Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

sábado, 20 de novembro de 2010

Saudade desgovernada - Por Socorro Moreira- (Inspirada num poema de Aloísio)



Remédio pra saudade deveria ser vendido nas farmácias.
-Ei,tem pastilhas pra matar a saudade do hálito de alguém?
Tem pó de pele , antídoto da lembrança que ficou no peito?
Tem fitas adesivas de um lugarzinho, que o tempo transformou?
Tem um xarope complexo de tudo de bom
que a vida me doou?
Tem injeção pra curar a saudade dos bens perdidos,
que a danada da saudade, no lugar ficou?
E a vida responde :
"Saudade não mata, mas maltrata "
Bom é senti-la
Sentimento vivo de que estamos vivos.
Saudade, encha esse buraco de novos momentos,
traga todas as ausências, e se despeça da gente !
Volte qualquer dia
Qualquer dia,
nós a chamaremos....
Sentir saudades é viver o impossível...
O que se foi para sempre.
Saudade minha?
Brincar com os meus filhos pequenos....
Tomar um chope com um amigo ausente
Brincar com meu pai
uma partida de buraco...
Saudade da minha mãe, avós, avôs, e de mim mesma...
Quando usava uma lancheira,
e perguntava ao bicheiro:
-Vai dar carneiro?
"Vou pro Rio de Janeiro!"

Dá pra dormir sem essa ?

Saudade - Aloísio

Saudade


Saudade enjoada que chegou agora
Abriu um espaço em meu peito
Saudade que quero mandar embora
Não se instale assim desse jeito!

Com sua maneira de ser indiscreta
Atacando o calo dos meus sentimentos
Eu busco saída nas brancas e pretas
Num jogo inventado pra esses momentos

Jogo tudo pra cima pra curar minha dor
Mergulho num mar de imensa amplidão
Saio de lá enxugando minha alma
Curando as feridas do meu coração



Aloísio

Tárrega



Francisco de Asís Tárrega Eixea (21 de novembro de 1852 — 15 de dezembro de 1909) foi um importante violonista espanhol que revolucionou a composição para violão. Tárrega também teve suas habilidades musicais questionadas quando defendeu uma metodologia diferente da que era usada em sua época. Segundo ele, o toque realizado pela mão direita no violão deveria ser feita num ângulo de 90º, e com a parte "macia" do dedo, ou seja, a unha não deveria ser utilizada. Tárrega justificava essa metodologia afirmando que o toque do dedo "nu" causava uma sensação de maior "controle emocional" e técnico da obra em execução.

Sua mais famosa música não é conhecida integralmente pela maioria das pessoas, entretanto, todos já ouviram um pedaço. Trata-se da "Gran Vals" (Grande Valsa) que é o toque padrão da empresa de telefonia

wikipédia

AQUARELANDO FLORES...


Para ouvir o vento
- Claude Bloc -

Que todos os dias voltem
a ter novas cores,
entre flores-guardiãs.
E nessa dança vital,
possamos viver
a pacífica liberdade,
as passagens da idade
o que queremos ter.


Que nossa raça seja una,
humana
nessa transitoriedade
de vida e coragem
.
Porque calar
é mesmo coisa rara
mais ainda em pensamento:
quando a vida estanca
quando a voz se estampa
quando o silêncio se instala
quando perdemos a fala
para ouvir o vento.

Claude Bloc

Perfil de amigos - Por Socorro Moreira



Verônica é a segunda filha da minha mãe.
Belisquei seus bracinhos,quando pequena
Quase  cortei suas tranças (ouro de lei)

Ela tinha a mania de guardar
tudo que a vista via,
na sua mala de feira...
Troféu conquistado,
quando largou a chupeta
É uma das mais finas artesãs que eu conheço
Dedos ágeis, que se enrolam nos fios de linha.
Se a gente tirar a agulha 
dessa menina,
ela faz um bordado ao natural.
Importa-me  seu senso de organização.
Tem casa de boneca,
sempre arrumadinha.
Queria  um pouco da sua disciplina...
-Herança intransferível que herdou
de um pai artista



O professor Zé Nilton
Mexe com as nossas emoções
Nos programas musicais
Ora bossa, bem-te-ti,
Bem-te-ouvi, 
Carrilhões, samba- canção...

A gente tem um vício:
Lembrar, lembrar...
Versos comuns,
que o rádio de pilhas, o vinil,
a roda de viola, o CD, e não sei mais o quê,
em nós se aboletou.

