Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Sabedoria... Poema de Uma história de amor

Era uma vez uma ilha onde moravam os sentimentos: a ALEGRIA, a TRISTEZA, a SABEDORIA e todos os sentimentos, por fim o AMOR.
Mas um dia, foi avisado aos namorados que a ilha iria afundar. Todos os sentimentos se apressaram para sair da ilha, pegaram os seus barcos e partiram.
Mas o AMOR ficou, pois queria ficar mais um pouco com a ilha , antes que ela afundasse. Quando por fim, estava se afogando, o AMOR começou a pedir ajuda.
Nesse momento, estava passando a RIQUEZA em lindo barco e o AMOR disse:
- RIQUEZA, leva-me com você?
- Não posso . Há muito ouro e prata no meu barco. Não há lugar para você.
Então, pediu ajuda à VAIDADE que também vinha passando:
- VAIDADE por favor me ajude!
- Não posso ajudar, AMOR, você está todo molhado e poderia estragar todo meu barco.
Veio passando a TRISTEZA e o AMOR pediu ajuda:
- TRISTEZA, deixe-me ir com você?
- Ah!... AMOR, estou tão triste que prefiro ir sozinha!
- Também passou a ALEGRIA, mas ela estava tão alegre que nem viu o AMOR chamar.
- Venha AMOR, eu levo você!
- Era um velhinho.
- O AMOR, ficou tão feliz que se esqueceu de perguntar o seu nome. Chegando do outro lado do morro, ele perguntou á SABEDORIA:
- SABEDORIA, quem era aquele velhinho que me trouxe aqui?
- Era o TEMPO.
- O TEMPO? Mas por que o TEMPO me trouxe?
- Porque somente o TEMPO é capaz de entender um grande amor.

ENCONTROS E REENCONTROS... Por Claude Bloc



Um dia fui aluna do "Madre Ana Couto". Lembro-me de quando papai e seu Pedro Libório foram falar com Madre Feitosa para que Darci e eu fôssemos estudar lá. Era uma escola direcionada para pessoas sem muito recurso financeiro e seu Pedro, parente direto de Madre Feitosa, foi conversar com a Madre para que ela nos aceitasse ( a mim e a Darci) na escola.

Os professores que assistiam a escola eram convidados pela direção dentre aqueles que praticavam o magistério na cidade. Creio que a maioria era composta de voluntários. Assim sendo, Madre Feitosa, sempre empreendedora, também buscava dentre suas alunas aquelas que tinham alguma habilidade em determinada matéria para colaborar com a escola.

Foi assim que, em primeiro lugar e em primeiríssima mão, fui convidada (aos 14anos) a empreender essa missão em tão tenra idade: enfrentar minha primeira turma - (dando aulas de Francês)... e foi aí também que se delineou meu caminhar em direção a esta profissão que abraço até hoje.

Depois de muitos e muitos anos, fui conduzida, através de Ulisses Germano, a rever Madre Feitosa. Para minha surpresa e alegria encontrei-a com o mesmo pique. A mesma disposição. A mesma força.
A conversa foi longa e animada. A felicidade, nesse reencontro, recíproca. A dívida, eterna.


Claude Bloc

Divagação - Aloísio




Divagação

Não sei se ouço
Instrumento ou voz
Nesse tempo veloz
Ouço o som do vento
Que me (e)leva às alturas
Aí me lembro de criaturas
Límpidas demais
Vivendo em outras planuras

Mas é hora de aterrissar
Pois toda divagação
Uma hora vai terminar

Aloísio

=========================

Sonhos


Não sei se vejo
O cenário, a cena
Nesse tempo que me acena...
Vejo a luz, sinto o vento
Sinto graça, o alento
Que me (re)veste de sonhos
Luzentes, risonhos
Límpidos demais
Vivendo nas alturas


Mas é hora de voltar
Pois cada sonho
Tem sua hora de acordar...






