Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Gioacchino Antonio ROSSINI

ROSSINI
(1792-1868)


Gioacchino Antonio Rossini nasceu em Pesaro a 29 de fevereiro (ou 2 de março) de 1792. Dificilmente teria outra carreira a seguir: era filho de um trompista e de uma cantora. Nos primeiros anos de vida já cantava bem e tocava trompa. Antes da adolescência, subiu ao palco para cantar óperas.

Depois de estudos musicais bastante precários em Bolonha - onde escreveu alguns quartetos para cordas no estilo de Haydn - dedicou-se inteiramente ao teatro. Aos dezoito anos, escreveu uma comédia em um ato. Nem bem estreara sua primeira obra, ‘La Cambiale di Matrimonio’, começou a atender a encomendas de teatros de Ferrara, Veneza e Milão. O exigente público milanês consagrou, em 1812, a ópera ‘La Pietra del Paragone’

Rossini, embora jovem, passou a ser respeitado como um grande compositor. Não poderia ser diferente: em apenas dezesseis meses escreveu sete óperas, seis delas cômicas. No ano seguinte, seu trabalho foi reconhecido internacionalmente. A principal peça deste período é a dramática Tancredo (1813). Foi a farsa cômica A italiana em Argel, também composta nessa fase, que Rossini se tornou conhecido como um compositor ousado, fundindo expressão lírica e recursos dramáticos com a melodia límpida e harmonia rica.

Mas a carreira de Rossini também experimentou algumas ondulações. Depois da brilhante etapa de estréias, produziu composições para Milão que desagradaram os críticos. Transferiu-se para Nápoles - onde escreveu Otello - para dirigir o teatro São Carlos, onde, sob contrato, tinha que compor dramas, mas conseguiu permissão para continuar escrevendo sob encomenda. A partir de 1815, sob contrato com Barbaja, empresário do teatro Scala de Milão, da Ópera Italiana, de Viena e Nápoles, compôs durante oito anos nada menos que vinte óperas.

Os italianos queriam uma comédia diferente, e Rossini fez, em treze dias, O barbeiro de Sevilha, cuja estréia, em Roma, a 26 de dezembro de 1816, foi vaiada; mas a partir da segunda apresentação, no dia seguinte, tornou-se o maior sucesso de toda a história do teatro musical, na Itália e no estrangeiro. Rossini tornou-se o autor de óperas mais representadas na Europa e o compositor mais célebre de sua época, preferido pelo grande público ao seu contemporâneo Beethoven, o qual conheceu em Viena. Falava-se de ‘febre rossinesca’.

Rossini considerava Maria Malibran, a melhor cantora da época. Mas casou-se com uma outra soprano importante, Isabella Colbran, e voltou com ela para Bolonha. Antes disso, conseguiu uma façanha: acabou com as aberturas tradicionais dos espetáculos de ópera, muito longas e distantes da trama. Devido o enorme sucesso de Semiramis, foi convidado a morar em Londres onde, em menos de cinco meses, ganhou a importante soma de 7.000 libras.

Em 1823 aceitou um vantajoso contrato permanente com a Ópera de Paris, onde passou a residir e chegou a exercer altas funções honorificas, sendo entusiasticamente festejado. Compôs Guilherme Tell, a mais bela e mais completa manifestação do gênio de Rossini. Recebeu do rei da França os cargos de primeiro compositor do rei, e inspetor geral de canto, percebendo um salário de 20.000 francos anuais. Privilegiado pela facilidade de improvisação, esbanjou o seu talento comerciando a sua arte.

Mas depois da revolução de julho de 1830 e dos primeiros sucessos de Meyerbeer, Rossini abandonou a capital francesa e a composição de óperas. Estava muito doente. A beira de um colapso nervoso, voltou para Bolonha. Só escreveu em 1832, um Stabat Mater, música sem muita importância, operística, que no entanto encontra até hoje admiradores, e uma missa que é bastante melhor.

