Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Quando a lua tentar me encontrar... (Claude Bloc)



Hoje estava lá a lua boiando, me olhando com olho gordo. Bem redonda, me insultando. Me insuflando.

Ela sabe o quanto me atiça aquele brilho luzindo no céu, ao som da noite. Ela toda bela deitada e fazendo pose sobre a chapada.

Pois é... Ela veio, então, assim enxerida, metida nos seus véus, me desejar boa sorte, me fazer acreditar que amanhã serei feliz.

Então, amigos, quando a lua tentar me encontrar, digam a ela que estou aqui. Que fui por aí comemorar a alegria, a ventura de ter vocês em minha vida...

Abraços a todos...

Da sempre amiga, Claude

Uma música para nossa aniversariante do dia 26 de Junho : Claude Bloc !




Com abraços e votos de felicidades !

Vamos nos reunir no restaurante MIRANTE , logo mais , às 20:30 h.


Quem estiver no Crato, e quiser comparecer, será bem vindo !

Personagens da minha infância- por Socorro Moreira


TIA ROSA

Acanhada , aluada , órfã de pai e mãe , tinha o semblante de um anjo desmantelado , mas de luz intensa !
Chegava e saia calada . Ficava de cócoras num canto da cozinha , a espera de um prato de comida , de um cumprimento , de um mimo. Maltrapilha e rota , minha mãe , que a chamava de Roseira , dava-lhe um trato ; unhas , cabelo , e banho de cheiro . Ficava tão linda , como uma rosa vermelha ! Tem gente que parece bicho do mato pelos maltratos ...
Tia Rosa era minha tia marginal , pela pobreza e simplicidade . Culpo-me por todas as vezes que deixei de lhe pedir a bênção, ou senti vergonha daquela velhinha com aura de santa !


 

 A Virgem das macaúbas

Corria , quando chegava. Corria , porque esperava ... Trocava qualquer mantimento , subtraído da despensa da casa , por um saquinho de macaúbas : pequenas , maduras e doces. Depois de roídas , elas viravam xibiu . Com dez coquinhos , a brincadeira estava completa . Com eles , jogava , interessantemente , nos batentes de casa , com a meninada da rua .
Vestia-se como a Virgem : manto azul , branco véu ...
Parecia ,a minha Mãezinha do céu !
xxxx

Seu rosto era protegido por um chapéu. Tinha sons metálicos que anunciava, inconfundivelmente,
a sua chegada :"Mói, Mói, Mói ..."
Um artista fantasiado de esmoler . Um esmoler com talentos artísticos . Seu cachê era um pedaço de pão , uns tostões , um prato de comida ... A meninada alegre , lhe socorria , sorrindo !
.

Correio Musical

versos sem papel - por Socorro Moreira

construímos tantos corpos de papel...
pichamos muros
pintamos telas no céu
fizemos abrigos subterrâneos
descobrimos mapas de labirintos
nossa floresta era imensa...
nos perdemos no caminho
catando flores
e destruindo ninhos.

olhei demais pro céu
pensando que você,
fosse um passarinho !


Você corta o filme
amarga o recado
deixa o mel
na porta do enxame
deixa a flor
na madrugada aberta
morrer na manhã


Sono que se vai
O lado vazio e silencioso da cama
Arrumo o lençol que fala...


Presente com tinta
Futuro sem papel
Passado amarrado
Pipas voam alto do além para cá...
Conquistam espaço
Na janela do quarto
vejo um pedaço do céu!

Por Socorro Moreira



Vejo esvaziado o baú das emoções
algumas
gastei desordenadamente
outras,
por desuso
se estragaram...
Meu guarda-roupa
comporta todas as minhas coisas
e o vazio das tuas

25 den Junho de 2001- por Ernesto

25 de Junho de 2001 – Perdíamos Milton Santos.

Tinha 75 anos e deixou um maravilhosa obra! Era graduado em Direito, mas desenvolveu trabalhos em diversas áreas da Geografia, em especial nos estudos de urbanização do Terceiro Mundo. Foi um dos grandes nomes da renovação na geografia brasileira ocorrida nos anos 70.

