Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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domingo, 3 de janeiro de 2010

Cachorro doido ou vaca de bezerro novo - Por A. Morais


Esta historinha do meu pai, Jose André, eu estou vendendo pelo mesmo preço que recebi do amigo Sergio Pinto de Carvalho.

Toda tardinha Rosa Amélia Carvalho, esposa do Sergio, saía para fazer caminhada. Seguia de Várzea-Alegre em direção ao Sanharol, muitas vezes chegando ao sitio Serrote. À tardinha o Sergio seguia de carro ao encontro e juntos faziam o restante do retorno.

Certa feita Sergio passava a altura do Posto Boa Vista e, Zé André do Sanharol ia a pé e o Sergio ofereceu carona.

Zé André aceitou, se abancou na poltrona do carro, olhou para o amigo e perguntou: Sergio, você está indo pra onde? Sergio respondeu no ato: estou indo encontrar a Rosa Amélia que está voltando de uma caminhada e, neste horário, é muito perigoso andar sozinha.

Zé André disse então: Sergio, Rosa Amélia e Tonha lá de casa, só correm risco se derem de frente com um cachorro doido ou uma vaca de bezerro novo, tirando essas duas coisas não haverá nada que lhes cause algum perigo.


Por A. Morais.


Obs.: Antonio Morais nos autorizou a postar seus textos no Cariricaturas.
Contramão
- Claude Bloc -
Perco-me em tantos versos
engasgo-me em tanta prosa
tropeço nos contrapassos
sobrevenho à imensidão
hoje sinto-me triste
amanhã sinto-me gasta
quando meus sonhos
são tantos
e meu sorriso é tão pouco
quando meu olhar confuso,
já perdeu todo o sentindo...

Distingo-me
na contramão
na leve
pegada que deixas
quando me ponho
a te buscar.

Claude Bloc

Ainda sobre Ano Novo

Receita de Ano Novo
- (de Carlos Drumond de Andrade) -

Para você ganhar belíssimo Ano Novo...

Não precisa fazer lista de boas
intenções para arquivá-las
na Gaveta.

Não precisa chorar de arrependimento
pelas besteiras consumadas nem
parvamente acreditar que por decreto

da esperança a partir de Janeiro
as coisas mudem e seja claridade,
recompensa, justiça entre os homens

e as nações, liberdade com cheiro e
gosto de pão matinal, direitos respeitados,
começando pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um ano-novo que mereça
este nome, você, meu caro, tem de
merecê-lo, tem de fazê-lo novo,

Eu sei que não é fácil mas tente,
experimente, consciente.

É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
(CDA)
Simplificando
- (Cecília Meireles) -

Porque a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.

(Cecília Meireles)

Sobre ESCOLHAS


Ser é Escolher-se


Para a realidade humana, ser é escolher-se: nada lhe vem de fora, nem tão-pouco de dentro, que possa receber ou aceitar. Está inteiramente abandonada, sem auxílio de nenhuma espécie, à insustentável necessidade de se fazer ser até ao mais ínfimo pormenor. Assim, a liberdade não é um ser: é o ser do homem, quer dizer, o seu nada de ser. (...) O homem não pode ser ora livre, ora escravo; ele é inteiramente e sempre livre, ou não é.

Jean-Paul Sartre, in 'O Ser e o Nada'

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Escolha Inteligente

Uma vida bem sucedida depende das escolhas que fizermos. Temos de saber o que é ou não importante para nós. A escolha inteligente implica um sentido realista dos valores e um sentido realista das proporções. Este processo de escolha - de aceitação por um lado e de rejeição pelo outro - começa na infância e continua pela vida fora. Não podemos ter tudo o que ambicionamos. O homem de negócios que procura o sucesso financeiro tem muitas vezes de abandonar os seus interesses de ordem desportiva ou cultural. Os que preferem servir os interesses espirituais, culturais ou políticos da sociedade - sacerdotes, escritores, artistas, militares, homens de estado e funcionários públicos em geral - têm quase sempre de relegar para segundo plano o bem-estar financeiro.

Com uma vida limitada não podemos ser ou fazer tudo. Estamos constantemente a ter de escolher com que e com quem passar o nosso tempo. Cultivar amizades toma tempo. Às vezes temos de recusar encontros e desapontar muitas pessoas para termos tempo de alcançar os nossos fins. Todos os dias temos de escolher entre as coisas que estão à venda. Não podemos ter o mundo inteiro, tal como uma criança não pode comprar todos os rebuçados da doçaria se tiver apenas um tostão. Esta é uma das grandes lições da vida. Temos de escolher na altura própria, e o destino é a seara que cresce da semente da escolha. A fórmula para uma escolha inteligente exige não só um profundo conhecimento de nós próprios como uma afirmação da nossa própria maneira de ser.

