas cujos corações são puros e que representam o sal da terra. Todos, a partir deste momento, devem orar para o advento de tais almas santas, tentar merecer as bênçãos das grandes almas, esforçar-se para esquecer os próprios sofrimentos e promover o bem-estar do mundo.”
Sathya Sai Baba
"Tudo posso em minha música que tudo pode em meu unir - versos ."

(Pachelly Jamacaru )



por Socorro Moreira

Nós , madrugada e música

Uma voz que arrepia
um toque de violão
delicadeza no som
poesia no coração

Ébria de sua intenção
Nossa história vive enfim,
mais um capítulo de prosa ,
nos confins da emoção

Eu queria ser tocada
Como toca o violão
Eu queria ser beijada
Como canta uma canção

E a lua , copulada
em mim, também se espalha ...
Eu sinto que as tuas águas
inudam a minha alma

A brisa que tudo afaga ,
carrega no seu carinho,
O desejo consumido,
quando o dia vem mansinho

Ruídos do amor se calam
Agora somente escuto ...
O canto dos passarinhos !

Música em Oásis ... Por Pachelly Jamacaru

Sob o vão do Arco - íris - Pachelly Jamacaru


AS CURVAS SINUOSAS DO TÃO GIGANTE PAÍS

SÓ FAZEM LEMBRAR QUE TANTAS VEZES EM TI

MORRI FELIZ


Ex - Orbitante - Pachelly Jamacaru


PELAS NÁDEGAS LUNAR

POR SEIO ALFA , SEIO BELTA

POR TODO SEU CORPO CELESTIAL

EU VOU ...

Neblina - por Socorro Moreira






Um sábado morto nos sonhos,
que não consigo lembrar
Céu gris, suavemente claro
A manhã deseja neblinar
Seus líquidos,seus sonhos
Uma chuvarada de açúcar e sal!


Vontade de remexer em tudo
Mudar as coisas, que foram coladas
inquieta-me, a vida cristalizada
Parece montanha a espera de um lago!
Soltar meus passos...
Andar por aí, até cansar!
A pauta do dia foi rascunhada
No fim do dia será rasurada!

Anoitece...

O sono vive no caminho
lua, na fase escondida
amanhã o escuro será claro
Bem vindo o dia!
As horas não apressam os sinos
quero entrar na caixa do presente
desfazer as fitas da ilusão
Mas só tenho nas mãos, papel de pão!
Não sou Hera, nem Vera...
Athenas e Afrodite,
se afastam de mim...
O amor está no mito,
ou no dito do destino?

Por Norma Hauer



ATÉ QUE ENFIM UM ANIVERSARIANTE VIVO E MOÇO.
O cantor MÁRCIO GOMES completou ontem 36 anos.
Embora novo, há anos dedica-se ao repertório da velha guarda cantando com uma voz possante e muito bonita aquele repertório esquecido por uns e desprezado por outros.

Conheci-o quando, ainda bem novo (24 anos) apresentou-se no Sesc da Tijuca com o repertório de Francisco Alves.
Recentemente ele lançou um CD só com fados e tangos que foram famosos desde meados do século 20.

É preciso que apareçam outros "Márcios Gomes" para que a música de tempos que ficaram para trás não desapareça.

A música clássica está sempre viva porque sempre aparecem intérpretes para cantá-las, excutá-las em orquestras ou pianos e gravá-las. Temos Beethoven,Chopin, Wagner, Shubbert, Shuman, Carlos Gomes, Villa Lobo e muitos outros sempre revividos.

Porque não aparecem outros Márcio Gomes para manter viva nossa música de raiz ?
É preciso que as escolas ensinem essas músicas às crianças e as incentivem.
O cantor Sílvio Caldas sempre dizia que não queria morrer sem ver aulas de música popular em nossas escolas.
Infelizmente, não viu.

