Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

O gosto de escrever - Emerson Monteiro

À medida que os hábitos passam a integrar a personalidade, eles se revertem numa segunda natureza, agindo por conta própria, arrastando consigo os impulsos e as disposições pessoais. Isto quanto aos maus ou bons hábitos. Daí quanto difícil largar um vício de qualquer naipe. O aprendizado adota, por isso, tal mecanismo de automação da vontade, nas profissões, nos processos de administração das circunstâncias, ou nas inúmeras e complexas atividades que formam os dias das criaturas humanas. Escrever também pode bem representar desses mecanismos, na prática das rotinas, que as transformam numa segunda natureza.
Por mais frequente a ocupação, e na medida em que cresçam as facilidades nela desenvolvidas, o subconsciente age no segundo plano da atenção, propiciando resultados surpreendentes de aprimorar o método escolhido. Dirigir automóvel, pilotar aeronave, praticar esporte, pedalar, cantar, trabalhar, ler, estudar, escrever, além dos milhares de outros exercícios físicos e mentais, alimentam e planificam os costumes da alma humana, identificando-a no que lhe cabe desenvolver. O que antes parecia sacrifício e exigia dedicação, reverte num prazer sem conta ou tamanho.
A força, por isso, aplicada para desenvolver o hábito traz satisfação até então desconhecida por quem desconhece as reações do organismo, em termos de realização particular.
A título de comparação, faz anos que eu avisto, na estrada do Grangeiro, em Crato, o professor Alberto Teles praticar corrida, dias constantes. Às vezes, sob sol intenso; às vezes, debaixo de chuva. Sozinho, suado, nu da cintura para cima, pés descalços, concentra-se na atividade qual fosse pela primeira vez. Um atleta modelo, toca adiante hábitos esportivos reunidos no tempo em que serviu às forças armadas, na Marinha do Brasil. Depois, ensinou educação física nos colégios cratenses. Para mantê-se em forma, corre alguns quilômetros, todo santo dia, exemplo dos que atendem à evolução do corpo físico, no disciplinamento dos hábitos salutares que adquiriu.
Para mim, escrever condiciona as práticas de frases e períodos na busca do sentido, e preserva a memória da leitura e da existência, coisas que gosto de realizar. Algo que arrasta ao exercício físico ou mental, alimento das alegrias interiores, desejos de levar aos outros a disposição das idéias construtivas e as lembranças mais queridas da minha história pessoal.
Conquanto positivos hábitos, que os vivamos nós. Porém, na adversidade dos chamados vícios, que os substitua, pelo esforço reverso, no contrário da força do hábito, e descubra ocupações benfazejas, a fim de preencher o ranço dos inquilinos antigos com sabores novos e agradáveis.