Alfred Montapert, in 'A Suprema Filosofia do Homem'

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Escolher Para Desfrutar

A angústia invade quer o inquieto, exclusivamente deslumbrado por aquilo que arde com uma luz vaga, quer o poeta cheio de amor pelos poemas que nunca escreveu o seu, quer a mulher apaixonada pelo amor, mas incapaz de devir por não saber escolher. Eles bem sabem que eu os curaria da angústia se lhes permitisse esse dom que exige sacrifícios e escolha e esquecimento do universo. Porque determinada flor é, em primeiro lugar, uma renúncia a todas as outras flores. E, no entanto, só com esta condição é bela. É o que acontece com o objecto da troca. E o insensato, que vem censurar a esta velha o seu bordado, sob o pretexto de que ela poderia ter tecido outra coisa, demonstra com isso que prefere o nada à criação.

Antoine de Saint-Exupéry, in "Cidadela"
.

O pulso - Carlos Drummond de Andrade

Lutar com palavras é a luta mais vã.
Entanto lutamos
mal rompe a manhã.
São muitas, eu pouco.
Algumas, tão fortes
como o javali.
Não me julgo louco.

(Carlos Drummond de Andrade)

O ALEGRE REGRESSO - Por Mundim do Vale

Quem vive distante, da terra querida
Só pensa na vida
Em um dia voltar.
E assim vai pensando, o pobre imigrante
Que como um errante
Deixou seu lugar.

Aquele imigrante, fugiu da estiagem
Lavando coragem
Faltando alegria.
Levava na mente, saudade e lembrança
Com a firme esperança
De voltar um dia.

Chegando em São Paulo, começa o chamego
Procura um emprego
E não passa no teste.
Até que a indústria, enxerga o valor
De um lutador
Do seco nordeste.

Depois de empregado, ele sai da pendanga
E se livra da canga
Que prende o roceiro.
E o forte caboclo, pensando em voltar
Começa a guardar
Seu pouco dinheiro.

Escuta no rádio, notícia do Leste
Depois do Nordeste
E presta atenção.
O locutor fala, da chuva molhando
E o povo plantando
No verde sertão.

Naquele momento, o bom sertanejo
Sentiu o desejo
De não ficar lá.
Fez uma promessa, com Frei Damião
Para o mês de São João
No seu Ceará.

Juntou a família, E disse seguro:
- O nosso futuro
Não é mais aqui.
Já tem no sertão, legume nascendo
Nós vamos correndo
Para o Cariri.

Eu vendo o barraco,o rádio, o bujão,
A mesa e o fogão
Pra nós viajar.
Nós vamos de ônibus, Até Juazeiro
No dia primeiro
Nós vamos chegar.

A filha mais nova, pegou a falar:
- Eu quero aguar
Meu pé de roseira.
O filho mais velho, pulou de alegria
Dizendo que ia
Domingo pra feira.

Olhando a estrada, lembrou-se da ida
Da triste partida
Cantada em verso.
Chegando ao sertão, ele faz uma prece
E a Deus agradece
O alegre regresso.

Já no seu terreno, avista a casinha
E vê na cozinha
O carro de mão.
Na parede da sala, encontra pregado
O quadro arranhado
De Frei Damião.

Olhou para o quadro e fez um pedido:
- Meu santo querido!
Meu Frei Damião.
Dê fé e coragem, ao homem da roça
Para que ele possa
Viver no sertão.

O gato Mimi, do mato correu
Foi quem recebeu
A sua Cecília.
E aquela roseira, coberta de flor
Recebeu com amor
Aquela família.

Mundim do Vale

Livro de Irmã Edeltraut será lançado dia 16 de janeiro





Será no próximo dia 16 de janeiro, em Barbalha, o lançamento do livro Um pouco de perfume – Realce Editora e Ind. Gráfica, Fortaleza (CE), 242 páginas – que resgata alguns escritos de Irmã Edeltraut Lerch nas áreas da Administração Hospitalar e Religiosidade. O livro – que teve como editor, coordenador e revisor, o advogado Emerson Monteiro – recebeu apoio cultural dos empresários Raimundo Tadeu e Luiziane Alencar.
A apresentação da obra é de Armando Lopes Rafael. A capa e diagramação são de Cláudio Henrique Peixoto. Fotos da capa: Emerson Monteiro. Editora: BSG - Juazeiro do Norte CE. Gráfica: Realce - Fortaleza CE.
No final do livro constam ainda iconografia e depoimentos de Napoleão Tavares Neves, Geraldo Menezes Barbosa e Teresinha de Jesus Couto Duarte.

Trechos:
“Um japonês de 18 anos jogou-se de um rochedo, deixando como despedida este bilhete lacônico:
“Suicidei-me por não saber o sentido de minha vida”.
O que é afinal a vida?
A vida é o que dela fazemos. Cada pessoa recebe de Deus uma chance. Livres, podemos valorizar ao máximo, ou jogar fora essa oportunidade que o Criador nos enseja.
Definimos a vida de acordo com a nossa filosofia existencial, segundo nosso lucro de valores. É a nossa mentalidade que empresta as dimensões a tudo. Somos o que pensamos”.

“Torna-se velho quando se deixa de progredir na vida. Cabe a cada um interrogar-se. Não passamos a ser velhos por ter vivido certo número de anos. “Passamos a ser velhos quando abandonamos o nosso ideal de vida” (General MacArthur)
Alguém é velho quando os pesares toma nele o lugar dos sonhos...”

Release de Armando Lopes Rafael.