A Márcio Gomes, neste seu aniversário meus parabéns e meus votos par que você continue assim.
Norma

SÃO JOÃO ANTIGO - Por Marcos Barreto de Melo

Já faz algum tempo, estamos sendo bombardeados por uma infinidade de músicas, se é que podemos assim chamá-las, que a cada ano surgem neste período que antecede as festividades juninas. Na sua quase totalidade, são músicas apelativas, com letras insinuantes e de duplo sentido, totalmente descompromissadas com o verdadeiro espírito da festa de São João. São músicas que em nada retratam os costumes ou a cultura do nosso povo, mas tão ­somente visam à lucratividade. Ao que me parece, um objetivo já alcançado, haja vista o crescente número de cantores e adeptos deste gênero. Por serem músicas passageiras, de breve duração, podemos até classificá-­las como mais um artigo de consumo para uma determinada faixa da população. Como não apresentam qualquer sustentação poética, estas músicas não conseguem resistir à ação demolidora do tempo, residindo neste fato a grande diferença entre estas e aquelas músicas mais antigas.
Dificilmente encontramos hoje músicas que cantem o São João na sua forma mais autêntica, como ainda é festejado no interior. O São João de quadrilhas e brincadeiras ao redor da fogueira, com balões e foguetões, onde as pessoas fazem pedidos a São João e se divertem com as adivinhações. O São João de fartura, com milho verde, canjica, pé-de-­moleque, licor e aluá.
As marchinhas, os forrós baiões com motivação junina são hoje raríssimas exceções. Os atuais cantores da música nordestina parecem desinteressados na preservação deste estilo ou encontram-se já corrompidos pela lucratividade que o pornoforró lhes proporciona. Naturalmente que há exceções ao que foi exposto acima como exemplos, podemos citar os sanfoneiros Dominguinhos e Luiz Gonzaga, dois pernambucanos de fibra e que sempre souberam se manter fiéis ao compromisso de cantar os valores e a cultura da terra nordestina.
Diante deste quadro, nos parece muito confortante o fato de ainda podermos ouvir músicas que são verdadeiros clássicos da música junina. São obras que não envelheceram, não obstante tenham sido gravadas há quase 40 anos, e que ainda continuam trazendo alegrias e recordações até mesmo para o público mais jovem. Se não ouvimos com mais freqüência estas músicas, é porque os esquemas de divulgação não permitem. Quem não conhece, por exemplo, São João na Roça (A fogueira tá queimando/em homenagem a São João/ O forro já começô ô...), marchinha junina composta por Luiz Gonzaga em parceria com o poeta pernambucano Zé Dantas, em 1952, e cantada até os dias de hoje; Noites Brasileiras (Ai que saudade que eu sinto/das noites de São João/das noites tão brasileiras, das fogueiras/sob o luar do sertão...), também de autoria de Zé Dantas e Luiz Gonzaga, gravada pela primeira vez em 1954; São João antigo (Era festa de alegria/São João/ tinha tanta poesia/São João/tinha mais animação...), outra marcha junina composta por Zé Dantas e Luiz Gonzaga no ano de 1957; São João no Arraiá (Ô Iaiá vem vê/Ô Iaiá vem cá/vem vê coisa bonita/São João no arraiá ..), composição de Zé Dantas gravada por Luiz Gonzaga em 1960; Olha pro Céu (Olha pro céu meu amor/vê como ele está lindo/ olha pra aquele balão multicor...), de José Fernandes e Luiz Gonzaga, gravada em 1951.
Estes são apenas alguns exemplos de músicas juninas que se transformaram em imortais sucessos e que, indiferentes à ação do tempo, continuam vivas ainda hoje. Com isso, vemos que a música que tem base poética, de único sentido e voltada para os valores da terra, não tem vida limitada. Para ela, sempre haverá espaço.
Observamos hoje, com tristeza, que a descaracterização do São João não está apenas na música, mas, também, na maneira como vem sendo comemorado. O que se vê hoje nas grandes cidades não passa de uma grosseira imitação.
É necessário que haja uma conscientização ainda maior no sentido de preservar esta que é uma das nossas mais tradicionais festas populares. Por tudo isso é que procuro refúgio no intetior, seguindo o conselho de Zé Dantas e Luiz Gonzaga em "São João Antigo", para ter a certeza de que não mudei, nem tão pouco o São João. Quem mudou foi a cidade.


