Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Sara Montiel - Para Sempre "La Violetera"

María Antonia Alejandra Vicenta Elpidia Isidora Abad Fernández ( nome artístico Sara Montiel ), nasceu em Campo de Criptana, provincia de Montiel, Ciudad Réal, Espanha a 10 de março de 1928.
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Sara Montiel nasceu no seio de uma família humilde que vivia da agricultura, já que seu pai era um lavrador. Desde muito pequena María Antonia se destacou por sua beleza e seus dotes artísticos, os quais impressionaram Don Vicente Casanova, um influente agricultor (e que era um dos donos de uma companhia de publicidade chamada CIFESA, da Espanha). Este a viu e a ouviu cantar durante uma procissão da Semana Santa de Orihuela, em Alicante, província de Espanha. Don Vicente fez com que a jovem María Antonia recebesse um treinamento básico em declamação e canto.
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Seu primeiro filme foi Te quiero para mi aparecendo como atriz coadjuvante no elenco, fazendo María Alejandra, mas foi a partir de Empezó en boda que ela usaria o nome artístico de Sara Montiel. Seu papel de primeira importância foi em Locura de amor, a que se seguiu La mies es mucha, Pequeñeces e El capitán veneno. Sua grande beleza e talento permitiram que ela conseguisse grandes sucessos, mas o cinema espanhol da época era muito pequeno para uma estrela como Sara Montiel, que foi tentar a sorte fora de seu país, no México e nos Estados Unidos, onde chegou a trabalhar em Hollywood.

Carreira artística
Atriz de Hollywood
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Graças ao êxito do filme Locura de amor, Sara Montiel chamou a atenção da indústria de fala hispânica mais importante do mundo na época, o México do Cine de Oro e imediatamente se transformou numa das estrelas do momento, junto com María Félix, Miroslava e Katy Jurado. Também trabalhou com os grandes atores da época: Augustín Lara, Arturo de Córdova, Pedro Infante… Filmou mais de uma dezena de produções, destacando: Cárcel de mujeres, Piel Canela, Furia Salvaje e Se solicitan modelos, entre outras.

Devido a sua beleza e talento logo chamou a atenção da indústria norte-americana, que precisava de estrelas hispânicas, na linha de Rita Hayworth. As interpretações em Cárcel de mujeres e Piel Canela abriram portas para entrar em Hollywood em 1954, como uma nova Gilda.
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Sua primeira interpretação foi pelas mãos, nada mais, nada menos que do mítico Gary Cooper, em Vera Cruz, de Robert Aldrich, junto a intérpretes importantes da época como Burt Lancaster, Denise Darcel e um jovem chamado Charles Bronson. Consegue índices de popularidade que jamais havia conseguido uma artista espanhola. E depois deste filme aparece Serenade, junto a Joan Fontaine, o tenor Mario Lanza e Vincent Price. Nas rodagens desse filme conheceu aquele que foi o seu primeiro marido: Antony Mann, diretor do filme. Por último, roda Yuma (também chamada Run of the arrow), junto a Rod Steiger (que teve popularidade em sua velhice pelo vilão de O Especialista, com Silvester Stallone e Sharon Stone).

Sara Montiel (conhecida na Espanha como Sarita Montiel) teve destaque em Hollywood; manteve certa amizade com personalidades muito importantes do cinema, como Marlon Brando, James Dean, ou a filha de Alfred Hitchcock. Uma fotografia que Sara fez com Dean, é a última que se conhece do mito de Juventude Transviada. Foi com esta mesma foto que se anunciou a morte de James Dean num acidente de carro por todo o mundo.
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Ainda que tivesse projetos para realizar outro filme como The American ou Burning Hills, um deles junto a Paul Newman, o destino deu outro rumo a sua carreira e desde então diminiu suas atuações em Hollywood.

Depois de uma férias, rodou na Espanha um filme de baixo orçamento sob as ordens de Juan de Orduña, que realizou mais por amizade e gratidão que por dinheiro: El ultimo cuplé. Ainda assim o filme fez um sucesso imenso de bilheteria, e fez de Montiel uma das artistas mais requisitadas do mundo. Como conseqüência, firmou um contrato milionário para realizaz filmes de produções européias (hispano-francesas-italianas) que fizeram dela a maior atriz de fala hispânica da década de 50-60. Depois de El ultimo cuplé seguiram La Violetera, "Carmen la de Ronda", "Mi último tango", "Pecado de Amor", "La bella Lola", "La dama de Beirut", "La reina del Chantecler", "Noches de Casablanca", "La mujer perdida", "Varietés" e "Cinco almohadas para una noche".

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A carreira de cantora
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Como cantora conseguiu grandes sucesso em sua carreira, sobretudo quando trouxe de volta a moda o “cuplé” com sua insinuante forma de cantar. Seu estilo pessoal é inconfundível; boleros como Contigo Aprendí ou Besame Mucho deram a volta ao mundo com sua voz. Mas sem dúvida a canção com a qual sempre será identificada é Fumando espero, que na época de sua gravação, fumar era tido como algo elegante, mas que hoje é mal-visto.



