Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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.....................
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sábado, 22 de maio de 2010

Toi et Moi - com Mireille Mathieu e Paul Anka

Nuvens
Roseana Murray

Caminhar em nuvens
é o mais lento
e duro aprendizado:
há que esquecer
todo o peso
terrestre
e transformar pedras
em luz,
palavras em estrelas.

Caminhar em nuvens
é árduo ofício:
há que pintar as mãos
e os gestos de azul
e oferecer ao outro
o mapa da delicadeza.

(do livro Manual da Delicadeza de A a Z)

La dernière valse - Mireille Mathieu

Uma de minhas preferidas...

Stranger in Paradise - com Tony Bennet

... e lembrando as tertúlias....

Com Ray Connif

Puro deleite!

Tender is the night - com Tony Bennet

Pensamento para o Dia 22/05/2010


“Recentemente, ouvir palestras e discursos tornou-se um modismo, uma mania. Quando eles são ouvidos uma vez, as pessoas imaginam que sabem tudo. Não se contente meramente em escutar de conselhos. O que você ouviu deve mais tarde ser contemplado e, assim, impresso na mente depois de vivido e expresso em pensamento, palavra e ação. Só assim pode a Verdade ser um tesouro no coração, só então ela pode fluir através das veias e manifestar-se em todo seu esplendor através de você.”
Sathya Sai Baba

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“Se a filosofia védica (Vedanta) é pronunciada como um papagaio, sem qualquer tentativa de colocá-la em prática em sua própria conduta, isso não apenas corresponde a enganar os outros, mas enganar a si mesmo, que é ainda pior. Portanto, você deve ser do modo como você gostaria que os outros fossem. Não é a natureza de um aspirante espiritual (Sadhaka) procurar defeitos nos outros e esconder seus próprios. Se seus defeitos são apontados para você pelos outros, não argumente e tente provar que está certo, e não tenha rancor contra essa pessoa. Avalie internamente como você está errando e corrija seu comportamento. Por outro lado, racionalizar isso para sua própria satisfação ou armar uma vingança contra quem lhe mostrou seus erros — esses certamente não são os traços de um aspirante ou de um devoto (Bhaktha).”
Sathya Sai Baba

Para Edilma, Claude, Stela e Socorro - por José do Vale Pinheiro Feitosa


O Maurício Tavares criou a alcunha e depois outros usaram. Ele chama o Cariricaturas de “blog das meninas’. Ao titular deste modo, demonstra o quanto a discriminação de gênero se encontra presente desde a geração do Maurício e não parece ter melhorado muito nos atuais jovens. Embora o discurso do que seja macho e fêmea tenha mudado muito, além, é claro, a natureza das relações amorosas entre homens e mulheres.


Não sei bem porque me achei inconveniente numa postagem feita no blog na semana que passou. Embora algumas mulheres tenham reagido com o melhor do humor, mais de cinco dias após ainda estava com aquele argueiro incomodando. Daí, ontem ao rever um PPS que havia feito e passava adianta para os amigos, certamente incomodando a muitos, dada certa mania do envio destes arquivos, me vi diante de uma espécie de buquê de flores que poderia usar na ocasião.

Antes de apresentar o buquê, confirmo que já o publiquei nos blogs da região, mas o reapresento dada a ocasião especial. Como tudo que nasce da intimidade, mesmo que em direção de outro específico, logo se torna comum a todos. Quando tal ocorre, estamos no que se costuma chamar arte. Não digo que este seja, apenas denoto que muitas pessoas se viram tocadas por ele. Tenho um amigo que solicitou reenvio para deleite e uso na sua relação.

Este texto, neste momento, e agora mais do que nunca, o ofereço a Edilma, Claude, Stela e Socorro.




