SÃO JOÃO ANTIGO – (Zé Dantas e Luiz Gonzaga) - 1957

Era festa da alegria
São João
Tinha tanta poesia
São João
Tinha mais animação
Mais amor, mais emoção
Eu não sei se eu mudei
Ou mudou o São João

Vou passar o mês de junho
Nas ribeiras do sertão
Onde dizem que a fogueira
Ainda aquece o coração
Pra dizer com alegria
Mas, morrendo de saudade
Não mudei, nem São João
Quem mudou foi a cidade


SÃO JOÃO NO ARRAIÁ – (Zé Dantas) - 1960

Ô Iaiá vem vê
Ô Iaiá vem cá
Vem vê coisa bonita
São João no arraiá

Vem vê quanta fogueira
No terreiro embandeirado.
Foguetes e balões
Sob o céu todo estrelado
Namoro à moda antiga
Com suspiros ao luar
Vem vê coisa bonita
São João no arraiá

Cachaça em Pernambuco
Renda só no Ceará
Café só em São Paulo
Açaí só no Pará
No clube o ano novo
Bom na rua é carnavá
Natá só presta em casa
São João no arraiá.


SÃO JOÃO NA ROÇA - (Zé Dantas e Luiz Gonzaga) - 1952

A fogueira tá queimando
Em homenagem a São João
O forró já começô ô
Vamo gente
Rapá pé nesse salão
Dança Joaquim com Zabé
Luiz com Yayá
Dança Janjão com Raqué
E eu com Sinhá
Traz a cachaça Mané
Eu quero vê
Quero vê paia avuá.


OLHA PRO CÉU – (José Fernandes e Luiz Gonzaga) - 1951

Olha pro céu, meu amor
Vê como ele está lindo
Olha pra aquele balão multicor
Como no céu vai sumindo
Foi numa noite, igual a esta
Que tu me deste o coração
O céu estava, assim em festa
Porque era noite de São João
Havia balão no ar
Xote, baião no salão
E no terreiro o teu olhar
Que incendiou meu coração.


Marcos Barreto de Melo

Carlos Nobre



Nomar Nobre Chatelain, conhecido como Carlos Nobre (Vitória, 6 de junho de 1934) é um cantor e compositor brasileiro.

Seu maior sucesso foi a canção Ciclone, gravada em 1959 e que ficou nas paradas por muito tempo . Em cinquenta anos de carreira, gravou 27 discos, entre LPs e compactos, além de inúmeros 78 rotações. Seus discos venderam 600 mil cópias, aproximadamente. Entre os prêmios, ganhou o Troféu Chico Viola .

Atualmente reside na cidade do Rio de Janeiro.

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Carl Jung



Carl Gustav Jung (Kesswil, 26 de julho de 1875 — Küsnacht, 6 de junho de 1961) foi um psiquiatra suíço e fundador da psicologia analítica, também conhecida como psicologia junguiana.



Onde o amor impera, não há desejo de poder; e onde o poder predomina, há falta de amor. Um é a sombra do outro.



Todos nós nascemos originais e morremos cópias.

Uns sapatos que ficam bem numa pessoa são pequenos para uma outra; não existe uma receita para a vida que sirva para todos.

"Aquilo a que você resiste, persiste."

Carl Jung

Bené Nunes






Benê Nunes (Benedito Francisco José de Sousa da Penha Nunes da Silva), instrumentista e compositor nasceu no Rio de Janeiro RJ em 16/11/1920 e faleceu em 07/06/1997. Começou a tocar piano aos quatro anos de idade, mas estudou música apenas seis meses, continuando a aperfeiçoar-se de ouvido.

Aos sete anos apresentou-se no programa Hora Infantil, da Rádio Cajuti, executando Pé de anjo(Sinhô) e foi contratado pela emissora, onde permaneceu durante seis meses. Voltou a atuar profissionalmente aos 14 anos, tocando em gafieiras.