Entra no coração da gente
Pelas notas das canções.
Haja poesia, amor e lirismo,
nesse compositor e cantor !

"Eu faço samba e amor até mais tarde,
e tenho muito sono de manhã..."

Acorda com Chico
Se embala no Tom
E no violão  dedilha como o João...
Canta, violeiro !
Invada de som, a nossa vida !


Camila é cria nossa
Seguidora assídua do Cariricaturas
Retocadora da nossa poesia

A dor não ensina a gemer
A dor ensina a pensar,
e pular ,
pra cair no mar.
Mar dos mistérios
Reino de Netuno,
algas e sereias...

Camila reachou,
no fundo do seu próprio mar
água  doces,
que lhe banham de felicidade.

-Alma amiga, douro a tua aura !
VIVA A GUERRILHA!!! AVANTE, GUERRILHEIROS!!!
PROGRAMAÇÃO DESTE SÁBADO, DIA 20.NOV.2010

19h00min: PÁSSARO DE VOO CURTO (Livre, 60min), Cia. Entremeios de Teatro
20h30min: BODAS DE SANGUE (12 anos, 50min), Grupo Centauro de Teatro




LOCAL:
Teatro Rachel de Queiroz

Rua Dom Quintino, 913 - Crato-CE

(88) 3523.2168 / (88) 8801.0897

Maria Alice !

A Top Model do Cariricaturas.
Nos acertamos nos batons, esmaltes, e nos afetos em comum !


Beijinhos, minha flkor !

Subterrâneo

Como vencer o diabo
se meu olho esquerdo
quando durmo
é traiçoeiro?

Quem enfeitiça meu olho esquerdo
anda por aí de bolsa vermelha

(claro que não rejeita
a parte mais secreta
da minha velhice) .

Sorri, abre a bolsa,
guarda o olho desleal
com tanta ternura
que até eu vacilo
imaginando que seria
fabuloso presenteá-la
o outro olho santinho.

Quando durmo
o meu olho esquerdo
tem livre-arbítrio

e o diabo adora
(com sua bolsa vermelha)
abre um sorriso leve

como quem diz "mocinho, não sabe
os segredos dentro da minha alma"

Rezo um pai nosso
ao dormir para que
o olho esquerdo
(na volta)

revele-me as maravilhas
e truques dentro da bolsa
da mulher.

Nao espero que o último poema
ainda esteja junto ao batom dela
(mas se quisesse o olho amigo
fazer-me feliz bastaria mentir) .

Mente (olho bendito)
diz que meu último poema
não serviu apenas para limpar-lhe
os lábios sujos de vinho e queijo.

Mata-me do coração (olho vistoso)
sussurra aos meus ouvidos que ela
ainda pensa no meu perfume

e às vezes suspira
pelo boticário daquela manhã

o patchouli da noite chuvosa
o  men's club do primeiro beijo.

Acorda (olho bacana)
não fiques parado.
Pula do meu rosto.

Corre pra bolsa da mulher.
Ou do diabo (que seja) .

Mas corre,
chispa!

Perfil de amigos - Por Socorro Moreira

 
Carlos era um rapaz embutido, no sítio São José. Seguiu estudos em Salvador, casou com Magali, tal e qual sonhou.Não sei se os seus textos bem humorados é fruto genético , ou resultante de uma feliz parceria amorosa.Impossível brincar com as histórias,  sem o preito  da real felicidade. Pra ele eu tiro o chapéu !
 


Ceci é menina buscando Peri.
Mestrada pelos estudos
Encantada de amor
Conquistará suas metas
Pela força da vontade
E pelo merecimento
De  uma vida ensolarada
Além do mais...
Tem pai e mãe sedutores !
 


Ela aportou no Crato
e escolheu seu recanto
no cerne da Chapada
Virou bruxa
pequiseira
mulher das capoeiras
e dos nativos serrados
Uns tempos de limitação
Outros de expansão
Presente desenrolado
em cada apresentação.

Edição Especial do Cariricaturas



Título e capa, em estudo ( aceitamos sugestões)
Prefácio de José  Flávio Vieira
Contracapa de José  do Vale Feitosa


-Sem ônus para os escritores.
-Número de textos por autor : 2 + release + fotografia
-Reciprocidade : 5 livros para cada autor.


Autores convidados: todos os nossos colaboradores !

-Os textos deverão ser enviados para o e-mail de Stella ,até no máximo, 15 de Dezembro de 2010.
-Fase de revisão : o necessário .