Durante toda a vida buscou métodos e visões diferentes para encarar seus temas de estudo. Lecionou em diversas universidades mundo afora, no seu o exílio durante a ditadura militar no Brasil: Paris (França), Columbia (EUA), Toronto (Canadá) e Dar es Salaam (Tanzânia). Também lecionou na Venezuela e Reino Unido. Regressou ao Brasil em 1977, tendo trabalhado na Universidade Federal Fluminense e ingressando na Universidade de São Paulo em 1984.

Embora pouco conhecido fora do meio acadêmico, Milton Santos foi o geógrafo brasileiro que maior reconhecimento alcançou fora do país, tendo recebido, em 1994, o Prêmio Vautrin Lud, considerado o "Nobel" da geografia (este prêmio é conferido por universidades de 50 países).

Milton Santos foi dos poucos cientistas brasileiros que, expulsos durante a ditadura militar (naquilo que foi conhecido por "êxodo de cérebros"), voltaram depois ao país. Seu "passe" foi disputado por diversas universidades, que o queriam em seus quadros. 
Sua obra "O espaço dividido", de 1975, é hoje considerado um clássico mundial, onde desenvolve uma teoria sobre o desenvolvimento urbano nos países subdesenvolvidos.
Suas idéias de globalização, esboçadas antes que este conceito ganhasse o mundo, advertia para a possibilidade de gerar o fim da cultura, da produção original do conhecimento - conceitos depois desenvolvidos por outros.

Uma curiosidade que muito me indignou: no dia da sua morte, nenhuma linha nos jornais brasileiros e quase um silêncio absoluto no meio acadêmico, enquanto na Europa – principalmente na França e na Bélgica – houve um dia de luto e de debates em torno da obra do grande geógrafo!

Particularmente, seu livro que mais me impressiona e que tenho como "livro de cabeceira" é "Por uma outra globalização".

Ernesto

Pensamento para o Dia 25/06/2010


“Obtenção de posições de autoridade e poder, de habilidade e inteligência que podem manipular pessoas e coisas, de fama e supremacia, de encanto pessoal, de boa saúde e felicidade ou de uma grande família com muitos filhos ou riqueza... nenhum desses pode conferir libertação. Você não pode alcançar libertação empreendendo sacrifícios, votos, caridade, peregrinação ou doações para projetos sagrados. Embora o mundo objetivo pareça real, você deve estar ciente de que está se iludindo. Você deve abandonar a ânsia por prazer decorrente dos objetos que surgem e atraem - agora e no futuro. Somente a renúncia pode levar à imortalidade. Você será libertado assim que renunciar a seu apego e desejo.”
Sathya Sai Baba