Na televisão protagonizou dois programas: Sara y punto, realizado por Eduardo Stern e Vem al paralelo com o qual esteve duas temporadas, sendo então a indiscutível rainha do espetáculo de Barcelona u de TVE-2 (rede educativa estatal espanhola).
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Vida amorosa e casamentos
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Anthony Mann, o diretor de cinema norte-americano com quem se casou em 1957 em Hollywood (primeiro em “articulo mortis” – ocasião em que se realiza o casamento quando um dos cônjuges correm risco de morte – por conselho da filha do diretor e, posteriormente restabelecido da doença de Mann, se tornando seu primeiro marido). Sara havia conhecido Mann nas filmagens de Dos pasiones y un amor (Serenade), e trabalhado junto a Mario Lanza e Joan Fontaine. O divórcio veio em 1963.
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Seu segundo marido foi o industrial Vicente Ramírez Olalla, a quem Sara chamava carinhosamente de “Chente”. Se casaram diante de um grupo pequeno de convidados na Igreja de Montserrat, em Roma, com cerimônia oficiada pelo abade mitrado do Valle de los Caidos, Frei Justo Pérez de Urbel. Contudo, o sonhado matrimônio durou apenas dois meses.
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O homem de sua vida foi o empresário e jornalista de Mallorca Pepe Tous, com quem se casou depois de dez anos de vida juntos. Adotaram dois filhos: Thais e Zeus. Pepe Tous morreu e deixou Sara sozinha cuidando de seus dois filhos.
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Outros homens importantes na vida de Sara foram Ernest Hemingway, que ensinou Sara a fumar habanos. James Dean, com quem dizem que viveu um romance de filme, inclusive esteve a ponto de viajar com o ator, justamente no dia em que ele morreria no acidente que lhe custou a vida.
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León Felipe. Sara foi a musa e a maior inspiração do importante escritor e poeta espanhol para “La Mancha en tí, mujer, y en mi corazón el dardo”. Palavras que o grandioso poeta dedicou a sua amada Sara, e a quem, em uma ocasião, chegou a dizer: “Eres demasiado bella para el cine, lo tuyo es el teatro” (Você é linda demais para o cinema, teu lugar é o teatro).
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Com Gary Cooper, Sara viveu um de seus mais belos romances. Conheceram-se durante as filmagens de Veracruz e entre eles se fazia uma piadinha muito curiosa: a primeira vez que Sara fez amor com ele, aconteceu por causa de um equívoco da atriz, pois Sara não sabia falar o inglês muito bem, e muito menos ler em inglês, coisa que fazia com a ajuda do intérprete, e isso de maneira fonética.
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Uma das frases que a personagem de Sara tinha que dizer ao de Cooper era: “Você quer lutar (em inglês, fight) comigo e com os meus por meu povo?”, mas ela errou e ao invés de usar a palavra fight, acabou soando fuck e aí a frase ficou “Você quer f*der comigo…”, ao que Cooper, respondeu com um sonoro “Yes!”. Sara recorda que quando estava abraçada ao ator lhe sussurrava cantando “Because of you”. Até o final da vida de Cooper eles mantiveram uma amizade e na última visita que o mito de Hollywood fez à Espanha, estava muito doente. Ao descer do avião a primeira coisa que perguntou foi: “Onde está my Montielita?”.
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Miguel Mihura, foi, além de um amor importante na vida de Sara, seu Pigmaleão. Sara chegou a pedi-lo em casamento, mas apesar de ter sido publicada a notícia, não chegaram a unirem-se em matrimônio. Indalecio Prito, um político da esquerda a quem Sara conheceu quando estava no exílio, foi uma relação curta, mas da qual Sara guardou uma grande lembrança.
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Maurice Ronet, para Sara companheiro e amante, trabalhou com ela em Carmen la de Ronda, Mi último tango e Noches de Casablanca, vivendo uma apaixonado romance que ultrapassou as telas. Com Giancarlo del Duca, trabalhou La mujer perdida e La dama de Beirut, e viveram um romance, que ele decidiu terminar. Quando Pepe Tours morreu, Giancarlo apareceu de novo na sua vida e o romance voltou de novo. Mas “Gianca”, como ela lhe chamava, enganou Sara e apesar de se falar de casamento entre ambos, ela decidiu cortar a relação por definitivo.
Seu último e muito controvertido matrimônio civil foi com o jovem cubano Tony Hernández. A união se rompeu em poucos meses.
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Imagens _ Google Imagens
Vídeo - Youtube
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PS.Para mim, Sara Montiel foi um dos mais belos rostos já difundidos pelo cinema, e uma das mais belas vozes de língua espanhola."La Violetera" a tornou eterna.

O que fazem os dias passados em minh’alma,
Sem ter ardido o sol em minha pele,
Sem os vapores da terra em meu corpo,
Sem o dardejar de ventos vindos das serras
Rebatidos pelos seios dos chapadões que motivam meus sonhos,
Para além do horizonte que desenha-se sobre meus olhos?
O que fazer sem os dias, sem as tardes que possa levitar como as folhas de outono?
O que fazer sem o hálito do mar, sem as rendas que se dispersam na praia e que muitos as chamam de ondas...
São nesses passos lentos que percorro meu caminho quando o sol põe-se a sangrar no final da tarde, tingindo a dor do final do dia e talvez lá também sangre minhas angústias e a saudade que tenho de ti...
Continuo a galopar entre os rios ao passo que o luar espia-me com um só olho.
O bradar em silêncio que cada árvore faz no meio dos vendavais envergar seus galhos ao sabor dos ventos como quem gesticula.
Assim prossigo em monólogo com as conchas e com tudo que possua uma olhar que vaze harmonia, como os teus que agora em repouso, em algum lugar devem sonhar...
Sonhar com as notas dispersas de alguma lira e o com voz metálica de algum poeta que possa descrever as paisagens verdes aos teus olhos cerrados pelo sono e pelo negror da madrugada.
Ao longo desses dias em que sonhas, percorro as trilhas que o poeta a descreve e, com sorte, talvez possa eu aparecer nos mesmos. Quem sabe no sangrar da tarde, no sabor das liras ou vibrar dos versos que um dia fiz a ti.

O CD de Ricardo Brasileiro


Músicas das serenatas dos anos 60. Escutei todas as faixas , e amei !
-Zíngara, Contigo aprendi, Hoje, Doce amargura, e muitas outras !
Contato:
Uyramara Brasileiro
(88) 8829.6992Aprendi8

