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"Penetra surdamente no reino das palavras.
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Estão paralisados, mas não há desespero,
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"

(Carlos Drummond de Andrade)

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domingo, 17 de janeiro de 2010

Jorge Goulart - 84 anos - por Norma Hauer




Foi a 16 de janeiro de 1926 que nasceu, aqui no Rio de Janeiro, Jorge Neves Bastos, que se tornou conhecido como JORGE GOULART.

E por que Goulart? No início de sua carreira, havia um fortificante de grande aceitação naquela época, de nome Elixir de Inhame Goulart. Foi então aconselhado a adotar o nome artístico de Jorge Goulart. E com esse nome, tendo conhecido o compositor Ari Barroso,este gostou de sua voz e deu-lhe para gravar um samba seu em parceria com Fernando Lobo, de nome "Xangô, ao mesmo tempo em que o levou para a Rádio Tupi. Isso se deu em 1945.

Gravou outras composições, mas ainda não era um nome conhecido no meio radiofônico, até que lançou, em 1950, para o carnaval de 1951, seu primeiro grande sucesso:"Balzaquiana". Naquela ocasião, estavam muito em moda "os brotinhos", a partir de gravação de Francisco Carlos da marchinha de Humberto Teixeira e Lauro Maia, "Meu Brotinho".

Então surgiu a "Balzaquiana"

"Não quero broto,
Não quero, não quero,
Não quero não.
Não sou garoto ,
Pra viver mais de ilusão.
Sete dias por semana,
Eu preciso ver minha Balzaquiana."

"Balzaquiana" chamou a atenção para a voz de Jorge Goulart, logo convidado por Lamartine Babo para gravar os hinos do América (time do coração de Lamartine) e do Madureira. Os hinos foram lançados como marchas, na Rádio Mayrink Veiga.

Goulart, conhecido, foi convidado para participar do filme "Rio, 40 Graus", quando "estourou" com o samba de Zé Ketti "Eu Sou o Samba". Isso em 1956.

A partir dai, fez parte de um dos maiores programas musicais da Rádio Nacional:"Um Milhão de Melodias", onde cantava com a orquestra da emissora, ficando conhecido em todo o Brasil.

Como música romântica, lançou uma grande composição de Braguinha, que se expraiou por toda parte:"Laura". Talvez seu maior sucesso no gênero romântico.

Lembrar Jorge Goulart, é também lembrar de "Couro de Gato", de Grande Otelo e Rubens Silva..."aquele gato que tanto zombava de mim. Aquele gato não é mais gato, hoje é tamborim"...

Mas foi em 1964 que João Roberto Kelly deu para Jorge Goulart aquele que ainda hoje é um dos maiores sucessos dentro e fora do carnaval:"CABELEIRA DO ZEZÉ":

"Olha a cabeleira do Zezé,
Será que ele é?,
Será que ele é?..."

Depois de 1º de abril de 1964, foi afastado da Rádio Nacional, acusado de comunista(o que ele nunca negou) e saiu por esse mundo, levando a beleza de sua voz para terras estranhas, como as da então União Soviética e outros países da Europa (do leste e do oeste), sempre recebido com carinho, acompanhado de sua companheira Nora Nei, com quem depois foi casado.

Após o falecimento de Nora, vítima do cigarro, Jorge Goulart casou-se recentemente com uma pessoa muitíssimo simpática, que lhe tem grande amor e afeição.

Regressando ao Brasil, e devido também ao hábito de fumar,foi acometido por um câncer, exatamente em seu bem mais precioso:suas cordas vocais. Antes de ser operado para a retirada do tumor, gravou várias músicas que antes foram conhecidas pelas interpretações de outros cantores, mas que vieram enriquecer seu repertório.

Superando o grande trauma que foi a perda das cordas vocais, hoje ele se apresenta fazendo "mímica", usando "play-beck", o que o faz ser aplaudido em todos os lugares por onde passa, até mesmo nas apresentações carnavalescas no palco que todos os anos é erguido na Cinelândia, em frente à Câmara Municipal.

Jorge Goulart ainda se apresenta em shows especiisa, alguns beneficentes em Igrejas e Escolas.

A Jorge Goulart, meu carinho nesta data de seu 84° aniversário.


NORMA HAUER abraçando JORGE GOULART em seu 84º aniversário, no auditório da Rádio Nacionaldo Rio. 16/01/2010

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