O alcoolismo - Emerson Monteiro

Das primeiras vezes, acha-se divertido. Envolve-se. Alegra-se. Facilita participar de grupos sociais com mais satisfação. Torna-se um passaporte para novas amizades. Fácil de encontrar, a bebida se oferece nos variados recantos deste mundo dito civilizado. Torna-se algo semelhante a sonhar de olhos abertos.
Mas que fica apenas nisso mesmo. Depois de algum tempo, qual dragão indomável, o vício sujeita a vida e o que antes era sonho torna-se pesadelo a desafiar o ser humano e sua força de reagir e se libertar.
Eis o alcoolismo, flagelo indescritível dos dias atuais. Monstro devorador da personalidade, intruso destruidor de famílias, de jovens e adultos, homens e mulheres, ricos e pobres, de esperanças e ideais. Tudo sob a permissão das instituições, fonte de lucros tributários e origem de receitas empresariais.
Hoje, o alcoolismo vem sendo analisado sob outros prismas e passa a ser considerado pela ciência como um mal de solução difícil, agente nocivo desagregador de graves riscos à saúde pública.
Quando termina o dia de trabalho, começam os litígios. Pais de família saem pelos bares e casas de espetáculos a satisfazer o cruel instinto da sede alcoólica, expostos à sanha perversa de piores consequências, porquanto portas se abrem fácil a quem busca as malhas do vício.
A aceitação social, a falta de prevenção e publicidades enganosas são as principais fontes que explicam a quantidade de pessoas que abusam do álcool. A falta de conscientização e o desconhecimento dos efeitos do álcool levam jovens e mulheres grávidas serem parte dos grupos de risco.
A isto tudo pode somar o vazio que gira em torno das pessoas que sofrem dessa doença. O problema com os jovens, e, sobretudo, com os adolescentes, é o alto grau de violência que o excesso de álcool neles ocasiona, como também a quantidade de acidentes de trânsito que produzem quando se encontram em tal grau de alteração. Costuma acontecer, também, que um adolescente beba até chegar a limites perigosos, simplesmente para fazer graça com o grupo de amigos.
No caso das mulheres em período de gestação, o abuso de álcool nas primeiras semanas de gravidez pode produzir uma formação defeituosa no crânio, no rosto e deficiência mental no feto. É por causa disso que normalmente se aconselha às grávidas que a se absterem de beber durante os primeiros três meses de gravidez, e que depois, se houver vontade de beber, que o faça com moderação. Como normalmente a mulher fica sabendo do seu estado de gravidez após a concepção, é muito perigoso que ela beba em demasia. Um outro grupo de risco são os desempregados e aqueles trabalhadores denominados não qualificados, pois eles se dedicam ao consumo de bebida alcoólica em excesso por causa das condições sociais nas quais estão obrigados a viver.
O segundo fator encontra o seu componente mais forte na pobreza. O álcool é uma droga a mais, e em alguns casos, é muito mais fácil de adquirir do que outros elementos nocivos. Por causa disso, algumas pessoas humildes e de baixos recursos intelectuais e culturais buscam afogar os problemas e prejuízos sociais na bebida, mais barata e fácil de conseguir que outro tipo de droga.
Abrir os olhos o quanto antes, eis a forma de se garantir uma vida saudável e livre dessas mazelas suicidas a que muitos se submetem nem sempre por falta de aviso.

Futebol: cruzamento de bolas - por José de Arimatéa dos Santos

Sou do tempo em que os laterais no futebol chegavam na linha de fundo e cruzavam a bola para os atacantes na área. Laterais direitos da seleção brasileira que de relance nesse momento lembro são: Leandro, Toninho, Orlando Lelé, Zé Maria, Cafu e o principal de todos, Carlo Alberto Torres, capitão do tri. Laterais esquerdos: Marinho Chagas, Júnior, Branco, Marco Antônio, Leonardo. Vamos ficar com esses grandes laterais que fizeram bonito com a camisa amarela do Brasil. Essa coisa de relacionar grandes jogadores brasileiros é difícil que depois passamos a lembrar outros monstros sagrados que representaram bem o país. Pra fechar com chave de ouro, cito Nilton Santos que foi bicampeão do mundo em 58 e 62. A Enciclopédia, como é conhecido, fez gol na Copa da Suécia num tempo que lateral não avançava. Lateral hoje em dia é chamado de ala.
Vendo o jogo de hoje Brasil contra Portugal, fiquei estarrecido com os erros desses ditos alas brasileiros. Dificilmente acertam um cruzamento. E durante a transmissão da Band, o repórter Fernando Fernandes, disse que eles treinam a jogada aérea. Não lembro se Daniel Alves acertou algum cruzamento nos escanteios. Incrível! Jogadores muito bem pagos que não conseguem alçar bola na área adversária.
Na ala esquerda a coisa está mais preta ainda, pois durante esses últimos quatro anos, o técnico Dunga não conseguiu um substituto a altura de Roberto Carlos, jogador do Corinthians. Sei que o Brasil tem tudo para evoluir e seus alas têm todas as condições de jogar um melhor futebol. Principalmente pelo nível do futebol dos nossos adversários que é sofrível e pobre. Esperar que o time brasileiro possa apresentar um pouco do futebol que queremos, o futebol brasileiro. Em tempo: na minha relação dos melhores laterais, ops! alas, cito Maicon que evoluiu bastante é um dos melhores jogadores dessa copa.

Relembranças (postado no Blog Sanharol) - por Claude Bloc

O tempo passa ligeiro
A vida passa também
A alegria anoitece
Amanhece o querer bem
E cada dia que passa,
A gente passa também.

Me lembro quando criança
Nas noites de São João
Arredor de uma fogueira
Brincava com a ilusão
Veio o tempo de mansinho
Arrancou meu coração.