Perdeu a esposa em 1845 e, depois se casou com Olympe Pélissier, mulher que reunia a elite cultural em sua casa de Paris. Ela cuidou dele durante quinze anos, período em que quase não criou nada de importante.

Em 1855 estava, de novo, em Paris, curado e ansioso para voltar a produzir. Compôs várias peças para piano e vozes, sempre com requinte. Rossini passou o resto da vida no ócio, dedicado aos prazeres da mesa, famoso por suas frases espirituosas e maliciosas, vindo a morrer em Paris a 13 de novembro de 1868, aproveitando as delícias da fama.

Óperas cômicas - A alegre ópera A italiana em Argel (1813) foi eclipsada pelo sucesso enorme de O barbeiro de Sevilha (1816), que é até hoje a ópera mais representada na Itália e muito exibida no estrangeiro: merece isso pela verve da abertura e das árias, e pelo efeito irresistível das cenas cômicas. De Cinderela (1817), que é musicalmente mais séria, só sobrevivem algumas árias, modelos de bel canto, e de A pega ladra (1817) só a abertura.

A música dessas obras é muito divertida, sem seriedade nenhuma, mas excelentemente adaptadas ao texto e, sobretudo, à ação dos cantores no palco. A contribuição principal de Rossini para a música de ópera é a exploração do elemento histriônico.

Óperas sérias - No entanto, a ambição de Rossini foi a ópera séria, trágica, para a qual não tinha o mesmo talento. É digno de nota o fato de que as aberturas de suas óperas sérias poderiam muito bem figurar como introduções a óperas cômicas. Mas na época, Tancredo (1813) foi muito admirada, mais ainda Moisés no Egito (1818), que se afigurava aos contemporâneos espécie de oratório no palco. Mas também não se cansaram de ouvir Otello (1816) e Semiramis (1823), hoje totalmente esquecidos. Só A dona do lago (1824) teve, imerecidamente, menos sucesso.

A grande obra séria de Rossini é a sua última ópera: Guilherme Tell (1829). A abertura é realmente um bom trecho de música. Mas na própria ópera, a "luta pela liberdade" parece-nos hoje travada como por soldados de chumbo. Os italianos, porém, descobriram e descobrem nessa obra os primeiros sinais do Risorgimento.

O sucesso de Rossini - Guilherme Tell, assim interpretado, é uma exceção. A música de Rossini acompanha a época da Restauração, entre 1815 e 1830, e foi o divertimento predileto de uma sociedade frívola e deliberadamente apolítica. É por isso que Rossini conquistou triunfalmente a Europa, um "Napoleão da música", como disse Stendhal, que cometeu o erro de colocá-lo na mesma altura de Mozart. Balzac também o considerava o maior músico de todos os tempos, elogio que depois de 1830 já não tinha sentido.

http://www.classicos.hpg.ig.com.br/rossini.htm


Pouco Tempo

Abra a janela
para que a borboleta amarela
visite seu escritório -

taças empoeiradas,
enciclopédias nunca abertas.

Decerto a pequena criatura
errou de caminho

mas já que as asas
debatem-se entre
a poltrona e os pufes

não se mova
não acenda seu cigarro
nem escreva um poema

olha que estranho
lá fora todos os postes apagados
a rua completamente escura

talvez a criaturinha
saiba muito bem
porque entrou por sua janela -

sopinha quente,
pão com doce de leite dentro.

Meditação Budista - por Liduina Vilar.


"A meditação Budista visa, em primeiro lugar, restabelecer
a comunicação com nós mesmos.Raramente estamos pre-
sentes para nós mesmos. Fugimos de nós porque é assus-
tador voltar para casa e enfrentar o medo e o sofrimento
da criança ferida que existe em nós e que vem sendo igno-
rada há tanto tempo. Mas é maravilhoso voltar para casa e
dizer: "menino(a), estou aqui para você."Esse é o primeiro
passo.Somos a criança profundamente ferida que espera
voltar para casa. E somos também aquela que fugiu de ca-
sa, que negligenciou a sua criança. Temos que voltar e cui-
dar de nós. Nosso corpo, nossos sentimentos e nossas per-
cepções precisam de nós. A criança ferida que existe em
nosso interior necessita de nós. Nosso sofrimento e nossos
bloqueios causados pela dor requerem nossa atenção. O
que desejamos mais profundamente é tomar consciência
disso. Vamos voltar para casa e estar lá para atender a
todas essas solicitações.Podemos praticar caminhando e
respirando com Atenção Plena. Temos que fazer tudo com
Atenção Plena para estarmos realmente presentes e, assim
conseguirmos AMAR."

