Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
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domingo, 17 de janeiro de 2010

Enquanto estou aqui ... - Por Socorro Moreira

Naquele mundo vivo
eu senti que preciso da luz
O escuro me adormece
e eu quero as cores do outro mundo
Quero achar quem partiu primeiro
Quero esperar, quem partirá...
Quero continuar
sem mandar em mim...
Entendendo , que ser livre
é não deixar de amar.
Estamos ainda aqui ...
o que fazer pra completar
o projeto divino?
Nada fazer...
Apenas viver !
Escrever é comer
É engolir , e mastigar,
o que nunca foi dito, nem visto.
Escrever é matar ou fazer nascer...
E essas duas coisas se alternam,
muitas vezes,
num único verso !

"Poetlástico" - por Socorro Moreira

Não , a palavra não existe... Mas existe a plástica poesia. Ela armazena o sentimento , e se amolda a uma estrutura imposta por regras que eu não sigo. Eu sei pensar, mas não sei fazer. Eu sou poeta em cadeiras de roda, sem asas, nem sequer tenras...

Estou vindo do show de Nando Reis. Pela primeira vez a multidão não me asfixiou. O espaço da Estação, apinhado de gente. Gente pra trocar alegria. Cantar e dançar junto.Ninguém vive sem música , sem festa, sem agrupamento . Fugir dessa mistura é parar na estrada da vida. O monge é peregrino. O eremita é andarilho. Não quero correr no mental... Quero chegar com calos nos pés, num pé de poesia , que não imagino. Colher pencas de sentimentos , sem a ansiedade da busca.Hoje foi uma noite de encontros . Declarações de amor... Amor amigo, amor único e uno. Ele não se diferencia no tamanho... Ele só muda, no jeito de expressão. É culpa do cheiro , e da compreensão.

Tá lá, ainda cantando...Nando Reis... para uma multidão !


Socorro Moreira


POEMA PARA O FINAL DE DOMINGO

Árias Pequenas. Para Bandolim
de Hilda Hilst

Antes que o mundo acabe, Túlio,
Deita-te e prova
Esse milagre do gosto
Que se fez na minha boca
Enquanto o mundo grita
Belicoso. E ao meu lado
Te fazes árabe, me faço israelita
E nos cobrimos de beijos
E de flores

Antes que o mundo se acabe
Antes que acabe em nós
Nosso desejo.

(Júbilo Memória Noviciado da Paixão(1974) - Árias Pequenas. Para Bandolim - XI)

O Sósia - Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Certo dia, um cidadão que eu não conhecia, me perguntou a que horas eu retornaria a Sobral. Respondi-lhe que não era de Sobral e então ele insistiu: “Vai me dizer que eu não conheço o doutor Eduardo?” Depois de lhe informar que eu era do Crato, ele se desculpou: “Mas será que haverá alguém que diga que você não é o doutor Eduardo?” Fiquei pensando, quem seria esse tal doutor Eduardo de Sobral, que além de possuir um dos meus nomes, tinha comigo tamanha semelhança física? Teria ele algum inimigo covarde, desses que são capazes de contratar um pistoleiro para exterminar o desafeto? Antes eu nunca havia sido confundido com outra pessoa. Achava que o Criador não faria a tolice de colocar no mundo, ao mesmo tempo, duas caras tão iguais e desprovidas de beleza física, como a minha. Graças a Deus não fui ainda procurado por nenhum pistoleiro, como ocorreu com Chicão, o filho de um comerciante do Crato.

Numa manhã de domingo, Chicão entrou apressado na agência da Viação Pernambucana. Ele estava atrasado para sua viagem à cidade de Petrolina, onde iria vistoriar uma loja que o seu pai mantinha naquela cidade pernambucana. Ao pedir uma passagem, um sujeito desses tão asquerosos, que causa arrepio na gente, com amplo bigode, longas costeletas e chapéu quebrado de lado, à moda dos cowboys americanos, postou-se de pé ao seu lado e pediu a poltrona vizinha. Chicão sentiu um friozinho esquisito a lhe percorrer o corpo inteiro. Provavelmente repugnava aquele estranho vizinho de poltrona. Talvez fosse apenas um mau pressentimento, pensou. No decorrer da viagem, os companheiros de assento não trocaram uma só palavra, até que o ônibus fez uma parada no Posto do Exu. Ali, o motorista do ônibus disse para os passageiros a tradicional mentirinha que todos os motoristas de ônibus costumam dizer: “Pessoal, vamos parar uns vinte minutinhos aqui para o café.” Chicão olhou o companheiro carrancudo, reuniu toda a coragem de que era possuidor e o enfrentou: “Amigo, vamos descer e tomar uma cervejinha. É melhor do que ficar aqui sem fazer nada.” O sujeito esquisito aceitou o convite e desceu juntamente com Chicão. Sentaram-se numa mesinha do canto da sala do bar e pediram uma cerveja, depois outra, sempre num silêncio mortal, sem trocarem uma única palavra. Lá pela terceira cerveja o sujeito esquisito rompeu o silêncio entre os dois e arriscou uma pergunta: “De onde você é e o que faz?” Chicão disse que era do Crato, estudava no Recife e estava de férias. Viajava à Petrolina para verificar como andavam os negócios do pai. Então o sujeito asqueroso retirou do bolso uma foto e mostrou ao seu companheiro de bebida. Ao verificar a foto, Chicão tremeu. Parecia estar vendo uma de suas fotos recente, que não se lembrava de onde a havia tirado. Então o sujeitão esquisito lhe disse: “Essa cervejinha lhe salvou a vida! Fui contratado para mandar esse cara de Caruaru para os quintos dos infernos. Recebi informações que ele iria a Petrolina nesse ônibus e confundi você com ele. Agora vou voltar e ficar esperando outro ônibus.”

Diante deste exemplo, em que além da sorte, uma cervejinha gelada salvou a vida do amigo Chicão, só me resta enviar um recadinho ao meu sósia de Sobral. Pelo amor de Deus, doutor Eduardo, não conquiste inimigos, pois eu não sei convidar desconhecidos para partilhar comigo uma cervejinha. E quem sabe se terei a mesma a sorte do amigo Chicão?

Por Carlos Eduardo Esmeraldo

O Livro do Cariricaturas - Edição e Lançamento



Um livro escrito por muitas mãos: uma coletânea com nossos escritores e artistas.