Hoje me faz tanta falta
A alegria que eu tinha
Brincava de perder tempo
Com a vida que era minha
Hoje eu sei que a vida passa
Por onde a gente caminha.

Sinto falta das moagens
De fogos, renovações
De tomar banho no açude
De cantoria e canções
Que de noite se ouvia
Remoendo as emoções.

E os passeios a cavalo
Pelos cantos da fazenda?
Com o sol queimando a gente
E a lua fazendo renda...
Eu ia sempre a galope
Até chegar na moenda.

Ia pelo Caldeirão
Oiticica e Represa
Na casa de Mané Danta
Sempre ia de surpresa
Mas sempre tinha feijão
Com arroz em sua mesa.

Eu ia na farinhada
Queria participar
Via fazer a farinha
A goma no sol secar
Tirava a manipueira
Pra goma não estragar.

De noite tinha pipoca
Baralho e brincadeira
O violão despertava
O amor, essa fogueira
E do tempo que passava
Hoje só resta a poeira.


Claude Bloc

Noite de São João - Por Mundinha Dantas


Quando eu era pequenina
Nas noites de São João
Entendia pouca coisa
Mas me chamava atenção
Lua no céu a brilhar
Balão subindo no ar
Aquela animação.

Uma latada bem grande
Coberta de "folhará"
E um sanfoneiro dentro
Danadinho pra tocar
Cheio de gente dançando
O povo todo vibrando
Ninguém pensava em brigar.


Mundinha Dantas

Há 43 anos atrás ...

Pensamento Para O Final de Semana.Vamos Sorrir? -Por Liduina Vilar.


"O sorriso é a distância mais curta entre as pessoas", diz Victor Borge.Um sorriso aproxima pessoas que antes eram estranhas.Quando entro numa loja e a vendedora sorri para mim, surge em meio ao anonimato do mundo comercial uma relação humana. A alienação é abolida. A distância é transposta. È claro que existe também um sorriso artificial, que foi ensinado pelo conselheiro de marketing da empresa. Mas esse sorriso não cria uma relação.Permanece com a pessoa que o produz. Uma cliente pode muito bém discernir se o sorriso é dirigido a ela e lhe dá boas vindas, ou se é apenas uma fachada atraente para aumentar as vendas. Há um sorriso que mantém a outra pessoa à distância, uma gentileza fria que sinaliza à outra pessoa:"Fique longe de mim!"Mas um sorriso que brota do coração cria imediatamente proximidade e sintonia.Convida para se abrir à outra pessoa. Sinto-me compreendida e aceita, levada a sério. Posso dizer o que penso. Não estou sendo julgada. Esse tipo de sorriso convida à conversa. Desperta em mim a vontade de dirigir-me ao outro, iniciar uma conversa com ele.
Estes são os Ensinamentos do Mestre Grun.

De manhã - por Everardo Norões

a cafeteira
me dá bom-dia
com seu gesto de prata.
digo a mim mesmo :
acorda !
levanta-te e anda !
sofre
a alegria vã
das árvores tardias,
dos morangos que lançam
os frutos maduros das imbaúbas
sobre os telhados.
olha em torno:
o verde indiferente,
a música fechada no piano,
a pequena formiga
e suas passadas,
a suportar
o grão de açúcar
desse Universo !

Nuvem - por Ana Cecília S.bastos

Há um estado de enxaqueca no qual se tecem as
palavras
e do qual se pôem a vagar
no mistério da poesia.


preciso desse nebuloso,
desse à flor da pele,
para deixar fluir o texto,
nessa  semi-inconsciência tão próxima da
absoluta
lucidez.

Colaboração de Nívia Uchôa



Terra sem lei

Em dez anos, os desmatadores destruíram no Brasil 260 mil hectares na Mata Atlântica, ou 2,6 mil km, o equivalente a duas cidades do Rio; e 176 mil km na Amazônia, área maior que toda a Inglaterra. Em sete anos, foram 85 mil km de cerrado; 4,3 mil km, no Pantanal; e 16,5 mil km, na caatinga. E o que o Congresso está discutindo não é como parar o crime, mas como perdoar os criminosos.