Claude

RESPOSTAS AO VENTO... Chagas X Claude


*CHAGAS

por isso é melhor que eu fique
acredite
essas ruas são mulheres nuas
enfeitiçando o vento
que passaria no milharal
e traria o perfume para dentro
da roda em que estamos
seres desatinados
destino incerto
corações tão longe
onde parece tão perto



*CLAUDE

por isso é melhor que venhas
acredite
essas ruas são lembranças nuas
enfeitiçadas pelo vento
em meio ao canavial
e trariam toda a saudade para dentro
da conversa que mantemos
seres predestinados
destino (in)certo
almas distantes

Dueto: Chagas / Claude

FEIRA DE SONHOS - Xico Bizerra

O matuto acordou de seus sonhos e foi à cidade grande. Seu saco reservado para as boas prendas voltou vazio. Não encontrou sorrisos, amizades, esperança. Poucos lhe deram ouvidos e ninguém tinha as mercadorias que ele queria levar. Voltou pra roça e percebeu a desnecessidade de ter ido à cidade. No seu roçado, pés de alegrias, montes de afagos, plantações de carinhos. E ali ficou até que lhe procuraram para terem suas mercadorias. Ele as deu, assim como as tinha recebido, pela graça divina. E sorriu, alegre e feliz, por poder repartir o que tanto lhe sobrava. Apenas não entendeu por que o que tinha de tanta fartura não encontrou naquele lugar grande, sem sorrisos, sem amizades, sem esperanças. Também não entendeu o que foi fazer lá se já tinha tudo na sua aldeia. Nunca mais voltou à cidade grande e plantou, e regou, e colheu safras de dias felizes, repartindo-os com o povo da cidade grande.

Texto de Xico Bizerra
Publicado com autorização do autor.

FALANDO DE FLORES - Por Edilma Rocha


ALECRIM, Rosmarinus Offinalis - Estimulante da mente e do corpo e um delicioso tempero  para inúmeros pratos. Também chamada Orvalho-do-mar, é uma planta solar, apreciada desde os tempos mais remotos, tanto na culinária como na forma de medicamentos para ativar a memória, também tida como símbolo da fidelidade.


Arbusto com cerca de 50cm de altura, originada do Mediterrãneo. O Alecrim aceita qualquer tipo de terreno, desde que bem drenado, mas o ideal é o solo de natureza calcária. Semear sob o sol de verão ou na primavera em condições aquecidas. Na antiguidade, era usado contra as forças do mal. Na tradição católica era abençoado no Domingo de Ramos e enfeitava andores levados nas procissões da Semana Santa. Foi introduzido no Brasil no século XVII pelos portugueses.
Utilizado em quantidade moderada para temperar carnes, especialmente, cordeiro e porco. O alecrim ajuda na digestão de gorduras. As flores frescas podem ser misturadas às saladas ou ainda esmagadas com açúcar e natas para temperar purês e frutas. As folhas são exelentes para aromatizar batatas assadas e temperar manteiga. O cheiro de Alecrim mantém a pessoa alegre e arrefece o ar. O óleo  essencial de Alecrim é antidepressivo, revigorante e refrescante, pode ser usado em infusão, banhos, escalda-pés, massagem e travesseiros aromáticos.

Edilma Rocha

Fonte: Jardim Interior - Denise Cordeiro

ENCONTRO COM AMIGOS - Por Edilma Rocha

Edilma, Sra. Ruth Barreto e Dr. José Newton Alves de Sousa
Sem palavras...

