Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Vitrine virtual - Foto por Dr. Heládio

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Dr. Heládio, pela primeira vez, nos oferece de presente uma foto de sua autoria para postarmos no Cariricaturas.
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Pela gentileza que nos presta, ousei ilustrar a foto com um texto. Espero não estar ferindo a grandeza e a beleza que a imagem sugere.
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Sou da Serra

Sou da terra
onde falam
a língua que eu conheço,
onde pressinto a noite
onde de mim tudo sei
e do resto me esqueço.
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Sou da Serra
onde a mata tem cheiro
e em meu olhar as estrelas
brincam de se esconder.
Onde a vida descansa e
em minhas mãos tem afagos
sem ganhos nem perdas.

Sou da Serra
onde a Lua vem do céu passear
e brincar toda noite quando brilha o luar
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Sou da Serra, da Serra do Araripe
Mas só lá sou da terra e lá a terra é minha,
E só lá tenho o céu
todo azul só pra mim.
E na tarde serena
E no sereno da noite
nada do que conheço
haverá de ter fim.


O Silêncio do Vale
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..Às vezes, é preciso ficar em silêncio. Ouvir o que há dentro de nós: a voz da alma, a voz da razão e do coração. Ouvir o som do vale e o eco da serra. Ouvir a saudade e o vento que chega. Ouvir a chuva e saber entendê-la. Ouvir e refletir.

As palavras muitas vezes emudecem, se esgotam. As palavras nos faltam ou calam. E de repente, não mais as ouvimos, não mais nos atropelam seus apelos. E ficamos, cada vez mais, à mercê do silêncio. O silêncio dourado e fecundo. O silêncio da serra que se estende no vale...
O silêncio, simplesmente o silêncio.
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Foto por Dr. Heládio

Texto: Claude Bloc

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Versos do Quintana - Colaboração de Ismênia Maia


Somos donos de nossos atos,
mas não donos de nossos sentimentos;
Somos culpados pelo que fazemos,
mas não somos culpados pelo que sentimos;
Podemos prometer atos,
mas não podemos prometer sentimentos...
Atos sao pássaros engailoados,
sentimentos são passaros em vôo.

Mário Quintana
(foto de Ismênia Maia)

A Rabada - Por Roberto Jamacaru

Sete de setembro de 1959.

Nesse dia o sol ainda não tinha nascido e eu já havia pulado da cama para vestir o uniforme de gala da escola, pois, na cidade, além dos colégios particulares, todos os Grupos Escolares iriam participar do desfile comemorativo à Independência do Brasil.
Nas 24 horas anteriores, minha ansiedade tinha sido pior... Cedo, fui ao barbeiro para o tradicional corte de cabelo à navalha, cuja estética, deixava os meninos parecidos com os índios Apaches do Velho Oeste Americano, pois, à exceção do centro da cabeça, o resto era raspado à zero ficando, dessa forma, provocativo para os indesejáveis pesqueiros (cascudos) dos adultos e coleguinhas.


Em seguida, apanhei os sapatos junto ao engraxate da praça. Isso porque, por ordem de D. Estela, a Diretora da Escola, da qual a gente morria de medo, só poderia participar do desfile quem estivesse com eles espelhando, numa exigência semelhante à da farda que deveria vir com seus vincos passados e endurecidos de goma.
Na realidade mesmo, o único incômodo que tínhamos nessas ocasiões de festas, era vigilância sanitária, chamada de “asseio”, que as nossas queridas mães costumavam impor à gurizada da época. Ela consistia na retirada do grude encardido em nosso corpo, na limpeza dos ouvidos, no corte das unhas e, por fim, na escovada dos dentes, esta quase sempre esquecida por todos os pirralhos.


Nesse dia, minha expectativa para marchar era tanta, que quase não tomei direito o tradicional café da manhã, composto de café-com-leite e pão sovado (carioquinha), este passado na manteiga da terra.
Uma vez no meio dos demais participantes, vi que nossa querida professora, hoje chamada de “Tia”, também estava tensa, mesmo tendo ensaiado conosco por quase dois meses. Mas ela tinha lá suas razões, pois na nossa faixa etária, entre os sete a doze anos (éramos os mais novos de toda a corporação), a capacidade de concentração em qualquer coisa era muito difícil. Logo todo aquele preparo de vários dias poderia ir para o espaço em questão de minutos.

De repente soou o apito!

Nesse exato instante, a nossa adrenalina, que na época chamava-se tremelica – de tremedeira – foi a mil! As filas, sob os comandos quase militares dos orientadores, foram organizadas!
O ruflar dos tambores e os toques dos clarins ecoaram pelos quatro cantos da Praça da Sé provocando arrepios em toda a escola! Dona Estela, então, estava uma pilha!


Abrindo nosso desfile, apareceu a bandeira nacional sendo portada pelo mais alto dos alunos. Logo atrás, encima de um Jipe, as figuras imitativas de D. Pedro I e da Princesa Izabel despontaram ladeando uma flâmula do nosso símbolo escolar. Antes da banda, para delírio geral da assistência e dos voyeurs, surgiu a baliza. Ela estava linda com seus trajes sumários de soldadinho de chumbo a fazer acrobacias mil com seu bastão quase mágico!


A partir daí os aplausos começaram a ser ouvidos com mais intensidade, pois a evolução do nosso desfile estava no ritmo perfeito. Aliás, cadência melhor, só a do TG – Tiro de Guerra, representatividade essa comandada por um sargento. Confirmando o desempenho, mais uma atração apareceu antes dos pelotões. Ela, pela harmonia de seu trote, provocou novo delírio na multidão: era a cavalaria!


No nosso caso, que estávamos na rabada dos pelotões, pois éramos baixinhos, a gente pensava que iria provocar o mesmo furor quando atingíssemos o corredor de maior concentração popular. Dessa forma, já fazendo pose e nos achando os reis da cocada preta, ficamos aguardando o nosso momento de glória. Enquanto isso, em meio ao prosseguimento do desfile, nossas Tias corriam feito loucas tentando manter o sincronismo, o silêncio e o alinhamento das alas e filas.


Essa preocupação tinha explicação. Naquela época se fazia o desfile da independência por amor e respeito aos acontecimentos cívicos, mas também porque havia premiações nas diversas categorias para as representações participantes. Nesses dias também, a comunidade, cheia de enganos mil, afluía para o centro da cidade vestindo roupas novas, acenando bandeirinhas e demonstrando muito orgulho de ser brasileira.


Aproveitando a festa popular, as autoridades, principalmente os políticos, já de olhos nas eleições futuras, faziam de tudo para ficarem de forma proeminente no palanque. Para o público em geral e desfilantes, no entanto, a comodidade era outra: no calçamento, de paralelepípedo, a temperatura passava dos 40º graus. Finalmente nossa escola atingiu a artéria de maior concentração popular. Foi aí que a banda, com seus quase cinquenta componentes, caprichou nos breques, paradinhas e toques das cornetas. Os pelotões dos rapazes e das moças evoluíram também rua adentro arrebatando elogios pela cadência precisa de seus movimentos. Até então estávamos imbatíveis no desfile. Parecia até que a vitória já estava garantida. Dona Estela, sem caber em si, sorria com todos os músculos, olhos, dentes e cantos da boca.


