Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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segunda-feira, 28 de setembro de 2009

29 de Setembro : Dia dos solteiros - Por Socorro Moreira

( foto de Ricardo Saraiva)

O que é uma balzaquiana? O que é ficar pra titia? O que é ficar no caritó? O que é ficar solteirona ? O que é ser sozinha? O que é assumir a solteirice?

"A expressão foi cunhada após a publicação de um livro do francês Honoré de Balzac. Em As Mulheres de 30 Anos, o escritor realiza uma análise do destino das jovens na primeira metade do século XIX, em particular dentro do casamento. E faz uma apologia às mulheres de mais idade, que, amadurecidas, podem viver o amor com maior plenitude. É o que acontece à heroína da narrativa, Júlia. Ela se casa com um oficial do exército, mas depois descobre que a relação está longe de ser o que imaginava. Vê-se, então, presa a um matrimônio infeliz. Quando se torna uma trintona, porém, a moça consegue encontrar o amor nos braços de Carlos Vandenesse. "
A minha geração, depois dos 15 anos, inconscientemente ficava um tanto aflito com a possível possibilidade de ficar balzaquiana, antes do casamento. Sonhávamos com príncipe encantado, casamento com véu e grinalda, e lua de mel, longe das vistas de todos os conhecidos. Quando os noivos retornavam, a curiosidade era grande. A gente queria saber em detalhes como tudo acontecera.
Só entendi o sentido real da lua de mel, depois de encará-la mais de uma vez. Viver em lua de mel é conseguir construir um sentimento amigo, no dia a dia. Minha mãe é quem diz: vida de casada tem encontro, no decorrer, com várias formas de amor. A cada fase de vida, um tipo de amor diferente é experimentado para compensar a exaustão de outro. O amor maior é o amor zelo. E o zelo pode acompanhar a relação desde o começo. Acho que, a gente precisa mesmo é ter vocação para o casamento. E olha que, muitas vezes passamos anos, nos enganando, e achando que casar é o principal ideal de vida.
Eu tenho vocação verdadeira para o celibato. Conclui depois que defini minha solteirice como irrevogável. Mas as trocas, problemas nos relacionamentos continuam a existir. A consorte mais exigente que exige, somos nós mesmas. Difícil ser inteira, sem uma diferença complementar.
O primeiro casamento condensa todas as possibilidades. Quem não quiser casar outras vezes, por tentativa e erro; quem não quiser encarar o preço da solidão, a opção facilitadora é permanecer na primeira união. Admiro os casamentos que não terminam, e que não vivem de aparências. Feliz é quem vive o amor calmamente!
Mas existe certa felicidade, na solteirice. Aliás, só achei a verdadeira serenidade do coração, quando em mim , esta situação foi definida. Não sou contra nem a favor... Só desejo que todo mundo se encontre, e viva feliz com a sua realidade solitária ou não.


Socorro Moreira

* Ficar pra titia : é ser mãe dos sobrinhos.
* Ficar no caritó é nunca arranjar um casamento.
* Ficar solteirona é escolher demais , e acabar sozinha.
* Ser sozinha é uma viuvez aleatória ou não.
*Assumir a solteirice é ficar sozinha por opção !
Em qualquer dos casos é possível ser feliz sozinha , contrariando a canção do Tom..." o resto é mar !"


Ensaio: Ap. 301, Dedicado a Dihelson Mendonça, Pachely Jamacaru

AP 301 ensaia a ansiedade de um fotógrafo que ao chegar num grande centro urbano, lhe ocorre à paranóia de não pode ir as ruas fotografar, temeroso de perder seu equipamento para agressividade das grandes metrópoles! Diante do conflito entre a sua grande paixão pela fotografia e a sua fobia, enclausurado no AP 301, ele medita, e, no universo das possibilidades e das não, recorre o seu olhar para as paredes, o interno e o externo de um apartamento, as cortinas, os telhados, objetos estáticos e, para a sua amada que o liberta das grades psíquicas do AP 301.

Este ensaio está dedicado ao meu amigo e incomparável artista Dihelson Mendonça, em retribuição a homenagem que me foi prestada tão carinhosamente no Blog do Crato. E, traz como mensagem maior aos amantes da fotografia, que o olhar, liberta!









Fotos: Pachelly Jamacaru,
Fortaleza, de: 25 a 27 Setembro 2009

Paróquia de São Miguel - Crato-Ce , em festa !


Paróquia de São Miguel
Criação: 11/02/1968, desmembrada de São Vicente;
Primeiro vigário: Pe. Antônio Maia

Amanhã, dia 29 de Setembro é dia dos Santos Miguel, Gabriel e Rafael Arcanjos


"Anjos – São seres espirituais que servem de mensageiros divinos. São representados na arte como sendo figuras humanas aladas, tanto em pinturas quanto em esculturas. Também chamamos as pessoas de índole muito bondosa de anjo.

Arcanjos – São Anjos de uma ordem superior. A palavra Arcanjo significa literalmente “anjo principal”. O prefixo “arc” significa principal ou mais importante. De acordo com a tradição do Catolicismo, existem três arcanjos: Miguel, chefe da milícia celeste, Gabriel, mensageiro celeste e Rafael protetor dos viajantes, e é sobre eles que iremos falar agora.

A Igreja unificou a celebração destes três arcanjos, que são os mais famosos da história do catolicismo – Miguel, Gabriel e Rafael. Eles representam a alta hierarquia dos anjos-chefes, “mensageiros dos decretos divinos” aqui na terra.

O nome Miguel significa “ninguém é como Deus”, ou “semelhança de Deus”, é o príncipe guardião e guerreiro, defensor do trono celeste e do Povo de Deus. Chefe supremo do exército celeste e dos anjos fiéis a Deus, é o arcanjo da justiça e do arrependimento. O seu culto é um dos mais antigos da Igreja.

Já Gabriel significa “Deus é meu protetor” ou “homem de Deus”. É o arcanjo anunciador das revelações de Deus. Padroeiro da diplomacia, dos trabalhadores dos correios e dos operadores dos telefones, é associado geralmente a figura de uma trombeta, indicando que é aquele que transmite a Voz de Deus, o portador das notícias. Teve, das missões, a mais importante: o anúncio da encarnação do Filho de Deus. Motivo que o fez ser venerado, até mesmo no islamismo.

Rafael, significa “Deus te cura” ou “cura de Deus”, teve a função de acompanhar o jovem Tobias, personagem central do livro Tobit, no Antigo Testamento, em sua viagem, como seu segurança e guia. Foi o único que habitou entre nós. É o guardião da saúde e da cura física e espiritual, é considerado, também, o chefe da ordem das virtudes. É o padroeiro dos cegos, médicos, sacerdotes e, também, dos viajantes, soldados e escoteiros. "

James Dean - Ator que personificou a juventude rebelde dos anos 50


James Byron Dean (Marion, Indiana, 8 de Fevereiro de 1931 - Salinas, Califórnia, 30 de Setembro de 1955) foi um ator estadunidense. É considerado por muitos como um ícone cultural, como a melhor personificação da rebeldia e angústias próprias da juventude da década de 1950.

James Dean era filho único, seu nome foi uma homenagem da mãe ao poeta inglês Lord Byron, filho de Wilton Dean um protético e de Mildred Dean filha de fazendeiros metodistas. Aos 8 anos ele já tocava violino e fazia aulas de sapateado. Em 1940 perdeu a mãe vitima de câncer. Com a morte da mãe foi morar com os tios Marcus e Ortence Winslow em Fairmount, Indiana. Considerado uma criança introspectiva, Jimmy, como era chamado, cresceu na fazenda de 300 acres dos tios, ali aprendeu a dirigir trator e ordenhar vacas. Aos 14 anos já participava do teatro escolar e aos 17 anos ganhou sua primeira moto, uma Triumph presente do tio Marcus.

Em seu aniversário de 18 anos, em 8 de fevereiro de 1948, Dean alistou-se em Fairmont, mas escapou do serviço militar declarando ser gay. Quando Hedda Hopper lhe perguntou mais tarde como evitara a convocação para a Guerra da Coréia, ele lhe disse: "Eu beijei o médico."[1]

Em 1949 Dean foi para Los Angeles, com a intenção de estudar arte dramática e morar com o pai e a madrasta. Ganhou dele um Chevrolet de segunda mão. Abandonou a faculdade e foi para Nova York cursar o lendário Actor's Studio de Lee Strasberg. Para se manter em Nova York trabalhou como garçom e cobrador de ônibus. Nesta mesma época conheceu Jane Deacy, que se tornou sua agente.