Oficialmente Velho

Leonardo Boff

Neste mês de dezembro completo 70 anos. Pelas condições brasileiras, metorno oficialmente velho. Isso não significa que estou próximo da morte, porque esta pode ocorrer já no primeiro momento da vida. Mas éuma outra etapa da vida, a derradeira. Esta possui uma dimensão biológica, pois irrefreavelmente o capital vital se esgota, nosdebilitamos, perdemos o vigor dos sentidos e nos despedimos lentamentede todas as coisas. De fato, ficamos mais esquecidos, quem sabe,impacientes e sensíveis a gestos de bondade que nos levam facilmente àslágrimas, Mas há um outro lado, mais instigante. A velhice é a última etapado crescimento humano. Nós nascemos inteiros. Mas nunca estamos prontos. Temos que completar nosso nascimento ao construir aexistência, ao abrir caminhos, ao superar dificuldades e ao moldar onosso destino. Estamos sempre em gênese. Começamos a nascer, vamos nascendo em prestações ao longo da vida até acabar de nascer. Então entramos no silêncio. E morremos. A velhice é a última chance que a vida nos oferece para acabar de crescer, madurar e finalmente terminar de nascer. Neste contexto, é iluminadora a palavra de São Paulo: "na medida em que definha o homem exterior, nesta mesma medida rejuvenesce o homem interior"(2Cor 4,16). A velhice é uma exigência do homem interior. Que é o homem interior? É o nosso eu profundo, o nosso modo singular de sere de agir, a nossa marca registrada, a nossa identidade mais radical.Esta identidade devemos encará-la face a face.Ela é pessoalíssima e se esconde atrás de muitas máscaras que a vida nos impõe. Pois a vida é um teatro no qual desempenhamos muitos papéis.Eu, por exemplo, fui franciscano, padre, agora leigo, teólogo,filósofo, professor, conferencista, escritor, editor, redator dealgumas revistas, inquirido pelas autoridades doutrinais do Vaticano,submetido ao "silêncio obsequioso" e outros papéis mais. Mas há ummomento em que tudo isso é relativizado e vira pura palha. Então deixamos o palco, tiramos as máscaras e nos perguntamos: Afinal, quemsou eu? Que sonhos me movem? Que anjos que habitam? Que demônios me atormentam? Qual é o meu lugar no desígnio do Mistério? Na medida emque tentamos, com temor e tremor, responder a estas indagações vem à lume o homem interior. A resposta nunca é conclusiva; perde-se paradentro do Inefável.Este é o desafio para a etapa da velhice. Então nos damos conta deque precisaríamos muitos anos de velhice para encontrar a palavra essencial que nos defina. Surpresos, descobrimos que não vivemos porque simplesmente não morremos, mas vivemos para pensar, meditar, rasgarnovos horizontes e criar sentidos de vida. Especialmente para tentarfazer uma síntese final, integrando as sombras, realimentando os sonhosque nos sustentaram por toda uma vida, reconciliando-nos com osfracassos e buscando sabedoria. É ilusão pensar que esta vem com a velhice. Ela vem do espírito com o qual vivenciamos a velhice como aetapa final do crescimento e de nosso verdadeiro Natal.Por fim, importa preparar o grande Encontro. A vida não éestruturada para terminar na morte, mas para se transfigurar através damorte. Morremos para viver mais e melhor, para mergulhar na eternidade e encontrar a Última Realidade, feita de amor e de misericórdia. Aísaberemos finalmente quem somos e qual é o nosso verdadeiro nome.Nutro o mesmo sentimento que o sábio do Antigo Testamento:"contemplo os dias passados e tenho os olhos voltados para aeternidade".Por fim, alimento dois sonhos, sonhos de um jovem ancião: o primeiroé escrever um livro só para Deus, se possível com o próprio sangue; e o segundo, impossível, mas bem expresso por Herzer, menina de rua epoetisa:"eu só queria nascer de novo, para me ensinar a viver". isso é irrealizável, só me resta aprender na escola de Deus.Parafraseando Camões, completo: mais vivera se não fora, para tão longo ideal, tão curta a vida.

Se o telefone tocar ... por Sempresoll



Meu telefone está mudo de tua voz
Já não escuto as tiradas de gracejo
o que ficou no emaranhado de nós
foi o silencio dessa voz que desejo.

Meu telefone calado é como algoz
Nem canaliza sacadas desse ensejo
Ficar sozinha entediada é tão atroz
dilacerada na memória de um beijo .

Mas se tu tocas de repente o celular
deixas recado no orkut sem receio
ou simplesmente envias um e-mail,

terei o som mais bonito de escutar
lerei na letra que dirá que você veio
para abraçar-me afagada no teu seio



por Sempresoll (Mazé)

* Amiga poetisa seguidora do Cariricaturas

Como uma onda ... - por Vera Barbosa


"Nada permanece inalterado até o fim". A afirmativa, da canção de Zeca Baleiro, é bastante oportuna, já que a vida é cíclica. Ainda bem, pois essa característica faz com que tudo seja menos entediante e monótono. Afinal , reciclar é o grande desafio. Tente imaginar como seria previsível nosso cotidiano se nao contássemos com as variações todas que a vida nos oferece. É esse "indo-e-vindo infinito" que dá movimento e graça às nossas experiências, Lulu Santos foi muito feliz na comparação.

Se não me engano, foi Goethe quem disse que o triunfo pertence aos que se atrevem. Concordo: a ousadia é atributo dos corajosos. Há quem passe 20 anos acomodado em um mesmo cargo sem tentar expandir seu universo profissional e, consequentemente, sem desenvolver novas habilidades. O medo de experimentar o novo e assumir seus riscos faz com que as pessoas fiquem estagnadas em uma determinada função. Para a maioria, é mais confortável fazer algo que se sabe sem ter de aprender nada, sem ter de assimilar novos procedimentos e/ou se adaptar a novas regras e horários. Contudo, nossa capaciadade de recomeçar é fundamental para que alcancemos o sucesso, e isso nao se limita a status e salários, mas diz respeito, sobretudo, à realização pessoal. Diariamente, somos desafiados a prosseguir e temos duas escolhas apenas: mudar ou permanecer onde e como estamos.

E não é diferente no amor. Há quem se condene à infelicidade ao manter uma relação afetiva desgastada, em que ambos estão descontentes, mas sem iniciativa para mudar a história. Quando pensam nos problemas que teriam de resolver ao se desvencilhar, as pessoas recuam. O "comecar de novo e contar comigo" se transforma em um bicho de sete cabeças. A partilha dos bens, a educação dos filhos, com quem cada um vai ficar e o que a família e os amigos irão pensar são, muitas vezes, mais importantes que a paz de espírito que poderiam alcançar. E, assim, os casais vão deixando o comodismo lhes levar, feito nau sem rumo. Evidentemente, não é fácil encarar uma separação e se desligar de alguém com quem se conviveu e construiu tantos sonhos. No entanto, nunca é tarde para ser feliz e, se não acordamos a tempo, teremos ficado boa parte da vida à deriva.
Pessoas que mudaram, radicalmente, sua vida profissional ou afetiva afirmam ter alcançado um grau de satisfação que lhes possibilitou retomar a vida como se tivesssem acabado de nascer. Conheço alguém que se livrou de um casamento de quase 30 anos por não suportar mais o desrespeito do parceiro, que vivia de galho em galho. Um amigo, que passou uma vida inteira na mesma empresa, libertou-se da mesmice ao se aposentar, pois abriu seu próprio negócio e passou a atuar na área de sua satisfação. Para eles, a vida adquiriu um novo sentido a partir daí.

Concordo com os versos do maestro quando diz que "fundamental é mesmo o amor, é impossível ser feliz sozinho", mas isso só é possível quando o amor próprio fala mais alto. Primeiro, é você e você. Reflita e descubra se você está feliz. Fazer o que se gosta, ter prazer em exercer sua função, olhar com carinho para seus sonhos e desejos é o ponto de partida para se sentir bem ao lado de quem você ama e das pessoas com quem se relaciona profissionalmente. E mudar é necessário, pois nos faz retomar a alegria de viver. Mudar rejuvenesce. Mais que plásticas, malhação e turbinagens, acredite. Porque mudanças positivas fazem com que tenhamos brilho nos olhos e, já que esses são o espelho da alma, nao há inércia que eles possam disfarçar. Como bem canta Seu Jorge, "o bom da vida é viver bem, querer bem, estar bem".