Finalmente chegou a nossa vez!

Só que, para decepção minha, e de toda a gurizada, a reação do público, a exceção dos nossos familiares, foi bem diferente. Nem bem adentramos na primeira rua, em vez dos aplausos e elogios, o que mais se ouviu foram risadas, piadas e muita gozação.

Uns, ironizando-nos, gritavam: “Lá vem a RABADA!”.

Outros provocavam nosso brio dizendo: “Marchem direito, seus tamboretes de samba!”.
Quem era magro, levava o apelido de sibito baleado, graveto, fiapo, grilo escambichado ou Mané-mago. Os gordos, por suas vezes, eram chamados de bolinha, bolo-fofo, baleia ou bacurim!
Não tinha jeito. Por mais que nos empenhássemos, a chacota sempre comia de esmola.
Agora vocês não queiram imaginar nosso sufoco: com o eco da banda já perdido e ainda por cima desestimulados pelo público que o tempo todo ria de nós, finalmente entramos na rua principal onde estava situada a Comissão Julgadora. A essa altura do desfile, não havia, nos nossos braços e pernas, o menor senso de sincronia e cadência. Nossos olhares estavam perdidos entre o céu e a terra. O converseiro... Bom, esse era incontrolável!


Com o calor que fazia e o cansaço do esforço inicial, nossas blusas saíram das calças e, suadas que estavam, deixaram nossos uniformes em completo desalinho. A mesma desarrumação acontecia em relação aos cadarços dos sapatos com seus nós desfeitos. Os raios solares, implacáveis, deixaram nossos rostos vermelhos como pimentões. Essa bagunça generalizada aguçou, mais ainda, o humor popular que, entre risos e zombarias contínuas, acabou, de vez, com o resto da nossa auto-estima.

Finalmente chegamos ao ponto máximo do desfile que era a cruzada na frente do palanque. A essa altura, para loucura de toda a Diretoria da Escola, tinha menino dando cascudo na cabeça de outro, atirando bolinhas de papel entre si; chorando, trocando de fila e, de uma forma geral, rezando para que tudo terminasse. Como decepção maior, ouvimos das autoridades e comissões presentes, mais risos do que palmas. Até o Padre, e o Senhor Prefeito, caíram na maior das gargalhadas.


Na dispersão, em meio à multidão, muitos voltaram desconsolados para suas casas. Aquela homenagem que nós pequenos pretendíamos dar à nossa Pátria, no dia da sua autonomia, ficou na memória de cada um como uma incoerência... A Independência do “Gigante pela própria natureza” parecia não ser tão séria como deveria. Com o intuito de evitar novos traumas, aos baixinhos e baixinhas do nosso querido Brasil, apelamos aos compatriotas para que, no próximo Sete de Setembro, dia do orgulho nacional, façam diferente:

Aplaudam a Rabada!
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Texto e foto por Roberto Jamacaru

Sua majestade, a Soja ! - Por Socorro Moreira



Ensopadinho de soja

1 tijela de soja
2 dentes de alho cortados em rodelas finas
½ tijela de cogumelos cortados em pedaços pequeninos
1 cebola grande
Salsa picada
½ copo de massa de tomate
1 caldo knorr de legumes
Azeite

Regue a soja com um pouco de água e espere ½ hora, o tempo necessário para absorver a água. Pique a cebola e o alho e faça um refogado com um pouco de azeite.

Quando a cebola começar a alourar deite os cogumelos, e a soja, o caldo knorr, um pouquinho de água, apenas o suficiente para não deixar pegar ao fundo do tacho.

Ao fim de 5 minutos coloque a massa de tomate e mexa. Acrescente água, se necessário e deixe cozer por uns 20 minutos.

Por fim, deite a salsa picadinha.
Pronto a servir. Bom apetite.

Sugestão: Acompanhe com arroz branco , puré de batata , maça ,espinafres, ou com macarrão.
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Propriedades da soja
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"O grão de soja é composto por 36% de proteína, 15% de fibras, 15% de mono e oligosacarídeos, 18% de óleos e o restante de outros nutrientes. A proteína da soja é excelente, pois fornece os aminoácidos essenciais à saúde humana. Por isso, a soja é considerada um alimento tão rico como o de origem animal, como a ovos e carnes. "Outra vantagem da soja é sua versatilidade, capaz de enriquecer a dieta dos brasileiros com inúmeras preparações e ingredientes", explica o nutrólogo da Abran e pós-graduado pela Unicamp, Edson Credidio.

Vários estudos científicos e epidemiológicos comprovam a ação da soja na prevenção de doenças crônicas, como problemas no coração, alguns tipos de câncer, sintomas da menopausa, entre outros.

Coração -- Um das principais propriedades da soja é ajudar no controle do colesterol. O consumo de soja faz com que os níveis de LDL, o chamado colesterol ruim, diminua. Além disso, estudos mostram que a soja propicia um pequeno aumento dos níveis de HDL, conhecido como bom colesterol.

O próprio FDA (Food and Drug Administration), órgão norte-americano regulador de drogas e alimentos, reconheceu o poder da soja no controle de problemas cardiovasculares. Desde 1999, o órgão autorizou o uso de uma Alegação de Saúde, uma espécie de indicação, nos rótulos de alimentos que contém 25 gramas de proteína de soja, associando o consumo do nutriente à redução de doenças cardíacas.

Câncer -- Outro benefício proporcionado pela soja é a prevenção de alguns tipos de câncer, como o de mama, próstata e cólon. A baixa incidência de câncer de próstata e de mama entre as populações orientais é atribuída ao alto consumo de soja nesses países. De acordo com a American Cancer Society (Sociedade Americana de Cancerologia), uma a cada oito mulheres norte-americanas sofre de câncer de mama e um a cada cinco homens norte-americanos apresenta câncer de próstata. Em países asiáticos, a taxa destes tipos de câncer é de cinco a oito vezes mais baixa.

Menopausa -- As mulheres, além de se prevenirem contra o câncer, têm mais motivos para consumir a soja com freqüência. As isoflavonas, presentes nas proteínas da soja, ajudam a preservar a massa óssea, prevenindo a osteoporose, e reduzindo os sintomas típicos da menopausa, como ondas de calor.