Em 1952 começou a fazer pequenas pontas na TV. Em 1953 encenou na Broadway a peça de Richard Wash "See the Jaguar". A peça foi um fracasso, mas James Dean chamou a atenção da critica. Encenou a Peça "O Imoralista" baseada na obra de Andre Gide, interpretando um homossexual. Com a peça ganhou o Tony Award de melhor ator do ano.

Em 1954 para estrelar o filme de Elia Kazan, A Leste do Éden - Vidas Amargas, de John Steinbeck, onde interpretava um jovem solidário e amargurado. Teve que assinar um contrato com uma cláusula onde se comprometia a não dirigir carros de corrida durante as filmagens.

Enquanto James Dean era uma promessa, Marlon Brando já era um astro. As comparações eram inevitáveis. James Dean Conheceu Brando no set de filmagem de "Desirée", decepcionou-se como seu ídolo graças a um comentário feito por Brando sobre as roupas do jovem ator. Ele usava calças jeans surradas e camisa de cowboy.

Em 1954 conheceu a jovem estrela de O Cálice Sagrado Pier Angeli, para muitos o grande amor de sua vida, mas a mãe de Pier foi contra o relacionamento, pelo fato dele não se católico. Jimmy já era conhecido por seu temperamento difícil. O rompimento do namoro abalou o ator. Ao saber que a ex-namorada estava de casamento marcado com o cantor Vic Damone, apareceu na porta da Igreja Católica de São Timóteo e conseguiu chamar a atenção dos noivos "arrancando" com a moto em alta velocidade. Só encontraria Pier quase um ano mais tarde nas filmagens de Assim caminha a Humanidade.

Durante as gravações de Assim caminha a Humanidade, Dean circulava com uma loura exuberante, Ursula Andress, que se tornaria a primeira Bond Girl. Ela disse que ele era "como um animal selvagem".

Fora dos sets de filmagem era conhecido por uma agitada vida social, fumava e bebia, e possuía um enorme fascínio por carros velozes e pela velocidade em si. Paixão que lhe custou a vida. Quando se dirigia para uma corrida, em 30 de Setembro de 1955, envolveu-se num acidente fatal, partindo imediatamente a coluna vertebral e sofrendo de hemorragias internas. Quando foi colocado na ambulância, o passageiro que estava a seu lado, o mecânico Rolf Wütherich, ouviu "um grito suave emitivo por Jimmy - a lamúria de um menino chamando sua mãe ou de um homem encarando Deus."

O médico-legista observou que o corpo de James Dean era coberto de cicatrizes. Num bar de Hollywood, onde era conhecido como "Cinzeiro Humano", ele oferecia seu peito e pedia às pessoas que apagassem seus cigarros nele.

No dia em que morreu, James Dean ainda esgotava ingressos com o seu primeiro filme. A consagração final chegou poucos dias após a sua morte, quando Juventude transviada chegou aos cinemas. Recebeu duas indicações ao Oscar, postumamente. Em 1956, por Vidas amargas (a primeira indicação póstuma na história da premiação), e em 1957, por Assim caminha a humanidade, ambas por melhor ator. Ganhou dois prêmios do Globo de Ouro, em 1956 como melhor ator e, no ano seguinte, num prêmio especial que o consagrou como ator favorito do público.

O seu cadáver encontra-se inumado no «Park Cemetery» (Fairmount, Indiana, USA).

Wikipédia

O fabuloso Stanislaw Ponte Preta - Por Lu Gomes



Tem coisa que contando ninguém acredita, e o carioca Stanislaw Ponte Preta é uma. Ele nasceu robusto de zombaria e irreverência em 1951, na redação do Diário Carioca. Jacinto de Thormes deixara vaga a coluna social do jornal e Sérgio Porto foi convidado a ocupá-la. Sérgio não aceitou, mas criou (com uma ajuda do Rubem Braga, dizem) o pseudônimo Stanislaw Ponte Preta (inspirado no Serafim Ponte Grande, livro de Oswald de Andrade), para que "Stan não prejudicasse o Sérgio. Isto é, eu, Sérgio, queria escrever coisas sérias; o Stanislaw deveria abordar assuntos inconseqüentes".

Começou assim
Tremei, cronistas menores, moçoilas que volitais em nossas ribaltas, regozijai-vos! Eis que cá está o mais vivo dos Ponte Preta, o mais fero dos colunistas, o mais noticioso dos noticiadores. Nada puderam contra mim as manobras golpistas que tramavam a derrubada daquele que representa a vontade popular. Stanislaw, exilado em si mesmo, para evitar despesas de viagem, esperou o momento oportuno e aqui está, para gáudio de seus leitores, empunhando sempre em defesa do interesse comum, a sua intemerata e brilhante pena: uma intimorata Remington semiportátil! E após esse intróito tão impregnado de modéstia, no estilo dos colunistas modernos, Stanislaw passa, muito a contragosto, a falar dos outros!

E como falou! Desancou todo mundo. O Lalau era fogo na jacutinga. Ele se dizia um "humorista a sério" e definia seu estilo como "lírico-espinafrativo". Falava tudo na bucha e não fazia prisioneiros. Gozava até dos "coleguinhas" de imprensa. O colunista social Ibrahim Sued era seu alvo favorito e Lalau não perdia a chance de espinafrar o "famoso escritor líbano-carioca":

Imaginem vocês que Ibrahim - agora em viagem pela Europa, para desmentir definitivamente a máxima "quem viaja aprende" - vem de publicar uma notinha das mais importantes.

Diz o mestre de Jeff Thomas, o inspirador de Pouchard, que andou conversando com o Duque de Windsor. Para castigar um pouco de modéstia no seu escrito, o famoso "dramaturco" explicou que não conversou em português, o que, aliás, deve ser verdade, pois o duque fala um pouquinho de português, mas Ibrahim não.

Quanta besteira!
O Festival de Besteira que Assola o País - FEBEAPÁ, para os íntimos - começou a ser anotado no livro Garoto Linha Dura, de 1964, o ano da "redentora", que era como Stanislaw chamava a revolução militar, que deu um grande impulso ao Festival. Dois anos depois, o febeapá ganhava um livro próprio. As notas foram recolhidas da sua coluna "Fofocalizando", na Última Hora, e editados "na base da bagunça, pra respeitar a atual conjuntura", como ele explicou no prefácio. Eis alguns tópicos:

Ibrahim Sued, que já era do Festival antes de sua oficialização, estreava um programa de televisão e avisava ao público: "Estarei aqui diariamente às terças e quintas".

Em Belo Horizonte, um delegado espalhou espiões pelas arquibancadas dos estádios porque "daqui pra frente quem disser mais de três palavrões, torcendo pelo seu clube, vai preso".

Quando se desenhou a perspectiva de uma seca no interior cearense, as autoridades dirigiram uma circular aos prefeitos, solicitando informações sobre a situação local depois da passagem do equinócio. Um prefeito enviou a seguinte resposta à circular: "Doutor Equinócio ainda não passou por aqui. Se chegar será recebido como amigo, com foguetes, passeata e festas".

Em sua luta contra a burrice reinante, Stanislaw combatia entrincheirado nas areias de Copacabana, que ainda era a "Princesinha do Mar". Era onde lia os jornais, pescando notícias para comentar em sua coluna. Enquanto teve fôlego, foi o goleiro do Lá Vai Bola, time da praia que na linha tinha João Saldanha e Heleno de Freitas. Adorava futebol, inclusive o de botão, e torcia pelo Fluminense.

Na Copa do Mundo de 1962 a Fatos & Fotos queria matérias "diferentes" e mandou Stanislaw para o Chile. O embate é contra o México. Sente o drama:

Começa o pega. (...) O Brasil está nervoso. Tá parecendo o misto do Campo Grande em dia de treino. (...) Só no segundo tempo Pelé se lembrou que era Pelé: apanhou a leonor no meio do campo, puxou todos os mexicanos para a direita (vieram todos, de Juarez ao Trio Los Panchos) e deu um passe a Zagalo lá na esquerda, que só teve o trabalho de testar para o véu da noiva. Depois Pelé dava outro passeio pela vereda tropical e da entrada da área venceu o goleiro Carbajal. E foi só.