Esquecimento

Quando estiveres por um fio
sê o mito -

e quando te sentires gigante
procura debaixo das unhas
a terra úmida de tua cova.

Ao outro agradece
pelo caminho indicado
pelo abraço forte
pela tenra lágrima

mas somente tu és o responsável
pelos gravetos na floresta
pelo fogo no teu ventre
pela chama que sobe
até as nuvens.

Não permitas ao outro
o direito sobre

tua alma intrigante
o corpo molenga
a mente aturdida.

Deixa claro
que mesmo após tua morte
ao outro cabe apenas as alças
do teu ataúde -

quiça uma coroa de plástico
e um sorriso.

Assim, amarás de verdade
o outro que te ama.

Ou (tens a liberdade)
junta todas essas palavras
e à fogueira que acendeste
lança-as, pula, festeja.

O APAGÃO MATERIAL E ESPIRITUAL


Acredito que a vida guarda uma simetria e semelhança cosmológica e ontológica. Um mundo de fenômenos sutis e invisíveis acontece paralelo ao nosso mundo de fenômenos concretos e visíveis. E muitas das vezes não percebemos, ou seja, não vemos porque não temos ainda sensibilidade para tal. Quantos de nós já se deu conta de uma fonte de luz importante que existe interiormente desligada de nossa consciência? Uma multidão vive num apagão psicológico-espiritual! E por causa disso, não consegue ver e caminhar de forma consciente pelas avenidas, estradas, becos e ruas escuras ou mal iluminadas da realidade. É um transtorno individual e coletivo psico-espiritual. O apagão material é fácil de se perceber imediatamente porque pode ser observado no instante em que acontece. Os sinais estão no contexto social e energético em que vivemos, e dependemos dessa energia que nos é familiar. É o gás que falta; é a lâmpada que não acende; é o televisor que não funciona; é o computador que não liga etc. Nos identificamos com essa energia-tecnologia e pagamos pelo seu uso. E quando tudo deixa de funcionar de uma vez só percebemos que foi um apagão, algo que aconteceu de forma geral em quase todos os lugares em que habitamos e convivemos. E logo queremos uma explicação racional dos motivos ou causas que fizeram acontecer o apagão indesejável. No apagão mais recente as autoridades alegaram interferência atmosférica: um raio atingiu um ponto crucial da malha de distribuição elétrica!!! (????) Outros por sua vez dirão que tem algo mais que não querem trazer à luz os fatos verdadeiros: falta de investimento no setor de gestão da mega-rede elétrica interligada. E assim, comissões de políticos se formam para debater e cobrar uma verdade mais convincente e real. Todos querem a verdade sobre o apagão material! Pois, o prejuízo material-econômico é imenso: perdas de produção na indústria, acidentes nas estradas e cruzamentos, assaltos, cirurgias que são afetadas, indivíduos que sofrem por falha de instrumentos que garantem a sua sobrevivência, bancos que não permitem a retirada do dinheiro etc. O caos!

