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O boi
O boi pastava borboletas no jardim.
Esse boi é tudo quanto eu quero.
Os bagres puseram o córrego de bruços
E escovaram os dentes com inhame.
A rã se ajoelha de toalha no pescoço.
O bem-te-vi repete a mesma paisagem,
As mesmas palavras têm anzol dentro.
O lagarto conhece cada gomo da pedra.
À beira da estrada uma árvore reza.
O poema se concentra nas coisas,
De ser coisa se basta como um moirão.
Carrego uma cobra no bolso da calça,
Com uma embira prendo na paisagem.
Na minha língua um boi está pastando.
19-2-03
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3 comentários:
Fabuloso poema.
Realismo Fantástico surpreendente.
(há tempos não me debruçava
sobre versos tão instigantes)
Forte abraço.
E como diria Claude, e como bem disse Domingos : FAntastique!
ABRAÇOS, CARLOS !
NOVAMENTE, MEU AGRADECIMENTO VAI PRA NICODEMOS !
José Carlos
Seja bem vindo. Você veio ilustrar mais ainda nosso blog.
Belo texto.
Abraço,
Claude
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