Detalhes :

. Release com fotografia de cada escritor ( 01 página)
• 4 textos por escritor (máximo de 7 páginas - fonte : garamond - altura : 12) - Temática livre ( crônicas, contos e poemas).
• Os textos serão escolhidos pelos próprios escritores;
• um contingente de 200,00 por escritor
• O pagamento poderá ser feito em 4 x 50,00 ( fev-mar-abr-maio)
. O livro será dedicado aos mestres de todos os tempos, representados por Dr. José Newton Alves de Sousa.
- A capa será a foto de Pachelly- essa que já caracteriza o Cariricaturas.
- O título é: "Cariricaturas em prosas e versos"
- Edição: Emerson Monteiro ( Editora de Sonhos - Crato-Ce)
- Dedicatória ( Assis Lima )
- Prefácio/ Apresentação ( José do Vale e Zé Flávio)

-Já estão confirmadas as seguintes adesões:

01. Claude Bloc *
02. Magali Figueirêdo *
03. Carlos Esmeraldo *
04. Maria Amélia de Castro
05. Ana Cecília Bastos
06. Assis Lima *
07. Socorro Moreira *
08. Stela Siebra de Brito
09. Wilton Dedê
10. João Marni
11. Rejane Gonçalves
12. Rosa Guerrera *
13. Heladio Teles Duarte *
14. Edilma Rocha
15. Emerson Monteiro *
16. José Flávio Vieira *
17. João Nicodemos
18. José do Vale Feitosa *
19. Liduina Vilar *
20. Elmano Rodrigues
21. Carlos Rafael
22. Armando Rafael
23. Bernardo Melgaço
24. Domingos Barroso *
25. Roberto Jamacaru *
26.Dimas de Castro *
27.Joaquim Pinheiro *
28.Edmar Lima Cordeiro
29.Hermógenes Teixeira de Holanda
30.Olival Honor
31.José Nilton Mariano
32.Marcos Barreto
33.Isabela Pinheiro
34.José Newton Alves de Sousa

.

* Escritores que já enviaram material para edição.


Lembrem-se:

O envio dos textos será até 31.01.2010.


Outras informações :
Tiragem : 1.000 exemplares
Distribuição entre autores : 20 para cada
Saldo : será transformados em ingressos para cobrir as despesas da festa de lançamento : coquetel, convites, divulgação, banda,decoração, etc
Se houver saldo de livros será redistribuído entre os autores.
Preço do livro por unidade : 20,00
A edição foi orçada em 6.000,00 ( já considerados todos os descontos possíveis).
Número de páginas : 260 ( aproximadamente).
O valor da contribuição por escritor ( 200,00) será depositado numa cta do Editor (Emerson Monteiro) a ser informada por e-mail. Em contrapartida será enviado respectivo recibo.
Atentar para as datas limite de envio do material ,e de pagamento :
Data limite para depósito : Até maio de 2010.

Claude e Socorro Moreira

Minha Tia Dora - "A Iara do Rio Jaguaripe "


Quando criança, em época de férias escolares, eu sempre passava uns dias na chácara da minha avó, em Nazaré das Farinhas, município do Recôncavo Baiano, banhado pelo rio Jaguaripe.

Para mim, isso era o máximo. Lá havia, entre outras atrações, muuuuuitos pés de sapoti, uma das frutas que eu mais gosto. Além disso, em Nazaré também havia a Feira de Caxixis - uma verdadeira farra quando a minha avó me levava, e me deixava escolher os que eu quisesse.

Assim, miniaturas de panelas, cuscuzeiros, tigelas, jarras, moringas, fruteiras e tudo que alimentava o meu mundo inocente de criança, era cuidadosamente colocado dentro de um mocó.

Mas em Nazaré, o que eu mais gostava mesmo, um verdadeiro encantamento, era ver a minha tia Dora lavar seus cabelos, sentada numa pedra, à beira do rio, que passava no fundo da chácara.

Minha tia era linda.Traços delicados, pele clara e macia, uma covinha no queixo e setenta e cinco centímetros de cabelos negros e lisos.Uma verdadeira Iara. Eu a admirava e, para mim, ela era uma deusa. Nunca me esqueço o encantamento que sentia, ao vê-la sentada, lavando os seus cabelos, à beira do rio.

Quando penteada, ela usava grossas tranças, em diferentes estilos .Um dia, as cruzava; no dia seguinte, as dobrava uma sobre a outra; noutro ainda, as enrolava sobre a cabeça como um ninho ...Mas quase sempre, as mantinha presas com laços de fita, que eram escolhidos com muito gosto, sempre em perfeita harmonia cromática com a roupa que usava.Lembro-me de que ela tinha uma variedade delas.

Em muitas ocasiões, ouvi pessoas da cidade se referirem à minha tia como a moça mais bonita do lugar. E eu ... orgulhosa. Afinal, ela era a minha tia.

Voltei para casa, passou o tempo, as aulas terminaram, e novamente, chegaram as férias. Mais uma vez, lá estava eu na chácara da minha avó, encantada com a minha tia. Mas dessa vez, o encantamento durou pouco.

Certa feita, não se sabe como, ao lavar os seus cabelos, eles embaraçaram, e formaram uns nós, deixando-a desesperada.

Amigas, parentes, minha avó, todos tentaram ajudá-la. Escova, óleo, pente largo, pente de dentes bem afastados, mas tudo em vão.

"Foi feitiço" - alguém falou. Dito e acreditado. - "Foi feitiço".Chamaram a rezadeira da cidade. Reza curta, reza comprida, reza cantada, até que o santo mostrou a solução: a solução que todos conheciam, mas que ninguém tinha a coragem de falar: " Para desembaraçar e desfazer os nós, tem que cortar o cabelo."

Eu não queria acreditar no que ouvia, mas tive que acreditar no que vi : minha tia a chorar, e seus cabelos pelo chão do quarto. Essa é uma triste imagem que eu tenho até hoje gravada na minha memória.

Depois dessa "tragédia", minha tia entristecida, ficou muito tempo sem sair de casa, esperando que seus cabelos crescessem ... mas eles nunca mais foram os mesmos.

Hoje, minha tia de cabelos curtos e grisalhos, sofre com a osteoporose, e anda com dificuldade. Mas na minha memória, ela continua sendo Minha Tia Dora - "A Iara do rio Jaguaripe".

( Coisas de Família - Corujinha Baiana - 17 de janeiro de 2010 )



Edgar Allan Poe


Quem sonha de dia tem consciência de muitas coisas que escapam a quem sonha só de noite.

Para se ser feliz até um certo ponto é preciso ter-se sofrido até esse mesmo ponto.

Tudo o que vemos ou parecemos / não passa de um sonho dentro de um sonho.