Em 1945 integrou o conjunto Milionários do Ritmo, de Djalma Ferreira, e estreou no cinema no ano seguinte, aparecendo na produção da Atlântida Mãe, de Teófilo de Barros. Participou de vários filmes, tendo ficado conhecido como o pianista-galã do cinema e do rádio brasileiros.

Sob a direção de Watson Macedo, apareceu em Carnaval no fogo, em 1949, e em Aí vem o barão, em 1951, ambos da Atlântida. Em 1952 participou de Barnabé, tu és meu, de José Carlos Burle, e foi o ator principal do filme O rei do samba, de Luís Santos, interpretando o papel do compositor Sinhô. Ainda em 1952, atuou ao lado de Adelaide Chiozzo no filme É fogo na roupa, de Watson Macedo.

Formou uma orquestra, considerada a maior da América do Sul, com 32 figuras. Um de seus grandes sucessos foi o choro-maxixe Gostosinho, gravado na Continental.

No início do movimento da bossa nova, promoveu em sua casa várias reuniões musicais. Em 1984 apresentou-se profissionalmente pela última vez, na Sala Cecília Meireles, no Rio de Janeiro, num recital em companhia da pianista Laís de Sousa Brasil. Depois tocou somente em espetáculos beneficientes.

Aposentado como delegado fiscal do governo, viveu seus últimos anos, com a família, em seu apartamento no bairro carioca de Botafogo.

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e PubliFolha.

Moreira da Silva



Antônio Moreira da Silva (Rio de Janeiro, 1 de abril de 1902 — Rio de Janeiro, 6 de junho de 2000) foi um cantor e compositor brasileiro, também conhecido como Kid Moringueira.

Filho mais velho de Bernardino de Sousa Paranhos, trombonista da Polícia Militar e de dona Pauladina de Assis Moreira.

Carioca da Tijuca, criado no Morro do Salgueiro, só iniciou os estudos aos nove anos, mas abandonou a escola aos onze anos, quando o pai falaceu. Foi empregado de fábricas, tecelagens e chofer de praça e de ambulância.

Considerado o criador do samba-de-breque, Moreira da Silva iniciou sua carreira em 1931, com Ererê e Rei da Umbanda. Em 1992, foi tema do enredo da escola de samba Unidos de Manguinhos. Em 1995 gravou "Os 3 Malandros In Concert" com Dicró e Bezerra da Silva, aos 93 anos de idade.

Em 1996, foi tema do livro Moreira da Silva - O Último dos Malandros. Com 98 anos de idade, ainda se apresentava em shows.

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Thomas Mann



Prêmio(s) Nobel de Literatura (1929)
Thomas Mann (Lübeck, 6 de Junho de 1875 — Zurique, 12 de Agosto de 1955) foi um romancista alemão.

É considerado por alguns como um dos maiores romancistas do século XX, tendo recebido o Nobel de Literatura de 1929. Foi o irmão mais novo do romancista Heinrich Mann e o pai de Klaus, Erika, Golo (aliás Angelus Gottfried Thomas), Monika, Elisabeth e Michael Thomas Mann.

MUROS E MANGAS - Por Xico Bizerra

Mais gostoso que as mangas roubadas era o prazer de roubá-las, de pular o muro, do perigo que se corria se flagrado fôssemos. As mangas cumpriam apenas um papel secundário ao serem chupadas. Sabíamos que, se descobertos, nossos pais tomariam conhecimento do ‘crime’ e as penalidades iam de estudar a tarde inteira a não poder jogar bola depois das quatro. Mas valia a pena correr o risco e enfrentar as ameaças. Era o prazer do perigo, da aventura. Hoje, não pulo muros nem chupo mangas. As pernas já não permitem o atrevimento frente a muros altos; O corre-corre da vida não me dá tempo de sentir o sabor da meninice, tão distante. Além do mais, não gosto das mangas amargas dos supermercados, sem qualquer gosto de saudade.
Por Xico Bizerra

Maysa: um oceano de talento e contradições - por Chico Lopes




O poeta Manuel Bandeira, em frase famosa, disse que os olhos da cantora Maysa eram "dois oceanos não-pacíficos".