Amar Verbo Incondicional

















amo teu olhos baços,
não como lembrança do brilho de outrora,

amo as luzes finas,
penumbras que traduzem detalhes,
pupilas que escondem universos,
pálpebras pregueadas de resguardos,

amo teu olhar lento,
penetrando o irrevelado,
e assim me deixa leve,
leve de palavras não ditas.



















como amo tuas rugas universais,
cada trajeto de tuas veias tortas,
as vigas musculares de tuas mãos,
as manchas solares de teu corpo,

amo a trajetória no tempo,
a longa espera dos espaços,

amo a delicadeza de tua pele frágil,
cada detalhe da superfície de teu mundo,
este mundo ao qual gravito.




















amo teus cabelos opacos,
a rebeldia dos fios esquecidos da cor,
cada mecha que diz: até aqui vivi,
o modo displicente que parece pouco,
quando na verdade foram muitos anos,
e tantos que parecem evocativo sésamo,
sobre os ombros como se nunca houvesse fim.





























amo tua coragem de viver,
pois a beleza não é estética plástica,
é um pouco de forma, um tanto conteúdo,
como uma fera que teima sobreviver,
uma criança que se deita no colo para sonhar,

amo tua virtude de envelhecer,
sendo outra a cada passo
e a mesma no horizonte,

amo teu ardor de viver,
pois a beleza não é grade da juventude,
ela é o que meus olhos amam,

como amo teu olhos baços,
tuas rugas universais,
teus cabelos opacos,

subterfúgio para amar tua coragem.

A CRIAÇÃO CÓSMICA DA FORÇA FORTE AGINDO NO UNIVERSO MACRO - LINDO DEMAIS!

IMAGENS RECEBIDAS PELA INTERNET

NEBULOSA DO ESQUIMÓ, NGC 2392, SITUADA A 5000 ANOS-LUZ



AURORA BOREAL

Projeto Ficha Limpa - Emerson Monteiro

Afinal o Congresso aprovou (dia 19 de maio de 2010) o projeto Ficha Limpa, dificultando assim o registro de candidatos às eleições brasileiras que hajam sido condenados por crimes graves após decisão colegiada da Justiça (mais de um juiz). A inelegibilidade do político será de oito anos.
Eis medida das mais prudentes, que de há muito reclamava definição, porquanto lugar de apenado é sob a guante da Lei e não a representar faceiros a coletividade, numa atualização das melhores, pois, com ênfase neste ano eleitoral.
Filtrar ao máximo vira assim palavra de ordem na política brasileira e afasta do cenário graves ameaças que circulam livres nos corredores das urnas, a cada pleito.
Sabe-se, no entanto, que a decisão final da política veem dos eleitores. As práticas carecem de urgentes mudanças no trato com o voto, sobretudo por parte dos responsáveis diretos pelo assunto, no caso os votantes.
Inexistiriam corruptos não houvesse corruptores. No caso da política, o procedimento torna-se de mão dupla. Corruptos e corruptores tendem a se confundir no decorrer da dramatização, palco eivado de vícios crônicos.
Quando candidatos inescrupulosos aliciam batalhões de eleitores para chegar e permanecer nos mandatos agem premidos pela solicitação das benesses fruto da inanição secular do mercado em que se tornou o território das madrugadas eleitoreiras.
O mesmo tanto ocorre no instante em que eleitores estendem as mãos para receber benefícios, inconscientes do poder auspicioso que tem o voto na determinação do futuro da sociedade.
Aspira-se, por isso, diante da recente decisão que os fichas limpas honrem o vigor da nova legislação e que o panorama da política nacional mereça valores proporcionais à grande carência de líderes comprometidos mais com o povo do que consigo próprios e suas camarilhas ambiciosas.

Ausência

por Vera Barbosa


o verbo mudo
não me cala
o verso

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Por muito tempo achei que a ausência é falta. E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo. Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços, 
que rio e danço e invento exclamações alegres, porque a ausência, 
essa ausência assimilada, ninguém a rouba mais de mim.
Carlos Drummond de Andrade

Ao som de Chico Buarque, Tantas Palavras:
http://www.youtube.com/watch?v=7N8dby8tP4k

“Se Deus é por nós quem será contra nós?”- por Magali de Figueiredo Esmeraldo

A pessoa que coloca Deus em sua vida, não tem que temer nada, pois o sim dado a Ele, protege-a de todo mal, das forças e de pensamentos negativos lançados na sua direção. A confiança no amor de Deus faz a pessoa enfrentar no dia a dia da vida, tribulações, sofrimentos, injustiças e mesmo assim saber que está amparada por Deus. Quem vive de acordo com o projeto de Deus tem a certeza de que Ele está sempre ao seu lado e que a força vinda Dele o torna muito mais capaz de enfrentar o sofrimento.