É de se apostar que toda idéia pública, toda convenção aceita seja uma tolice, pois se tornou conveniente à maioria.

Nenhum homem que tenha vivido conhece mais sobre a vida depois da morte que eu ou você. Toda religião simplesmente desenvolveu-se com base no medo, ganância, imaginação e poesia.

Defino a poesia das palavras como Criação rítmica da Beleza. O seu único juiz é o Gosto.

Não é na ciência que está a felicidade, mas na aquisição da ciência.

Edgar Allan Poe

Nara Leão


19/01/1942, Vitória
07/06/1989, Rio de Janeiro

Nara Leão ganhou o 2° Festival de Música Popular Brasileira

Filha do advogado Jairo Leão e da dona de casa Altina Leão, Nara Lofego Leão foi um dos ícones do movimento musical da década de 60 que ficou conhecido como bossa-nova. Nascida em Vitória (ES), Nara veio ainda criança para o Rio de Janeiro com a sua família, onde foi morar na zona sul, junto com a sua irmã, Danuza Leão, que mais tarde também se destacaria como modelo e jornalista.

Extremamente tímida em sua infância, Nara desistiu de aprender o acordeom, instrumento da moda na época, para se dedicar ao violão, que acabou se tornando o companheiro de toda a sua vida. Um de seus primeiros namorados foi Roberto Menescal, ao qual apresentou o ritmo que estava encantando os Estados Unidos, o jazz.

Entediados com as músicas que estavam sendo feitas no país, Nara e seus amigos começaram a se reunir em sua casa para buscar ritmos diferentes e fazer uma nova música. Estava então definido o ponto de encontro de artistas como Ronaldo Bôscoli e João Gilberto, que, juntamente com outros grandes nomes da música brasileira, criou a bossa-nova. Nara Leão tornou-se a musa daqueles rapazes que queriam fazer músicas com poesias.

Com o aumento do interesse pelo novo ritmo, as apresentações nos apartamentos ficaram pequenas para o crescente público e, assim, começaram as apresentações em universidades e boates. Em sua estréia em um desses grandes shows, Nara ficou tão nervosa que se apresentou de costas para o público.

Noiva do cantor e compositor Ronaldo Bôscoli, Nara rompeu com o músico após saber que o mesmo tivera um caso durante uma viagem pela América do Sul com a cantora Maysa. A sua estréia profissional aconteceu com o musical de Vinícius de Moraes e Carlos Lyra, 'Pobre Menina Rica'. Apesar da superprodução, o espetáculo não fez o sucesso esperado.

O sucesso da garota da zona sul chegou com o lançamento do seu primeiro disco, em 1964, onde a cantora surpreendeu com o resgate de músicas de sambistas como Cartola e Nelson Cavaquinho, e de músicas engajadas, fugindo da temática da bossa-nova, que só tratava de temas como o sorriso, o amor e o mar.

A cantora foi a estrela do show Opinião, ao lado de João do Vale e Zé Kéti, um dos mais aclamados da MPB. Só teve que sair por problemas de saúde, escolhendo a cantora Maria Bethânia para ficar em seu lugar. Logo depois, estreou o espetáculo 'Liberdade, Liberdade', que foi censurado após pouco tempo em cartaz.

A menina tímida, que tinha medo do palco, tornou-se uma mulher com opiniões firmes e contestadoras, chegando a fazer ofensas aos militares em pleno regime militar. "Os militares podem entender de canhão ou de metralhadora, mas não 'pescam' nada de política", disse a cantora em uma entrevista em 1966. Apesar de o então presidente, Arthur da Costa e Silva, querer enquadrá-la na Lei de Segurança Nacional, uma legião de intelectuais saiu em sua defesa, entre eles o poeta Carlos Drummond de Andrade.

Nara Leão foi uma das primeiras cantoras consagradas a apoiar a Tropicália, outro movimento musical que revelou grandes nomes como Caetano Veloso e Gilberto Gil. Foi também ao cantar 'A Banda', de Chico Buarque, que Nara ganhou o 2° Festival de Música Popular Brasileira.

Após um tempo no exílio na Itália e na França, onde permaneceu casada com o cineasta Cacá Diegues e teve sua primeira filha, Isabel, Nara retornou ao Brasil, onde teve o seu segundo filho, Francisco. Nesta fase, dedicou-se quase que exclusivamente à maternidade e foi estudar psicologia.

Nara Leão retomou aos poucos a sua carreira cantando com amigos e fazendo shows por todo mundo, principalmente no Japão, onde tinha um público cativo. Aos 47 anos, na manhã de 7 de junho de 1989, Nara morreu devido a um tumor inoperável no cérebro.

uol educação

vapt, vupt !

entendi logo o truque :

apostar, ganhar, perder.

a bolsa todo mês se esvazia

o coração aguenta o trampo

a música e a poesia, me visitam !

solidão é coisa da imaginação

É não enxergar o amor,

que adormece, em nossa vida !
( Socorro Moreira)

Jogando pro alto - por Socorro Moreira



Estou devolvendo os teus segredos
desacomodados na minha imprudência.

Estou jogando pro alto os meus desejos
Eles fogem dos teus , inconfidentes

Estou esquecendo o nosso adeus
O encontro foi ontem,
e eu nem me lembro...

Estou vivendo o meu amor diário
Meu confidente, meu usuário...
Rabisco, e ele permanece mudo
Não disca, nem atende ao telefone.

Sinto o vazio dos sonhos perdidos
Sinto falta às chamadas pro desconhecido

Acho que a felicidade gosta de cair nos buracos ...
Os meus estão desocupados!


sonhar é um pecado terrível

Mate seus mosquitinhos da dengue.
Escreva seus versinhos sem pé nem cabeça.
Beba seu cafezinho quente da ofegante cafeteira.

Seus deuses não têm força suficiente
contra a natureza e o estado das coisas.

Portanto, não se desespere:
Continue matando seus mosquitinhos.
Escrevendo seus versinhos.
Bebendo seu cafezinho.

O máximo de encanto
que a vida lhe oferece
é a exuberância do seu umbigo

sempre tão perfumado
por excremento infantil.

A poesia de João Nicodemos


breve diálogo:
- cuidado com o que falas!!
- cuidado tu, com o que ouves!!

--------------------------------
pesadelo
rói unhas
dormindo

--------------------
nada como
um jazz
atrás do outro

Montesquieu




Charles-Louis de Secondat, barão de Montesquieu, foi um dos grandes filósofos políticos do Iluminismo. Curioso insaciável, tinha um humor mordaz. Ele escreveu um relatório sobre as várias formas de poder, em que explicou como os governos podem ser preservados da corrupção.