- stelasiebra@yahoo.com.br

"TODOS SERÃO CHAMADOS. MUITOS, OS ESCOLHIDOS"

PARTICIPEM DESSE BANQUETE POÉTICO !


Autores e/ou Colaboradores

* Tiago Araripe
* Bernardo Melgaco
 lupeu lacerda
 Carlos Eduardo Esmeraldo
 Emerson Monteiro
* Chagas
* Pedro Esmeraldo
* Poesia da Luz
 José do Vale Pinheiro Feitosa
 Joaquim Pinheiro
* Heladio
* Phelipe Bezerra Braga
 Liduina Belchior
* Ana Cecília S. Bastos
* Zélia Moreira
* Maria Amélia Castro
 jose nilton mariano saraiva
 Aloísio
 Roberto Jamacaru
 rosa guerrera
* Carlos Rafael
 José Carlos Brandão
* Miguel Lima
 Marcos Barreto de Melo
* Corujinha Baiana
 Marcos Vinícius Leonel
* Dimas de Castro e Silva Neto
* Geraldo Junior
* elmano rodrigues pinheiro
 Edilma
 Indiazinha Cariri(Ceci Monteiro)
 Stela
* Vera Barbosa
 João Marni
 Nilo Sergio Monteiro
Magali de Figueiredo Esmeraldo
* edcor
* José de Arimatéa dos Santos
* Zé NIlton Figueirêdo
Manoel Severo
* Jayro F. Starkey
* Marcelo Mourão
 Pachelly Jamacaru
Claude Bloc
* Kaika Luiz
 Assis Lima
* Ângela Lôbo
 jflavio
 Nicodemos
* Tete Barreto Peretti
 Everardo Norões
 Socorro Moreira
 Domingos Barroso

Participações especiais :
Abidoral Jamacaru
Geraldo Urano
Normando Rodrigues
*Luiz Carlos Salatiel
*Jacques Bloc
Rejane Gonçalves
Izabella Pinheiro
*José Newton Alves de Sousa
*Ronaldo Correia de Brito
Sônia Lessa
*Vera Lúcia Maia
*Rosa Catarina
*Armando Rafael
*Bruno Pedrosa 
*Jorge de Carvalho
*Olival Honor


* Aguardando confirmação

Abraços do Cariricaturas 

(José do Vale, Claude, Edilma, Socorro e João Nicodemos : Administradores)

Curtas.Para Aloísio e Nicodemos.Liduina Belchior.


Caço a ALEGRIA e ela me laça
no laço do teu enlace.