POR QUE TANTAS FLORES ? - Por Edilma Rocha


Acho que essa pergunta passeia por entre pensamentos dos leitores do Cariricaturas.
Quando criança, vivi cercada por canteiros floridos com Hortências, Rosas, Amores-perfeitos, Margaridas, Miosótis e Gladíolos, cultivados pelo meu avô. Era era um amante das flores, de todas elas... Mandava buscar em São Paulo as sementes e bulbos para plantar, cultivar e estudar seus comportamentos no clima do Crato. Depois disso, eram transferidas para as praças embelezando seus jardins. Daí esse meu amor pelas flores.
Uma casa sem jardim não é uma casa completa. Plantar mesmo em vasos, regar e vê-las crescerem e florirem é uma magia que tem o dom de nos transportar para os nossos sonhos mais secretos. Encontro nas flores a beleza das formas e cores que a Natureza oferece de presente na minha vida. Os diversos tons enchem os meus olhos e as formas variadas me inspiram a reproduzir nas telas com as tintas e pincéis em meu poder.
Se todos pudessem olhar com mais frequência as flores  que nos rodeiam, possivelmente passariam a integrar a verdadeira Natureza. Mesmo o mais sério e ocupado dos homens, tem o anseio de pelo menos uma vez na vida, largar tudo e correr feito criança por aí...
Quem de nós não sentiu a vontade e o prazer de sentar num gramado, contemplar o cair das águas das cachoeiras, deixar lavar o corpo nos riachos e oferecer a alguém do seu lado, aquela flor que está ao alcance de  suas mãos ? Nesses momentos somos donos do mundo e não precisamos possuir nada. Procuramos algo adormecido dentro de nós mesmos. Algo que certamente ficou nos sonhos da infância.
As flores são um presente da Natureza como um caminho de volta para junto de Deus. E para isso acontecer, temos que parar, calar e contemplar a beleza das flores no silencio e ouvir a nossa voz interior.
É tão prazeroso caminhar por entre as flores e descobrir os seus segredos, suas magias e suas curas. Cada uma tem uma forma, uma cor, um tamanho. Quando se abrem ao sol, oferecem uma viagem ao desconhecido mundo dos mais puros segredos envolvendo sabedoria e mistério. Como coisinhas tão pequenas como as sementes, podem se transformar em tantas formas e cores e produzirem novas sementes e assim sucessivamente até o fim dos tempos ? Precisamos lembrar que todas as vezes que arrancamos uma planta e no seu lugar colocamos uma construção, uma rua, estamos destruindo nossa qualidade de vida.
Certa vez, me deparei num jardim maravilhoso de um palácio. Eram tantas flores que seria impossível conta-las e sentir todos os seus perfumes. Mas estavam ali fileiras de cadeirinhas coloridas a nos esperar para apenas sentar, sentir o perfume e contemplar as flores. E ao chegar, respirei profundamente, fechei os olhos e me senti totalmente envolvida pelo lugar que me conduziu ao verdadeiro encontro com o mundo das flores.
Senti-me plena e feliz !

Edilma Rocha

FALANDO DE FLORES - Por Edilma Rocha

ACÔNITO - Aconitum napelllus. Uma flor com a energia de Saturno. Sua forma aristocrática e introvertida sugere os pensadores e eremitas, procurando na solidão encontrar os seus próprios pensamentos. Na antiguidade, os gauleses e germanos envenenavam suas setas com Acônito. Especialistas dizem que a flor do Acônito, com sua forma defensiva de elmo, sugere algo neurótico; se fosse pessoa, seria alguém magoado e introspectivo, por isso atua de forma terapêutica em neuvragias do nervo trigémeo que, no homem, se estende do pescoço até a face e o crânio. Exatamente para onde a pessoa magoada e introvertida direciona sua tensão.


Planta perene, com raízes tuberosas, caule ereto e folhas alternadas, atinge de 45cm a 1 metro de altura. É originada da Europa. O acônito, floresce em solos férteis, tem alto teor venenoso e é cultivado exclusivamente para fins farmacêuticos e utilizado na homeopatia. A planta é usada como componente de misturas medicinais analgésicas no tratamento de reumatismos, gota, ciática, dor de dentes. É também eficaz contra as dores e as afecções causadas por resfriamentos, sempre mediante prescrição médica.


Tudo que é excessivo prejudica. Nem tanta festa, nem tanto recolhimento. Dose suas atividades, saia, divirta-se, dance, jogue conversa fora. Mas, depois, relaxe o corpo e a mente e ouça apenas a sua voz interior. Você vai acabar descobrindo que ela tem muito a lhe falar.

Fonte : Jardim Interior - Denise Cordeiro

ENCONTRO COM AMIGOS - Por Edilma Rocha


João do Crato e Edilma
Sem palavras...

Xixá... Por Claude Bloc

O tempo, a vida, a hora...


O mundo das pequenas coisas


A natureza que vibra


O tempo que passa


A resposta do fruto


O tempo, a vida, a hora...
O ciclo se fecha.

Claude Bloc
Retalhos
- Claude Bloc -


Ultrapasso-me
Em mero louvor aos meus sonhos
Com a promessa de solucionar possíveis males...
Uso palavras, versos
Através dos sons da noite em agonia
Brinco de compor a madrugada
Com os retalhos de tua poesia
E me supero a cada luz do dia
E me recomponho a cada amanhecer.

Pouco a pouco
Refaço o tempo das noites caladas
Canto o teu canto, cito o teu soneto
E vem, com o dia, o poema pronto
O canto lento que a chuva apaga
O fim, o ritmo
O triste fado.

Dedicado a Chagas

Claude Bloc