Que delícia, heim? Vamos então relembrar, com narração do Lalau, os melhores momentos desta conquista, pois vale a pena:

Brasil 2x1 Espanha
Os espanhóis (estão) encolhidos, e não é por causa do frio, é tática mesmo. Do lado da equipe brasileira a bola só vai no fim do mês, pra receber o ordenado. Mas o que a gente pensava que ia ser um carnaval carioca virou uma fiesta brava. (...) Bola no peito de Zagalo, que estica, o lotação Vavá-Largo da Abolição entra no seu itinerário e atropela um pedestre com a camisa da Espanha. O major Puskas dá uma cipoada em Mauro e é advertido. Mas estava escrito e o major apanha a bola, estica pelo meio, Mauro ainda estava pensando numa bobeada anterior e deixa o número 18 deles entrar livre e abrir a contagem. Foi chato. (...) Os nossos estão fazendo o possível, mas pra ganhar este jogo melhor seria fazer o impossível... e é gol! Zagalo foi genial. Depois eu explico, agora de jeito nenhum. Melhorou o Brasil, até Mauro faz uma jogada certa. (...) Garrincha vai devagarzinho, de repente vira foguete, é João pra tudo quanto é lado. Ele centra, Amarildo dá de testinha. É gol, meninada!

Brasil 3x1 Inglaterra
Bate Zagalo, pula seu Mané, pequenino, no meio de diversas Torres de Londres. E é gol dele! (...) Didi come Norman por cima, à la Dominguin, e dá o melhor passe do campeonato para Amarildo. (...) Garrincha oferece um cocktail party no meio da área deles e por pouco não coloca a leonor lá dentro. (...) Greaves dá de balãozinho para dentro da janela de Gilmar, a bola bate na veneziana, volta para Hitchins e é gol. Deles. (...) No segundo tempo, Garrincha continuou garrinchando e deu um gol pra Vavá fazer e parar de gritar pedindo a bola. O jogo tá tão fácil que vovô Nilton Santos sai passeando com os netinhos pela alameda de Sausalito.

Brasil 2x1 Tcheco-Eslováquia
Os tchecos não chegaram à final por acaso, eles dominam a leonor com a mesma facilidade com que o Cartola da Mangueira domina o telecoteco. (...) E lá vai Manuel, o Venturoso. Tem quatro cercando ele, mas é pouco. (...) Mauro bobeou e Masoputz botou o camarada do placar pra trabalhar. E é gol, Amarildo, nem bem eu tinha acabado de escrever a frase acima e Amarildo... ah, menino bom! (...) Zito de vez em quando diz pro Didi güenta aí que vou ali mas já volto e seu Mané dá o primeiro grito de carnaval da tarde. Chutou raspando. (...) Seu Mané escorregou e caiu. Nervoso não é, porque Garrincha só fica nervoso nas peladas de Pau Grande. (...) Amarildo foi à linha de fundo e com calma impressionante esperou que um se colocasse. Quando Zito chegou foi só alçar a infiel por cima da muralha eslava. O sol atrapalhou e o lotação Vavá-Largo da Abolição botou a juriti pra cantar. (...) Os chilenos vinham vaiando o maior craque deste campeonato do mundo, mas agora seu Mané ficou com a bola no pé uns 30 segundos. Palmas do estádio inteiro. E acabou. O Brasil é bicampeão mundial de futebol!
(Entra a musiquinha do Canal 100: "Que bonito é...")

Trabalha, trabalha, nêgo...
Stanislaw atacava em todas: rádio, televisão, teatro, cinema. É dele o roteiro e os diálogos da chanchada E o Bicho Não Deu, de 1959. Mais tarde, histórias do livro As Cariocas (assinado por Sérgio Porto) também viraram filme. No rádio, escrevia humorísticos para a Mayrink Veiga, como Miss Campeonato, sobre futebol. Os livros com coletâneas de suas crônicas eram best-sellers instantâneos.

Acima de tudo, era um mulherólogo. Mulherengo, também. Mulher era sua principal motivação. Quando Jacinto de Thormes, "no tempo em que se dedicava a essa bobagem de escriba de soçaite, defeito que ele felizmente já corrigiu", publicou na Manchete sua lista das "Dez Mais Bem Vestidas do Ano", Stan, também colaborador da revista - cobrindo (modo de dizer) o teatro rebolado -, pra não ficar por baixo inventou as "Dez Mais Bem Despidas". Depois, quando seu pai Aurélio, com ele certo dia no ponto de ônibus, comentou "olha que moça mais certa", as "Mais Bem Despidas" viraram "As Certinhas do Lalau". E que certinhas, distinto leitor - beldades de qualidade superior, como Aizita Nascimento, Gina Le Feu, Rose Rondelli, Esmeralda Barros, Virgínia Lane, Zélia Martins, Carmem Verônica, só para citar algumas das eleitas. Que belas coxas! (Convém lembrar que este era um tempo em que as pernas femininas eram o grande fetiche e as vedetes mostrando as coxas naqueles maiôs cavados eram o máximo que podíamos admirar da anatomia feminina na imprensa daqueles anos dourados.)

Em 1956 Sérgio Porto ficou famoso em São Paulo ao participar, por 16 semanas, do programa O Céu é o Limite, da TV Tupi, respondendo - absolutamente certo! - as complicadas perguntas de Aurélio Campos sobre música brasileira. O homem era uma enciclopédia musical. Faturou o maior prêmio dado pelo programa até então: 300 mil cruzeiros (quanto isso valeria hoje?). Tinha adoração por Pixinguinha. Sua discoteca era imensa, falava-se em 30 mil discos, entre LPs e 78 rotações. Foi ele quem inventou o termo bossa-nova. O jazz era sua outra grande paixão musical, até escreveu um livreto sobre sua história. Gostava de trabalhar ouvindo música e de vez em quando tocava um trombone imaginário.

O filho da dona Dulce era um "boêmio que adorava ficar em casa" e trabalhava feito louco, o que, segundo os médicos, provocou seu primeiro infarto em 1959, aos 36 anos. Dois anos mais tarde, em carta à mulher Dirce, temporariamente ausente do Rio, ele listava o que andava fazendo:

Hoje fui gravar na televisão e antes foi aquela batalha contra as teclas. Estou trabalhando demais, outra vez. Só para esta semana: seis Stanislaws, um Fatos & Fotos, um final apoteótico para o novo programa do Chico Anísio, roteiro e script para aquela bosta chamada Espetáculos Tonelux, depois quadros humorísticos para a TV Rio, Miss Campeonato, Da Boca Pra Fora, o programa de rádio Atrações A-9, além da revisão do livro O Homem ao Lado que será reeditado no próximo mês e da gravação do programa Qual É o Assunto.

Detalhe: Sérgio ainda era funcionário do Banco do Brasil (Jaguar, que ilustrava seus livros, era outro). Pegava às 7 da manhã, tinha um expediente especial, sem obrigação de horário integral - quanto mais rápido ele terminasse sua tarefa, mais cedo saía. Demitiu-se em 1965, depois de 23 anos de serviço, dizem que por perseguição da "redentora".

Perto do fim da vida, afastou-se da televisão e foi escrever revistas para o teatro rebolado. Numa delas - Pussy Pussy Cats, produzida por Carlos Machado -, Lalau perpetrou um "Samba do Crioulo Doido", uma magistral paródia de samba-enredo. A gozação era em cima do Departamento de Turismo da Guanabara, que obrigava as escolas de samba a desfilarem apenas enredos baseados em fatos históricos.

O samba originou o Show do Crioulo Doido, uma palestra musical que estreou no início de 1968 e teve mais de uma centena de apresentações pelo País, com um desinibido Stanislaw no palco, contando casos apoiado pelo Quarteto em Cy. Mas isso foi muito depois de ele dar um vexame daqueles na tevê. Foi quando o Brasil estava sendo atropelado pela modernidade e embora a televisão ainda fosse apenas um eletrodoméstico presente em poucas casas, já primava pelo mínimo denominador comum. Stanislaw a chamava de "máquina de fazer doido". E exemplifica: certa vez assistia ao ensaio de um programa cuja música-tema começava assim: "Times Square é uma esquina..." Ele alertou o diretor que Times Square era uma praça. Mas isso não tinha qualquer importância.

Foi na máquina de fazer doido que Stanislaw teve seu único e retumbante fracasso. Isso em 1961. O programa que estreava na TV Rio chamava-se Noite de Gala, era ao vivo, e Stan era seu mestre-de-cerimônias. Acontece que ele morria de medo de encarar uma câmera de televisão e quando chegou a hora H ele simplesmente travou, emudeceu de tanto nervosismo. Dizem que foi um dos maiores desastres da história televisiva brasileira. Mas Noite de Gala foi em frente e fez tanto sucesso que acabou levando alguns cinemas do Rio a cancelarem as sessões nas noites de segunda-feira, quando o programa ia ao ar.

