Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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segunda-feira, 25 de abril de 2011

Programa Cariri Encantado Sonoridades - 27/04/2011

Conexões Musicais: Ednardo, “do Pessoal do Ceará"


Expoente do Pessoal do Ceará, grupo de cantores e compositores nordestinos que baixou no centro do país no início dos anos 70, como Belchior, Fagner, Amelinha, Rodger Rogério, Teti e Fausto Nilo, - Ednardo protagonizou um fenômeno fonográfico ao emplacar o maracatu Pavão Mysteriozo na abertura da novela Saramandaia, em 1976, e virar febre democrática, fissurando tanto o público universitário quanto a dona de casa. Os antigos sucessos mantiveram o criador do pavão fazendo shows por todo o Brasil e no exterior, criando trilhas de cinema, como para o filme Luzia Homem, de Fábio Barreto.

Ednardo será o enfocado do programa Cariri Encantado Sonoridades desta próxima quarta, 27, das 14 as 15 horas, na Rádio Educadora do Cariri – AM 1020 e http://www.radioeducadoradocariri.com/ -, quando será tocado sucessos como Terral, Cavalo Ferro, Pavão Mysteriozo, Artigo 26, Longarinas, Enquanto Engoma a Calça e outros de seu extenso e importante repertório musical, que têm o poder de arrebatar o público, conquistar diversos segmentos sociais, faixas etárias, permanecendo através dos tempos, com a mesma importância artística.

FALANDO DE FLORES - Por Edilma Rocha


ERVA-DE-SÃO-JOÃO - Hipericão perforatum - Esta planta floresce no zênite do Sol, no meio do verão. E é o Sol quem lhe imprime um grande poder de cura, atuando no fortalecimento dos nervos e da alma, afugentando o tédio e a melancolia. Uma santa erva.


Pequeno arbusto, de porte ereto, atinge cerca de 1 metro de altura. Originada da Europa, Leste da Rússia; aclimatado na China, Austrália, África e América. A Erva-de São-João cresce abundantemente em solo arenoso e floresce em 24 de Junho, dia de São João. Suas folhas são opostas, aos pares, e se colocadas contra a luz, podem ser vistas suas glândulas translúcidas com óleo. As flores são numerosas de cinco pétalas persistentes, de coloração amarela.


Planta aromática e medicinal, a Erva-de-São-João é expectorante, cicatrizante e tônico nervino. Outras variedades de hiperidicão têm as mesmas propriedades terapêuticas do hiperidicão ordinário. Empregado também nas perturbações psíquicas, estados depressivos, ansiedade e excitamento nervoso e como calmante nos casos de insônia e enurese noturna.

Edilma Rocha
Fonte - Jardim Interior - Denise Cordeiro

A riqueza e o tempo - Emerson Monteiro


De imaginar que tantos vivam qual quem mata o tempo, o cidadão médio resolve saber o que significa tempo, viver este período quando aqui, neste chão de possibilidades, realizar o que pretende. Porém poucos reconhecem o que pretendem, no entanto. Olham dos lados, atrás, à frente, e olha as águas de vasto oceano, cheios de preocupações, atribulações e desordem. Outros, descem à profundeza do mar e encontram os lenitivos de preencher o estirão da viagem com vaidades, instintos e posses. Já, lá adiante, os que buscam ter a aceitação interna, dentro do mundo de valores e sonhos.
Conquanto alguns poucos descubram a interpretação de que vida e tempo correspondam a uma mesma coisa, pois tempo mostra a cara na saúde e nas condições do corpo, as suas decisões e atitudes levam a pensar que vida e tempo são coisas diferentes. E ignoram os resultados do que realizem.
Noutro bloco, grupo reduzido estuda, trabalha, controla os sentimentos. Graças a esses poucos heróis, o barco permanece vagando na superfície das perguntas, querendo respostas do movimento dos dias e do relógio.
A famosa corrida do vil metal, das intenções materialistas e conceitos ocidentais, contudo, conduz a história, esquecida desses valores, no salve-se quem puder da sobrevivência. Ética e os ideais viraram discursos das manobras eleitoreiras. A classe dominante dos países ocupa os palacetes da ilusão e são poucos os que, de verdade, mandam no pedaço, a gastar o suor do povo em mãos gananciosas. Notícias requentadas, no meio do tempo de televisão, entopem a consciência das gentes. O costume de fabricar bombas e balas acinzenta de gazes as folhas dos calendários. É o tempo, de novo, sendo perdido no vento. Pessoas querendo reverter a marcha dos acontecimentos com propostas pessoais e tomam a si o direito de errar, matar, sem respeito ou responsabilidade.
Por onde andaria o custo dessas ações, ninguém consegue calcular e dizer o nome dos que manipulariam os cordões políticos das manadas vagando perdidas, abandonadas à própria sorte. Depois, chegará o senhor do tempo a pedir satisfação da farra. Filas quilométricas, que vão e que vêm, catam o pão e misturam com as lágrimas. Sim, o tempo perguntará aos surdos e responderá aos mudos suas leis de Eternidade. Quem fez ou deixou de fazer, nos passos das horas, subirá, ladeira acima, qual aquele Prometeu da lenda, a conduzir, nas encostas de elevada montanha, um rochedo que escorregará e voltará ao começo, necessitando subir novamente o velho itinerário.
Há espécie de religiosidade nisso tudo. Elevar o sentido da condição humana aos níveis superiores. Esquecer o quase nada que escorrega pelos dedos e estabelece padrões maiores de compreensão às vulgaridades, que deixaram imaginar as mil alternativas e um só Deus a lhes administrar todo tempo as engrenagens.