Coisas da vida... - José Nilton Mariano Saraiva

Localizada ao oeste do estado do Rio Grande do Norte, quase que fronteira com o Ceará, Pau dos Ferros era (à época), uma dessas agradabilíssimas minúsculas cidades interioranas (mudou bastante e hoje é uma “cidade-pólo” razoavelmente desenvolvida), em razão, principalmente, da índole receptiva do seu povo e de um detalhe não tão comum em cidades interioranas: a “beleza brejeira” e ao mesmo tempo esfuziante das suas mulheres, aliada ao extremo bom gosto e requinte com que se vestiam (até parece que os famosos estilistas de moda, antes de lançarem suas revolucionárias coleções em Paris, Roma ou Milão, faziam de Pau dos Ferros uma espécie de “passarela-laboratório-experimental” às suas criações; como luxavam aquelas jovens e belas mulheres pauferrenses).
Vivenciamos tudo isso em meados da década de 70, quando para lá nos deslocamos a fim de cumprir adição de 90 dias no Banco do Nordeste do Brasil S/A (BNB), então a única agência bancária da cidade; e, embora realmente o trabalho fosse intenso (a ponto de se trabalhar de 10 a 12 horas por dia), a “diária” que se recebia compensava plenamente, além do que havia uma espécie de “cumplicidade” entre os que compunham a equipe beenebeana e a população da cidade.
Ao final da diária jornada de trabalho, a parada obrigatória era a “Sorveteria do Sales” (próspero comerciante local), onde sorvíamos uma “geladérrima”, ao tempo em que as paqueras se sucediam, furtivas ou abertamente, num clima leve e sadio; os fins-de-semana, então, eram literalmente uma festa: num deles, por exemplo, tínhamos a escolha da “miss olhos” (obviamente uma amistosa disputa entre aquelas moçoilas adolescentes maravilhosas, para se avaliar quem tinha os “olhos” mais bonitos); na outra semana, a escolha do casal que melhor dançava; na outra, a escolha daquela que melhor desfilava e por aí vai. Era uma festa permanente. E tudo dentro da mais pura inocência e simplicidade. O certo é que a “coisa” era tão legal e gostosa que, não mais que de repente, o tempo voou, os 90 dias exauriram-se e tivemos que voltar para Fortaleza (houve uma tentativa de prorrogação da adição, infrutífera).
Antes da volta, entretanto, foi firmado um compromisso, uma profissão de fé, um autêntico pacto de boêmios: sempre que houvesse uma festa que compensasse, seríamos acionados, tempestivamente. E assim, todos nós (mesmo os casados), que por lá passamos na condição de “adidos” (uns seis colegas, não necessariamente no mesmo período), findamos por voltar, várias vezes.
Os ônibus que faziam o percurso até Pau dos Ferros eram os famosos “pinga-pinga” que, além de terrivelmente desconfortáveis, eram desprovidos de banheiro. Pois foi numa dessas viagens que o “inusitado” pintou no pedaço. Já saímos da rodoviária de Fortaleza um tanto quanto “melados” ( muita “birita” para – vejam só que desculpa mais esfarrapada - puder ter coragem de enfrentar a buraqueira, já que parte da estrada era de piçarra ). Na chegada a Pau dos Ferros, seis da manhã, os notívagos “recepcionistas” (colegas do Banco) já estavam a nos esperar, à porta do ônibus, com um “churrasquinho no ponto e aquela cervejota “fumacenta de gelada” ( é que a “agência do ônibus” ficava estrategicamente localizada frente a um bar, que aos finais de semana funcionava 24 horas por dia, ao som maravilhoso de um Paulo Sérgio, Jerry Adriane, Carlos Gonzaga, Reginaldo Rossi e por aí vai ). Os “trabalhos”, então, se iniciavam ali mesmo, sem nem escovar os dentes. De lá e durante todo o dia de sábado, os encontros, reencontros e novas amizades, na Sorveteria do Sales, na Churrascaria do Anísio e/ou no meio da rua, com aquelas mulheres monumentais.
À noite, após uma passada na “república” a fim de tomar um banho caprichado, vestir a camisa “volta ao mundo” e a “calça de tergal”, passar uma “brilhantina” no cabelo e colocar o perfume “Lancaster”, o objeto de desejo: a esperada festa no único clube da cidade, que se prolongava até o sol raiar. Dali, depois do famoso “caldo de misericórdia” servido num posto de gasolina, volta à república pra mudar de roupa e todo mundo se mandava pra “barragem” (na verdade, o açude que abastecia a cidade e onde existia uma palhoça que servia “o melhor tucunaré do mundo”); e tome “mé” (aí, já na base do famoso “cuba-libre” – mistura tanto explosiva como saborosa de Ron Montila e Coca-Cola).
Naquela tarde de domingo, Rivelino, famoso jogador que houvera se destacado no Corinthians, faria sua estréia no time do Fluminense (no Maracanã), jogando contra o...Corinthians. Mesmo diante de uma televisão preto-e-branco com uma imagem pra lá de sofrível, na sala da casa do prefeito da cidade (tricolor roxo) formamos uma grande torcida do Fluminense (pra agradar o homem, é claro). E tome “Ron Montila”, acompanhado de uma miscelânea de tira-gostos: panelada, buchada, tucunaré, torresmo, churrasco, o escambau (era comida que dava no meio da canela). O certo é que o tempo, de novo, voou, e de repente chegou a hora indesejada do retorno.
E aí a velha história repetiu-se: já chegamos na “parada do ônibus” mais pra lá do que pra cá, “puto” de raiva por ter que voltar no melhor da festa; e lá encontramos a colega do BNB Julieta (que também houvera ido passar o final de semana). A cumprimentamos, sentamos na poltrona (???) e...apagamos.