A sociedade se afasta cada vez mais de Deus e de seu projeto, que é um projeto de amor, justiça e paz. Por isso muitas pessoas não possuem mais amor, respeito e consideração pelos seus semelhantes. Entretanto acreditando em Deus e se dispondo a fazer a sua parte, pode-se ajudar a construir um mundo mais humano e fraterno. Se nos inspirarmos na fé do apóstolo Paulo, um autêntico cristão, ajudaremos a construir uma sociedade mais justa.

Paulo em sua carta aos romanos diz que: “Se Deus está a nosso favor, quem estará contra nós?” Diz também: “Quem poderá nos separar do amor de Cristo?” “Deus não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós.” (Rm 8, 31-39) O que poderemos temer, quando sabemos que Deus manifestou seu amor em Jesus Cristo? Essa certeza Paulo tinha de que como cristão, não podia ter medo de passar por dificuldades, por perseguições, por martírio ou por qualquer forma de dominação, pois nada poderá desfazer o que Deus já realizou.

Paulo sofreu muitas tribulações e perseguições por anunciar o Evangelho. Enfrentou fome e nudez quando estava na prisão e teve consciência de que o seu caminho o levaria a morte.

Para viver o projeto de Deus o cristão enfrenta uma série de conseqüências. Paulo viveu numa sociedade repressora e injusta que perseguia os cristãos. O cristão tem que lutar com uma atitude vitoriosa contra essas forças que querem destruir o projeto de Deus. Para Paulo, “nada, nem ninguém poderá nos separar do amor de Deus que está presente em Cristo Jesus, nosso Senhor”. (Rm 8,39)

O apóstolo Paulo é um exemplo para todos. De perseguidor dos cristãos, ele se tornou um discípulo de Jesus e divulgou o Evangelho através das suas viagens. Tinha uma fé tão forte que percorreu o mundo enfrentando todas as dificuldades para anunciar o Evangelho. E graças a Paulo a mensagem de Jesus Cristo chegou até nós.

Por Magali de Figueiredo Esmeraldo

SEMPRE É BOM LER GUIMARÃES ROSA


"Quando escrevo, repito o que já vivi antes.
E para estas duas vidas, um léxico só não é suficiente.
Em outras palavras, gostaria de ser um crocodilo
vivendo no rio São Francisco. Gostaria de ser
um crocodilo porque amo os grandes rios,
pois são profundos como a alma de um homem.
Na superfície são muito vivazes e claros,
mas nas profundezas são tranqüilos e escuros
como o sofrimento dos homens."
João Guimarães Rosa



PEQUENOS TRECHOS DE GRANDE SERTÃO: VEREDAS

NHORINHÁ
Quando conheci de olhos e mãos essa Nhorinhá, gostei dela só o trivial do momento”. (...) Quando recebi a carta, vi que estava gostando dela, de grande amor em lavaredas: mas gostando de todo tempo, até daquele tempo pequeno em que com ela estive, na Aroeirinha, e conheci, concernente amor. Nhorinhá, gosto bom ficado em meus olhos e minha boca. (...) De lá para lá, os oitos anos se baldavam. Nem estavam. Senhor subentende o que isso é? A verdade que, em minha memória, mesmo, ela tinha aumentado de ser mais linda Grande Sertão: Veredas, p.78).

DIADORIM
Mas Diadorim, conforme diante de mim estava parado, reluzia no rosto, com beleza ainda maior, fora de todo comum. Os olhos – vislumbre meu – que cresciam sem beira, dum verde dos outros verdes, como o de nenhum pasto. E tudo meio se sombreava, mas só de boa doçura. Sobre o que juro ao senhor: Diadorim, nas asas do instante, na pessoa dele vi foi a imagem tão formosa da minha Nossa Senhora da Abadia! A santa... Reforço o dizer: que era belezas e amor, com inteiro respeito, e mais o realce de alguma coisa que o entender da gente por si não alcança (Grande Sertão: Veredas, p. 374).

OTACÍLIA
Eu divulguei, qual que uma luz de candeia mal deixava, a doçura de uma moça, no enquadro da janela, lá dentro. Moça de carinha redonda, entre compridos cabelos. E, o que mais, foi, foi um sorriso. Isso chegasse? Às vezes chega, às vezes. Artes que amor e morte tem paragens demarcadas. No escuro. Mas senti: me senti. Águas para fazerem minha sede. Que jurei em mim: a Nossa Senhora um dia em sonho ou sombra me aparecesse, podia ser assim – aquela cabecinha, figurinha de rosto, em cima de alguma curva no ar, que não se via. Ah, a mocidade da gente reverte em pé o impossível de qualquer coisa! Otacília. O prêmio feito esse eu merecia? (Grande Sertão: Veredas, p.122).