Então, atreva-se!


por Vera Barbosa

Mensagem do Amigo Secreto de Edilma Rocha

Minha amiga secreta sabe esculpir na poesia imagens de ternura que são fotografadas pelos olhos do coração.Amo os seus versos.

Abraços.

Varal

Fundo de quintal. Uma corda estendia-se diagonalmente entre um galho de jaqueira e um ramo de figueira. Como que delimitava uma fronteira imponderável entre o pomar e o resto do mundo. Do fundo, a goela da manhã soprava um vento alísio que vibrava as folhas das árvores , arrancando do verde uma música lânguida e reconfortante. A um lado, logo abaixo da figueira, mal se entrevia uma mulherzinha atarracada, defronte a um tanque de alvenaria. Pano envolvendo a cabeça, vestido longo, desfalecendo o tecido solto até os pés, parecia uma afegã se dirigindo à mesquita. Uns braços roliços saltavam das mangas e, ritmicamente, iam batendo contra a laje do tanque, untadas de água e sabão, uma montanha de roupas. Elas se ajuntavam dentro de uma bacia posta por cima de um tamborete, ao pé da árvore. Lavadas, as peças iam sendo paulatinamente colocadas no varadouro, presas a pegadores, ao doce sabor adocicado do vento. Aos poucos, o sopro cálido , espargindo as roupas úmidas , como bandeiras desfraldadas, lhes roubava a umidade. Abaixo do varal estendiam-se vários buraquinhos, quase que milimetricamente esculpidos pelas gotas que escorriam das malhas de tecido.
À medida que as roupas se iam enxugando, alguns resquícios de manchas se tornavam mais visíveis em meio ao encardido das vestes. Como se o varadouro fosse um mastro e cada peça uma bandeira a expor simbolicamente histórias de batalhas pretéritas e seus espólios de guerra. A cueca do adolescente tentava esconder a mácula próximo a braguilha, resultado do míssil lançado, a contra gosto , na polução da noite anterior. A fraldinha do bebê , por outro lado, não estava nem aí para nódoa amarronzada que lhe marcava o centro do quadrilátero, como se calculada geometricamente por prumo de pedreiro. A calçola rósea da mocinha avermelhava-se ainda mais, tentando esconder a marca rubra da primeira menstruação. A colcha de cama tomava egoisticamente grande espaço do varal e fora virada com o lado avesso para o mundo, quem sabe assim não se ocultavam melhor os claros sinais da batalha de Eros travada por um casal na noite anterior ? No meio delas, uma mancha oleosa escura fazia um contraponto esquisito com as outras mais esbranquiçadas. A calça comprida parecia olhar com empáfia para os outros trajes pendurados na corda, entendia-se claramente ser do dono da casa, até porque mostrava como vestígios o respingado da tinta, um pouco esmaecida de um pintor de paredes. A Samba-Canção do vovô , com as desvanecidas manchas amareladas da incontinência, olhava algo sorridente para a fralda, presa do outro lado da corda, percebia claramente que as extremidades se tocam. O vestido de cambraia da dona de casa estampava manchas indeléveis, já aparentemente imunes à lavagem , típicos resquícios da cotidiana batalha doméstica.
De repente, a repetitiva e costumeira paisagem pareceu estilhaçar-se. Os galhos entrelaçados da figueira e da jaqueira fremiram como se assumissem o testemunho ocular de um crime perpetrado. Um macacão jeans, rapidamente esfregado pelas mãos da mulher, foi colocado, disfarçadamente, no varal. Mal ocultava marcas de óleo escuro que resistiam ao enxágüe. A colcha o observou com um ar de indisfarçável familiaridade. Um lufada de vento mais forte fez com que suas pernas enroscassem languidamente o vestido de cambraia, sob o visível olhar de reprovação de todo o varal. Abaixo, na terra úmida , os fluidos escorridos se mesclavam em homogeneidade, sem preconceitos. Corriam líquidos , como afluentes de um rio maior chamado vida. Unidos na fluidez , já era impossível definir sua origem. Apenas uma nódoa oleosa destoava , sobressaindo-se heterogeneamente no fluxo, dificultando a respiração dos peixes e conciliação dos elementos a caminho da foz.

J Flávio Vieira

Mensagem pra você, Ângela Lôbo ! Remetente : amigo secreto.

Ângela é dessas pessoas que a gente daria tudo por uma maior aproximação.
Quero a partir dessa brincadeira de amiga oculta , ter essa oportunidade.

Pra você um final de semana perfeito!
Abraços!

http://www.youtube.com/watch?v=9JKo3DV_nC0&feature=related

A Brincadeira do amigo Secreto. ATENÇÂO !!!

Zélia , minha irmã, acabou de me telefonear pra falar sobre o assunto. Ela acha que precisamos redirecionar a brincadeira. As mensagens serão diretas , e o remetente será anônimo. Portanto, enviem suas mensagens para o meu e-mail sauska_8@hotmail.com ou para o e-mail de Claude: cbbloc@uol.com.br ( as moderadoras) , que faremos as postagens , em nome do Cariricaturas. Assim os favorecidos serão avisados de imediato. Eu estava apostando nas mensagens aleatórias, até porque não lembro mais quem é amigo de quem, nem desejaria saber. Outrossim, se quiserem escolher outra pessoa como amigo secreto, podem fazê-lo !
O importe não é ser escolhido; o importante é deixar as afinidades ou vontade de aproximação escolherem. Faremos as identificações finais, no proximo dia 21 de Dezembro, quando o Cariricaturas completará 5 meses de funcionamento.
Abraços .
P.S. Até lá , vamos continuar na brincadeira, fortalecendo os afetos , através da comunicação : "Sem saber de quem !"

De Crato a Assaré no início do Século Vinte - por Magali de Figueiredo Esmeraldo.


Hoje com estradas asfaltadas, com muita facilidade, saindo de Crato, chegaremos a Assaré com aproximadamente hora e meia de viagem. Entretanto, não foi assim no relato do meu tio José Alves de Figueiredo Filho. No seu segundo livro, “Meu Mundo é uma Farmácia” ele narra à aventura de uma viagem dele e de sua família aos sertões de Assaré, que tinham fama de clima saudável e abundância de leite. O objetivo dessa viagem era visitar a farmácia do seu tio Paulo Viana, em Assaré. Ele explica que esse seu tio, que era irmão da sua mãe Emília, minha avó, em plena adolescência teve que procurar lugares mais pobres para estabelecer-se com a sua farmácia.