Lalau, claro, não era mais o apresentador. Devido a este trauma de câmera surgiu a idéia de ele ser focalizado apenas por trás, eliminando assim a causa do problema - e então nasceu o segmento Stanislaw Ponte Preta de Costas para a Fama, com ele batucando uma "datilográfica" e tendo uma "Certinha" de maiô ao fundo, fazendo poses sensuais enquanto ele fazia seus comentários sarcásticos. Stanislaw escreveu alguns episódios para a série de tevê Alô Doçura, com John Herbert e Eva Wilma, e participou do Jornal de Vanguarda (que estreou na TV Excelsior, depois foi para a Tupi e em 1965 estava na Globo), comentando as notícias lidas por Cid Moreira ou Luiz Jatobá, comentários que invariavelmente levavam todos no estúdio a dar risada. Depois teve seu próprio programa, o Stanislaw Ponte Preta Show, na TV Tupi.

O pai d'O Pasquim - É provável que seu peculiar senso de humor tenha sido herdado de Aparício Torelly, o Barão de Itararé, cuja revista A Manha foi fechada pelo presidente-marechal Dutra em 1947 (fazer humor no Brasil sempre foi perigoso). Que frasista excepcional era o Barão: "o mundo é redondo mas está ficando chato", "o tambor faz barulho mas é vazio por dentro", "negociata é um bom negócio para o qual não fomos convidados". Torelly tentou recomeçar com o Jornal do Povo, e foi lá que Sérgio Porto deu início a sua carreira, fazendo crítica de cinema.

Sua última peripécia foi o "semanário hepático-filosófico" A Carapuça, tablóide lançado em agosto de 1968. No título do editorial de primeira página, um cacófato proposital: "Fé de Ofício". No rodapé, o pensamento da semana: "Se Pilatos usasse luvas não teria lavado as mãos". Na seção "O bicho que está dando", ele comentava opiniões alheias. Seu amigo Paulo Francis havia dito que um tal político, que conseguiu seis milhões de votos, não se elegeria nem vereador, e isso só Freud explicaria. Lalau: "Não é só isso, Francis. Qualquer espiroqueta entendido em democracia explica isso com a mesma facilidade com que o Ibrahim gagueja nas proparoxítonas". O jornaleco morreu na quinta edição, em setembro, junto com Stanislaw, pouco antes do AI-5 dar o pontapé inicial nos anos de chumbo. Foi de infarto, o terceiro, aos 45 anos. Conta a lenda que morreu flertando com a enfermeira. "Tunica, eu tô apagando" foram suas últimas palavras.

O Pasquim, legítimo herdeiro de A Carapuça, foi para as bancas em junho de 1969. Seu primeiro número era dedicado à memória de Sérgio Porto, "o santo maior do nosso altar particular". O resto, como se diz, é história... Stanislaw Ponte Preta foi um inovador na imprensa brasileira. Sua prosa era cômica, concisa e popular, sem pedantismo ou empolação e sem concessões à mediocridade. Suas crônicas retratavam os hábitos e costumes de um Rio de Janeiro que não mais existe, de um tempo em que a favela ainda estava em processo de romantização, aquela demagogia do "barracão de zinco sem telhado, sem pintura, sinfonia de pardais anunciando o alvorecer". Era um Rio mais carioca, gozador, "cidade que me seduz, de dia falta água, de noite falta luz", como dizia a marchinha carnavalesca. Em sua breve vida, Lalau veio para nos divertir. Ah, como ele faz falta...

PÉROLAS INESQUECÍVEIS
As frases afiadas e imortalizadas de Stanislaw Ponte Preta
• Em mulher não se bate nem com uma flor, mesmo porque não adianta nada.
• Mais por fora do que umbigo de vedete.
• Estava tão mal que mais parecia reserva do Bonsucesso.
• Era desses caras que cruzam cabra com periscópio para ver se conseguem um bode expiatório.
• Basta ler meia página do livro de certos escritores para perceber que eles estão despontando para o anonimato.
• A prosperidade de alguns homens públicos do Brasil é uma prova evidente de que eles vêm lutando pelo progresso do nosso subdesenvolvimento.
• Ou restaure-se a moralidade ou locupletemo-nos todos!
• O primeiro nome de Freud era Segismundo. Aliás, não só seu primeiro nome como também seu primeiro complexo.
• O sol nasce para todos, a sombra pra quem é mais esperto.

BIOGRAFIA
Stanislaw Ponte Preta

• Tia Zulmira e Eu – Editora do Autor, 1961
• Primo Altamirando e Elas – Editora do Autor, 1962
• Rosamundo e os Outros – Editora do Autor, 1963
• Garoto Linha Dura – Editora do Autor, 1964
• Febeapá 1 (Primeiro Festival de Besteira que Assola o País) – Editora do Autor, 1966
• Febeapá 2 (Segundo Festival de Besteira que Assola o País) – Editora Sabiá, 1967
• Na Terra do Crioulo Doido – Febeapá 3 – A Máquina de Fazer Doido – Editora Sabiá, 1968


Sérgio Porto

• Pequena História do Jazz – Serviço de Documentação do Ministério da Educação, 1953
• O Homem ao Lado – Editora José Olympio, 1958 (Reeditado de forma ampliada em 1961, com o título de A Casa Demolida)
• As Cariocas – Editora Civilização Brasileira, 1967


Tudo cambia como Violeta Parra - por José do Vale Pinheiro Feitosa

Se fosse revelar para vocês a voz de Violeta Parra, compositora, cantora, ceramista, pintora e artista plástica chilena diria que é parecida com a voz de Marina Silva. Frágil como se uma gripe permanente obstruísse suas vias respiratórias.

Se fosse traduzir o mais próximo possível do Espanhol a canção TUDO CAMBIA (que em Espanhol tem acento na primeira sílaba), teria que usar o verbo Português cambiar nas sua acepção de mudar ou alterar (se) profundamente. Neste caso como transitivo indireto.

Os primeiros versos da canção ficariam assim:

Cambia-se o superficial,
Cambia-se também o profundo,
Cambia-se o modo de pensar,
Cambia-se tudo neste mundo.

Violeta Del Carmem Parra Sandoval de origem social humilde foi quem praticamente inaugurou a canção comprometida com os pobres e oprimidos. A verdadeira canção de protesto político. Junto com Victor Jara (assassinado no Estádio de Santiago pela ditadura), Patrício Manns e Roland Alárcon fundaram a tenda da comuna LA PIROKA que pretendia ser o grande centro da cultura folclórica chilena.

No segundo verso de TUDO CAMBIA ao continuar enumerando as mudanças, Violeta aplica a mudança a tudo que existe:

Cambia-se o clima com os anos,
Cambia-se o pasto sob o rebanho,
E assim como tudo se cambia,
Que o câmbio não é estranho.

Desde pequena na luta pela sobrevivência. Teve três casamentos de cinco filhos. Os filhos cresceram e se tornaram grandes artistas como ela. Viajou pelo mundo. Morou em Paris e lá fez exposições plásticas.

Numa entrevista feita em Genebra, encontrada no YouTube a entrevistadora M. Madeleine Brumagne pergunta: com que fazes esta máscara? (A entrevistada trabalhava). Violeta Parra responde: com pedaços de papelão. Por exemplo, para fazê-la penso em ti. Em como és Madeleine. Olho-te um pouco sem que me vejas, para não incomodar-te. Eu gosto de fazer meu trabalho. De memória. Se poderia dizer.

Quando chega ao terceiro verso da canção Violeta Parra começa a penetrar as mudanças no sentimento, inclusive pela metáfora do passarinho:

Cambia-se o mais fino brilhante,
De mão, mas não em seu brilho,
Cambia-se o ninho do passarinho,
Cambia-se o sentido do amante.

Madeleine Brumagne pergunta a Violeta: Sim. Mas mesmo que você tenha visto pouco uma pessoa. Como logra captá-la? Violeta, atenta ao trabalho, continua falando: Bom. Por que quando sinto que alguém é amável, sensível, não consigo ficar tranqüila deixo de fazer algo...Para...Eu não posso explicar-lo. Violeta faz uma pausa incompleta do seu pensamento e Madeleine completa: Simplesmente fazes com que fluam as emoções em tuas mãos. A artista confirma: Sim. Assim é.

No quarto verso Violeta mostra mais uma vez que as pessoas entendem a mudança:

Cambia-se o rumo o caminhante,
Que não restou quase dano,
E assim como tudo se cambia,
Que o câmbio não é estranho.