As isoflavonas são substâncias fitoestrogênicas, pois apresentam semelhança estrutural com os hormônios estrogênicos. Elas agem ligando-se aos receptores de estrógeno e promovem ações semelhantes ao hormônio sintetizado pelo próprio organismo. Dessa maneira, a isoflavona pode ser usada durante a menopausa, como uma terapia alternativa à reposição hormonal. "

Fonte: http://alimentoseguro.locaweb.com.br/noticias1492.asptipo_tabela=noticias&id=1492&categoria=saude
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Homens em revistas culinárias-Maria Inês Guillard-Lucena

Os estudos sobre gênero – masculino e feminino – têm dado contribuição para a compreensão do ser humano e do mundo. Investigamos, como os valores e a ideologia das sociedades ocidentais materializam-se no discurso sexista divulgado pela mídia impressa. Os resultados indicam os caminhos da construção da identidade masculina – sempre em relação à feminina – ainda colocando os homens no trabalho fora de casa, em profissões de maior prestígio (chef de restaurante), melhor remuneradas, e as mulheres nas tarefas domésticas, tendo que galgar seu lugar ao lado deles, em continuidade à luta iniciada nos anos 1960. Mostram, também, como a mídia tem representado as relações de gênero ao incentivar as inovações (homens na cozinha), por um lado, e a manter o status quo (homens em uma cozinha diferenciada, com mais poder), por outro modo.

É fundamental, para compreender o (novo) homem do mundo moderno, acompanhá-lo nos espaços que freqüenta. No cotidiano, os gestos, as palavras simples e os pequenos detalhes adquirem grande importância, expõem seu íntimo, seus desejos, sua face oculta – ou ocultada – aos olhos mais apressados.

Cada um de nós tem o poder de apoderar-se de uma parte de si-mesmo. Por isso os gestos, os objetos, as palavras que vivem no cotidiano de uma simples cozinha também têm tanta importância (Certeau,1996: 286).

Tentamos, então, apurar os ouvidos, enxergar através das panelas e dos aventais, sentir os temperos, degustar os pratos (arroz e feijão ou caviar?) e apalpar os guardanapos bordados com fios de seda e poder.

Os cozinheiros de casa e os profissionais de gastronomia masculinos vêm ganhando enorme destaque na antiga arte feminina, ou pelo menos, adquirindo espaço em um lugar consagrado às mulheres.

As transformações pelas quais passam as atribuições dos dois gêneros sociais chegou à mais típica “obrigação” feminina: cozinhar. Antigamente, a jovem que se preparava para o casamento deveria saber lidar com os afazeres domésticos: organizar a casa, cuidar da limpeza, coser (preferencialmente) e, sobretudo, cozinhar. O papel do marido era o de prover o lar, e, para isso, trabalhava (fora).

Hoje, após a revolução feminina, em que as mulheres adquiriram sua independência econômica, a realidade é bem diferente. Homens e mulheres trabalham fora, cuidam dos filhos e, em grande parte dos casais modernos, da casa também. Os novos tempos estão mostrando não somente que as mulheres têm capacidade de fazer frente ao competitivo e exigente mercado de trabalho (Delourenço, 2007), como revelou que os homens têm dotes culinários e domésticos. Sejam eles cozinheiros amadores ou profissionais, muitos entendem mais do que muitas mulheres quando o assunto é comida. Profissionalmente, eles têm se destacado muito mais do que as mulheres como
chefes de cozinha. Por ser um setor de trabalho rentável, em que os homens estão dominando, as mulheres procuram galgar uma posição de igualdade. As tarefas do lar, sem remuneração, continuam desprestigiadas, daí serem incumbência feminina, desde tempos remotos.

Os homens, nas revistas de culinária, em geral posam ao lado de utensílios caros e de último tipo, utilizam ingredientes raros e de ótima qualidade em suas receitas, descrevem as ações com linguagem própria de grandes gourmets, e nomeiam seus pratos de modo a marcar distância das receitas comuns do dia-a-dia das donas-de-casa (avós, mães e esposas) do passado. Fazem da cozinha um lugar mágico e valorizado. As imagens que constroem são de profissionais que lidam com algo importante, requintado e de grande responsabilidade. Algo que somente se faz com inteligência e criatividade.

São os cozinheiros do futuro. Respondendo às questões formuladas na introdução, afirmamos que a divisão de papéis sociais entre os gêneros ainda hoje é bastante acentuada. E, com relação à construção da identidade do sujeito, é claro que, para as camadas da sociedade que lêem os textos midiáticos, as representações de gênero são fortemente sugeridas, ditando normas de comportamento “adequadas” aos homens modernos. Aos poucos, as outras camadas da população também adquirem os hábitos já assimilados pelos homens pioneiros da arte de cozinhar.

http://ntjp.ucam.edu.br/niteroi/revistatudo/doc/LUGARDEHOMEMeNACOZINHA.
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Advertência - A doença celíaca

A doença celíaca é uma enteropatia imunomediata desencadeada em indivíduos geneticamente suscetíveis quando há ingestão de glúten. Estima-se que a prevalência seja de 0,3% a 1% da população. Por ter como único tratamento a retirada do glúten da alimentação, a adesão ao tratamento é difícil, sobretudo fora de casa por ser hábito das pessoas a utilização de farinha de trigo, por exemplo, em vários pratos.
Objetivo: Este trabalho buscou investigar o conhecimento dos chefes de cozinha de restaurantes de auto-serviço do Plano Piloto/Distrito Federal acerca da doença celíaca.
Material e Métodos: Trata-se de um estudo transversal quantitativo e qualitativo desenvolvido por meio da aplicação de um instrumento com questões fechadas acerca da doença celíaca. Foram sorteados 30 restaurantes do tipo autoserviço cadastrados no site da Telelista e localizados no Plano Piloto/DF.
Resultados: Os indivíduos avaliados (n=30) apresentavam idade média de 37,75 anos, e eram predominantemente do sexo masculino (56,65%). Dos entrevistados 50% apresentam ao menos o Ensino Médio completo e o tempo médio de trabalho em restaurantes é de 12,58 anos e 50% (n=13) responderam que doença celíaca é intolerância a glúten. Dos restaurantes avaliados, observou-se que 53,33% (n=16) não possuíam nutricionistas.
O trigo foi o alimento mais lembrado (43,33%) como desencadeador de doença celíaca, mas a resposta completa (trigo, aveia, cevada e centeio) só foi acertada por um dos entrevistados (3,85%). A informação “contém glúten” ou “não contém glúten” passou despercebida por 76,67% dos indivíduos avaliados. 86,67% (n=26) dos chefes de cozinha acreditam que conhecer a doença celíaca é importante e que é necessário mudança no preparo de alguns pratos no estabelecimento, apontando a substituição da farinha de trigo por outros ingredientes que não contêm glúten.
Conclusão : Apesar dos chefes de cozinha avaliados apresentarem bom conhecimento acerca da doença celíaca, há a necessidade de instruí-los sobre formas de preparo de alimentos para se evitar a contaminação direta ou indireta por glúten para reduzir as restrições sociais dos celíacos que necessitam se alimentar fora de casa.