Nessa viagem, além do tio José e do seu tio Paulo, participaram também os seus pais José Alves de Figueiredo e Emília Viana de Figueiredo, meus avós e Elisa Viana, irmã de sua mãe. Viajava junto também seu irmão Mário, que como ele, era ainda muito criança, um pouco mais velho. Esse irmão dele viria a falecer mais tarde, aos dezoito anos, de diabetes. Naquela época ainda não havia a insulina.

Além das pessoas citadas acima, acompanhavam essa viagem alguns trabalhadores da família, como arrieiros. Era época de inverno e as muitas chuvas contribuíram para que houvesse muitos atoleiros. Freqüentemente graças à perícia dos arrieiros os burros eram arrancados dos atoleiros.

Em conseqüência das chuvas torrenciais, ficaram acampados dois dias nas Guaribas, distante seis quilômetros do Crato. Somente depois que cessaram as chuvas eles seguiam viagem. As terras muito alagadas e com muita chuvas caindo obrigavam a caravana a parar de vez em quando.

O tio José narra com muito sentimento, o desconforto que ele e seu irmão sofreram durante a viagem, pois eles viajavam sentados em dois caixões, um de cada lado do burro. Além do mais, iam juntos com os jumentos que levavam a bagagem e os mantimentos e, por isso se sentiam muito humilhados. Esses caixões foram construídos pelo seu pai e eram cobertos por um toldo de lona para protegê-los do sol e da chuva. No meu entender, o meu avô teve a boa intenção de proteger os filhos que, por serem pequenos, não podiam viajar em cavalos. Só quem viajava a cavalo eram seus pais, o tio e a tia. No entanto, o meu tio José não justificava essa iniciativa de seu pai de construir tal caixão. Reclamava muito das dificuldades: sacolejos, atoleiros, unhas de gatos, galhos e espinhos que entravam pelas caçambas e os feriam, além dos chuviscos e orvalho que os ensopavam. E ainda se envergonhavam da maneira como viajavam, pois despertava a curiosidade da meninada.

Ao contar a história dessa aventura, tio José descreve a maneira como as mulheres montavam a cavalo. Sentavam de lado e não escanchadas, como os homens. A mãe dele tinha medo e, para vencer as dificuldades rezava com muita fé todas as jaculatórias que aprendera na adoração, sempre que o cavalo dava solavancos. Já a tia Elisa tinha muita coragem, mesmo sentada de banda, cavalgava bem, corria galopava e marchava no cavalo.

Ao meio dia era hora do descanso. A caravana se arranchava em velhas casas sertanejas alpendradas. Os arrieiros tiravam as cargas e selas e os animais iam pastar livres do peso. Os mantimentos eram tirados dos animais. Quem se encarregava de temperar os alimentos eram as mulheres e, quem cozinhava eram os arrieiros.

As redes eram armadas nos alpendres. Depois do almoço, todos descansavam e somente às duas horas da tarde davam prosseguimento à viagem. Depois de enfrentar todas as adversidades no percurso, sol quente e chuvas, ao entardecer paravam novamente em outra casa alpendrada. Era costume na época, qualquer viajante ter direito de abrigar-se à sombra da casa amiga e acolhedora. Tanto ricos como pobres eram bem recebidos. Ao construir casas alpendradas, o objetivo do sertanejo, além de se abrigar dos raios solares nordestino, era também acolher o transeunte.

A memória prodigiosa de José de Figueiredo Filho, o fez lembrar-se de toda essa aventura, incluindo os balanços na rede, cantando as cantigas da cultura cearense, na noite em que pernoitaram em Nova Olinda.

Aprendeu tais modinhas com Maria Carimbé que trabalhava para sua família. Anos depois ele recordava esses momentos, ouvindo nos programas radiofônicos a “Hora da Saudade” que tocava todas as cantigas daquela época.

Finalmente chegaram a Assaré em uma manhã nublada. Para entrarem naquela localidade, tiveram que passar por uma estreita parede de um açude. Quando entraram nas primeiras ruas, a garotada os seguiu com a curiosidade ainda mais aguçada, por ver os meninos viajando como se fossem carga. Não foram vaiados porque procediam de um local mais adiantado do que aquele, segundo conta tio José. Todos os atropelos e canseiras foram compensados pelas maravilhosas férias em Assaré.

Adaptado Por Magali de Figueiredo Esmeraldo de “Meu Mundo é uma Farmácia” de J. de Figueiredo Filho – Coleção Alagadiço Novo – UFC , 1996 - páginas 35-38

Para minha amiga secreta trago um poema...

Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.

Desejo, pois, que não seja assim
Mas se for, saiba ser sem se desesperar
Desejo também que tenha amigos
Que mesmo maus e inconseqüentes
Sejam corajosos e fiéis
E que pelo menos em um deles
Você possa confiar sem duvidar

E porque a vida é assim
Desejo ainda que você tenha inimigos
Nem muitos, nem poucos
Mas na medida exata para que
Algumas vezes você se interpele
A respeito de suas próprias certezas.
E que entre eles
Haja pelo menos um que seja justo

Desejo depois, que você seja útil
Mas não insubstituível
E que nos maus momentos
Quando não restar mais nada
Essa utilidade seja suficiente
Para manter você de pé.

Desejo ainda que você seja tolerante
Não com os que erram pouco
Porque isso é fácil
Mas com os que erram muito e irremediavelmente
E que fazendo bom uso dessa tolerância
Você sirva de exemplo aos outros

Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais
E que sendo maduro
Não insista em rejuvenescer
E que sendo velho
Não se dedique ao desespero
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor

Desejo, por sinal, que você seja triste
Não o ano todo, mas apenas um dia
Mas que nesse dia
Descubra que o riso diário é bom
O riso habitual é insosso
E o riso constante é insano.

Desejo que você descubra
Com o máximo de urgência
Acima e a respeito de tudo
Que existem oprimidos, injustiçados e infelizes
E que estão bem à sua volta
Desejo ainda
Que você afague um gato, alimente um cuco
E ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque assim, você se sentirá bem por nada

Desejo também
Que você plante uma semente, por menor que seja
E acompanhe o seu crescimento
Para que você saiba
De quantas muitas vidas é feita uma árvore

Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro
Porque é preciso ser prático
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele na sua frente e diga:
"Isso é meu"
Só para que fique bem claro
Quem é o dono de quem

Desejo também
Que nenhum de seus afetos morra
Por eles e por você
Mas que se morrer
Você possa chorar sem se lamentar
E sofrer sem se culpar

Desejo por fim
Que você sendo homem, tenha uma boa mulher
E que sendo mulher, tenha um bom homem
Que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes
E quando estiverem exaustos e sorridentes
Ainda haja amor pra recomeçar

E se tudo isso acontecer
Não tenho mais nada a lhe desejar

(Victor Hugo)

Amigos secretos e outros segredos!!!