São esses olhos que chamam a atenção da gente, naquele rosto mais para agressivo, quase hostil, não fosse tão bonito, que ilustra a capa da biografia "Só numa multidão de amores", escrita pelo jornalista Lira Neto.

O livro é uma edição da Globo com 393 páginas e um bom número de fotos, que li de uma tacada, interessado como sempre fui pela personalidade dessa cantora-compositora brasileira que, como todo mundo, ouvi muito nos idos anos 60.

O que surpreende, nessa biografia, é a vida turbulenta dessa mulher que, romanticamente, cantava aqueles números antológicos de fossa - aliás, com uma voz tão própria que não parece ter tido nunca imitadoras à altura. Ela foi a cantora mais famosa do país, no final dos anos 50, marcada pelo escândalo do rompimento com um marido que levava o sobrenome Matarazzo, mas já era filha de uma família importante, os Monjardim, de Vitória, ES, e não fizera o casamento ideal de menina pobre com homem mais velho e rico de algumas ficções telenovelescas não. Em geral, os ricos se casam é com gente de sua classe ou afins, e a gente está careca de saber que o que os folhetins fazem é mentir sobre o fosso em geral intransponível entre as classes, que o amor raramente transpõe. Ricos se casam de preferência com ricos.

Fato foi que Maysa, querendo ser cantora, rompeu com os padrões e foi muito mal vista pela conservadora e careta Sagrada Família Brasileira, que só admite transgressões fora das vistas do público.

Foi corajosa ou apenas kamikaze? As duas coisas, sem dúvida. Um pouco como os ícones "rebeldes" da década de 50 - James Dean, Marilyn Monroe - ela investia às cegas sobre os preconceitos por força de uma personalidade temperamental e incomum. Gente como ela não possui exata consciência da torrente de energia contrária e renovadora que carrega, representando as secretas aspirações de uma época.

Essa mulher, que tanto cantou o amor, não parava mesmo com homem algum - depois de Matarazzo, casou-se com o compositor Ronaldo Bôscoli, desafiando até o próprio, que só ficou sabendo que era noivo dela quando ela reuniu a imprensa para uma coletiva num avião e anunciou que ele ia casar-se com ela, deixando Nara Leão, na época a namorada oficial de Bôscoli, fula da vida. A crônica das brigas de Maysa e Bôscoli foi escandalosa e cômica, já que eram de encher a cara, ambos, e de dar baixaria em qualquer lugar. Depois, ela se casou com Miguel Azenza, espanhol, e, por último, com o ator Carlos Alberto. Mas, embora achasse de cada vez o que parecia o homem ideal, monogâmica é que não era. O livro nos deixa a impressão de uma sede de vida amorosa que não se satisfazia nunca.

Deixa-nos também a impressão de que Maysa era um pouco da estirpe de transgressores do gênero Janis Joplin ou Jim Morrison, mortos no final dos anos 70. Gente que, por mais que quisesse levar uma vida regrada - que lhes era mais do que necessária, devido aos seus excessos - estava impossibilitada de levá-la, como se tivessem feito um pacto kármico com um destino trágico. Alguma coisa maior do que eles mesmos os arrastava para o fundo de seus próprios abismos, que deviam ser os abismos de uma época, carentes de sacrifícios humanos, mártires e heróis. Ainda que quisessem fazer um pacto com o lado mais sensato e moderado da existência - Maysa bem que tentou -, eram impelidos por alguma força interior a arriscar o pescoço (e o tédio) por alguma coisa mais vasta, mais aventureira, mais rica, como se pressentissem que sua vida teria que ser curta e intensa.