De repente a entrevistadora percebe o vestido de Violeta, inteiramente de base na vestimenta dos Andes Chilenos e comenta: Que lindo é teu vestido. Violeta olha breve para o próprio vestido e diz: Minha mãe o fez. Quando eu era criança minha mãe buscava em pequenas tendas, retalhos para fazer vestidos, por que minha mãe era muito pobre. Tinha dez filhos para cuidar e muito pouco dinheiro. Bom. Agora também não o tem. A entrevistadora ri breve e diz: Que idade ela tem? Violeta informa: Tem 75 anos. Ela tem trabalhado muito para poder sobreviver. Igual que eu. Que nunca tenho dinheiro... Assim como mamãe.

E a voz da cantora se amplia na abóbada do planeta com o refrão: Cambia-se! Tudo se cambia! / Cambia-se! Tudo se cambia! (bis). E a lista do movimento continua numa das matrizes do movimento: o próprio da terra:

Cambia-se o sol em sua carreira,
Quando a noite subsiste,
Cambia-se a planta e se veste,
De verde a primavera.

A cena da entrevista muda e agora Violeta Parra borda um tapete. Madeleine comenta: Sabes bordar e como aprendeste? Violeta tenta reparar a primeira parte afirmativa: Não. Não. Eu não sabia nada. Este é o ponto mais simples do mundo. Ele não está desenhado. Madeleine então conclui: Então o inventaste todo? Ao que Violeta diz: Sim. Porém todo mundo o pode fazer. Não é uma especialidade minha.

No sexto verso surge o câmbio na pessoa:

Cambia-se o pêlo aquela fera,
Cambia-se o cabelo do ancião
E assim como tudo se cambia,
Que o câmbio não é estranho.

Agora Violeta está em pé e Madeleine lhe pede explicações de sua obra exposta na parede: Poderia explicar os elementos que compõem esta tapeçaria? Violeta apontando para sua obra: Sim. Primeira, estes são todos personagens que amam a paz. E Madeleine pergunta: Quem são estes personagens? Violeta diz: o primeiro sou eu. Madeleine faz uma pergunta: Por que esta púrpura? Violeta não entende a pergunta e a Madeleine explica - Por que a cor Púrpura? - ao que a artista explica: Por que é a cor do meu nome. Madeleine diz: Violeta. Ela: Sim. Depois um amigo Argentino e uma amiga Chilena e esta é uma índia Chilena. As flores de cada personagem são suas almas. Aqui tu vês um fuzil, a guerra...a morte. Todos os camponeses no Chile vivem muito pobres como a situação do meu avô. E eu não posso permanecer indiferente. A mim molesta esta situação. Por isso fiz esta obra que se chama: A rebelião dos camponeses.

E embora tudo cambie, Violeta Parra encontra aquilo que não muda:

Porém não se cambia meu amor,
Por mais longe que me encontre,
E eu recordo minha dor,
Do meu povo e de minha gente.

Madeleine Brumagne afirma enquanto a artista pinta: Violeta você é poeta, você é música, você faz tapeçaria, você faz pintura. Se fosse escolher um destes meios de expressão qual deles elegeria? Se tivesses apenas este meio de expressão? Violeta para de pintar e diz: Eu escolheria ficar com as gentes. E Madeleine interroga: E renunciarias e tudo isso? Ao que Violeta responde: É esta gente que me inspira a fazer estas coisas.

No oitavo verso de TUDO CAMBIA, Violeta Parra, com seu corpo de índia, se mudou para o campo do humanismo no ano de 1967, no curso de uma grande depressão amorosa e com a incerteza de sua prática artística. O seu grande encontro na tenda comunal havia falido. Aos quarenta e nove anos de idade, renunciou a tudo aquilo. “Como el musguito en la piedra. Ai, sí, sí, si”

O que se cambiou ontem,
E que há de se cambiar amanhã,
Assim como cambio eu,
Em esta terra distante.


Marcello Mastroianni

Marcello Vincenzo Domenico Mastrojanni (Fontana Liri, 28 de setembro de 1924Paris, 19 de dezembro de 1996) foi um ator de cinema italiano.

É considerado o maior ator da Itália e um dos melhores atores de todos os tempos.

Nascido numa pequena vila nos Apeninos, Mastroianni cresceu em Turim e Roma. Durante a segunda guerra mundial foi mandado a uma prisão nazista, mas escapou para Veneza.



Em 1945 começou trabalhar para uma empresa de cinema, e teve aulas de atuação. Seu primeiro filme foi I miserabili, adaptação de Os miseráveis, de Victor Hugo, no ano de 1947. Logo ele se tornou um grande ator romântico de projeção internacional, estrelando o filme I soliti ignoti e, especialmente, quando Federico Fellini o escalou em La dolce vita, com a atriz Anita Ekberg, em 1960, tornando-se ator favorito do cineasta. Em seguida atuou em outro
papel singular, de um diretor frustrado, em 8½, de Fellini.





Mastroianni e Federico Fellini fizeram seis filmes juntos: La dolce vita, 8½, Roma, La città delle donne, Ginger e Fred e Intervista.

Nas décadas de 1960 e 1970, brilhou em filmes como La grande bouffe, de Marco Ferreri, e em 8½, La città delle donne e Ginger e Fred, de Fellini. Com Luchino Visconti fez Lo straniero, com Vittorio De Sica fez Matrimonio all'italiana e Ieri, oggi, domani; e com Ettore Scola fez Una giornata particolare.

Nos últimos anos de sua vida, Mastroianni continuou prestigiado por diretores como
Theodoros Angelopoulos em O Apicultor, Robert Altman em Prêt-à-Porter, Michelangelo Antonioni em Al di là delle nuvole e Manoel de Oliveira em Viagem ao princípio do mundo. Com o diretor brasileiro Bruno Barreto fez o filme Gabriela, Cravo e Canela, com Sônia Braga, em 1982.

Mastroianni e Jack Lemmon são os únicos atores a ganhar duas vezes o prêmio de melhor ator no Festival de Cannes. Mastroianni ganhou em 1970 por Dramma della gelosia - tutti i particolari in cronaca e em 1987 for Olhos negros.







Mastroianni foi casado com a atriz italiana Flora Carabella (
1926-1999), com quem teve uma filha, Barbara Mastroianni. Ele também teve uma filha, Chiara Mastroianni, do seu relacionamento com a atriz francesa Catherine Deneuve.
O ator morreu aos 72 anos, de câncer de pâncreas, em Paris. Catherine Deneuve estava ao seu lado quando ele morreu, junto com sua filha Chiara. Ele tinha feito mais de 140 filmes em 49 anos de carreira.




Fonte : Wikipédia
Imagens: Google Imagem







PS. Para mim, Marcello Mastroianni não é só o maior ator do cinema italiano. Ao lado de Sean Connery, ele é um dos dois maiores atores do cinema mundial.

Suspenso Silêncio

Não turves teus olhos
sob a claridade do dia.
É na hora do punhal
que se vê atentamente
o corajoso olhar do cordeiro.
Dá-me aquela antiga perninha de barata.
Dá-me de volta minha língua de inseto.
Já quase morto espero
que esse perfume passe
que meu fardo pese
me curve os ombros
me cause feridas
e esse moribundo
morra de fato.

Brigitte Bardot - atriz francesa



Nesta segunda-feira (28), Bardot completa 75 anos de vida. Uma trajetória bem curiosa. De símbolo sexual, mulher ultra desejada, à opção de viver quase que no anonimato e largar, no auge, a carreira. Foi assim que, em 1973, Brigitte assombrou o mundo, mais uma vez, ao anunciar que era, a partir daquele momento, uma ex-atriz e cantora. O objetivo era, além de fugir dos paparazzi, lutar por causas relacionadas aos animais e natureza.
Abaixo, listamos 10 momentos Bardot, para que você conheça um pouco mais dessa estrela:

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1. Modelo que virou atriz: A francesa recebeu influência da mãe, Anne-Marie, nas artes da dança e música. Em 1947, foi aceita no conservatório e cursou as aulas de balé por três anos. Com o apoio e incentivo da mãe, começou a fazer trabalhos de moda em 1949. Aos 15 foi capa da edição francesa da "Elle". Este trabalho chamou a atenção do então jovem cineasta Roger Vadim. Brigitte foi convidada para um teste para o filme "Les Lauriers Sont Coupés". Mas o filme acabou não sendo realizado. Mesmo assim, esta oportunidade fez com que ela pensasse em se tornar atriz.
2. Pai ciumento: A estreia aconteveu dois anos depois, aos 17 anos. O filme "Le Trou normand" foi o primeiro e o "cupido" para o primeiro casamento, com Roger Vadim. Em seu segundo filme, "Manina, La Fille Sans Voile", suas cenas de biquíni fizeram com que seu pai recorresse à Justiça para impedir que as cenas fossem levadas ao cinema. Ele não obteve sucesso. Nascia o símbolo sexual.
3. O boom: Depois de 17 filmes sem muito sucesso, eis que a fama bateu na porta da francesa. Em "E Deus Criou a Mulher", de 1956, ela atuou ao lado de Jean-Louis Trintignant. O filme, sobre uma adolescente amoral numa pequena e respeitável cidade do litoral, fez um grande sucesso. E, claro, escândalo para a época. Cenas de nudez correram o mundo. BB não era mais somente da França; era do planeta.
4. The book is on the table: Brigitte Bardot poderia ter sido um fenômeno também em Hollywood. Mas o inglês limitado e o sotaques foram barreiras para ela entrar nos Estados Unidos. De qualquer modo, ela se tornou a mais famosa atriz européia nos EUA e permanecer na França beneficiou sua imagem.
5. Deusa: Durante a década de 60, quando a Europa começou a ser o novo centro irradiador de moda e comportamento, BB acabou eleita a deusa sexual da década. Era comum as pessoas dizerem que Brigitte Bardot era mais importante para a balança comercial francesa que as exportações da indústria automobilística do pais.
6. Paparazzi: Depois do divórcio com Vadim, em 1957, ela se casou novamente. Agora com o ator Jacques Charrier, que lhe deu seu único filho, Nicolas-Jacques Charrier. Seu casamento foi alvo constante dos paparazzi e houve choques e mudanças no rumo de sua carreira. Em 1962, filmou com Louis Malle e Marcello Mastroianni "Vida Privada". Era um filme quase autobiográfico sobre uma celebridade do cinema sem vida pessoal, graças a perseguição constante da imprensa.
7. Ermitã?: Pouco depois de filmar "Vida Privada", BB retirou-se da vida agitada das metrópoles európéias para uma vida de semi-reclusão. Ela foi morar em uma mansão (La Madrague) em Saint Tropez, no sudoeste da França. Isso quando o local não era tão badalado.
8. Búzios: Se hoje Búzios, no Rio de Janeiro, tem o glamour de novela das 21h, pode colocar na conta de Brigitte Bardot. Na década de 60 ela causou ao visitar o Brasil e se hospedar na cidade. Depois da visita de BB, Búzios foi "descoberta", virou município e tornou-se um dos pontos mais sofisticados e procurados do verão brasileiro. Na cidadeexiste a Orla Bardot, na Praia dos Ossos, e instalou ali uma estátua de bronze da atriz em tamanho natural.
9. Ativista: Perto de completar 40 anos, em 1973, Brigitte anunciou que estava encerrando sua carreira. Ela escolheu usar a fama pessoal para defender os direitos animais e tornou-se vegetariana. Em 1977 atraiu atenção mundial para sua causa ao denunciar in-loco o massacre de bebês-foca no norte do Canadá. Entre outras causas, ela lidera campanhas contra a caça das baleias, as experiências em laboratório com animais o uso de casacos de pele.
10. Devoradora: Depois de quatro casamentos e inúmeros namorados, BB é hoje casada com um ex-conselheiro do Partido Nacional da França. Era chamada, no auge, pela mídia sensacionalista de "devoradora de homens" pela rapidez com que terminava seus relacionamentos.





Dói no fundo do coração ver uma barbaridade dessas.

....Dinamarca, uma vergonha !

O mar se tinge de vermelho, entretanto não é devido aos efeitos climáticos da natureza.
Se deve a crueldade com que os seres humanos (ser civilizado) matam centenas dos famosos e inteligentíssimos.
Golfinhos Calderon.Isso acontece ano após ano na Ilha Feroe na Dinamarca. Deste massacre participam principalmente jovens
Por que?
Para demonstrar que estes mesmo jovens já chegaram a uma idade adulta, estão maduros
Em tal celebração, nada falta para a diversão
TODOS PARTICIPAM DE UMA MANEIRA OU DE OUTRA, matando ou vendo a crueldade “apoiando-a como espectador”.
Cabe mencionar que o golfinho calderon, como quase todas as outras espécies de golfinhos, se aproxima do homem unicamente para interagir e brincar em gesto de pura amizade
Eles não morrem instantaneamente, são cortados uma ou duas vezes com ganchos grossos. Nesse momento os golfinhos produzem um som estridente bem parecido ao choro de um recém-nascido.

Mas sofre e nãp há compaixão até que este dócil ser se sangr lentamente e sofra com feridas enormes até perder a consciência e morrer no seu próprio sangue.

Finalmente estes heróis da ilha, agora são adultos racionais e direitos, já demonstraram sua maturidade.



Basta!!!
Protestaremos até que chegue àlguma associação de defesa dos animais, não leremos somente.
Isso nos transformaria em cúmplices, ESPECTADORES.


Cuide do mundo, ele é sua casa!


Seja também contra essa crueldade.

Hoje o grande Tim Maia faria aniversário ...

Energia Vital (para Bernardo Melgaço) - Por Claude Bloc



Ouço sons
e esses sons divinos
me transportam
e vão levando minha’alma
por outras dimensões.

Sinto a ausência de tudo
ausência de matéria
do instante, do espaço
e esse vácuo absoluto
faz do corpo energia
sem forma, sem cor.
São apenas enxames
de minúsculas partículas
intangíveis, reluzentes
que se movem unidas,
de um ponto ao outro,
sem que a gravidade
as transforme em pó
e as leve ao chão.
Flutuam simplesmente
energizando todo o vazio
e toda a sombra
nesta manhã opaca.

Ouço o canto dos pássaros,
voam alto
são vozes que transcendem
minha percepção do que é terreno
ou vital...
E pela manhã
vão esses sons
preenchendo os vãos obscuros
do meus pensamentos em desalinho.
Sinos me despertam
As pessoas oram pela luz peregrina
nessa revoada de energia
em suas mentes
e repetem em uníssono
a súplica pela sabedoria do amor
pela compaixão esquecida
pela paz nas periferias do mundo.


Texto por Claude Bloc
.

Festa de São João , no Instituto São Vicente Férrer ( anos 50)- Foto do acervo de Maria Amélia Castro


O desafio é : vocês reconhecem algumas das meninas ?
A pista , sinaliza :
Maria Amélia, Franceury, Francimary, Francinete Teles, Denise, Magali, Fátima Figueirêdo,
Ana Benvinda, as meninas de Dr. Borges, de Dona Edméia Arraes, de Chico Alencar, de Dr. Derval Peixoto, de Seu Hubert Bloc, de Seu Modesto Farias ... etc.
P.S.
O Instituto foi uma escola Primária do Crato , inesquecível ! Sinto saudades das pequenas e grandes particularidades.Nem sei escrever sobre ela, sem ficar com os olhos embaçados.
Figuram o Pe. Frederico ( que distribuía balas); Zenira Cardoso , nos ensaios da quadrilha; Dona Anilda Arraes e Aldinha, na Administração, e professores como : Célia e Nadir Brito, Lúcia e Esmerinda Madeira, Zenilda Cardoso, Líria Calou, Francinete Feitosa, a belíssima Dona Severina ( mãe do nosso amigo Calazans ), etc.
O parque de recreio, o carrocel, piscina, campo de jogos. Lá, Joaquim Pinheiro, Zé Almino, Higino, Mário César , Alfredo Texeira, Leandro, César Teixeira , Francisco Luiz, Thiago e Flamínio, Lula Arraes, os meninos de Dr. Maurício Teles, de Dr. Hermano , jogavam bola.
As classes ficavam todas no mesmo salão , e eram divididas abstratamente. Alunos disciplinados, turmas pouco numerosas, atestavam boa aprendizagem. A medida que íamos terminando o primário, transferíamos-nos para o Dom Bosco ou outros Colégios.
Desse tempo tenho amigos e colegas eternos : Joaquim, Magali, Walda, Francíria, Aldenir Silvestre, Franceury Teles ... Todos, sem quase exceção estão se reunindo no Cariricaturas. Isso muito nos alegra !
Socorro Moreira

Miguel de Cervantes - O Dom Quixote de la Mancha



Miguel de Cervantes Saavedra (Alcalá de Henares, 29 de setembro de 1547 — Madrid, 23 de abril de 1616), romancista, dramaturgo e poeta espanhol. Autor da mais importante obra em castelhano, Don Quixote de La Mancha.