Gastronomia e Saúde

Do Desejo - Hilda Hilst


E por que haverias de querer minha alma
Na tua cama?
Disse palavras líquidas, deleitosas, ásperas
Obscenas, porque era assim que gostávamos.
Mas não menti gozo prazer lascívia
Nem omiti que a alma está além, buscando
Aquele Outro. E te repito: por que haverias
De querer minha alma na tua cama?
Jubila-te da memória de coitos e de acertos.
Ou tenta-me de novo. Obriga-me.
(Do Desejo - 1992)




Colada à tua boca a minha desordem.
O meu vasto querer.
O incompossível se fazendo ordem.
Colada à tua boca, mas descomedida
Árdua
Construtor de ilusões examino-te sôfrega
Como se fosses morrer colado à minha boca.
Como se fosse nascer
E tu fosses o dia magnânimo
Eu te sorvo extremada à luz do amanhecer.
( Do Desejo - 1992)



Que canto há de cantar o que perdura?
A sombra, o sonho, o labirinto, o caos
A vertigem de ser, a asa, o grito.
Que mitos, meu amor, entre os lençóis:
O que tu pensas gozo é tão finito
E o que pensas amor é muito mais.
Como cobrir-te de pássaros e plumas
E ao mesmo tempo te dizer adeus
Porque imperfeito és carne e perecível

E o que eu desejo é luz e imaterial.

Que canto há de cantar o indefinível?
O toque sem tocar, o olhar sem ver
A alma, amor, entrelaçada dos indescritíveis.
Como te amar, sem nunca merecer?
(Da Noite - 1992)

http://hildahilst.cjb.net/

Colando versos - Por: Socorro Moreira


Céu queimado de sol
Bicas cheias não pingam
Aguardo o presente do tempo
que prepara um papel
pra enrolar minha vida

Meu sonho rasgado pede costura
Meu coração pede sangue,
correndo feito criança,
na veia do desejo
.
-Volta, gota da minha folha !
.
Devolve a nuvem rosada
que enchia meus olhos
quando eu te avistava
.

Vínhamos - do jamais para o sempre - Guimarães Rosa

A lógica é a prudência convertida em ciência; por isso não serve para nada. Deixa de lado componentes importantes, pois, quer se queira quer não, o homem não é composto apenas de cérebro. Eu diria mesmo que, para a maioria das pessoas, e não me excetuo, o cérebro tem pouca importância no decorrer da vida. O contrário seria terrível: a vida ficaria limitada a uma única operação matemática, que não necessitaria da aventura do desconhecido e inconsciente, nem do irracional. (ROSA, 1995, p. 57)

Como a pedra, de asas inutilmente ansiosa.

Sionésio e Maria Exita – a meios-olhos, perante o refulgir, o todo branco.
Acontecia o não-fato, o não-tempo, silêncio em sua imaginação. Só o um-e-outra, um em-si- juntos, o viver em ponto sem parar, coraçãomente:
pensamento, pensamor. Alvor. Avançavam, parados, dentro da luz, como se fosse no dia de Todos os Pássaros.

O esquecimento é voluntária covardia.

“Saudade – um fogo enorme, num monte de gelo”

Fim não fim: repete antecipadamente meu único momento?


Guimarães Rosa.

* Uma pérola pescada por Amanda Teixeira/ Serendipity

" A OLIVEIRA E OS OLIVEIRA"






A Oliveira é proveniente do Mediterrâneo. De seus frutos, as azeitonas, os homens no final do período neolítico aprenderam a extrair o azeite. Este óleo era empregado como unguento, combustível ou na alimentação, e por todas estas utilidades, tornou-se uma árvore venerada por diversos povos. A civilização minoana, que floresceu na Ilha de Creta até 1500 a.C., prosperou com o comércio do azeite de oliva, que eles primeiro aprenderam a cultivar. Já os gregos, que possivelmente herdaram as técnicas de cultivo da oliveira dos Minóicos, associavam a árvore à força e à vida. A oliveira é também citada na Bíblia em várias passagens, tanto a árvore como seus produtos. Há de se fazer nota ainda sobre a longevidade das oliveiras. Estima-se que algumas das oliveiras presentes na Palestina (ou para alguns Israel) nos dias atuais devam ter mais de 2500 anos de idade.

Quero prestar hoje uma homenagem a uma família Cratense que marcou profundamente a minha meninice e adolescência no Crato e que por laços estreitos consolidou essa amizade que perdura até os dias de hoje. Trata-se da família Oliveira que aqui apresento em fotos. Denominei JULHO DE 2009 de “O MÊS QUANDO AS AVES SE REENCONTRAM”. Foram tantos e de tal significância que ainda hoje estou a digerir as emoções. Pois é, um desses encontros foi com a família Oliveira. Árvore prá dar bons frutos tem que ter raízes não só profundas, mas, sobretudo de qualidade. Todos os seus filhos, sem exceção, têm uma característica em comum. Herdaram dos pais um coração de ouro. São pessoas do bem, finas e educadas, simples, leais, afáveis, profundamente corretos nas suas ações. Herdaram o caráter de Seu Oliveira e a bondade e ternura da mãe.
De vez em quando Seu Oliveira passava na nossa casa na José Carvalho e tirava um dedo de prosa com papai e os dois riam muito. Certo dia meu pai me disse: “Nilo Sérgio, ai vai um homem de caráter como poucos nessa cidade”. O Nacélio (véim) e o Wilson foram meus colegas de Ginasial no Diocesano. Kaika, e Genga mais novos, mas sempre próximos. Nágela e Tête formavam o bloco de amizade feminino com as minhas irmãs Elerisa e Silvânia. A rua José Carvalho era o nosso feudo. Como eu gostava muito de cantar e tinha uma voz razoável, eu e Nacelio (um violeiro dos bons), formamos uma banda de Rock. Na bateria Xico Carlos e no baixo José Roberto irmão de XO. Tocávamos em tudo que era festinha de garagem, e XV anos. Fizemos sucesso hem? Depois no início da ditadura montamos uma banda: “Os Brasa 6”. Instrumental: Nacélio, Hugo, Xico Carlos e no vocal: Nilo, Diva e Joana. O repertório: só músicas de protesto. Nessa época, eu, Nacélio, Hugo e José Roberto já estávamos no Madrigal.
Numa aula de solfejo, Lúcia e Bernadete Cabral me chamaram num canto e disseram: Nilo Sergio, se vocês continuarem a desafiar as autoridades, com essas músicas nesse grupo vocês vão acabar presos. Monsenhor mandou dizer que não vai mais protegê-los. Foi procurado por um “agente “que queria saber da vida de todos e ele amenizou a coisa. Mas disse que vocês alunos do Diocesano não podiam ficar fazendo tolices. E disse pra vocês irem ao gabinete dele amanhã. Nós não aparecemos lá e continuamos o nosso protesto através da música. Quanta história hem?