O mito pessoal de Maysa era o grande amor. Que ela nunca conseguiu porque, afinal, ao se conquistar alguém - e ela tinha recursos, beleza e ousadia para isso -, é inevitável que a realidade humana, rotineira, se estabeleça, e o Grande Sonho sofra consideráveis corrosões. Naturalmente, era nas suas composições que se percebia essa ânsia desesperada. Algumas de suas canções continuam ainda em pé, por apresentarem o mesmo "punch" passional e desiludido, que é, claro, eterno. Mas a nossa época, ao menos na MPB, parece eufórica demais para entender de fato alguém como Maysa. Ela se arriscou pessoalmente de um modo que hoje em dia ninguém mais se arrisca. Creio que o último grande mito, à altura dela, foi Cazuza.

Assim foi a vida dessa menina rica que deu um chute no balde das estiquetas burguesas, e um chute definitivo - uma vida agônica, dionisíaca, feita de tentativas de suicídio, de bebedeiras monumentais, que terminavam invariavelmente em internações para desintoxicação alcoólica. Maysa saía das internações jurando que se emendaria e, daí a alguns dias, recaía. Vivia recaindo. De recaída em recaída, sua carreira sofreu grandes hiatos e grandes fracassos.

Quem mora em Poços de Caldas terá como curiosidade, no livro, encontrar a sua cidade num capítulo importante, pois foi aqui que Maysa e André Matarazzo se conheceram, e Lira Neto se refere à cidade com simpatia, mencionando seus "belos jardins". O capítulo é o terceiro, "Marcada"(1954 -1956). Quem quiser que dê uma conferida.

O que vale é o que livro é bem escrito e muito absorvente. Eu, para ser sincero, gosto da Maysa cantora de obras-primas da fossa como "Meu mundo caiu" e "Ouça" e acho que ela ingressou na Bossa Nova por mero oportunismo. Era uma intérprete passional, carregada, dramática, que ficava melhor cantando as desilusões amorosas e não "O barquinho" e variações. Fez gravações maravilhosas ("Eu não existo sem você", de Vinícius, com ela, é de arrepiar), mas também gravou coisas afetadas e cafonas. Redimia-se de suas cafonices gravando, de repente, coisas que, na voz dela, viravam marcas pessoais definitivas - caso de "Ne me quittes pas", de Jacques Brel, que ela cantou melhor que ninguém (e olha que competia com gravações feitas às centenas no mundo inteiro, algumas com vozes do porte da de uma Nina Simone). Havia algo na voz de Maysa que podia ser de fato sublime. E derrubar qualquer cristão.

Mas ela ia do alto ao baixo tropegamente - foi até jurada do pseudo- moralista programa de Flávio Cavalcanti, de modo que escorregou na caretice e na chatice, ingressando em algumas frias de que não é bom que o fã se recorde. Melhor é ficar com a lembrança das grandes canções iniciais.

Maysa era um oceano de contradições. O livro nos deixa entre comovidos, penalizados e chocados. Foi uma mulher muito confusa, vítima da própria cabeça, da própria sensibilidade, dos desejos disparatados. E uma musa, a despeito de todo isso. Venerada até hoje, o que explica o sucesso dessa biografia.


Sobre o Autor
Chico Lopes: Chico Lopes é autor de dois livros de contos, "Nó de sombras" (2000) e "Dobras da noite" (2004) publicados pelo IMS/SP. Participou de antologias como "Cenas da favela" (Geração Editorial/Ediouro, 2007) e teve contos publicados em revistas como a "Cult" e "Pesquisa". Também é tradutor de sucessos como "Maligna" (Gregory Maguire) e "Morto até o anoitecer" (Charlaine Harris) e possui vários livros inéditos de contos, novelas, poesia e ensaios.


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Sem nem pensar que sei
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- Claude Bloc -

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Escrevi muito, escrevi demais enquanto não sabia nada sobre o amor.
Eu escrevia poemas...
Falava do amor,
mas não o conhecia
e nem também conhecia a cor dos teus olhos.
Falava por falar.
Por não saber de ti e pensar que sabia.
Por não saber se sei hoje em dia,
sem nem pensar se sei de mim.

Claude Bloc