Lá pras tantas (duas horas da matina, pra ser mais preciso) após uma parada abrupta do coletivo a fim de desembarcar algumas pessoas que moravam na zona rural, ao lado da estrada, “ressuscitamos” e, pior, com uma necessidade imperiosa, descomunal, miserável mesmo de “descarregar”, “arriar a massa” (lembremo-nos que o ônibus não dispunha do famoso toylette). Falamos com o motorista e o trocador (existia um, sim, encarregado de recolher o dinheiro das passagens) e eles sugeriram que descêssemos o barranco e fizéssemos o “serviço”, enquanto eles procuravam e entregavam a bagagem do pessoal. E só deu tempo mesmo de descer o barranco às pressas, arriar a bermuda e... tome merda, muita merda, merda em profusão, em pleno estado líquido e em “chicotadas” monumentais, brabíssimas (como se vê, o “inusitado” dera o ar de sua graça e o Ron Montila e apetitosos tira-gostos finalmente cobravam seu preço).
Até hoje não conseguimos lembrar é se nos deixamos absorver pelo esplendor da belíssima lua no céu, em pleno meio da caatinga, ou se, simplesmente, dormimos de cócoras; o certo é que, de repente, milagrosamente conseguimos “captar” a zoada de um carro acelerando. Ao olhar, desesperado, pra cima, rumo à estrada, divisamos o ônibus se afastando, lentamente. Não houve tempo para raciocinar: num átimo, nos despojamos da bermuda e da cueca, pegamos essa última e passamos de forma apressada no traseiro, a jogamos fora, vestimos novamente a bermuda e subimos a ribanceira feito um louco. Contando com a providencial solidariedade do pessoal que havia descido (umas oito pessoas) que se puseram a “urrar” em plena duas horas da manhã, o ônibus parou mais à frente; resfolegando, com os bofes saindo pela boca, suando em bicas por todos os poros, alcançamo-lo e, evidentemente, reclamamos do motorista e cobrador; eles alegaram que haviam “esquecido” e pediram desculpas. Viagem que segue. Quando sentamos na poltrona (???), uma réstia da luz da Lua que refletia pela janela nos permitiu observar que a colega Julieta (ainda dormindo) imediatamente virou o rosto para o outro lado. Deixamos pra lá. Sentamos e... apagamos (de novo).
Oito horas da manhã, rodoviária de Fortaleza, sol a pino. A muito custo e após nos sacolejar bastante, a dupla-sertaneja (motorista e cobrador), consegue finalmente nos “trazer de volta”. De mau humor, com um terrível gosto de “cabo-de-guarda-chuva” na boca, doido pra chegar em casa, não ligamos para a cara feia dos dois, pegamos nossa sacola que estava na parte de cima e saímos. E foi aí, ao tentar nos despedir da colega Julieta, que vimos a “merda” (literalmente) que tínhamos armado: é que ela (e demais passageiros), não só se recusava a aceitar o nosso cumprimento, como, também, olhava(m) fixamente para nossa mão estendida; uma “palhinha” de sobriedade pintou de repente e, já acometido de um certo receio, um pressentimento estranho, um friozinho a nos percorrer a espinha, acompanhamos o mortífero olhar da Julieta e, só então, entendemos a dimensão da coisa: não só nossa mão, mas partes do antebraço, coalhadas estavam de fezes, em transição do estado líquido para o sólido. É que, na imensidão e solidão da caatinga iluminada por aquela lua belíssima, ao passarmos a cueca apressadamente no traseiro, ela não dera conta do recado e o “produto” houvera vazado, em profusão, para a mão e adjacências.
Nunca antes havíamos passado por algo semelhante, situação tão constrangedora e vexatória; na verdade, naquele momento a vontade era de morrer, sumir, meter-se em algum buraco, desaparecer do mapa, escafeder-se, se autotransportar para o Japão, China, um lugar qualquer longe, bem longe dali, do outro lado do mundo. Uma tragédia. Humilhação pra você nunca mais esquecer.
Pra completar, quando tentamos dá um passo à frente, sentimos a bermuda um tanto quanto apertada, muito presa ao corpo, obstando estranhamente nossa locomoção; é que ela simplesmente houvera “pregado” no traseiro, tal a quantidade de merda e a extensão da área em que se propagara.
Resultado ??? A vergonha foi tão grande que ficamos “baratinados”, perdemos a noção do tempo, da razão, do espaço e do ridículo, e sequer conseguimos atinar que na Rodoviária tinha um banheiro onde poderíamos fazer uma “meia-sola” (mini-banho) para nos livrarmos “daquilo”. E assim, como nenhum taxista compreensivelmente nos aceitou como passageiro, tivemos que fazer o razoável percurso do Bairro de Fátima até o apartamento, no Centro da cidade, no pé-dois, sol a pino, cantando amor febril e sob os olhares desdenhosos dos transeuntes, que cortavam caminho, tratavam de passar por longe daquele “lixo-humano” e sua estranha coreografia; é que nos debatíamos com moscas, um exército de milhares de moscas, a nos perseguir insistentemente; a fedentina era tão grande, o odor à nossa volta tão insuportável, até para a mais das insensíveis narinas, que poderíamos e merecíamos ser cognominados como uma “fossa ambulante”.
Quanto à colega Julieta, passou um certo tempo amuada, cabreira, chateada, sem querer papo nenhum, intrigada mesmo, pelo que era considerou falta de respeito e consideração. Hoje, casada, mãe de filhos, reside em Mossoró e nas suas raras incursões à cidade de Fortaleza, nas vezes em que a encontramos nos saúda efusiva e festivamente, embora um tanto quanto sui generis, diferente, inusual, esquisito até: “Diga lá... seu cagão”.
E haja risadas, muitas risadas.
Coisas da vida...