Algumas noites da Bahia - Emerson Monteiro

Havia sempre o que agitar nas noites de Salvador, no tempo em que lá vivi e posso contar, anos da década de 70. Eram ocasiões plenas dos chamamentos de uma cidade maior e cheia das diversões e alternativas mais diversas. Visitei pessoas, lugares; assisti a espetáculos teatrais, musicais, folclóricos; percorri festas de largo, exposições artísticas, palestras, festivais de música, cursos, museus, filmes, gama de permanentes novidades inesgotáveis. Em movimentos contínuos, sobremodo aos finais de semana, jamais reclamaria de rotina ou monotonia, caso avaliasse o período, considerando, no entanto, a saudade que mexia comigo, por dentro, na ausência que sentia de minha família, dos amigos caririenses e das belezas que aqui deixara, o que marcava as lembranças, quisesse ou não. Agora isso acontece no sentido contrário, ao rever pela memória aqueles tempos de tantas presenças marcantes e alegres, súbito deixadas para trás no turbilhão das circunstâncias, ao regressar e aqui permanecer.
Enumerar os principais argumentos das histórias passadas chega como instrumento de analisar algumas delas. Uma noite, no Teatro Castro Alves, por exemplo, assisti ao Balé da China, mostra de música e dança que, de tão longe, veio ao Brasil com grupo formado por mais de 200 figurantes, festa de cores e movimentos que preservo nos arquivos das maiores emoções. Enormes figuras mitológicas chinesas e evoluções impressionantes envolveram a platéia entusiasmada, numa apresentação sem termos comparativos.
Por volta dessa mesma oportunidade, chegaria também o Balé do Senegal, que utilizou as dependências do ginásio de esportes Antônio Balbino, trazendo danças típicas africanas, executadas por centenas de homens e mulheres, em trajes, ritmos autênticos e quadros sucessivos, superlotando e sacudindo o público feliz, turnê que viajaria o mundo inteiro naquela ocasião.
Outras dessas gratas reminiscências ficam por conta de peças e shows musicais montados no Teatro Vila Velha, sempre palco de apreciados eventos, onde se encontravam os amigos e conhecidos da época, pessoas que se relacionavam através dos interesses artísticos e culturais, quando pude admirar grandes valores da nossa música popular, quais Milton Nascimento, Gal Costa, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Ivan Lins, Jorge Mautner, Gonzaguinha, dentre outros.
Visto gostar de cinema, usufrui ao máximo as chances de ver filmes raros, no Cine Clube da Bahia, no Instituto Brasil - Alemanha e no circuito comercial, comparecendo a exibições, festivais e seminários.
Então, nestas pinceladas rápidas, quis resumir a rica gama do que experimentei de um turno baiano e suas situações, o que preservo com afeto no íntimo depósito da memória, resultado de caminhadas vividas, e bem vividas, da existência.

O agora - Por José de Arimatéa dos Santos

Hoje em dia parece que tudo tem que ser resolvido no exato momento e no afogadilho. Não se pode mais esperar. A paciência mandou lembranças já faz um bom tempo. Será que essa pressa nossa de todo dia é o sinal desse nosso tempo? A ligeireza de tudo atinge até as pequenas cidades atualmente. Não é coisa mais de grande centro. Tudo tem que ser corrido e as filas em bancos, lotéricas e órgãos públicos só aumentam e o que se nota cada vez mais é o stress presente em todos nós. Quando saímos de casa e estamos na rua vem a pressa de motoristas de carro e principalmente de motoqueiros. É difícil de ver um motoqueiro que pilote sua motocicleta numa velocidade razoável. A gente vê uma moto lá longe e quando menos espera já passou por nós. Atravessar uma rua é uma aventura perigosa devido a velocidade de carro e moto. Ah! Tem ainda o cidadão de bicicleta que teima em andar na contramão. Já aconteceu comigo e quase fui atropelado por uma bicicleta quando estava a atravessar uma rua e me preocupava somente com os carros e motos. De repente uma bicicleta freia em cima de mim. Foi por pouco!
Um fato curioso é que a pressa em resolver tudo nos atinge em cheio. Só que nem sempre podemos solucionar nossos problemas devido a muitas das vezes que na hora que estamos para ser atendidos o atendente fala que o sistema caiu ou saiu fora do ar. E haja paciência. E nessa pressa quando estamos enfrentando fila o pior que acho é quando a pessoa que está à frente resolve pagar seus compreomissos e mais ainda do amigo, do vizinho e de mais alguém. Tudo naquele dia e justamente naquele horário. A gente fica impregnado com a pressa que ela nos acompanha até no jogo de futebol no domingo na hora de comprar ingresso e vê o tamanho da fila. Desanima. Só fica na fila pelo amor ao clube do coração e ao charme e bem estar de ir para a arquibancada para gritar, xingar e torcer pelo bom futebol. Engraçado é que quando nosso time está perdendo o tempo é apressado e parece que passa mais rápido. Pois é, essa é a pressa de todos os dias.