No Sul, chama-se amigo secreto. Em outros Estados, amigo oculto. É quando realiza-se um sorteio para ver quem-vai-dar-presente-pra-quem no Natal ou em qualquer outra data festiva em que participe um grupo. Nesse final de ano, você terá pelo menos um amigo secreto na família, na turma, na escola ou no trabalho. Quem será?

Surpresa. Amigos secretos revelam-se na hora, faz parte da brincadeira. O que você talvez não saiba, e continue a não saber por toda a vida, é que também existe o apaixonado secreto.

Na loteria do destino, alguém abriu o coração e saiu seu nome. Talvez tenha tentado se aproximar e você não percebeu. Talvez faça parte do seu grupo há muitos anos e você nunca o tenha reparado. Talvez tenha lhe encontrado namorando, ou já casado, e discretamente escondeu o interesse para não perturbar a sua paz. Você pode ter, sim, um amor secreto e não saber a falta que pra ele você faz.

O presente que essa pessoa gostaria de lhe dar não se compra em shopping, não se paga à vista, não se financia. Você esteve ali ali para receber um beijo-surpresa, mas seu amor secreto não teve essa ousadia.

Ele pode estar há quilômetros de distância, se comunicando com você pela Internet, ou pode morar no mesmo prédio, estudar na mesma aula, freqüentar a mesma praia. Você não sente sua presença, mas talvez sinta sua ausência.

Seu amor secreto não revela-se porque sabe que você detesta cigarro, e ele fuma. Porque sabe que você só namora pessoas da sua idade, e ele é muito mais moço. Porque sabe que você riria da sua gagueira, da sua falta de grana, de seu embaraço. Seu amor secreto lhe deixaria atônito. Por isso, ele mantém-se discreto, platônico.

Entre amigos não há sigilo, só um suspense durante a festa, até saber quem irá, afinal, nos abraçar e revelar que está ao grupo representando. Já entre amores secretos não há abraços nem revelações. Alguém lhe ama em segredo, e o presente é manter você acreditando.

(Martha Medeiros)

Para minha amiga secreta de hoje - por Claude Bloc

Minha amiga secreta conhece a alma humana e adora orquídeas.
A gentileza é sua arma e sua força...
Um abraço
Claude

Foto de Nilo Sérgio Monteiro

Deixem um verso !

Ana Cecília por Francisco de Carvalho



Cara Poeta Ana Cecília:

Antes de mais nada, registrar o feliz acontecimento, que foi conhecê-la pessoalmente. Dantes, só a imagem desenhada pela imaginação. Agora posso vê-la em pessoa, até mesmo nos subterrâneos da memória.

Li os seus Escritos vagarosamente. A beleza palpita nas entrelinhas, como um peixe acabado de sair do útero da água. A maior beleza é esta que jorra dos conflitos e dilemas do corpo e da alma. E isso já é poesia. Sem dúvidas e perplexidades, seguramente não se faz boa poesia. Adolfo Casais Monteiro nos ensina que a bem-aventurança não produz boa literatura.Pode-se chegar a Deus de olhos fechados? Cegamente? Talvez. Decerto os caminhos de Deus não são juncados de rosas. O mais certo é serem constelados de espinhos. Santo Agostinho e São Paulo (todos sabem disso) só chegaram a Deus depois que provaram dos sabores do pecado. Viveram grande parte de suas vidas cercados de dúvidas e interrogações. Mas, ao final, tombaram “feridos de mortal beleza”.

Ao ler os seus Escritos, a gente percebe facilmente que a poesia está colada à sua pele feito musgo na rocha. Sua prosa expressiva, carregada de conflitos e expectativas, é a plenitude da palavra que desabrocha em poema. Sua maneira de ser e de estar no mundo é essencialmente poética. Pilastras desse universo interior que é a sua visão do mundo.

Não escrever sempre, ou escrever apenas a longos intervalos, é absolutamente natural e até mesmo salutar. Quando se extrai muito água de um poço, será preciso dar-lhe tempo para recuperar a água perdida. O mesmo se dá com os poetas: se escrevem de forma compulsiva, correm o risco de se repetir, ou de chover no molhado, como nos adverte a sabedoria popular. Os prodigiosos veios poéticos também costumam se exaurir.

Mas tudo isso você já sabe desde os tempos do dilúvio. Poetas da sua qualidade velejam nos mares da intemporalidade. “E há tempo e reconhecimento para isso, agora sei o lugar onde dói, entre o coração e o diafragma”. A beleza dos Escritos começa justamente onde há “Tanta dúvida, tão pouca certeza. Mulher de pouca fé. A dúvida me tortura, como um ethos sem o qual não sou”. Aqui, já estamos “feridos de mortal beleza”. E a poesia, como diz você, “é o milagre que aplaca esse alvoroço, esse nó na garganta”.

Deus cava abismos para todos nós, até mesmo para os que não são poetas, mas apenas vassalos de sua misericórdia. “Deus cava abismos” para todos, é verdade, mas os faz mais caprichados para os poetas. Você fala em “milagre definitivo”. E eu lhe digo que o ser humano, com todas as suas vulnerabilidades e contradições, é o clímax do “milagre definitivo”. Basta atentar para as singularidades do corpo, mais complexo e preciso que a mais sofisticada engrenagem de um relógio suíço, para concluir que somos o milagre mais alto de todas as hierarquias da criação. Milagre que raciocina e escreve poemas; milagre que se manifesta nas grandes e pequenas coisas, nas palavras que criam sensações, no amor que se multiplica como os peixes do Tiberíades para alimentar a diáspora dos judeus no deserto.

“Eclipses ocultos dentro de mim. Contínua implosão marcando minha voz, minha pele, meu corpo. Sempre à flor da pele, essa sensibilidade, mesmo quando não estou, quando me ausento, me congelo”. Tudo isso é poesia jorrando do mais íntimo do ser, das imponderabilidades da alma. “A vida me atravessa sempre”. Quanta energia, quanta densidade espiritual não se desprende dessas palavras! Sua poesia nos convoca para reflexões mais profundas, para as epifanias de um tempo em que a palavra era o verbo primordial.

Toda essa retórica para dizer-lhe que os seus Escritos do Silêncio estão impregnados da melhor poesia. Um mergulho do ser na plenitude do húmus essencial. Você, amiga Ana Cecília, é uma Poeta. Sem adjetivos. Sem meias palavras. A poesia está entranhada em você, musgo na rocha de Deus. Sua forma de expressão é essencialmente poética. Chego a pensar que se você redigisse o preâmbulo de um balancete bancário, você o faria seguramente numa perspectiva poética. Talvez o banco fosse à falência, mas o balancete-poema ficaria nos anais da literatura.