Nobre, de família rica, Charles-Louis formou-se em direito na Universidade de Bordeaux, em 1708, e foi para Paris prosseguir em seus estudos. Com a morte do pai, cinco anos depois, voltou à cidade natal, La Brède, para tomar conta das propriedades que herdou.

Casou-se com Jeanne Lartigue, uma protestante. O casal teve duas filhas. Em 1716 ele herdou de um tio o título de Barão de La Brède e de Montesquieu, além do cargo de presidente da Câmara de Bordeaux, para atuar em questões judiciais e administrativas da região. Pelos próximos onze anos ele esteve envolvido em julgamentos e aplicações de sentenças, inclusive torturas. Nessa época também participou de estudos acadêmicos, acompanhando os desenvolvimentos científicos e escrevendo teses.

Em 1721, Montesquieu publicou as "Cartas Persas", um sucesso instantâneo que lhe trouxe a fama como escritor. Inspirou-se no o gosto da época pelas coisas orientais para fazer uma sátira das instituições e dos costumes das sociedades francesa e européia, além de fazer críticas fortes à religião católica e à igreja: foi a primeira vez que isso aconteceu no século 18. O livro tem um estilo divertido, mas também é desanimador: apresenta a virtude e o autoconhecimento como impossíveis de serem atingidos.

Montesquieu começou dividir seu tempo entre os salões literários em Paris, os estudos em Bordeaux, o cargo na Câmara e a atividade de escritor. Logo, ele deixaria a função pública para se dedicar aos livros. Foi eleito para a Academia Francesa em 1728. Viajou pela Europa e decidiu morar na Inglaterra, onde ficou por dois anos. Estava muito impressionado com o sistema político inglês e decidido a estudá-lo. Na volta a La Brède, escreveu sua obra-prima, "O Espírito das Leis": foi outro grande sucesso, e também bastante criticada, como haviam sido as "Cartas Persas".

Montesquieu quis explicar as leis humanas e as instituições sociais: enquanto as leis físicas são regidas por Deus, as regras e instituições são feitas por seres humanos passíveis de falhas. Definiu três tipos de governo existentes: republicanos, monárquicos e despóticos, e organizou um sistema de governo que evitaria o absolutismo, isto é, a autoridade tirânica de um só governante. Para o pensador, o despotismo era um perigo que podia ser prevenido com diferentes organismos exercendo as funções de fazer leis, administrar e julgar.

Assim, Montesquieu idealizou o Estado regido por três poderes separados, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Essa é a teoria da separação de poderes e teve enorme impacto na política, influenciando a organização das nações modernas. O pensador levou dois anos escrevendo "Em defesa do Espírito das Leis", para responder ao vários críticos.

Apesar desse esforço, a Igreja católica colocou "O Espírito das Leis" no seu índice de livros proibidos, o Index Librorum Prohibitorum. Mas isso não impediu o sucesso da obra, que foi publicada em 1748, em dois volumes, em Genebra, na Suíça, para driblar a censura. Seus livros seguintes continuaram a ser controvertidos, desagradando protestantes (jansenistas), católicos ordodoxos, jesuítas e a Universidade Sorbonne, de Paris.

Montesquieu morreu, aos 66 anos, de uma febre. Estava quase cego. Deixou sem concluir um ensaio para a Enciclopédia, de Diderot e D'Alembert.


uoleducação

Luiz Airão



"Luiz Gonzaga Kedi Ayrão (Rio de Janeiro, 19 de janeiro de 1942) é um cantor brasileiro que teve como sucessos, entre outros, as canções O Lencinho, Porta Aberta, Nossa Canção, Águia na cabeça e Os amantes, esta última gravada em 1979 e que vendeu aproximadamente dois milhões de cópias. Duas outras grandes paixões, além da música, são o futebol, Flamengo é seu time do coração, e a Escola de Samba Portela, onde é um de seus Diretores de Harmonia e integrante da Ala de Compositores.

Cantor, compositor e escritor, nasceu no bairro do Lins de Vasconcelos, no Rio de Janeiro. Filho do músico e compositor Darcy Ayrão (1915-1955), cresceu em ambiente musical. Na casa de um tio, Juca de Azevedo, saxofonista, costumavam freqüentar Pixinguinha e João da Baiana, que tocavam composições do maestro e professor Ayrão. Aos 20 anos, através de seu tio compositor, conheceu vários artistas de renome, entre eles, Ataulfo Alves, Humberto Teixeira, Osvaldo Santiago e Alcir Pires Vermelho. Posteriormente, formou-se em Direito e atuou durante alguns anos na profissão de Advogado e Procurador do BEG - Banco do Estado da Guanabara. "

Da chegada do amor - Elisa Lucinda




Sempre quis um amor
que falasse
que soubesse o que sentisse.

Sempre quis uma amor que elaborasse
Que quando dormisse
ressonasse confiança
no sopro do sono
e trouxesse beijo
no clarão da amanhecice.

Sempre quis um amor
que coubesse no que me disse.

Sempre quis uma meninice
entre menino e senhor
uma cachorrice
onde tanto pudesse a sem-vergonhice
do macho
quanto a sabedoria do sabedor.

Sempre quis um amor cujo
BOM DIA!
morasse na eternidade de encadear os tempos:
passado presente futuro
coisa da mesma embocadura
sabor da mesma golada.

Sempre quis um amor de goleadas
cuja rede complexa
do pano de fundo dos seres
não assustasse.

Sempre quis um amor
que não se incomodasse
quando a poesia da cama me levasse.

Sempre quis uma amor
que não se chateasse
diante das diferenças.

Agora, diante da encomenda
metade de mim rasga afoita
o embrulho
e a outra metade é o
futuro de saber o segredo
que enrola o laço,
é observar
o desenho
do invólucro e compará-lo
com a calma da alma
o seu conteúdo.

Contudo
sempre quis um amor
que me coubesse futuro
e me alternasse em menina e adulto
que ora eu fosse o fácil, o sério
e ora um doce mistério
que ora eu fosse medo-asneira
e ora eu fosse brincadeira
ultra-sonografia do furor,
sempre quis um amor
que sem tensa-corrida-de ocorresse.

Sempre quis um amor
que acontecesse
sem esforço
sem medo da inspiração
por ele acabar.

Sempre quis um amor
de abafar,
(não o caso)
mas cuja demora de ocaso
estivesse imensamente
nas nossas mãos.

Sem senãos.

Sempre quis um amor
com definição de quero
sem o lero-lero da falsa sedução.

