Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

sábado, 22 de maio de 2010

O Amanhecer
- Claude Bloc -
.

Teu beijo ainda se espreguiçava em meu sonho e se descortinava nessa nesga de sol que brincava lá fora. O amanhecer, com sutileza, armazenava rimas em meu peito como a poesia que escrevias linha a linha, verso a verso na minha vida... Não era fácil. Não, não queria despertar, não conseguia descerrar meus olhos para ler a miragem que contemplaria nos teus.

As imagens ainda bocejavam em minha mente, tentando prolongar o que sabiam ser felicidade plena e absoluta. Suspendi meu sorriso. Mais outro. Acolhi o teu despertar, olhando o cenário como se desejasse fotografar cada gesto definido na lembrança, as sensações, o sentimento disperso em cada recanto, a cada batida do coração. Abandonei-me a colher teus movimentos.

Lá fora, o mundo já se agitava em compromissos, em luz e se propagava entre buzinas e passos apressados. Os passarinhos cantavam sua felicidade à minha janela. Beethoven, Chopin, Bach... Recortei esse amanhecer, guardei-o, escrevi-o, desenhei-o. Esse amanhecer que me habitara durante o sono nessa minha facilidade tão própria de ser uma romântica incurável.

A paisagem do real me inibia. Imensidões e profundidades me assustavam. Olhei em volta, procurando reconhecer-me em meio ao cenário. Colei meu olhar na cena. Na escrivaninha, o soneto de Neruda deitado numa página insone, instigando-me. Li-o outra vez.

Em meus olhos a poesia velava o teu adormecer e se acalmava nesse amanhecer. A mesma poesia sussurrada, andando na ponta dos pés em teus sonhos. A poesia que trazia um gosto de saudade e um travo de dor... porque a razão já aprendera a defender-se da lembrança, ainda que não soubesse como trazer o esquecimento. Por isso sofri pelo sonho sempre adiado. Ignorando as decisões.

Afastei toda e qualquer saudade. Entre um passo e outro perscrutava teus olhos. Era primavera?

Espreguicei-me na cama. O enorme espaço ao meu lado não me assustava. Estava em minha própria companhia, rindo de mim mesma ou das lágrimas que se acomodavam na cumplicidade dos meus pensamentos. Naquele momento gostei de sentir o respirar do teu silêncio e a ânsia de tentar esvaziar cada palavra à exaustão, me refazendo a cada amanhecer.

O sonho veio-me à mente outra vez. As mesmas imagens. O mesmo beijo sempre doce... o beijo que se apoderava de minhas madrugadas e dos dias rendidos aos sonhos deixando em mim as marcas de meu próprio reflexo. O sonho entregando cada palavra aos lábios do silêncio.

Claude Bloc

4 comentários:

Edilma disse...

Claude,
Estive no Crato e eu a Socorro acertamos assuntos importantes sobre o livro Cariricaturas. Me liga no teu 25 centavos,
kkkkkk
Beijo !
Romantica incuravel !

Carlos Eduardo Esmeraldo disse...

Claude

Muito bem escrito este seu texto. Parabéns!

Anônimo disse...

Parabéns Claude! Gosto dos seus textos.

Abraços

Magali

Claude Bloc disse...

Aos meus amigos, meu abraço agradecido pelo estímulo e pela amizade de todo dia.

Claude