Qualquer que fosse a sua profissão: bancária, economista, geóloga, aeromoça, aeromusa, pesquisadora da ONU ou do Pentágono, pastora de centauros, coordenadora da comissão dos admiradores da Cabeleira de Berenice – você poderia ser tudo isso mas, na hora de escrever, enquadraria todas essas coisas na moldura da gramática estética. A poesia está em você como a águia nos píncaros das cordilheiras. Você é a poesia. E, como tal, deve elevar o mais alto possível o privilégio desse estigma. Todas as admirações e sinceros votos de feliz Natal para todos os que lhe são caros. Afetuosamente, o

Francisco Carvalho

Homenagem ao(a) amigo(a) secreto(a) - por Magali de Figueiredo Esmeraldo


O(a) meu(minha) amigo(a) brilha tanto quanto todas essas estrelas.

O Poema - Mário Quintana

Um poema como um gole d'água bebido no escuro.
Como um pobre animal palpitando ferido.
Como pequenina moeda de prata perdida para sempre na
[floresta noturna.
Um poema sem outra angústia que a sua misteriosa condição
[de poema.
Triste.
Solitário.
Único.
Ferido de mortal beleza.

Poesia Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2005.

AS FLORES E OS SIGNIFICADOS

· Acácia amarela – amor secreto
· Acácia branca ou rosada constância – elegância
· Amor perfeito – meditação, recordações, reflexão
· Azaléia branca – romance
· Camélia branca – beleza perfeita
· Camélia rosada – grandeza da alma
· Camélia vermelha – reconhecimento
· Cravo amarelo – desdém
· Cravo branco – amor ardente, ingenuidade, talento
· Cravo rosado – preferência
· Cravo vermelho – amor vivo
· Crisântemo amarelo – amor frágil
· Crisântemo branco – verdade
· Crisântemo vermelho – “eu amo”
· Dália amarela – união recíproca
· Dália rosada – delicadeza
· Dália vermelha – olhos abrasadores
· Girassol – dignidade, glória, paixão
· Hortência – frieza, indiferença
· Jasmim - amor, beleza delicada, graça
· Lírio – casamento, doçura, inocência, majestade, pureza
· Magnólia – amor à natureza, simpatia
· Margarida – inocência, virgindade
· Miosótis – amor sincero, fidelidade
· Narciso – egoísmo, vaidade
· Papoula – fertilidade, ressurreição, sonho
· Sempre-viva – eternidade, imortalidade, permanência
· Tulipa amarela - amor sem esperança
· Tulipa vermelha – declaração de amor
· Violeta – lealdade, modéstia

AS ESTAÇÕES

Janeiro: antúrio, crisântemo, gérbera, lizianthus, orquídeas
Fevereiro: angélica, crisântemo, gérbera, gladíolo, orquídeas
Março: angélica, crisântemo, gérbera, margarida, orquídeas
Abril: angélica, crisântemo,gérbera, strelitzia
Maio: cravo, crisântemo, rosa, tulipa
Junho: angélica, strelitzia, tulipa
Julho: angélica, tulipa
Agosto: copo-de-leite, girassol, íris, tulipa
Setembro: copo-de-leite, girassol, íris, tulipa
Outubro: copo-de-leite, dália, girassol, lírio branco, tulipa
Novembro: copo-de-leite, crisântemo, dália, gérbera, girassol, lírio branco, rosa
Dezembro: crisântemo, dália, gérbera, girassol, lírio branco, rosa


Aproveitem pra escolher quais as suas flores preferidas
e ofereçam aos seus amigos secretos, conforme seu desejo de amizade...

De Heládio Teles Duarte pra o Amigo(a) Secreto(a)s



Meu amigo(a) invisível tem grande capacidade intelectual, gosta muito de estrêlas ( vermelhas ) , entretanto neste Natal vou lhe oferecer mais uma estrêla, desta vez bem AZUL.


Heladio

Pensamento para o Dia 26/11/2009


“Esteja sempre impregnado de Amor. Não use palavras maldosas contra qualquer pessoa, pois as palavras ferem mais fatalmente que as flechas. Fale suave e docemente, e se compadeça com o sofrimento e a perda. Faça o que puder para colocar em prática o bálsamo da palavra suave e da ajuda oportuna. Não estrague a fé de qualquer pessoa na virtude e na Divindade. Encoraje os outros a terem essa fé, demonstrando, em sua própria vida, que a virtude é a própria recompensa e que Deus é todo-penetrante e todo-poderoso.”
Sathya Sai Baba

Bom Dia minha Amiga Secreta (o).


Minha amiga(o) secreto tem a pele clara, agraciada apenas
pelos raios solares do dia a dia.É de uma sinceridade carinho-
sa, mas incisiva. Tenha um dia maravilhoso de trabalho.E essa
orquídea é para "limpar" sua vista,ok? Você é Especial.Beijos....
Liduina Belchior Vilar.

Recado de Joaquim Pinheiro para o amigo(a) secreto(a)

"A pessoa selecionada como amigo secreto é cratense embora more fora da nossa cidade. Na vida real é amiga de verdade há mais de 40 anos, amizade esta que nunca conheceu crise e sempre foi crescente. E super simpática, querida por todos que a conhece e sempre se destaca onde chega, pois tem luz própria".

Abraços,

Joaquim

Bom dia , amigo(a) secreto(a) ! - por Socorro Moreira

Meu amigo (a) adora saber o que ocorre na região do Cariri, onde morou por 5 meses. Destarte o pouco tempo , entranhou-se na nossa cultura e na nossa história. Atualmente, em outra extremidade do País, se faz presente , nas espiadas diárias, e nas significativas colaborações , que enriquecem o Cariricaturas.
Um abraço amoroso para essa criatura que tem no coração o Crato, e os amigos cearenses .





CEVANDO O AMARGO
Isaac Brasil
Composição: (Lupicinio Rodrigues, Piratini), com texto de Guimarães Rosa, do livro Grande Sertões Veredas

.
Amigo boleia a perna, puxe banco vai sentando
Descansa a paia na orelha, e o crioulo vai picando
Enquanto a chaleira chia, o amargo eu vou cevando
Enquanto a chaleira chia, o amargo eu vou cevando
Foi bom você ter chegado, eu tinha que lhe falar
Um gaúcho apaixonado precisa desabafar
Chinoca fugiu de casa com meu amigo João
Bem diz que mulher tem asa na ponta do coração

" Amigo ai foi isso que eu entendi
A não, amigo pra mim é diferente
Não é o ajuste de um dá serviço ao outro
E receber e saírem por este mundo barganhando ajudas
Ainda que sendo como fazer a injustiça dos demais
Amigo pra mim é a pessoa com quem a gente gosta de
conversar do igual o igual, desarmado
Amigo, é que a gente seja, mas sem precisar de saber o
porque é que é..."