E o apagão espiritual? Os sinais dele estão no comportamento dos indivíduos em suas atitudes cotidianas. É o consumo de drogas em geral; a violência gratuita; a banalização da vida; o desrespeito aos valores fundamentais-sagrados; a desigualdade e injustiça social; a riqueza concentrada nas mãos de poucos; os muros e cercas que isolam consciências e acirram disputas por mercados ou poder (político ou econômico) ; a corrupção como cultura do mais “esperto” do que o outro; a exploração do trabalho socialmente necessário em detrimento do trabalho espiritual (pessoalmente imprescindível); a massificação de propagandas persuasivas negando ou retirando a oportunidade do outro pensar, decidir e agir por sua própria consciência; a tecnologia que serve para escravizar a mente humana; a aceleração do ritmo de produção e consumo ad infinitum; a destruição e poluição do ecossistema; a exploração dos recursos naturais de forma desequilibrada e desenfreada; a perda da idéia primeira da hierarquia dos processos sutis internos e externos da natureza. É, portanto, a alienação de uma civilização dita “moderna” que mais exclui do que inclui. É a miséria interior em cada um de nós. Pois, 2/3 da humanidade não tem a oportunidade de viver dignamente como seres humanos normais. Uma boa parte da nossa população vive como animal defendendo sua propriedade e ganho material-econômico com unhas e dentes enquanto ao lado alguém sofre e precisa de uma ajuda solidária: uma palavra amiga, um pedaço de chão irmão, um prato de comida saudável, uma oportunidade de trabalho justo etc.

O apagão espiritual é, portanto, a ausência de uma consciência solidária, amorosa e holística. Infelizmente o apagão espiritual continuará porque ainda só enxergamos o apagão material-econômico. Todo nosso viver é para assegurar a luz dos valores materiais-econômicos. Enquanto isso, o caos da escuridão interior ocorre ferozmente destruindo psiques e consciências em desenvolvimento. Nossa civilização está se desabando e escurecendo por falta de luz-consciência-de-si. Hoje, precisamos mais de luz-ontologia do que de luz-tecnologia; mais de homens conscientes do que animais racionais; mais gentileza no agir do que retórica no discursar; mais verdades profundas do que conhecimentos que não falam a língua do Espírito que habita o mundo interior humano. Falta, portanto, a presença de uma super-consciência universal, holística, ética, equilibrada e fraterna em cada mundo individual humano. Sem isso, poderemos até iluminar o planeta todo com luz eletromagnética, mas com certeza escureceremos o mundo interior fazendo com que deixemos de enxergar a fonte de todas as energias e verdades.

Infelizmente nos tornaremos cada vez mais cercados de escuridão, destruição, ignorância de si e infelicidade!

Bernardo Melgaço da Silva

Marretadas

No apartamento
andar de cima
marretadas.

Quase um mês
de marretadas.

Os operários emudecidos
olham-se entre si,
gesticulam
e marretadas.

Ao lado um recém-nascido
engasga-se com tanta poeira.

O dono do apartamento
fugiu desde a primeira marretada.

Só aparece final de semana
lançar os olhos aos entulhos
desculpar-se aos vizinhos
por tanto transtorno.

Assim minhas férias
trancado no apartamento
ouvindo o silêncio das almas
e o barulho infernal das marretadas.

Mas sem tragédia física.

Afinal entre uma e outra marretada
ainda posso ouvir uma serra Bosch
lixar e polir azulejos.

Pensamento para o Dia 13/11/2009


“Abandonar o pequeno “eu” é o que realmente significa renúncia. Isso quer dizer: sublimar cada pensamento, palavra e ação em uma oferta a Deus, saturando todos os atos com intenção Divina. Cultivar o amor é a melhor disciplina espiritual. O amor se dá eternamente e nunca pede algo em troca. Derrame amor sobre os outros e você receberá de volta. Pare de compartilhar o amor e não haverá nada mais para compartilhar. O amor prospera com a renúncia; de fato, eles são inseparáveis.”
Sathya Sai Baba

O Expresso Mundo está chegando

Começa hoje a 11ª Mostra SESC Cariri de Cultura. E hoje também estou abrindo o bar-café "Expresso Mundo", na antiga estação ferroviária do Crato (RFFSA). Um local de alegria, abraços, beijos, paquera, emoções, bate-papo, boa música, encontros, leitura, cultura, despedidas, amizades, amores, e de muitas emoções.
Entre nesse expresso e viva mundos diferentes.
Expresso Mundo, onde todo mundo se expressa.