Eu sempre disse não
à constituição dos séculos
que diz que o "garantido" amor
é a sua negação.

Sempre quis um amor
que gozasse
e que pouco antes
de chegar a esse céu
se anunciasse.

Sempre quis um amor
que vivesse a felicidade
sem reclamar dela ou disso.

Sempre quis um amor não omisso
e que suas estórias me contasse.

Ah, eu sempre quis uma amor que amasse.


Poesia extraída do livro "Euteamo e suas estréias", Editora Record - Rio de Janeiro, 1999,


Dos passos da bailarina - Cássia Pires


É do senso comum dizer que “pé de bailarina é feio”. O que nós achamos lindíssimo, o colo de pé saltado e os dedos que parecem de borracha, a maioria das pessoas acha horrível. Pensando bem, é sim, quando os pés estão sem sapatilhas.
Eu não tenho “pé de bailarina” e o pouco colo que tenho veio de muitos tendus, glissés e ponta/flex depois. Não tenho joanetes e, graças à Karen, aprendi o que fazer para não tê-los. Descalça ou com outro calçado, só sabem que faço ballet porque paro em 3º posição ou em tendu derrière. E faço isso sem pensar.
Mas a minha questão aqui não é a anatomia dos nossos pés. É uma coisa que venho notando há tempos: a maioria das bailarinas não cuida dos pés!
Já vi tantos pés ressecados, unhas compridas, calcanhares rachados (e nem entrarei aqui no mérito de quem não troca as meias-calças a cada aula, hein?!). Isso é preguiça ou noção equivocada de que pé malcuidado é sinônimo de muitas horas dançando?
Aqueles que passam horas aguentando os nossos saltos e giros, além de serem dobrados e esticados, merecem um pouco de carinho e cuidado. É fácil:


Escalda-pés: para aliviar o cansaço, é só mergulhar os pés numa bacia com água quente e um punhado de sal. Aproveite para esticá-los e aumentar o seu colo de pé, olha que beleza!

Esfoliação: a Granado tem um produto ótimo, um esfoliante de pedra pomes. Não custa nem R$ 10. Para quem não quer gastar, pode fazer um esfoliante em casa, com aveia e mel ou fubá em flocos e azeite. Escolha a sua dupla preferida, deixe a mistura com uma consistência pastosa, aplique nos pés com movimentos circulares e depois lave. Faça uma vez por semana.

Hidratação: hidratante, hidratante, hidratante todo santo dia! Não vale passar só quando os pés estiverem ressacados. Não precisa ser um produto específico para os pés, a menos que você queira usar um hidratante para cada parte do corpo. Eu uso sempre o Nivea e adoro. O meu preferido é o Nivea body Rice & Flower, mas há várias outras versões para escolher.

Agora, vamos combinar, só terá pés malcuidados a bailarina que quiser.

Podolatria




Podolatria é um tipo particular de fetiche cujo desejo se concentra nos pés. São atos comuns que levam o podólatra a ter excitação e prazer sexual: ver, tocar, lamber, cheirar, beijar ou massagear os pés de outra pessoa, entre muitos outros.
O fetichista responde ao pé de uma maneira similar à que outros indivíduos respondem a nádegas ou seios. Mas é de notar que, no caso do podólatra, esse desejo direcionado para uma parte específica do corpo adquire o caráter pronunciado de uma fixação.
O fetiche que se concentra nos pés varia enormemente e pode ser altamente especializado. Assim, um fetichista pode ser estimulado por elementos que outro considera repulsivos. Alguns podólatras preferem somente as solas, ou pés com arcos pronunciados, outros, de dedos longos, unhas longas, alguns preferem pés descalços, outros, pés calçados em certos tipos de calçados ou meias, alguns preferem pés muito bem cuidados, etc.
Outras práticas sexuais como o sadomasoquismo frequentemente acompanham a atração por pés. Um traço que permite distinguir o podólatra, no entanto, na comparação com o sadomasoquista submisso, é o fato de que o pé, para aquele, reveste-se de um valor estético, que por si só o excita. Há um profundo e ao mesmo tempo evidente potencial de significação sadomasoquista relacionado aos pés. Mas as fantasias que aproveitam esse potencial surgem a partir de uma excitação espontânea que os pés desencadeiam. Os pés não servem de mero instrumento para realização de fantasias de submissão, como acontece nos casos de sadomasoquismo típico. Eles, por si mesmos, desencadeiam a cobiça e o processo de desejo, que passa a orbitar em torno deles. O sadomaquismo encontra-se presente em segundo plano, provavelmente na origem da formação do desejo podólatra, numa etapa anterior.


Wikipédia

Cor de mel - por Socorro Moreira


Amanheceu claro e límpido.

Um céu azul

como a cor dos meus lápis .

Procurei papel em branco

pra desenhar um oásis.


Dia de calma quietude

Um domingo

sem os ranços do passado

Minha alma está serena

Meu coração se espreguiça

e acorda em plena luz.


Depois da tempestade

vem a bonança?!

Esqueci que fui criança

Esqueci que sou mulher

Ganhei as asas

de um anjo

Vou voar querendo

o céu ...


E nessa rota sem planos

Eu misturo o meu pincel

nas tintas que se derramam

do teu olhar cor de mel.

A poesia de Fernando Pessoa

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.
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Eu amo tudo o que foi
Tudo o que já não é
A dor que já não me dói
A antiga e errônea fé
O ontem que a dor deixou
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia.
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Enquanto não superarmos
a ânsia do amor sem limites,
não podemos crescer
emocionalmente.

Enquanto não atravessarmos
a dor de nossa própria solidão,
continuaremos
a nos buscar em outras metades.
Para viver a dois, antes, é
necessário ser um.
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Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que sogue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.

Fernando Pessoa

Crítica ao CD "Calendário ( O Tempo e o Vento)"

Canto de viver e sonhar

Por: Cláudia Sampaio

Vou fazer uma jangada
E pelo ar eu vou
Desbravar os sete ares
Pra encontrar o meu amor

(Ridimúin – Jangada aérea)


Calendário (O tempo e o vento), primeiro trabalho solo do cantor e compositor Geraldo Júnior, é uma celebração ao movimento da vida e seus ciclos de nascimentos e mortes. Nesse Calendário, que tem por combustível o amor e a saudade, o tempo circula desobediente de convenções; é feito de memória, lendas da terra natal, do mistério, do mar, do vento, das chuvas e das paixões.