Terra de Érico Veríssimo, Lupicínio , Elis, Nelson, Adriana Calcanhoto , Kleiton e Kleidir , Mário Quintana , Renato Borghetti e de tantos outros, inclusive , do meu amigo(a) secreto(a) !

Menino de Rua - por Rosa Guerrera


Ei ! você aí de cara suja, calça rasgada nos fundilhos , olhar vivo,parado numa esquina observando quem passa ...Você que chegou até o centro da cidade pendurado na traseira de um coletivo com aquela sensação de vazio no estomago e no coração ...Você que ignora quem seja seu pai , sua mãe , que nunca ouviu falar o significado da palavra “ família” ... não imagina nunca que neste momento eu escrevo para você.
Isso mesmo ! Penso em você , porque o seu futuro eu vejo nítido na imagem do seu presente sem infância.
Quantas vezes você já não dormiu num Juizado de Menores , heim garoto? E adiantou de alguma coisa ? Lembra também que por outras vezes prometeu mudar de vida após algumas surras? Promessas que caíram no esquecimento, e logo depois tudo voltou a sua rotina . E recomeçaram as perseguições, as correrias loucas pelas avenidas , os furtos aos desprevenidos, algumas detenções e mais uma vez a rua como dormitório e refeitório .
E nessa infância adulta , você um dia quem sabe não partirá rumo às drogas ... e o caos se fará presente de uma vez por todas.
Depois ... ( e esse depois sempre acontece) ... a polícia , o tráfico, as sirenes , os assaltos ,e quando você não termina seus dias num presídio, o seu corpo tomba sem vida numa viela qualquer.
E como é duro a gente saber disso. Duro e ao mesmo tempo cruel sabermos que você não é único , mas apenas um a mais entre centenas de garotos que se espalham nas grandes cidades , no abandono e no desamor dos homens.
Sim , meu menino de rua , meu carinha suja , meu ladrão precoce , você não tem culpa alguma da sarjeta que lhe jogaram.Você não pediu para nascer, e quando nasceu precisou como todos nós , de um lar , de carinho , de diálogo e de compreensão.
Mas que lar você teve ? Onde o seu pai ? Sua mãe ?
Assim a fome o conduziu ao mundo ingrato que lhe assiste hoje. E veio o primeiro furto, o segundo , o terceiro, tudo se tornando lentamente uma maldita rotina...
Hoje nos encontramos por acaso numa esquina , e os nossos olhares se cruzaram. E confesso: segurei mais forte a bolsa. E errei ! Confesso que falhei dentro do meu medo ou do meu egoísmo. Eu poderia ter olhado para você como apenas um menino de rua , mas só consegui vê-lo como um “trombadinha” , ou talvez até como um futuro assaltante. Peço-lhe desculpas agora ! E tento dizer um pouco tarde a frase que bem poderia ter sido dita no momento do nosso esbarro. De qualquer maneira , onde você estiver nesse instante , faça de contas que estamos de novo cara a cara , e num gesto meigo passarei a mãos nos seus cabelos sujos e sorrindo lhe perguntarei : “ OI GAROTO, COMO VAI VOCÊ “?


por rosa guerrera

Alexandre Dumas




Escritor francês (24/7/1802-5/12/1870). Autor de clássicos da literatura de capa-e-espada, gênero literário surgido na Espanha do século XVII, baseado em romances idealizados e desenganos amorosos. Nasce em Villers-Cotterêts, Aisne, filho de um general do Exército de Napoleão, Alexandre Davy de la Pailleterie Dumas.

Após a morte do pai, vai a Paris e lança suas primeiras peças. Alcança sucesso com Henrique III e Sua Corte, encenada pela Comédie Française em 1829. Na época tem como colaborador um exilado sueco, Adolphe de Leuven. Em 1831 leva ao palco Napoleão Bonaparte e Antony e passa a criar novelas, sempre com a ajuda de colaboradores, em especial de August Maquet. Em 1844 publica o romance Os Três Mosqueteiros, que o deixa internacionalmente conhecido. O livro faz sucesso ao misturar amor, aventura e humor.

No mesmo ano, lança O Conde de Montecristo, outra obra que fica célebre. De hábitos extravagantes, Dumas tem de escrever para saldar suas dívidas. Também tenta conseguir dinheiro com jornalismo e fazendo livros de viagens, mas sem o mesmo sucesso. Morre em Puys, perto de Dieppe, na França. Suas obras completas, publicadas em Paris por Michel Lévy Frères, entre 1860 e 1884, somam 177 volumes.

http://www.algosobre.com.br/

Cinema -Julie & Julia


Desempregada, mulher decide narrar suas experiências cozinhando receitas para um blog .
No final dos anos 40, a americana Julia Child (Meryl Streep) chega à França e experimenta um prato que muda sua vida. Encantada com o sabor daquela comida, ela decide aprender na escola de culinária Le Cordon Bleu a preparar pratos como aquele, e se torna uma especialista no assunto, autora de livros de receitas como o Mastering the Art of French Cooking, e apresentadora de um popular programa de televisão.
Décadas depois, Julie Powell (Amy Adams) vive um momento difícil de sua vida. Perto dos trinta anos, em um emprego que não gosta, e tendo de se mudar para longe de seus amigos, ela sente que precisa de algo que a motive. Ao preparar a primeira receita do famoso livro de Child, Julie se surpreende com o resultado, e decide estabelecer uma meta para sua vida: preparar em um ano todas as 524 receitas do livro e colocar suas impressões em um blog. Mesmo nunca se conhecendo, e separadas pelo tempo, as duas mulheres compartilham angústias e conquistas.

Julie & Julia é baseado em dois livros que contam as histórias reais destas mulheres, My Life in France, de Julia Child, e Julie & Julia, de Julie Powell. O longa é dirigido por Nora Ephron, de comédias românticas como Mensagem Para Você e Michael - Anjo e Sedutor. Para que Meryl Streep vivesse Child, foram usados diversos truques de câmera que tornassem a personagem mais realista, já que ela tinha 1,90m, enquanto a atriz tem 1,70m.

INFORMAÇÕES

Diretor: Nora Ephron
Elenco: Meryl Streep, Amy Adams, Stanley Tucci
Nome Original: Julie & Julia
Ano: 2009
País: EUA
Site: Oficial