Não só na música, mas nas brincadeiras e convívio escolar e fraterno prosseguiu essa amizade e esse aprendizado de ser feliz. E vocês OLIVEIRAS são parte dessa felicidade e do imenso prazer de pertencer a esse clã especial. Sou imensamente feliz e honrado por essa amizade. Deus cubra de Graças todos vocês.

obs. Crédito à Wikipédia pela informação sobre a árvore : Oliveiras

O Circo - Rejane Gonçalves

Há um homem que no primeiro dia é o palhaço, no segundo dia é o espectador, no terceiro dia é outra vez o palhaço e depois outra vez o espectador. Essa troca de papéis repetida indefinidamente através dos tempos embota-lhe o espírito. Sua mente transtornada é surpreendida com freqüência embaralhando os papéis; e assim é comum o palhaço cochilar na platéia e o espectador fazer mesuras no palco. Pode também suceder de essas duas figuras se postarem uma em frente à outra e, vítimas inconscientes dessa dualidade, não sabendo de imediato quem entrará em cena, impedir uma o desempenho da outra, sem que por nenhum momento se dêem conta disso.

O homem (acho eu) conhece o caminho que leva à porta de saída; todavia, devido às dimensões exageradas da casa onde se apresenta o show, antes que de todo seja tomado pela réstia da luz com que a porta o presenteia, uma voz autoritária aponta-lhe um lugar no palco ou na platéia . O homem, desconhecendo o que o aguarda lá fora, volta sempre para a monotonia do espetáculo.

Rejane Gonçalves


* Rejane, estamos aguardando seu nome, na lista de colaboradores.
Desde o ano de 1975 , que eu a considero uma das melhores escritoras que eu conheço.
Obrigada por ser nossa amiga. Sentimos orgulho de você.

Socorro Moreira

Frases sobre Silêncio

"O silêncio é um amigo que nunca trai." (Confúcio)

"O eterno silêncio desses espaços infinitos me espanta." (Blaise Pascal)

"O silêncio é a comunhão de uma alma consciente consigo mesma."
(Henry David Thoreau)

"O som aniquila a grande beleza do silêncio." (Charles Chaplin)

"É no silêncio que se educa o talento, e na torrente do mundo o caráter." (Goethe)

"O silêncio saberá proteger-te a voz, como o ninho protege as aves adormecidas." (Rabindranath Tagore)

"O homem arruína mais as coisas com as palavras do que com o silêncio."
(Mahatma Gandhi)

"As mais lindas palavras de amor são ditas no silêncio de um olhar."
(Leonardo da Vinci)

"O silêncio é um dos argumentos mais difíceis de se rebater." (Josh Billings)

"Prefiro que caluniem o meu silêncio a que caluniem as minhas palavras." (Nicolas Chamfort)

"O silêncio é o elemento em que as grandes coisas se adaptam uma à outra." (Thomas Carlyle)

"Muitas vezes, o silêncio da pura inocência persuade, quando as palavras malogram." (William Shakespeare)

"Já tenho escrito que o meu silêncio é feito de gritos abafados. Mas a vida é apenas um arrendamento provisório - um parênteses entre dois insondáveis infinitos." (José Rodriges Miguéis)

"Pratique o silêncio e você adquirirá um conhecimento silencioso. Neste conhecimento silencioso está um sistema computacional que é muito mais minucioso, muito mais preciso, e muito mais poderoso do que qualquer coisa que esteja contida nas fronteiras do pensamento racional." (Deepak Chopra)

"Depois do silêncio, aquilo que mais aproximadamente exprime o inexprimível é a música." (Aldous Huxley)

"Ouve-me, ouve o meu silêncio. O que falo nunca é o que falo e sim outra coisa. Capta essa outra coisa de que na verdade falo porque eu mesma não posso." (Clarice Lispector)

"No maravilhoso território do silêncio nós tocamos o mistério. Ele é o lugar da reflexão e contemplação, e é o lugar onde nós podemos nos conectar com o conhecimento profundo, para o caminho da sabedoria profunda."
(Angeles Arrien)

"Duas pessoas têm vivido em você por toda a sua vida. Uma é o ego, tagarela, exigente, histérico, calculista; a outra é o ser espiritual escondido, cuja silenciosa voz de sabedoria você somente ouviu ou reparou raramente - você revela em si mesmo o seu próprio guia sábio." (Sogyal Rinpoche)

"Eu lavo as minhas mãos em relação àqueles que imaginam que falar seja conhecimento, que silêncio seja ignorância, e que indecisão seja arte." (Khalil Gibran)

"Use os talentos que você tem: os bosques seriam muito silenciosos se nenhum pássaro cantasse lá, exceto aqueles que cantassem melhor."
(Henry Van Dyke)

"Os dias vão e vêm como figuras silenciosas e ocultas enviadas de uma adorável festa distante, mas elas não dizem nada, e se nós não usamos os presentes que elas trazem, elas os carregam de volta silenciosamente."
(Ralph Waldo Emerson)

"A meditação me ajuda a sentir a forma e a textura da minha vida interior. Aqui, no silêncio, eu posso começar a saborear o que os budistas chamariam de minha verdadeira natureza, o que os judeus chamam de calma, suave voz, e o que os cristãos chamam de Espírito Santo." (Wayne Muller)

"No Final, nós nos lembraremos não das palavras dos nossos inimigos, mas do silêncio dos nossos amigos." (Martin Luther King)

"Suceda a ação efetiva de reflexão silenciosa. Da reflexão silenciosa virá ainda mais ação efetiva." (James Levin)

"O que está sempre falando silenciosamente é o corpo." (Norman Brown)

"Nenhum trompete toca quando são tomadas as decisões importantes de nossa vida. O destino é anunciado silenciosamente." (Agnes De Mille)

"Um amigo é alguém com quem podemos estar em silêncio." (Camillo Sbarbaro)

"Nossas vidas começam a terminar no dia em que permanecemos em silêncio sobre as coisas que importam." (Martin Luther King)

"O único tirano que eu aceito neste mundo é a silenciosa voz interior."
(Mahatma Gandhi)

"Somente o silêncio é grande, o resto é fraqueza." (Alfred de Vigny)

"Há sempre, nas mais sinceras confissões das mulheres, um cantinho de silêncio." (Paul Bourget)

"Ao teu silêncio e desprezo, transformo-os em melodias e sonhos. Deste modo, sinto com nostalgia a tua voz e a tua presença." (J. M. Hamill)
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Tradição Oral - Bisaflor conta histórias - Por: Stela Siebra Brito

Sábado passado, Bisaflor foi contar histórias no Lameiro, na casa de Cristina e Zé Nilton. Foi um acontecimento singular, porque as histórias eram intercaladas por músicas. Zé Nilton afinou o violão com esmero e tocou e cantou suas canções. Cristina, com Igor, seu neto, sentadinho junto dela, virou criança outra vez. Aliás, não foi só ela, todos os amigos presentes alimentaram-se não só dos deliciosos quitutes de Cristina, mas, sobretudo, da magia das histórias que Bisaflor contava. Foram muitas, mas Igor pediu para repetir a aventura do Príncipe Caranguejo. Criança é assim, sempre pede pra repetir uma história.