Esse é o principal ponto que torna o projeto do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) um equívoco. Ele leva o Brasil na direção oposta do que se deve ir. Em cada ponto, a proposta acelera na contramão. O que os poderes da República poderiam estar considerando é: dado que o atual Código não impediu essa destruição toda, o que fazer para que as leis possam ser cumpridas?
Os rios brasileiros estão assoreados, muitos já morreram, os rios que cortam o interior do país viraram latas de lixo e esgoto. As histórias são tão frequentes e antigas que nem cabe repetir aqui. A discussão urgente é como proteger os rios, aumentar o saneamento básico, limpar as correntes de água, garantir que a faixa de mata ciliar seja recomposta. Mas o que a proposta de novo Código Florestal estabelece é como reduzir a proteção aos rios, diminuindo o tamanho das Áreas de Proteção Permanente (APP).

O Brasil tem tido assustadores problemas de deslizamento de encostas nas cidades, nas estradas. Elas servem como um alerta sobre o cuidado com o uso de terrenos muito íngremes. A lei de 1965 cria limites ao uso de terrenos com 45 graus de inclinação e protege o topo dos morros. O novo Código reduz a proteção dessas áreas frágeis.
Imaginemos dois proprietários rurais na Amazônia, no Cerrado ou na Mata Atlântica, ou qualquer outro bioma brasileiro, como o nosso belo e frágil Pantanal. Um preservou a reserva legal guardando o percentual da propriedade estabelecido por lei, respeitou as APPs e não contou essas áreas nas reservas legais. Se já entrou na propriedade com uma área desmatada maior do que o permitido, replantou espécies da região. O outro desmatou com correntão, incendiou parte da floresta, fez corte raso ou qualquer uma dessas formas primitivas e predatórias de ocupar a terra. O segundo terá as seguintes vantagens: pode continuar usando as áreas "consolidadas" sem pagamento de multa, tem 30 anos para recompor a reserva legal de forma voluntária, pode usar espécies exóticas, pode replantar em outro local, pode fazer lobby junto ao governo estadual para reduzir a área a ser protegida. Pode continuar explorando o topo dos morros, reduzir a área de proteção aos rios e contar a APP como parte da reserva legal. Como se vê, será compensado, anistiado, incentivado. E quanto ao primeiro? Ao que cumpriu a lei? Ora, esse deve procurar o primeiro espelho, olhar para seu próprio rosto e dizer: "Cumpri a lei, fui um otário!"

No século XXI, diante de tantos exemplos dos riscos da degradação ambiental, o que o Brasil deveria estar fazendo? Discutindo seriamente como aumentar a proteção ao meio ambiente. Mesmo os que não acreditam nas mudanças climáticas sabem que o meio ambiente é essencial para a qualidade de vida. Em vez de uma discussão serena e atualizada, o relator do projeto de mudança do Código Florestal, deputado Aldo Rebelo, nos propõe uma sequência delirante de explicações persecutórias. O mundo estaria conspirando contra o desenvolvimento brasileiro através de malévolas organizações infiltradas no país, impondo aos cidadãos nacionais convicções exóticas sobre a necessidade de evitar o desmatamento e inventando evidências científicas de que o clima está mudando.

Até quem tenha muito boa vontade com este tipo de raciocínio alienista precisa saber como explicar algumas contradições: muitas das ONGs são genuinamente brasileiras, o maior beneficiário de um meio ambiente sadio e protegido é o próprio brasileiro, o clima está de fato mudando perigosamente, os países desenvolvidos estão impondo para si mesmos metas de redução de emissões maiores do que as que o Brasil espontaneamente se dispôs a cumprir.
O Brasil é uma potência agropecuária. Os números crescentes de produção, produtividade e exportação derrubam a tese de que o Código Florestal está impedindo essa atividade econômica no país. Há pouca chance de que continuemos avançando em mercados mais competitivos se a decisão for permitir mais desmatamento, tornar mais frouxas as regras, controles e limites. É bem provável que ocorra o oposto: que esse passe a ser o principal argumento para imposição de barreiras contra o produto brasileiro, seja ele produzido de forma sustentável ou não.