Miguel de Cervantes Saavedra (Retratos de Españoles Ilustres, 1791).Em 1569 foge para Itália depois de um confuso incidente (feriu em duelo Antonio Sigura), tendo publicado já quatro poesias de valor. Sua participação na batalha de Lepanto, no ano 1571, deixa-lhe inutilizada a mão esquerda que lhe vale o apelido de o manco de Lepanto.

Em 1575, durante seu regresso de Nápoles a Espanha é capturado por corsários de Argel, então parte do Império Otomano. Permanece em Argel até 1580, ano em que é liberado depois de pagar seu resgate.

De volta a Espanha se casa com Catalina de Salazar em 1584, vivendo algum tempo em Esquivias, povoado de La Mancha de onde era sua esposa, e se dedica ao teatro.

Publica em 1585 A Galatea o seu primeiro livro de ficção, no novo estilo elegante da novela pastoral. Com a ajuda de um pequeno círculo de amigos, que incluía Luíz Gálvez de Montalvo, o livro deu a conhecer Cervantes a um público sofisticado.

A partir de 1587 viaja pela Andaluzia como comissário de provisões da Invencível Armada, estabelecendo-se em Sevilha. Posteriormente trabalha como cobrador de impostos.

Encarcerado em 1597 depois da quebra do banco onde depositava a arrecadação, "engendra" Dom Quixote de La Mancha, segundo o prólogo a esta obra, sem que se saiba se este termo quer dizer que começou a escrevê-lo na prisão, ou simplesmente que se lhe ocorreu a idéia ou o plano geral ali.

Finalmente, em 1605 publica a primeira parte de sua principal obra: O engenhoso fidalgo dom Quixote de La Mancha. A segunda parte não aparece até 1615: O engenhoso cavaleiro dom Quixote de La Mancha. Num ano antes aparece publicada uma falsa continuação de Alonso Fernández de Avellaneda.

Entre as duas partes de Dom Quixote, aparecem as Novelas exemplares (1613), um conjunto de doze narrações breves, bem como Viagem de Parnaso (1614). Em 1615 publica Oito comédias e oito entremezes novos nunca antes representados, mas seu drama mais popular hoje, A Numancia, além de O trato de Argel , ficou inédito até o tardio século XVIII.

Miguel de Cervantes morreu em 1616, parecendo ter alcançado uma serenidade final de espírito.

Um ano depois de sua morte aparece a novela Os trabalhos de Persiles e Sigismunda.

Nota: É bem conhecida a coincidência das datas de morte de dois dos grandes escritores da humanidade, Cervantes e William Shakespeare, ambos com data de falecimento em 23 de Abril de 1616. Porém, é importante notar que o Calendário gregoriano já era utilizado na Espanha desde o século XVI, enquanto que na Inglaterra sua adoção somente ocorreu em 1751. Daí, em realidade, William Shakespeare faleceu dez dias depois de Miguel de Cervantes.

A única peça teatral trágica a sobreviver de Cervantes é O cerco de Numancia, na qual é encenada a resistência desesperada da população desta cidade íbera contra as forças romanas que querem conquistá-la.

Já o volume Oito comédias e oito entremezes nunca antes representados traz um excelente exemplo do humor cervantino, com seu pleno domínio das convenções da época; curioso notar as diferenças de tratamento existentes entre a novela exemplar O ciumento de Extremadura e o entremez O velho ciumento, que apresentam basicamente a mesma história - a do marido que, para evitar ser traído, tranca a mulher em casa e proíbe-lhe qualquer contato com o mundo externo: Cervantes sacrifica, na peça, boa parte da sutileza da novela para produzir um efeito cômico mais imediato.

Wikipédia

Émile Zola - escritor francês

( Émile Zola por Edouard Manet)
(Paris, 2 de abril de 1840 — Paris, 29 de setembro de 1902) foi um consagrado escritor francês, considerado criador e representante mais expressivo da escola literária naturalista além uma importante figura libertária da França. Foi presumivelmente assassinado por desconhecidos em 1902, quatro anos depois de ter publicado o famoso artigo J'accuse, em que acusa os responsáveis pelo processo fraudulento de que Alfred Dreyfus foi vítima.


Émile Zola nasceu na capital francesa. Filho do engenheiro François Zola e sua esposa Émilie Aubert, cresceu em Aix-en-Provence, onde estudou no Collège Bourbon (atualmente conhecido como Collège Mignet) e, aos dezoito anos, retorna a Paris para estudar no Lycée Saint-Louis. Devido às complicações financeiras por que passou após a morte do pai, Zola é levado a trabalhar em uma série de escritórios, ocupando cargos de pouca influência.

Inicia-se no ramo jornalístico escrevendo colunas para os jornais Cartier de Villemessant's e Controversial. Suas colunas não poupavam críticas severas a Napoleão III - (...) meu trabalho torna-se a imagem de um reinado partido, de um estranho período de loucura e vergonha humanas - e à Igreja - A civilização jamais alcançará a perfeição até que a última pedra da última igreja caia sobre o último padre.

A obra de caráter autobiográfico La Confession de Claude (1865), um dos primeiros trabalhos publicados por Zola, atraiu atenção negativa da crítica especializada. O ainda mais criticado Thérèse Raquin, romance lançado no ano seguinte, apresentou uma abordagem inovadora em sua concepção: inspirado pelos estudos científicos da época, Zola propõe não um simples romance, mas uma análise científica pormenorizada do ser humano, da moral e da sociedade. Thérèse Raquin tornou-se, portanto, marco inicial de um novo movimento literário, oriundo da análise científica e experimental do ser humano: o Naturalismo.

Em vida, Zola também demonstrou elevado engajamento político. Certamente, seu trabalho de maior influência política foi a carta aberta intitulada J'acccuse (Acuso), destinada ao então-presidente da França Félix Faure. A carta, publicada na primeira página do jornal parisiense L'Aurore em 13 de janeiro de 1898, acusou o governo francês de anti-semitismo por julgar e condenar precipitadamente o capitão Alfred Dreyfus, judeu e oficial do exército francês, por traição em 1894.

Émile Zola faleceu em 29 de setembro de 1902 em sua casa em Paris devido à inalação de uma quantidade letal de monóxido de carbono proveniente de uma lareira defeituosa; alguns estudiosos, em razão das misteriosas circunstâncias do ocorrido, não descartam a hipótese de homicídio.

Émile Zola foi o idealizador e principal expoente do naturalismo na literatura. Seu texto conhecido como O romance experimental (1880) é o manifesto literário do movimento.

Thérèse Raquin, seu primeiro romance com larga repercussão, apresenta inúmeras inovações que permitem classificá-lo como primeira obra naturalista. Pela primeira vez, Zola combina algumas das teorias mais polêmicas de sua época, tais como darwinismo, evolucionismo e determinismo científico, compondo o primeiro romance de tese já escrito ("um grande estudo fisiológico e psicológico", segundo ele próprio).

Inspirado pela colossal obra A Comédia Humana (constituída por 89 romances, novelas e contos) de Honoré de Balzac, um dos mestres da literatura francesa, Zola iniciou, em 1871, seu grande projeto: a série Os Rougon-Macquart (Les Rougon-Macquart) à qual deu o subtítulo de história natural e social de uma família sob o segundo império, composta por 20 romances de cunho naturalista, escritas entre 1871 e 1893. No prefácio de A Fortuna dos Rougon (La Fortune des Rougon, 1871), primeiro volume da saga dos Rougon-Macquart, Zola justifica:

Eu desejo explicar como uma família [os Rougon-Macquart], um grupo reduzido de seres humanos, conduz a si mesma dentro de um determinado sistema social (...) dando origem a dez ou vinte membros, que, embora possam parecer, à primeira vista, profundamente divergentes uns dos outros, são, como a análise demonstra, mais intimamente ligados por meio da afinidade. Hereditariedade, como a gravidade, tem suas leis.

Entre os principais romances de Os Rougon-Macquart estão: O Ventre de Paris (Le Ventre de Paris, 1873), A Terra (La Terre, 1887), Nana (1880) e Germinal (1885).

Em sua obra (especialmente em Rougon-Macquart), Zola tentou empregar o método científico vigente em seu tempo, apresentando a influência da hereditariedade e do meio na formação da personalidade individual (determinismo científico). Tal rigor científico aliado a sua habilidade de criar textos documentais, confere veracidade a seus romances.

Zola escreveu uma segunda série intitulada As três cidades, sobre problemas religiosos e sociais. Atraído pelas teorias socialistas e depois evoluindo para uma visão messiânica do destino humano, escreveu uma terceira série, Os quatro evangelhos, que ficou incompleta, com a sua morte.