As letras falam de temas poéticos por excelência: tempo, amor e saudade. As composições brilham pelo cuidado na combinação de palavras, viola, violão, acordeom, rabeca, baixo, pandeiro, triângulo, zabumba, flauta e percussão; e trazem a energia vibrante da voz de Geraldo Júnior.

Nascido em Juazeiro do Norte (CE), o jovem cantor é célebre em sua região, onde foi vocalista da banda Dr. Raiz, quando era então conhecido como Júnior Boca. Apontado como destaque na nova geração de artistas do Cariri – lugar que vem se destacando no cenário cultural brasileiro –, Geraldo mantém os laços com a riqueza cultural que traz do berço, com a gana de quem quer ganhar o mundo e o encanto de quem tem o ofício por missão.

Um dos hits é “Chuva de Janeiro”, que ele fez em parceria com Beto Lemos, com fãs declarados na comunidade que Geraldo tem no Orkut. Há farto material do artista na internet, vídeos no Youtube, reportagens de jornal, um blog de poemas e o CD está disponível para download, mas é daqueles com capa tão bela e bem cuidada que vale a pena ter o original.

Assim, ouvir o Calendário é sentir essa pulsão de vida, o sentimento do mundo como escreveu Drummond – amor e fogo.

É daquelas canções que dão fome de viver e de sonhar.

Para ouvir e saber mais: http://www.myspace.com/geraldojuniorcariri

Publicado em 24/11/2009 no site "Educação Pública":
http://www.educacaopublica.rj.gov.br/cultura/prosaepoesia/0244.html

Pudim de Pão





1 1/2 pão francês amanhecido
1 copo de leite
1 copo de açucar
4 ovos
1/2 pacote de coco ralado

Molhar o pão no leite. Colocar no liquidificador juntamente com os outros ingredientes e bater bem. Despejar em uma forma caramelada e levar ao forno médio por aproximadamente 1 hora e meia. Pode desenformar ainda morno. As vezes adiciono passas ao invés de coco ralado.

Salmão ao Molho de Maracujá



INGREDIENTES:
1/2kg de filé de salmão
2 maracujás azedos pequenos
1/2 xícara de chá de salsinha picadinha
1 cebola roxa pequena fatiada
2 colheres de sopa de mel
2 colheres de sopa de manteiga
1 colher de sopa de azeite
1 colher de chá de pimenta rosa
Sal
Açúcar
Pimenta-do-reino



MODO DE PREPARO:

Corte os maracujás ao meio, coloque a polpa e as sementes num liquidificador e bata por 10 segundos. Passe o suco por uma peneira fina. Reserve só o suco.

Leve ao fogo a manteiga para derreter. Junte a cebola, misture e refogue por 3 minutos. Junte a salsinha e o suco de maracujá. Misture e deixe ferver. Tempere com o sal, a pimenta, o mel e um pouquinho de açúcar se for necessário para quebrar a acidez do maracujá. Cozinhe por cinco minutos, acrescente a pimenta rosa e desligue.

Corte o salmão em dois pedaços iguais. Tempere com sal e pimenta-do-reino. Aqueça bem o azeite. Coloque o salmão e deixe cozinhar por 3 minutos de cada lado, sem ficar virando. Coloque o salmão num prato e regue com molho quente.

Rendimento : 2 porções

Jorge Mautner



Jorge Mautner, nome artístico de Henrique George Mautner (Rio de Janeiro, 17 de janeiro de 1941) é um cantor, compositor e escritor brasileiro.

Filho de Anna Illichi, de origem iugoslava e católica, e de Paul Mautner, judeu austríaco, Jorge Mautner nasceu pouco tempo depois de seus pais desembarcarem no Brasil: "Eu nasci aqui um mês depois de meus pais chegarem ao Brasil, fugindo do holocausto".

No Brasil, seu pai, embora simpatizante do governo de Getúlio Vargas, atuava na resistência judaica. A mãe passou a sofrer de paralisia em razão do trauma sofrido pela impossibilidade da irmã de Jorge, Susana, ter embarcado para o Brasil com a família. Assim, até os sete anos, Jorge ficou sob os cuidados de uma babá, Lúcia, que era ialorixá e o apresentou ao candomblé.

Em 1948, seus pais se separam. Anna se casa com o violinista Henri Müller, que é a primeira viola da Orquestra Sinfônica de São Paulo. Anna e Jorge se transferem para São Paulo. Henri ensina Jorge a tocar violino. Jorge estuda no Colégio Dante Alighieri. Apesar de ótimo aluno, é expulso do colégio antes de concluir o 3º ano científico, por ter escrito um texto considerado indecente.

Mautner começa a escrever seu primeiro livro, Deus da chuva e da morte, aos 15 anos de idade. O livro foi publicado em 1962 e compõe, com Kaos (1964) e Narciso em tarde cinza (1966), a trilogia hoje conhecida como Mitologia do Kaos.

Em 1962, adere ao Partido Comunista Brasileiro, convidado pelo professor Mario Schenberg para participar, com José Roberto Aguilar, de uma célula cultural no Comitê Central.

Após o golpe militar de 1964, é preso. É liberado, sob a condição de se expressar mais "cuidadosamente". Em 1966, vai para os Estados Unidos, onde trabalha na Unesco e trabalha na tradução de livros brasileiros. Também dava palestras sobre esses livros para a Sociedade Interamericana de Literatura. A partir de 1967, passa a trabalhar como secretário do poeta Robert Lowell. Conhece Paul Goodman, sociólogo, poeta e militante pacifista anarquista da nova esquerda, de quem recebe significativa influência.

Em 1970, vai para Londres, onde se aproxima de Caetano Veloso e Gilberto Gil. Volta ao Brasil e começa a escrever no jornal O Pasquim. Nesta época, conhece Nelson Jacobina, que será seu parceiro musical nas décadas seguintes.

Em 10 de dezembro de1973, no período mais duro da ditadura militar, participa do Banquete dos Mendigos, show-manifesto idealizado e dirigido por Jards Macalé, em comemoração dos 25 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Do espetáculo participam também Chico Buarque, Dominguinhos, Edu Lobo, Gal Costa, Gonzaguinha, Johnny Alf, Luis Melodia, Milton Nascimento, MPB-4, Nelson Jacobina, Paulinho da Viola, Raul Seixas, entre outros artistas. Com apoio da ONU, o show acontece no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, transformado em "território livre", e resulta em álbum-duplo gravado ao vivo. O disco foi proibido durante seis anos pelo regime militar e liberado somente em 1979.

Em 1975, nasce sua filha Amora (com a historiadora Ruth Mendes).

