No apartamento
andar de cima
marretadas.
Quase um mês
de marretadas.
Os operários emudecidos
olham-se entre si,
gesticulam
e marretadas.
Ao lado um recém-nascido
engasga-se com tanta poeira.
O dono do apartamento
fugiu desde a primeira marretada.
Só aparece final de semana
lançar os olhos aos entulhos
desculpar-se aos vizinhos
por tanto transtorno.
Assim minhas férias
trancado no apartamento
ouvindo o silêncio das almas
e o barulho infernal das marretadas.
Mas sem tragédia física.
Afinal entre uma e outra marretada
ainda posso ouvir uma serra Bosch
lixar e polir azulejos.
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