O matuto acordou de seus sonhos e foi à cidade grande. Seu saco reservado para as boas prendas voltou vazio. Não encontrou sorrisos, amizades, esperança. Poucos lhe deram ouvidos e ninguém tinha as mercadorias que ele queria levar. Voltou pra roça e percebeu a desnecessidade de ter ido à cidade. No seu roçado, pés de alegrias, montes de afagos, plantações de carinhos. E ali ficou até que lhe procuraram para terem suas mercadorias. Ele as deu, assim como as tinha recebido, pela graça divina. E sorriu, alegre e feliz, por poder repartir o que tanto lhe sobrava. Apenas não entendeu por que o que tinha de tanta fartura não encontrou naquele lugar grande, sem sorrisos, sem amizades, sem esperanças. Também não entendeu o que foi fazer lá se já tinha tudo na sua aldeia. Nunca mais voltou à cidade grande e plantou, e regou, e colheu safras de dias felizes, repartindo-os com o povo da cidade grande.
Texto de Xico Bizerra
Publicado com autorização do autor.
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