GRANDE SERTÃO DE SILÊNCIO, DE TRAVESSIA

(Só para matar a saudade de Guimarães Rosa (ou aumentá-la), trouxe aqui um pedacinho de um trabalho que fiz sobre os três amores de Riobaldo)Stela Siebra Brito


Travessia. O irremediável extenso da vida.
No range rede da vida, de cabelos brancos, Riobaldo recorda, re-elabora. Descose da sua memória a geografia do sertão que o produziu, depois o engoliu, depois o cuspiu do quente da boca.
Sertão de tudo misturado, sem pastos demarcados. Sertão dos grandes silêncios. O silêncio da travessia. Silêncio dos ventos verdes dos buritizais. Aragem do Sagrado. Silêncio pra se pegar e pôr no colo. Silêncio para atravessar grotões, serras, rios. Águas de silêncio dentro do sertão de cada ser. Sertão e silêncio: da noite, da lua, do sete-estrelo, da estrela-d‘alva, do orvalho da manhã. Silêncio pra quem quer escutar e purgar o medo. E atravessar. E Ser. Humano.
Quieto é que a gente chama o amor: pedras que mudam de nome e de destino: topázio, safira, ametista.
Riobaldo ama - com vexame e com ardor - Reinaldo/Diadorim, seu companheiro de guerra, amor de prata, amor de ouro, amor em silêncios, amor que tenteia o sofrido ar do que é saudade com cheiro de campos em flores. Travessia.
Riobaldo ama - com volúpia e alegria - Nhorinhá, a bela bondade, a força vital de Eros, rapariga perdida no ser do sertão. Travessia.
Riobaldo ama - com admiração e contemplação - Otacília, criatura de belezas no quadrado da janela, figurando uma Nossa Senhora barroca nos sertões dos Gerais. Travessia.

Por Norma Hauer


ALVARENGA E RANCHINHO
Coincidentemente, Murilo Alvarenga e Diesis dos Anjos Gaia, nasceram quase na mesma data com um ano de diferença; o primeiro em 22 de maio de 1912, o segundo em 23 de maio de 1913.
Em 1929 formaram uma dupla (Alvarenga e Ranchinho) que marcaram nossa música nos anos 30 e parte dos 40. Não só a música, mas o humorismo, com lances de muito humor, ingênuo mas de profundidade.
Começaram no rádio, então também incipiente, no final dos anos 20 e gravaram seu primeiro disco em 1930.
Sua primeira emissora foi a Rádio Mayrink Veiga,de saudosa memória,onde formaram uma dupla bem caipira MESMO, usando trajes interioranos, como apareciam no cinema, nos auditórios de rádio e em circos.
Dentre suas gravações,encontram-se "Saudade de Ouro Preto", "Romance de Duas Caveiras" e "Seu Condutor".
Esta era uma apologia, tal como muitas outras músicas que falavam no transporte mais popular desta e de outras cidades :o bonde.
SEU CONDUTOR
Seu condutor, dim, dim...
Seu condutor, dim,dim...
Pare o bonde pra descer o meu amor.

O bonde da Lapa
É cem réis de chapa.
O bonde Uruguai
Duzentos que vai.
O bonde Tijuca,
Nos deixa em sinuca
E o Praça Tiradentes
Não serve pra gente.
Podemos afirmar que Alvarenga e Ranchinho foi a primeira dupla de "sertanejos " a fazer sucesso no Brasil, mas em sua época, os grandes artistas não enriqueciam.

Alvarenga faleceu em 18 de janeiro de 1978 e Ranchinho em 6 de julho de 1991.
Norma
O Amanhecer
- Claude Bloc -
.

Teu beijo ainda se espreguiçava em meu sonho e se descortinava nessa nesga de sol que brincava lá fora. O amanhecer, com sutileza, armazenava rimas em meu peito como a poesia que escrevias linha a linha, verso a verso na minha vida... Não era fácil. Não, não queria despertar, não conseguia descerrar meus olhos para ler a miragem que contemplaria nos teus.