O PRÍNCIPE-CARANGUEJO

Era uma vez um pescador que estava passando por dias difíceis, parecia até que o mar não estava mesmo pra peixe, tantas eram as vezes em que ele chegava com o barco vazio na praia.
No entanto, houve um dia em que puxou a rede e ela estava muito pesada. O homem ficou feliz, imaginando o bom dinheiro que ganharia com a venda do pescado, mas qual não foi sua surpresa ao verificar que pescara um caranguejo de proporções enormes. Ficou abismado, mas decidido a arranjar comprador para tão inusitada pesca, só assim teria dinheiro suficiente para pôr comida na mesa da sua casa.

Foi ao palácio real para vender o caranguejo ao rei, mas este se mostrou relutante, pensava no que haveria de fazer com aquele caranguejo grandalhão. Enquanto tentava persuadir o homem a arranjar outro comprador, sua filha chegou e, como era louca por animais marítimos, pediu ao pai para ficar com o caranguejo:

- Ah, meu pai, compre, compre! Podemos colocá-lo junto com os dourados e as tainhas, no grande tanque, lá ele vai ficar muito bem.

O rei amava muito a filha, gostava de atender seus pedidos e prontamente comprou o caranguejo. O pescador mergulhou-o no tanque, recebeu o pagamento – uma bolsa de moedas de ouro - e foi embora comprar comida para a família.

A princesa não se cansava de admirar o caranguejo e passou a observar todos seus movimentos e costumes. Achou curioso constatar que todo dia, por volta do meio-dia o caranguejo desaparecia e só voltava ao tanque por volta das três horas da tarde. Para onde iria? Em que águas nadaria o caranguejo nesse espaço de tempo? Era o que se perguntava, mas não conseguia imaginar, descobrir uma pista enfim. “Fazer o quê? Existe tanto mistério na natureza, esse é só mais um”, pensou a princesa.

Certo dia estava ela contemplando seus peixes, quando um pobre vagabundo pediu esmolas, lá embaixo, no grande portão do palácio. A princesa jogou-lhe uma bolsa de moedas. O mendigo se esticou, mas não conseguiu pegar a bolsa, que deslizou pela água de uma vala.

Lança-se, então, o pobre homem na água e vai em busca do seu dinheiro, nadando, nadando pela grande vala, que se comunicava com o tanque do palácio por meio de um canal subterrâneo, que sabe-se lá onde ia bater. O fato é que nadando ele foi parar junto a uma bela fonte no meio de uma sala grande, atapetada e onde havia uma mesa posta. O mendigo achou prudente se esconder num cantinho, observando melhor o ambiente e o que poderia acontecer ali.

E assim, viu que ao meio-dia em ponto, um enorme caranguejo surgiu no meio da fonte, carregando uma Fada sentada no seu dorso. Quando chegaram ao meio do salão, a fada tocou com sua varinha na carapaça do animal, e eis que surge do seu interior um homem jovem e muito bonito. Sentaram-se à mesa; a fada com sua varinha fez aparecer comida nos pratos e vinho nas garrafas. Serviram-se. Depois o jovem voltou a entrar na carapaça de caranguejo, a fada tocou-o com a varinha e o caranguejo a levou montada no seu dorso, submergindo pela fonte até desaparecerem debaixo da água.

Só então o mendigo saiu do esconderijo, mergulhou na fonte e nadou, nadou, até desembocar no tanque do Rei. A princesa estava olhando seus peixes e assustou-se com a súbita emersão do mendigo, que logo tratou de acalmá-la dizendo que tinha uma coisa maravilhosa para contar-lhe. A novidade deixou-a radiante.

- Ah, então é isso? Estou começando a desvendar o mistério do sumiço do caranguejo toda tarde. Volte aqui amanhã, mergulharemos juntos.

Uma aventura no dia seguinte! Mergulharam na piscina, nadaram até a fonte através do canal subterrâneo e se esconderam na sala, aguardando os acontecimentos. Ao meio-dia chega o caranguejo carregando a fada no seu dorso. Acontece o mesmo ritual de todo dia: a fada toca com sua varinha na carapaça, aparece um lindo jovem, a fada faz aparecer bebida e comida na mesa.
Ora, se a princesa já gostava do caranguejo, imagine agora! Ficou cheia de amores pelo rapaz, queria chegar junto dele, falar-lhe, saber a história do seu encantamento.

A princesa quando metia uma coisa na cabeça não desistia fácil. Por isso, aproveitando que a carapaça estava vazia, meteu-se lá dentro e aguardou a volta do jovem, que ao encontrá-la no refúgio do seu encantamento, disse-lhe baixinho, temendo ser ouvido pela fada:
- Que fazes aqui? Isso é uma loucura, se a fada descobre acaba com nós dois.
- Eu só quero libertar-te do encantamento. Que devo fazer?
- Para livrar-me do encantamento seria necessário... Ah, é algo muito difícil, talvez impossível. Haveria no mundo uma jovem que me amasse e que se dispusesse a morrer por mim?
- Claro! Essa jovem sou eu, vou salvar-te, diga-me o que devo fazer.

Enquanto se travava esse diálogo entre os jovens, a fada, montada na carapaça de caranguejo, era transportada para o mar aberto, sem a mínima suspeita do que acontecia lá dentro, entre a princesa e o jovem, um príncipe, que ela havia aprisionado num encantamento.

O príncipe, então, disse o que a jovem deveria fazer para desfazer o encantamento:
- Deves ir até os rochedos da praia, cantar e tocar. A fada virá, pois adora música, esquece tudo por uma boa música. Vai pedir que você toque e cante para seu deleite, ao que você responderá que atenderá sim o pedido, mas em troca quer a flor que ela traz na cabeça. Essa flor é minha vida, quando a tiveres na mão estarei livre.

Quando regressaram ao tanque, o mendigo aguardava a princesa, pensava até que ela tinha se metido em apuros... Mas que nada! Estava ela ali sã e salva e, como sempre, generosa, presenteando-o com uma bolsa recheada de moedas de ouro.

Passada a aventura, a princesa correu para o rei e disse que queria aprender música, queria tocar um instrumento e cantar, no que foi prontamente atendida. Vieram os melhores músicos do reino para ensinar suas artes à princesa, que, decidida a libertar seu príncipe, foi a melhor das alunas: disciplinada e dedicada aprendeu muito rápido o domínio dos instrumentos e da voz.

Confiante na sua excelência como musicista e cantora, expressou para o rei seu desejo de tocar e cantar em lugares abertos, amplos:
- Tenho vontade de tocar violino num rochedo, à beira-mar.