A cólera no Haiti e nos Haitianos - José do Vale Pinheiro Feitosa

A cólera, que praticamente desaparecera das Américas entre o final do século XIX e início do século XX, retornou ao continente pelo Sul, no meio de uma grande crise de crescimento e desenvolvimento. Chegou pelo Pacífico, aportou a costa do Peru, foi exuberante nos comedores de ceviche, atravessou os Andes e caiu na calha do Rio Maranon. Acontece que este é o nosso Solimões e logo explodia em Tabatinga, na tríplice fronteira, Brasil, Peru e Colômbia.

Pela calha do Amazonas ela desceu, logo atingiu São Luis do Maranhão e nos caminhões de compradores de roupa da malha costureira de Pernambuco se espalhou no Nordeste. Aí vimos a expressão clara de que uma epidemia não é um fenômeno de um micróbio, ela é um fenômeno histórico, cultural, econômico e profundamente social.

Naquela época estava na Comissão Nacional que cuidava do assunto e conversei com muitos governadores da região. Joaquim Francisco de Pernambuco havia proibido comer peixe e tomar banho de mar. Resultado, matou uma das fontes de renda do Estado: o turismo. Fomos lá e mostramos que aquilo não tinha fundamento científico, que para pegar cólera num mar diluído, era preciso beber tanta água salgada que adoecia do volume e não da cólera. Que o peixe era apenas questão de higiene. Joaquim tomou banho em Boa Viagem para a imprensa filmar e fotografar e comeu uma boa peixada pernambucana.

Na Paraíba Cunha Lima passava por algo igual. Fizemos um plano para recuperar não apenas a cólera, mas a cólera que atacava o turismo da Paraíba. E mais ainda, não adiantaria se vangloriar que meu Estado não tem cólera para atrair os turistas amedrontados, o problema era de todos. Enfim a cólera é um problema de todos.

Esta situação do Haiti é muito mais do que um Terremoto, a desgraça política de um povo e a miséria de suas vidas. A cólera no Haiti é um crime da humanidade nestes tempos de salve-se quem puder. Tanto tempo e as verbas não chegam. Tanta desgraça e não tem efetivamente uma grande mobilização para ajudar o país. Tanta gente desempregada e os governos não têm a capacidade de estimular a esperança. Deixaram tudo abaixo da mão pesada e morta e dizem que invisível do mercado.

Olhem que a maior desgraça da cólera no Brasil, ali onde se viu a face terrível, igual a esta do Haiti, ocorreu em Fortaleza. Aliás, esta capital entre os anos 90 e esta primeira dezena dos anos dois mil, já sofreu dois grandes dramas inigualáveis: uma Epidemia de Cólera e uma de Dengue. Ambas sob a égide de Tasso Jereissati e sua grei. A Epidemia de Cólera apenas cessou quando os susceptíveis à doença se esgotaram, ou seja, quando todos os expostos à falta de água adquiriram a doença. O canal do trabalhador talvez tenha salvo o futuro da cidade e o Ceará tem uma proteção.

Só para se ter uma idéia: a cólera não atingiu o sudeste e o sul e a diferença foi água limpa para beber. O mundo é incapaz de dar água boa aos haitianos. Os haitianos têm razão de atacar o mundo. Dirão que é terrorismo, e alguém, com razão dirá: um terrorismo limitado e o outro, do resto da humanidade, provoca um genocídio em larga escala. E este genocídio no Mar do Caribe, tem o dedo infectados do EUA e ainda tem gente com antolhos e um espelho retrovisor olhando para as desgraças do comunismo soviético.