O principal problema do Código não é ser excessivamente rigoroso. Se fosse, o Brasil não teria as estatísticas que tem. É que as leis não têm sido respeitadas. Mudar a lei para que o Código seja cumprido é tão inútil e perigoso quanto tentar reduzir a incidência de febre nos pacientes com infecção, estabelecendo que febre é apenas de 39 graus para cima. O racional a fazer com a febre é tratar a infecção; o melhor a fazer com nosso persistente desmatamento é impor o respeito à lei e ao patrimônio público; e não suavizar o Código, anistiar quem não a cumpriu e postergar seu cumprimento.

Em Minas, há um desmatador profissional que tira a mata dele e dos vizinhos, pequenos proprietários, a quem paga alguns trocados. De tanto ser denunciado e multado, ele já aprendeu o truque. Agora, ele mesmo se denuncia, paga a multa e assim legaliza seu ato. É o crime que tem que ser combatido, deputados e senadores, e não a lei.

Festa do Cariricaturas !

Programação aniversário

Dia 22.07- Encontro  "Fim de Tarde" com  os nossos escritores e colaboradores  - Local : Pau D'arco- na oportunidade serão entregues as  quotas  dos livros "Cariricaturas em prosa e verso", devidas aos escritores.

Dia 23.07- Festa de lançamento, no Crato Tênis Clube a partir das 20 h.
Cerimonial ( sem  discursos)
Autógrafos
Coquetel
Performances poéticas
Baile com Hugo Linard e banda .

Mesas à venda !
Preço por pessoa :10,00
Façam as suas reservas !
e-mail : sauska_8@hotmail.com ( Socorro Moreira)
Na compra de uma mesa, um livro !
Disponíveis, em 25.06 : 40 mesas.
Convidados : escritores ,  colaboradores e leitores .

Dia 24.07 - Almoço Literário  , no " 4 Estações" -  Confirmem participação !

Abraços,

Claude, Edilma, Socorro e Emerson

Parabéns, Lia Chaves !

Abraços do Cariricaturas à cantora baiana , Lia Chaves, hoje aniversariando !
Saudades !



"Se tens o coração de ferro, bom proveito. O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo dia." (José Saramago (1922-2010) foi um escritor, argumentista, jornalista, dramaturgo, contista, romancista e poeta português.)


Agenda


A Alma Que Treme

As muriçocas de hoje em dia
são crudelíssimas.

Esta que acabou de beber meu sangue
perfurou-me o esôfago
com uma espada
de samurai.

Silenciosa.

Só senti mesmo
uma gota da sua saliva
pingando sobre o lençol.

Ostras ao vento

Ao Vasqs

Quando encontro
no meu silêncio
uma pérola
é escavado na minha vida
como um abismo.
(Ungaretti)


Conheço que uma ostra ao vento
É muito mais do que uma ostra.
Canta com um ouvido afinadíssimo:
Uma ostra ao vento é toda ouvidos.

Uma ostra ao vento é gozada
Como uma rã, um grilo colorido.
Um cara de cócoras atrás da moita
Tem as ostras ao vento batendo palmas.

Uma ostra ao vento é como um pássaro,
Mas sem asas e sem gaiola.
Uma ostra ao vento nem existe
De tão gozada.

A ostra no mar guarda a dor da pérola,
As ostras ao vento dão risada.
As ostras ao vento batem uma contra a outra,
Quebram os dentes de tanto chacoalhar.

As ostras ao vento são para quem quiser
Morrer de dar risada.
A vida não é uma piada, mas devia.
As ostras ao vento são uma gargalhada.


______________


O Vasqs é o criador da coluna de humor Ostras ao Vento. (Está escondido no Overmundo: clique no título acima para abrir seu perfil.)
Desde a 1ª vez que vi esse título, pensei em poesia.
O humorista é primo-irmão do poeta. Grandes poetas têm senso de humor. Drummond ou Manoel de Barros têm. Há exceções: não vejo humor em Ferreira Gullar (ele mesmo se diz resmungão), poeta imenso apesar disso. Um humorista imenso, Millôr, faz questão de ser também poeta, embora assim não se autodenomine.
Por essas e outras, acabei escrevendo o meu poema Ostras ao Vento.

__________