O rei considerou aquilo um disparate, achou que sua filha estava ficando louca, quem já se viu uma coisa desta? Tocar em cima de um rochedo à beira-mar? Um perigo!

Porém, como a princesa não desistia fácil e como o rei fazia todas suas vontades, a princesa poderia ir, mas que fosse na companhia de suas aias, e de mais uma guarda de soldados, que deveriam segui-la de longe.

As oito damas de companhia, vestidas de branco, sentaram-se em oito rochedos ao redor do rochedo maior onde estava a filha do rei, que tocou em seu violino uma música tão bela, que logo atraiu a fada, que embevecida, emergindo das ondas, falou para a princesa:
- Sua música é muito bonita! E você toca bem! Vá, continue, cante, toque para deleitar-me.

A filha do rei respondeu-lhe que tocaria sim, com prazer, mas como era louca por flores, gostaria que a fada lhe desse a flor que trazia na cabeça.

- Posso dá-la, mas você terá que pegá-la no lugar onde eu a jogar – foi o que falou a fada, com uma voz suave, embalada pelas ondas do mar.
- Sim, eu irei apanhar a flor onde você a jogar.

Dizendo isso, a princesa recomeçou a tocar e quando terminou pediu a flor. A fada disse que ela viesse pegar, e jogou a flor nas águas, bem longe, pensando que a moça não viria buscá-la.
Quando viu a flor se agitando entre as ondas, a princesa mergulhou no mar e começou a nadar. Suas aias se puseram em alvoroço, agitavam os braços, balançando os véus brancos ao vento e gritando por socorro.

E a princesa, nadando muito, tentando vencer as ondas, viu a flor sendo empurrada pelo movimento das águas, estava achando difícil pegá-la, mas eis que uma grande onda empurrou a flor para suas mãos.

Ouviu, nesta hora, a voz do príncipe-caranguejo:
- Salvaste minha vida, o encanto está quebrado, agora serás minha esposa. Estou aqui embaixo de ti, vou carregar-te até a praia, não tenhas medo. Mas é melhor que, por enquanto, não contes nada a ninguém, nem mesmo a teu pai, aguarda que vou avisar minha família e estarei de volta muito breve para pedir tua mão em casamento.

A princesa já estava quase sem fôlego, porém conseguiu responder:
- Está bem, estamos combinados.

O caranguejo deixou-a na praia. Quando voltou ao palácio, a princesa disse ao rei que tinha sido muito emocionante tocar nos rochedos, que havia se divertido muito.

A calmaria da tarde do dia seguinte foi interrompida por rufar de tambores, toque de trombetas, trote de cavalos e o anúncio de que um príncipe do reinado vizinho queria falar com o rei.
Só depois de pedir a mão da princesa em casamento, é que o príncipe contou sua história. O rei ficou aturdido, não era possível que a filha estivesse envolvida em toda aquela história e ele, seu pai, não sabia de nada. Ah, mas, no fundo ele sabia sim que ela adorava uma aventura. Mandou chamá-la e quando a princesa chegou atirou-se nos braços do amado, seu prometido, seu adorado príncipe.

O rei marcou o casamento e houve grande festa, que se prolongou por vários dias, com muita música, muita comida, muito divertimento. E os noivos foram felizes para sempre.
Entrou por uma perna de pato e saiu por uma perna de pinto,
Senhor rei mandou dizer que contasse mais cinco.


Stela Siebra
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Reflexão para Hoje-Marta Medeiros.

Despedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo.É o arremate de uma história que terminou, extremamente, sem nossa concordancia,mas que precisa também sair de dentro da gente.

Comentário:

E se esse amor acabou é porque era"frágil e se quebrou"...
Que amor tão pequeno é este que acaba com o uivar dos lobos,com o cachoar das águias,com o rugir do leão, com o soluçar da patativa e com o trinar do rouxinol?
Só que na minha opinião: o amor não acaba,fica guardado,latente,em potencial aguardando um pequenino sinal para ressurgir das cinzas, feito a fênix. Isto é, se o amor for de verdade.

Pensem nisso... Boa semana a todos:Liduina Vilar.

Eros e Psiqué

O Rapto de Psiqué
William - Adolphe Bourguereau ( 1895 )

Uma Poética Fábula de Amor da Mitologia

~ A História de Cupido ( Eros ) e Psiqué ~

Psiqué era uma jovem tão linda que Vênus passou a ter ciúmes dela. A deusa deu ordens a Cupido( Eros ) para induzir Psiqué a apaixonar-se por alguma criatura de má aparência, porém o próprio Cupido tornou-se seu amante. Cupido( Eros ) a pôs num palácio, mas somente a visitava na escuridão e a proibiu de tentar vê-lo. Movidas pelo ciúme as irmãs de Psique disseram-lhe que ele era um monstro e iria devorá-la.

Certa noite Psiqué pegou uma lamparina e iluminou o quarto para ver Cupido adormecido. Excitada diante da visão de sua beleza ela deixou cair sobre Cupido uma gota do óleo da lamparina, e o despertou. Por causa disso o deus abandonou-a, ressentido pela sua desobediência. Sozinha e cheia de remorsos Psiqué procurou o amante por toda a terra, e várias tarefas difíceis lhe foram impostas por Vênus. A primeira delas foi separar na escuridão da noite as impurezas de um monte enorme de várias espécies de grãos, porém as formigas apiedaram-se de Psiqué e vieram em grande número para realizar a tarefa por ela.

E assim, por um meio ou por outro, todas as tarefas foram executadas, exceto a última, que consistia em descer ao Hades e trazer o cofre da beleza usado por Perséfone. Psiqué havia praticamente conseguido realizar a proeza, quando teve a curiosidade de abrir o cofre; este continha não a beleza, e sim um sono mortal que a dominou. Entretanto Júpiter, pressionado por Cupido, consentiu finalmente em seu casamento com a amante, e Psique subiu ao céu
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"Embora sem um templo, embora sem altar!"
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A história de Cupido e Psiqué é, geralmente, considerada alegórica. Psiqué em grego significa borboleta como alma. Não há alegoria mais notável e bela da imortalidade da alma como a borboleta, que, depois de estender as asas, do túmulo em que se achava, depois de uma vida mesquinha e rastejante como lagarta, flutua na brisa do dia e torna-se um dos mais belos e delicados aspectos da primavera. Psique é, portanto, a alma humana, purificada pelos sofrimentos e infortúnios, e preparada, assim, para gozar a pura e verdadeira felicidade.

Nas obras de arte, Psiqué é presentada como uma jovem com asas de borboleta, juntamente com Cupido, nas diferentes situações descritas pela fábula.

Milton refere-se à história de Cupido e Psiqué, na conclusão do seu "Comus":

Seu filho, o deus Cupido, logo avança,

A linda amada, em transe, conduzindo,

Após tantos labores enfrentar;

Eis que, com a aprovação dos deuses todos,
Em sua esposa eterna há de torná-la.
E, de tal himeneu, irão dois gêmeos,
Juventude e Prazer, venturosos,
Muito em breve nascer; jurou-o Jove.