Onde andavam essa fotos? - Por Claude Bloc



Claude (3 anos)
Tentei bordar algumas lembranças enquanto dormia. Uma menininha sorridente insistia em me dizer que a vida era boa. E eu acreditei. 

Olhei para a primeira foto. A imagem de uma vida feliz  estava estampada no sorriso inocente daquela menininha. Senti saudade dos meus avós maternos e por incrível que pareça, um velho filme, desenrolou-se em minha memória. Nessa época, eu estava na França. Na horta de minha avó Germaine. Aprendia o Francês com facilidade e me tornei fluente. 

Ia à praia com meus primos Michel e Mailé e observava o mar descer muitos quilômetros até se esconder nos confins da baía (Bassin d'Arcachon). Deixava atrás de si, grandes valas naturais onde a gente ia pegar camarão e mariscos. A água era fria e em alguns trechos havia muitas algas finas. A brincadeira era sempre marcada de risadas... Gritinhos finos. O mar sem ondas era propicio ao banho...
Georges Bloc, Claude, Janine, Dominique e Huguette

Mas o Brasil tinha seus apelos. Meus avós paternos decidiram se instalar no Ceará e viver entre os filhos e netos. Assim, Fortaleza e Serra Verde foram os polos de sua moradia. Depois veio o Crato. Isso foi definitivo. Dividiam-se enquanto a família se multiplicava devagarinho. Inicialmente éramos eu e Dominique.

Mamãe, sempre bela, tinha alguns percalços a superar. Sabe como é aquela convivência entre sogra e nora numa mesma casa... Algo meio complicado quando a sogra tem um sentido muito apurado de família e quer ter um espaço e uma participação, além do que deveria ser... No Início, foram ossos duros de roer. Depois, a força do amor e da amizade fizeram pontes entre os sentimentos e a harmonia acabou com o ranço.

Dominique, Mamie Menotte (Germaine) e Neném - (e os cães Dick e e Nico)
Minha avó materna veio ao Brasil algumas vezes. Era mais fácil vir assim apenas uma pessoa. O calor nordestino a incomodava, mas a alegria de poder conviver com a família brasileira a fazia esquecer esses detalhes.

Deixou a cada viagem o seu exemplo e sua simplicidade como marca fundamental. Apesar da barreira do idioma, conseguia se comunicar com as pessoas serraverdenses. Queria aprender os costumes, observar as diferenças e semelhanças entre a vida na França e aquela que encontrou naquele sertão brabo. 

Como exímia costureira e bordadeira, observou naquela época que na maioria dos bordados da região prevalecia a cor vermelha nas flores e o verde forte nas folhas e folhagens. Apesar de não ter conseguido falar Português, ela também observou que, na década de 50, nas letras das canções brasileiras a palavra "coração" ( que ela não conseguia pronunciar direito) aparecia na maioria delas. Enfim, foi uma convivência ímpar, que se repetiu duas ou três vezes mas que nos trouxe um grande carinho e amor por aquela avó brincalhona e gentil.
Hubert Bloc (já em Serra Verde)

 Seu Hubert, meu pai, era um caso à parte. Uma alma gentil e amorosa.  Vigoroso em seu trabalho, parecia um dínamo. Chegou novinho (23 anos) ao Brasil e teve que se aclimatar num sertão de gente matuta, mas cheia de vigor.

Já a essa idade havia vivenciado as agruras da II Guerra e tinha que se superar num país estranho e totalmente diferente daquele mundo polido e cheio dos travos da guerra. Sempre dizia que tinha um "Português ruim", mas o Rótary lhe deu asas e conseguiu escrever o Português melhor que muitos brasileiros. Era belo, inquieto, aventureiro. Tentou viver o que a guerra lhe privou de ter  nas mãos. Errou, mas não foi por falta de garra. A vida ceifou seu futuro muito cedo (65 anos) mas conseguiu, na sua espontaneidade, deixar amigos onde quer que fosse e um legado de amor entre os seus. 

Agora fico aqui entre essas fotos. Fazendo elos entre elas. Nos vazios me debruço sobre essas irremediáveis faltas. Ausências que vão se deixando ficar pela história da minha vida.


Claude Bloc