Em 1987 lança, com Gilberto Gil, o movimento "Figa Brasil" no show O Poeta e o Esfomeado. Figa Brasil ligado ao movimento Kaos, voltado à discussão de questões ligadas à cultura brasileira
Autor de vários livros, entre eles Deus da chuva e da morte (1962), que recebeu o Prêmio Jabuti de literatura, e Fragmentos de sabonete (1973).

Em 1968, escreveu o argumento e o roteiro do filme de Neville D'Almeida, Jardim de Guerra, que acabou censurado pela ditadura militar.

Em 1970, dirigiu o longa-metragem O demiurgo (1970), em que trabalhou como ator. Do filme, também participam Gil, Caetano, José Roberto Aguilar, Péricles Cavalcanti, Leilah Assumpção. O filme é censurado.

Entre seus sucessos musicais gravados por grandes nomes da MPB, incluem-se O vampiro (Caetano Veloso), Maracatu atômico (Gilberto Gil e Chico Science & Nação Zumbi), Lágrimas negras (Gal Costa), Samba dos animas (Lulu Santos) e "Rock Comendo Cereja" e "Samba Jambo" (com Jonge).

Em 2002 lançou o CD "Eu Não Peço Desculpas", em parceria com Caetano Veloso.

Seu mais recente livro, Mitologia do Kaos, lançado em 2002 pela Azougue , recebeu montagem para teatro realizada pelo diretor baiano Fábio Viana. O espetáculo, de criação coletiva, reúne música, dança e teatro e foi intitulado Filhos do Kaos. É parte de um trabalho de pesquisa cênica, artística e estética que vem sendo realizado há muito tempo pelo diretor para o projeto denominado Trilogia do Kaos. Mautner, " que esteve em Salvador especialmente para assistir à estréia da performance artística, declarou "Filhos do Kaos é a própria tragédia grega viva, e todos nós sabemos (e viva Rei Lopes!) que a Grécia Antiga é aqui no Brasil!".
wikipédia

Vaga-Lumes - a poesia de Geraldo Urano

quero me balançar nas suas cadeiras
quero aparecer no seu radar
quero ser as antenas da sua barata
estar com você em todo lugar
quero ser o seu mijo a sua cagada
quero ser seu baton seu olhar no espelho
quero fazer do seu
coração
meu eterno endereço
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brinquedo de vidro
no meu coração é você
acendo um cigarro
e a brasa é você
um corte na mão
tão profundo
foi a sua traição
elefoa louca
na minha áfrica
deixe pelo menos
uma árvore
onde eu possa
descansar embaixo
é embaixo de você
que eu encontro prazer

Gilberto Milfont X Moreirinha - por Socorro Moreira









.
"Gilberto Milfont (João Milfont Rodrigues). Cantor e compositor nasceu em Lavras da Mangabeira/CE em 7/11/1922. Cantou em público pela primeira vez aos 14 anos, convidado pelo seu tio para o programa Hora Infantil, na PRE-9, onde trabalhou, mais tarde, como diretor artístico.
Integrou também um regional com Zé Cavaquinho (José Meneses), na época em que sua voz de adolescente se assemelhava muito à de Carmen Miranda. Na fase de mudança de voz, afastou-se da carreira por dois anos, retornando para cantar no mesmo programa em que estreara.
Naquela época, os discos lançados no Rio de Janeiro demoravam muito a chegar ao Ceará e para que seu repertório não ficasse ultrapassado, por conselho de um amigo aprendeu taquigrafia. Assim, ouvindo emissoras cariocas, taquigrafava as letras, enquanto a irmã gêmea, Maninha, prestava atenção na melodia.
Com esse método, chegou a apresentar em primeira audição no Ceará, antes mesmo de sair a gravação de Orlando Silva no Rio de Janeiro, a música Atire a primeira pedra (Ataulfo Alves e Mário Lago), que só seria lançada no Carnaval de 1943.
Transferiu-se para o Rio de Janeiro em 1945, e estreou na Rádio Mayrink Veiga, quando compôs um samba que levou ao Cassino da Urca para Dick Farney ouvir. No ano seguinte, Dick Farney lançou Esquece, e ele gravou seu primeiro disco, com a orquestra do maestro Gaó na Victor, com duas canções de Joubert de Carvalho, Geremoabo e Maringá.
Também em 1946, lançou dois sambas de Claudionor Cruz e Pedro Caetano, Estão vendo aquela mulher e Apelo, na Victor, e, para o Carnaval do ano seguinte, O meu prazer (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira), seu primeiro sucesso. Por intermédio de Luiz Gonzaga, fez um teste na Rádio Nacional em abril de 1948, sendo aprovado por unanimidade. Estreou no programa A Canção Romântica, como convidado de Francisco Alves.
Em 1949 gravou o samba carnavalesco Um falso amor (Haroldo Lobo, Milton de Oliveira e Jorge Gonçalves) e, em 1951, Pra seu governo (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira), na Victor. Ainda em 1950, Lúcio Alves lançou o samba Não devemos mais brigar (com Milton de Oliveira).
Como cantor, obteve outros sucessos com o bolero Senhora (versão de Lourival Faissal), e, do mesmo gênero e autor, Que será de ti, além dos sambas As aparências enganam e Castigo (ambos de Lupicínio Rodrigues).
Entre suas composições de maior êxito estão o samba Reverso (com Marino Pinto), de 1950; Tudo acabou de 1951, e, em 1952, o samba-canção Você vai (ambos com Milton de Oliveira). Outras músicas de sua autoria que tiveram sucesso foram Fui tolo, o samba-canção Talvez (com Marino Pinto) e Desfeito (com Mary Monteiro).
Em 1954, transferindo-se para a Continental, lançou Valei-me, Nossa Senhora (Paquito e Romeu Gentil) e Amor secreto (versão de Chiaroni). Gravou ainda, a pedido da direção da Continental, o Hino a Getúlio Vargas (João de Barro). Por essa época deixou de cantar, continuando, porém, a compor. Trabalha no Projeto Minerva, da Rádio MEC, no Rio de Janeiro. "