Não Importa ... - Por Rosa Guerrera



Não importa a dor da saudade , se um dia existiu o verdadeiro amor.
Não importa o passar do tempo se soubemos colher todos os frutos na árvore da nossa juventude.
Não importa os anos que ainda teremos amanhã , se no nosso ontem saboreamos um a um todos os presentes.
Não importa o coração cansado pelo desgaste natural das coisas , se ele já pulsou imensamente todas as paixões vividas.
Não importa a lembrança de um beijo que partiu , se conservamos no nosso corpo o orvalho acontecido em muitas madrugadas.
O que importa mesmo , é termos a convicção de que não vivemos em vão , quando chegar o momento da partida .
Por certo noutras vestes e com novos rostos continuaremos os mesmos percursos de hoje , e quem sabe até não continuaremos a escrever uma história de amor que deixamos por acaso ou por ironia um dia inacabada !!!

rosa guerrera

Fim do mundo ou um novo mundo ? - Por Rosa Guerrera


Ontem num encontro com amigos , o assunto se concentrou sobre o possível fim do mundo no mês de dezembro de 2012. E ouvindo as mais diversas opiniões ,( algumas até exaltadas ), simplesmente afirmei que não acredito absolutamente nessa previsão., porque o crescimento da ambição desenfreada na humanidade , o disparar sempre maior da impunidade,o povoamento catastrófico do egoísmo ,a falta de fé e desamor que hoje assistimos , para mim , já representa o fim do mundo.
.Basta que analisemos as manchetes em jornais, rádios e tvs cujas noticias abrem telas gigantescas aos nossos olhos,e onde vemos os mais chocantes homicídios, estupros , violências nas ruas, nas escolas, nos lares , e nas avenidas!
Basta que observemos a injustiça na Justiça, o temor na Segurança , e os profissionais das mais diversas classes dia a dia mais desacreditados!
.Basta que sintamos na pele o fim dos bons sentimentos , isso , já significa o caminhar lento para um futuro sombrio .
Esse fim do mundo previsto para dezembro de 2012 ,e que já se tornou até tema para filmes e inúmeros questionamentos., sinceramente não consigo aceitar .
Em termos históricos, basta lermos alguns livros para percebemos que em todas as eras existiram pessoas a prever que o fim estava perto... e esse perto vai se tornando cada vez mais longe , essa é a verdade .
Para mim , repito ,tudo isso é resultante de problemas, angustias e crises existenciais, que assolam a humanidade mais e mais mergulhada em abismos de revoltas e conflitos , onde para muitos "o pão nosso de cada dia" se resume a uma simples fatia em bocas famintas ...,
Quisera eu que acabasse mesmo muita coisa em 2012 !.

Que acabasse essa onda de violência que vivemos , que findassem as guerras alicerçadas numa “paz” que retarda sempre a sua chegada , que não mais poluissem mares e oceanos , que fossem destruídas todas as armas nucleares, que as drogas sumissem do nosso planteta, que houvesse mais respeito entre as Nações e que as bandeiras representantes de todos os países possuíssem apenas a cor branca .

Talvez assim pudessemos realmente assistir não a esse fim do mundo tão temido , mas ao nascimento de um novo mundo onde a paz, e o amor de mãos dadas , caminhariam em direção a novas esperanças mais concretas e mais verdadeiras .
rosa guerrera

A poesia de Cora Coralina - Por Rosa Guerrera



Cora Coralina, pseudônimo de Ana Lins do Guimarães Peixoto Brêtas, 20/08/1889 — 10/04/1985, é a grande poetisa do Estado de Goiás.

Se achava mais doceira do que escritora. Considerava os doces cristalizados de caju, abóbora, figo e laranja, que encantavam os vizinhos e amigos, obras melhores do que os poemas escritos em folhas de caderno. Só em 1965, aos 75 anos, ela conseguiu realizar o sonho de publicar o primeiro livro,” Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais.” Ana Lins dos Guimarães Peixoto Brêtas viveu por muito tempo de sua produção de doces, até ficar conhecida como Cora Coralina, a primeira mulher a ganhar o Prêmio Juca Pato, em 1983, com o livro Vintém de Cobre – Meias Confissões de Aninha.Muitos foram os poemas deixados por Cora Coralina .Entre eles , esse que amo de paixão , e faço questão de transcrever:

SABER VIVER

Não sei... Se a vida é curta
Ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta,
Nem longa demais,
Mas que seja intensa,
Verdadeira, pura... Enquanto durar !