As imagens ainda bocejavam em minha mente, tentando prolongar o que sabiam ser felicidade plena e absoluta. Suspendi meu sorriso. Mais outro. Acolhi o teu despertar, olhando o cenário como se desejasse fotografar cada gesto definido na lembrança, as sensações, o sentimento disperso em cada recanto, a cada batida do coração. Abandonei-me a colher teus movimentos.

Lá fora, o mundo já se agitava em compromissos, em luz e se propagava entre buzinas e passos apressados. Os passarinhos cantavam sua felicidade à minha janela. Beethoven, Chopin, Bach... Recortei esse amanhecer, guardei-o, escrevi-o, desenhei-o. Esse amanhecer que me habitara durante o sono nessa minha facilidade tão própria de ser uma romântica incurável.

A paisagem do real me inibia. Imensidões e profundidades me assustavam. Olhei em volta, procurando reconhecer-me em meio ao cenário. Colei meu olhar na cena. Na escrivaninha, o soneto de Neruda deitado numa página insone, instigando-me. Li-o outra vez.

Em meus olhos a poesia velava o teu adormecer e se acalmava nesse amanhecer. A mesma poesia sussurrada, andando na ponta dos pés em teus sonhos. A poesia que trazia um gosto de saudade e um travo de dor... porque a razão já aprendera a defender-se da lembrança, ainda que não soubesse como trazer o esquecimento. Por isso sofri pelo sonho sempre adiado. Ignorando as decisões.

Afastei toda e qualquer saudade. Entre um passo e outro perscrutava teus olhos. Era primavera?

Espreguicei-me na cama. O enorme espaço ao meu lado não me assustava. Estava em minha própria companhia, rindo de mim mesma ou das lágrimas que se acomodavam na cumplicidade dos meus pensamentos. Naquele momento gostei de sentir o respirar do teu silêncio e a ânsia de tentar esvaziar cada palavra à exaustão, me refazendo a cada amanhecer.

O sonho veio-me à mente outra vez. As mesmas imagens. O mesmo beijo sempre doce... o beijo que se apoderava de minhas madrugadas e dos dias rendidos aos sonhos deixando em mim as marcas de meu próprio reflexo. O sonho entregando cada palavra aos lábios do silêncio.

Claude Bloc

O LIVRO DO CARIRICATURAS

A festa foi encomendada, porque o Livro é fato ! Emerson tem feito o impossível para ultimar tal realidade.
Agora é esperar chegar o dia.O Clube agendou nosso evento; Edilma prepara o cerimonial; Claude, possivelmente, planeja imagens no telão...! Até lá, e quando a hora chegar , estaremos prontos pra viver um grande momento !
Apostem nessa alegria... Ela está ficando pronta !
Fiquem atentos às nossas próximas informações !

Por Socorro Moreira

Enquanto vivo a madrugada ...

Meu coração é um deserto, mapeado por oásis insondáveis.
Um dia você chegou...
Chegou num verso, e assentou a rima do meu lado.
Ainda vivo esse encanto, aos pedaços.
Nem foi preciso beijar um sapo... Ele se transmuta em todos os personagens , idealizados pela incompletude da minha alma.
Fique quietinho...
Não escape pela porta dos fundos...
A porta da entrada está selada !

A noite e João do Crato-por Socorro Moreira

Acabei de chegar de uma noitada.Meu ser boémio dispensa a reunião dos bares na calçada, mas ainda acompanha a lua com um olhar 'pidão', querendo paixão , sem perder a solidão de ficar sozinha, cá com seus pensamentos.
João do Crato esteve ótimo. Adoro a sua performance, no palco.Estava sem zoom , mas fotografei e gravei voz, e movimentos do artista que se faz luz , em todas as cores.
Falou com carinho da sua trajetória de vida , sempre ligada à música. Histórias lindas, no convívio com pai, mãe, irmãos, amigos...É lindo vê-lo dançante, cantante, rouxinol dourado do meu Cariri.
Momento de encontrar pessoas , momento de bater palmas, e até assobiar com vontade !
Foi lindo, menino... Escandalosamente, lindo !
Um tour pelas músicas da nossa meninice, adolescência...
Páginas rodadas , num tempo que não passa. Tudo tão contemporâneo e novo, que não gotejou, em nenhum momento , a tristeza da saudade. Foi só alegria e ritmo.
Referência especial para a grandeza dos músicos que lhe acompanharam.
Vou dormir assim, pausando canções, como Miltinho , e um pensamento de agradecimento a João do Crato pelo deleite do seu espetáculo !