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.
Eu sinto uma quase ternura sentimental por Gilberto Milfont. Filha de boêmio , minha vida era sonora 24 h por dia. Meu pai só entrava em casa cantando , e saia assobiando, uma valsa , um samba antigo. Entre os seus preferidos estavam Francisco Alves, Orlando Silva, Nelson Gonçalves , Carlos Galhardo , ... e Gilberto Milfont!
Contava-me que foram meninos , nas ruas do Crato , e participaram de programas de calouros , na antiga Rádio Araripe. Enquanto Gilberto ficava com o primeiro lugar, ele ganhava o segundo , e os dois ficavam felizes ! Num tempo em não tínhamos internet, os consumidores de música ficavam á mercê dos programas de rádio , e dos minguados discos de cera, que chegavam racionados. Papai se abastecia em "Seu Hilário Lucetti ". Encomendava os lançamentos , chegavam, e a radiola era acionada em toda altura.
Entretanto , até os úlimos dias da sua vida , ficava catando e desejando músicas interpretadas por Gilberto Milfont, uma vez considerado um dos melhores intérpretes do cancioneiro popular, e uma das vozes mais bonitas do Brasil.
Na biografia acima, senti falta de uma referência maior : a valsa "MIMI", que o meu pai cantava e ouvia, na voz do Milfont. Pequena ainda, ele analisava a letra para mim, e alertava: veja o que esse verso diz ..." um eclípse do sol com o luar... Isso não existe, mas é poético e lindo demais !"
Meu pai era assim ... Uma figura pra lá de especial . Dizem que sabia ser amigo, e eu digo ...Sabia ser o melhor pai do mundo !













Não encontrei gravações do Gilberto Milofnt, a não ser esta ... Quando ele canta para a esposa , no aniversário de 15 anos de uma sobrinha. Gravação de Reynaldo Barbosa Lima.

Mimi
Gravada por Carlos Galhardo e Gilberto Milfont
Composição: Uriel Lourival

Dentro d’alma dolorida
Eu tenho um riso teu
Meu amor
Teu sorriso é um lindo albor
Uma existência um céu
Tens na boca embelecida
Pérolas de luz
Rubra ilusão do austral
Perolário a iluminar
Um eclipse do sol com o luar
Num portento de alegria
Deus teve uma idéia um dia
E pediu com santa pena
Que eu te trocasse amor
Por Santa Madalena oh não
Ah! Eu respondi chorando
Deus, Senhor, estou pecando
Mas, doce Pai não trocarei
Sem Mimi sem Mimi
Morrerei
Ah não fosse esse teu riso
Eu morreria então
Quanta dor
Ris, eu gozo
Eu sinto amor
É denisada unção
Estais de mim fugindo agora
Mas que importa a dor
Se me deixares de a luz
Breviário inspirador
Dos poemas da bíblia do amor

socorro moreira

LANÇAMENTO DE LIVRO DIA 22

Onde anda você? - Com Maria Creusa

Jorge Goulart - 84 anos - por Norma Hauer




Foi a 16 de janeiro de 1926 que nasceu, aqui no Rio de Janeiro, Jorge Neves Bastos, que se tornou conhecido como JORGE GOULART.

E por que Goulart? No início de sua carreira, havia um fortificante de grande aceitação naquela época, de nome Elixir de Inhame Goulart. Foi então aconselhado a adotar o nome artístico de Jorge Goulart. E com esse nome, tendo conhecido o compositor Ari Barroso,este gostou de sua voz e deu-lhe para gravar um samba seu em parceria com Fernando Lobo, de nome "Xangô, ao mesmo tempo em que o levou para a Rádio Tupi. Isso se deu em 1945.

Gravou outras composições, mas ainda não era um nome conhecido no meio radiofônico, até que lançou, em 1950, para o carnaval de 1951, seu primeiro grande sucesso:"Balzaquiana". Naquela ocasião, estavam muito em moda "os brotinhos", a partir de gravação de Francisco Carlos da marchinha de Humberto Teixeira e Lauro Maia, "Meu Brotinho".

Então surgiu a "Balzaquiana"

"Não quero broto,
Não quero, não quero,
Não quero não.
Não sou garoto ,
Pra viver mais de ilusão.
Sete dias por semana,
Eu preciso ver minha Balzaquiana."

"Balzaquiana" chamou a atenção para a voz de Jorge Goulart, logo convidado por Lamartine Babo para gravar os hinos do América (time do coração de Lamartine) e do Madureira. Os hinos foram lançados como marchas, na Rádio Mayrink Veiga.

Goulart, conhecido, foi convidado para participar do filme "Rio, 40 Graus", quando "estourou" com o samba de Zé Ketti "Eu Sou o Samba". Isso em 1956.

A partir dai, fez parte de um dos maiores programas musicais da Rádio Nacional:"Um Milhão de Melodias", onde cantava com a orquestra da emissora, ficando conhecido em todo o Brasil.

Como música romântica, lançou uma grande composição de Braguinha, que se expraiou por toda parte:"Laura". Talvez seu maior sucesso no gênero romântico.

Lembrar Jorge Goulart, é também lembrar de "Couro de Gato", de Grande Otelo e Rubens Silva..."aquele gato que tanto zombava de mim. Aquele gato não é mais gato, hoje é tamborim"...

Mas foi em 1964 que João Roberto Kelly deu para Jorge Goulart aquele que ainda hoje é um dos maiores sucessos dentro e fora do carnaval:"CABELEIRA DO ZEZÉ":

"Olha a cabeleira do Zezé,
Será que ele é?,
Será que ele é?..."

Depois de 1º de abril de 1964, foi afastado da Rádio Nacional, acusado de comunista(o que ele nunca negou) e saiu por esse mundo, levando a beleza de sua voz para terras estranhas, como as da então União Soviética e outros países da Europa (do leste e do oeste), sempre recebido com carinho, acompanhado de sua companheira Nora Nei, com quem depois foi casado.

Após o falecimento de Nora, vítima do cigarro, Jorge Goulart casou-se recentemente com uma pessoa muitíssimo simpática, que lhe tem grande amor e afeição.

Regressando ao Brasil, e devido também ao hábito de fumar,foi acometido por um câncer, exatamente em seu bem mais precioso:suas cordas vocais. Antes de ser operado para a retirada do tumor, gravou várias músicas que antes foram conhecidas pelas interpretações de outros cantores, mas que vieram enriquecer seu repertório.

Superando o grande trauma que foi a perda das cordas vocais, hoje ele se apresenta fazendo "mímica", usando "play-beck", o que o faz ser aplaudido em todos os lugares por onde passa, até mesmo nas apresentações carnavalescas no palco que todos os anos é erguido na Cinelândia, em frente à Câmara Municipal.

Jorge Goulart ainda se apresenta em shows especiisa, alguns beneficentes em Igrejas e Escolas.

A Jorge Goulart, meu carinho nesta data de seu 84° aniversário.


NORMA HAUER abraçando JORGE GOULART em seu 84º aniversário, no auditório da Rádio Nacionaldo Rio. 16/01/2010