(Cora Coralina )

Urgência da reforma política - Emerson Monteiro

A constante abordagem dos assuntos pela mídia enfraquece o conteúdo de palavras utilizadas, motivando o desestímulo quanto a matérias que, por vezes, necessitam maiores considerações e aprofundamento. De tanto se falar em determinados itens, nas pautas jornalísticas, resulta na inércia da acomodação e do costume, isso automatizando o som e o significado desses conceitos, envernizando, empalidecendo suas potencialidades.
Uma ocorrência do tipo fica por conta do falar em demasia na tão sonhada e propalada reforma política brasileira, há muito presente nos discursos e nas notícias, sem, contudo, levantar a cabeça do papel e chegar às vias da realidade real. A cada ano de eleição, falam-se multidões na carência de que o Brasil evoluirá quase nada em termos institucionais caso permanece distante a tal reforma política eleitoral.
De tanto ouvir, os ouvidos acostumam e perdem o interesse nos conteúdos entre quem escuta e o que dizem as palavras, até chegar a indiferença e acomodação das intenções de quem fala conteúdos expostos e pouco absorvidos, dada a sua profundidade virar apenas repetição de superficialidades pouco esclarecidas.
Reforma política, portanto, quer significar, acima de tanta fumaça jogada sobre sua importância, o passo inicial e inevitável para a qualificação da política, no que diz respeito à prática da cidadania plena, ou seja, o ato de votar e ser votado. Será ação fundamental para o saneamento verdadeiro das formas arcaicas viciadas de fazer política nas terras nacionais.
Somente uma boa reforma política oferecerá condições eficientes para a boa administração pública no nosso País. Através dela, dar-se-á o disciplinamento das votações, com a localização territorial das lideranças no seu espaço de influência social, evitando o perverso paraquedismo de candidatos estranhos invadirem o campo e anular o potencial autêntico das populações. Ela adotara, dentre as propostas, o voto distrital ou voto distrital misto.
E outros elementos a comporão, quais sejam, no meio de outros: A eliminação dos privilégios dos caciques, na hora da escolha dos candidatos dentro dos partidos. Eleição também dos suplentes de Senador. Aumento da representatividade, com escolhas proporcionais a todas as regiões, no Congresso Nacional. Redução da força eleitoral dos presidentes de partidos. Exclusão do foro privilegiado de políticos no exercício do mandato. Ampliação dos efeitos da chamada ficha limpa. Cortar em definitivo as regalias e mordomias dos representantes, e retorná-los à vala comum de onde nunca deveriam ter saído. Adoção do financiamento público das campanhas, com peso igual nos custos a todos os candidatos independente das diferenças patrimoniais, com o extermínio, bem na fonte, da famigerada compra de voto, excrescência e prostituição da consciência de cidadãos desavisados e corrompidos.

Nonato Luiz lança CD hoje no Cariri.


O violão mais doce, potente e vibrante de Nonato Luiz vai nos encher de emoção nesse final de semana em Crato. O Cariri recebe “Estudos, Peças e Arranjos”, o mais novo trabalho do internacional violonista cearense e cidadão cratense. Assim ele se apresenta hoje no Teatro Municipal Salviano Arraes Saraiva.

Indicado como um dos melhores violonistas brasileiros da atualidade, Nonato Luiz nasceu em São José, distrito de Lavras da Mangabeira e, à partir de Fortaleza ganhou o mundo.

A música de Nonato Luiz reflete o seu estilo multicultural: sobre sólidas bases musicais nordestinas, passeia pelos clássicos, eruditos e populares, emprestando-lhes brilho, suavidade e muita harmonia. O título do álbum navega pelo esmero em um trabalho cuidadoso e rico em sons e ritmos, em música de grandiosa qualidade.

Em "Estudos, Peças e Arranjos" o violão de Nonato Luiz nos acompanha através da magia, do encantamento e da alegria de estar com ele. Em uma viagem que, juntos, nos transportaremos para um distante que não importa aonde vai se chegar.

Se devesse ainda persistir qualquer dúvida sobre a magia desta noite, ouça "Estudos, Peças e Arranjos” , executado por esse artista que adotamos como filho.

SERVIÇO
Show de lançamento do CD "Estudos, Peças e Arranjos" do violonista Nonato Luiz
DATA: 20 de novembro de 2010
LOCAL: Teatro Municipal Salviano Arraes Saraiva (Antigo Cine Moderno no Calçadão)
HORA: 20h
ENTRADA FRANCA

CONTATOS: Kaika Luiz - 8816.3062/9931.2138

PÉROLA NOS BASTIDORES - Por Zé Nilton

Zé NIlton disse...



Quando a chuva molhar os teus sapatos, ó Sofhia,
É porque sereis mulher
E tua beleza nunca te permitirá
Sejas só,
Enquanto eu um solitário desse mundo
Estarei a anos luz
A contemplar-te
Como um dia "traduziu-te"
A tua avó.