Apesar da qualidade literária de seus escritos e de sua obstinação, nunca integrou a Academia Francesa de Letras. Sua candidatura foi apresentada 24 vezes.

Amplamente considerada a obra máxima de Émile Zola, Germinal (1885) elevou a estética e a descrição naturalistas a um novo patamar de realismo e crueza. O romance é minucioso ao descrever as condições de vida subumanas de uma comunidade de trabalhadores de uma mina de carvão na França. Após ter contato com idéias socialistas que circulavam pela classe operária européia, os mineradores retratados na obra revoltam-se contra a opressão e organizam uma greve geral, exigindo condições de vida e trabalho mais favoráveis. A manifestação é reprimida e neutralizada, entretanto permanece viva a esperança de luta e conquista.

Para compor Germinal, o autor passou dois meses trabalhando como mineiro na extração de carvão. Viveu com os mineiros, comeu e bebeu nas mesmas tavernas para se familiarizar com o meio. Sentiu na carne o trabalho sacrificado, a dificuldade em empurrar um vagonete cheio de carvão, o problema do calor e a umidade dentro da mina, o trabalho insano que era necessário para escavar o carvão, a promiscuidade das moradias, o baixo salário e a fome. Além do mais, acompanhou de perto a greve dos mineiros.

J'accuse, famoso artigo escrito por Émile ZolaEm 1898, Zola tomou parte no aceso debate público relativo ao caso Dreyfus, publicando artigos em jornais e revistas onde tornou claro aquilo que mais tarde se viria a provar definitivamente: a inocência de Dreyfus. O seu famoso artigo J'accuse (Acuso), com o subtítulo Carta a Félix Faure, Presidente da República, publicado no jornal literário L'Aurore, era tão incisivo que levou à revisão do processo, dando uma nova dinâmica ao processo que terminaria anos depois do assassinato de Zola, com a reabilitação do oficial Alfred Dreyfus em 1906, injustamente acusado de traição.

Após a publicação de J'accuse, Zola foi processado por difamação e condenado a um ano de prisão. Ao saber da condenação, Zola partiu para o exílio na Inglaterra. Após o seu regresso, quando já não corria o risco de ser preso dada a evolução positiva do processo, publicou, no "La Vérité en marche", vários artigos sobre o caso.

Zola também tentou difamar as aparições da Virgem Maria em Lourdes. Mas chegando a Lourdes em 1892, assistiu a duas curas instantâneas, que relatará em sua novela, intitulada «Lourdes», sustentando, contudo, que «as duas pessoas que experimentaram o milagre morreram pouco depois e que, portanto, a suposta cura teria sido breve e sobretudo ilusória». Porém, uma das duas mulheres curadas não se rendeu e continuou protestando nos jornais, dizendo que estava tão viva e saudável como o autor.

A 29 de Setembro de 1902, morreu misteriosamente em seu apartamento da rue de Bruxelles. A causa da morte: inalação de uma quantidade letal de monóxido de carbono proveniente de uma chaminé defeituosa. Muitos estudiosos não descartam a possibilidade de Zola ter sido assassinado por inimigos políticos, entretanto, nada foi provado.

Foi enterrado no cemitério de Montmartre em Paris. As suas cinzas foram transferidas para o Panthéon a 4 de Junho de 1908, dois anos depois de Dreyfus ter sido reabilitado. No trajeto, um fanático nacionalista e anti-semita, Gregori, dispara contra o comandante Alfred Dreyfus e o fere no braço. As brasas do caso Dreyfus não estão extintas, os velhos rancores permanecem vivos.

Wikipédia

Michelangelo Antonioni- cineasta italiano


Michelangelo Antonioni (Ferrara, 29 de setembro de 1912 — Roma, 30 de Julho de 2007) foi um cineasta italiano.

Graduou-se em economia na Universidade de Bolonha. Chegando a Roma em 1940 estudou no Centro Sperimentale di Cinematografia na Cinecittà, onde conheceu alguns dos artistas com quem acabou cooperando nos anos futuros; entre eles Roberto Rossellini.

O primeiro grande sucesso de Antonioni foi L'avventura (1960). que foi seguido por La notte (1961) e L'eclisse (1962), que compreendem uma trilogia sobre o tema da alienação. Seu primeiro filme colorido Il deserto rosso (1964), também explora temas modernistas da alienação, e junto com os três filmes anteriores, forma uma tetralogia. A atriz Monica Vitti apareceu nos quatro filmes da tetralogia, atuando em papéis de mulheres desconexas que lutam para se ajustar ao isolamento da modernidade. O seu primeiro filme em inglês, Blowup (1966), foi também um grande sucesso. Embora ele tenha enfrentado o difícil tema da impossibilidade da percepção objetiva das coisas, o filme teve boa recepção popular, parcialmente devido a sua sexualidade explícita pelos padrões da época, e também por causa da atriz Vanessa Redgrave. Zabriskie Point (1970), seu primeiro filme rodado nos Estados Unidos da América, teve menos sucesso, mesmo com a inclusão de uma trilha sonora composta de artistas populares como a banda Pink Floyd (que compôs músicas especialmente para o filme), Grateful Dead, e os Rolling Stones. The Passenger (1975), estrelado por Jack Nicholson, também não obteve sucesso.

Em 1985, um acidente vascular-cerebral deixou-o parcialmente paralítico e quase impossibilitado de falar. No entanto, ele não encerrou suas atividades e, ajudado por seu amigo Wim Wenders, realizou Além das Nuvens em 1995. Nesse mesmo ano, é premiado com um Oscar pelo conjunto da sua obra. Seu último filme Eros, de 2004, foi realizado juntamente com Wong Kar-Wai e Steven Soderbergh, quando Antonioni tinha 92 anos.

Antonioni vem a falecer em 30 de julho de 2007, aos 94 anos, no mesmo dia em que falece Ingmar Bergman.
Ele se descrevia como um intelectual marxista, mas alguns autores colocam algumas dúvidas em relação a sua real adesão às ideias do Marxismo. Em contraste com os seus contemporâneos, incluindo os neo-realistas e também Federico Fellini, Ermanno Olmi e Pier Paolo Pasolini, cujas histórias geralmente tratavam da vida da classe trabalhadora e a rejeição e incompreensão da sociedade, os filmes mais notáveis de Antonioni mostravam a elite e a burguesia urbana. Porém, ao contrário do que alguns críticos dizem, os seus filmes descrevem os personagens ricos como pessoas vazias e sem alma, ao invés de romantizar esses personagens. La notte descreve a desintegração de um casal rico que não consegue conviver em harmonia; L'avventura descreve a história de uma mulher que se perde durante uma luxuosa viagem de iate, e do seu noivo e sua melhor amiga que mantêm uma relação sexual enquanto procuram por ela, mas são incapazes de se amar mutuamente; Blowup descreve o mundo superficial de um fotógrafo de moda dos anos 60, que no final do filme se mostra indiferente quando chamado a denunciar um possível crime. De um modo similar, Zabriskie Point é interpretado como a uma crítica do capitalismo americano, e, por outro lado condescendente com os hippies, descrevendo de forma simpática o seu desejo de fuga. Os filmes de Antonioni também mostram a beleza das paisagens, como no deserto da Califórnia em Zabriskie Point, ou as ilhas rochosas em L'avventura, mas o objetivo não é apenas nos impressionar com a qualidade visual do seu trabalho, mas também descrever a arrogância das "almas perdidas" que em vão tentam impor a sua finitude sobre uma natureza inflexível e sublime. Novamente, apesar dos críticos, os filmes de Antonioni dissecam os ricos de forma cruel com uma reprovação de fundo marxista, mesmo enquanto a sua câmera mostra uma certa fascinação pelas belas coisas da classe rica.

O diretor Ingmar Bergman uma vez disse que admirava alguns dos filmes do Antonioni por serem desinteressados e algumas vezes visionários. Os seus filmes tendem a ter muito poucos planos e diálogos, e muito do tempo é gasto em longas e lentas sequências, como uma sequência contínua de dez minutos em The Passenger, ou muitas cenas em La notte que mostram uma mulher simplesmente vagando silenciosamente pela cidade a observar outras pessoas. Apesar dos seus filmes serem repletos de beleza visual, e de terem uma captação perfeita da alienação dos personagens, o estilo com pouco movimento, e de ritmo lento, entedia certas pessoas.



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Anônimo Veneziano - Trilha sonora do filme ( 1970) com Marcello Mastroianni e Florinda Bolkan

Vitrine fotográfica -Setembro !!!- Por Teresa Abath