A lenda de Cupido e Psiqué é também apresentada nestes versos de T.K.Harvey:

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Quanta lenda tão bela, outrora nesse dia

Longínquo em que a razão tomava à fantasia
A asa multicor e, entre areias de ouro,
O rio carregava um líquido tesouro!

Quando a mulher sem par, beleza peregrina,

Que de sofrer e amar e lutar teve a sina,
A terra percorreu, exausta, noite e dia,
À procura do Amor, que só no céu vivia!
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A história de Cupido e Psiqué apareceu pela primeira vez nas obras de Apuleio, escritor do segundo século da nossa era. É, portanto, uma lenda muito mais recente que a maioria das outras da Idade da Fábula. É a isso que Keats faz alusão, em sua

"Ode a Psiqué":

Ó mais bela visão! Ó derradeira imagem

Da estirpe celestial, da olímpica linhagem!
Mais bela que Diana livre de seu véu
E que Vésper erguida entre os astros do céu!
Que, no Olimpo, pudeste reluzir e ofuscar,
Embora sem um templo, embora sem altar!
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Eros e Psiqué
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( Fernando Pessoa )...E assim vêdes, meu Irmão, que as verdadesque vos foram dadas no Grau de Neófito, eaquelas que vos foram dadas no Grau de Adepto Menor
, são, ainda que opostas, a mesma verdade. (Do Ritual Do Grau De Mestre Do ÁtrioNa Ordem Templária De Portugal)
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Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
De além do muro da estrada.

Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.

A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera,
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.

Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado,
Ele dela é ignorado,
Ela para ele é ninguém.

Mas cada um cumpre o Destino
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.

E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora,

E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.

Fernando Pessoa
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Publicado pela primeira vez in Presença, n.os 41-42, Coimbra, maio de 1934. Acerca da epígrafe que encabeça este poema diz o próprio autor a uma interrogação levantada pelo crítico A. Casais Monteiro, em carta a este último:

A citação, epígrafe ao meu poema "Eros e Psiqué", de um trecho (traduzido, pois o Ritual é em latim) do Ritual do Terceiro Grau da Ordem Templária de Portugal, indica simplesmente - o que é fato - que me foi permitido folhear os Rituais dos três primeiros graus dessa Ordem, extinta, ou em dormência desde cerca de 1888. Se não estivesse em dormência, eu não citaria o trecho do Ritual, pois se não devem citar (indicando a origem) trechos de Rituais que estão em trabalho [In VO/II.]

Eros e Psiqué -mármore branco - 1.56 x 1.68
( Antonio Canova ) 1787 - 1793
Louvre - Paris

Jean - Louis David "Eros e Psiqué" ( 1817 )

Fontes:http://www.insite.com.br/art/pessoa/cancioneiro/182.html

Imagens: Sites Variados da Internet
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Pensamento para o Dia 07/09/2009


“O ser humano esquece sua verdadeira natureza por causa do apego e do egoísmo. Ele deveria desenvolver a fé inabalável em Deus. A fé deveria ser como sua respiração vital, que continua sem cessar e sem repouso. A respiração continua independente de qualquer trabalho que você possa estar fazendo e do estado de sua mente. Do mesmo modo, em todas as situações e a toda hora, sua fé em Deus nunca deveria abandoná-lo. Ela não deveria mudar conforme seus desejos sejam realizados ou não. Assim como sua respiração vital, sua fé deveria permanecer firme, através de alegria e tristeza, perda e ganho, dor e prazer. Trate tudo o que aconteça como bom para você. Desenvolva tal sentimento de coragem.”
Sathya Sai Baba

Trajetória de um artista - Bruno Pedrosa - Por: Edilma Rocha

O jardim de Bruno Pedrosa na primavera

Biblioteca

Lateral da casa na primavera

Atelier

Fachada da casa em dias de inverno

Jardim no inverno

Bruno e Lila


Entrada principal nos dias de primavera.

Menino magrelo e desengonçado, filho do sertão de Lavras da Mangabeira, deixou seu coração sonhar nas histórias contadas pela sua avó num alpendre de casa sob a luz de um lampião. Ela lhe passou o conhecimento da história do Ceará e despertou nele o gosto pelas artes nos tesouros de José Reis de Carvalho bem escondidos no baú. Um dia chegou-se ao seu pai agricultor e disse que queria ser artista. O pai mesmo achando que aquilo não era profissão de dar dinheiro, mandou o Raimundinho pra cidade do Crato para ser letrado. Ali ele fez as primeiras amizades e logo se integrou no meio artístico participando do movimento do salão dos jovens. Promoveu eventos artísticos, um deles na Fundação J. de Figueiredo Filho, museu histórico do Crato, reunindo todos os artistas locais. Terminados os estudos no Colégio Diocesano, segue para Fortaleza para tentar penetrar no mundo artístico da capital, mas não foi bem sucedido. Não tinha cursos na área e nem diploma para ser aceito no cerco fechado dos pintores da antiga SCAP. Decidiu seguir para o Rio de Janeiro e ser bacharel em Belas Artes.
Mais uma vez o pai Raimundo André aposta no sonho do filho e o sustenta às custas de muito sacrifício. Ao chegar, apavorou-se quando descobriu que não sabia nada de arte para conversar com os colegas. Enfiou a cara nos livros e tomou gosto pela coisa. Ingressou na Faculdade de Belas Artes e aos poucos ficou sabendo que viver de arte era difícil e ao terminá-la o pai não mais o sustentaria, pois sempre afirmou pra ele que arte era coisa séria.Fez algumas exposições e viu que não teria como viver da sua arte. E para continuar tentando, mais uma vez recorreu ao seu pai para bancar uma faculdade de Arqueologia e depois Filosofia. Neste período foi viver com um tio em Pendotiba nos arredores de Niterói. Sr. Pedrosa que o acolheu como um filho e até construiu para o sobrinho o seu primeiro atelier lá no fundo do quintal, onde orgulhosamente recebia os amigos, como eu. Fez muitos trabalhos, realizou várias exposições, fundou o Museu de Arte Vicente Leite, com as aquarelas de José Reis de Carvalho, dois desenhos de Pedro Américo, herança da avó, e vários trabalhos doados pelos mestres e pintores ilustres com os quais tinha amizade.

Leu A MONTANHA DOS SETE PALMARES de Thomas Merton, um jornalista marxista, poeta, que resolveu ser monge e o livro virou-lhe a cabeça. Meu amigo fez um contrato de cinco anos no Mosteiro de São Bento e desapareceu por um tempo. Trabalhou e produziu um álbum de desenhos. Mas desiludido, porque não encontrou por lá o que procurava, voltou perdido e sem rumo e também sem amigos. Enfrentou mais uma dura realidade: a da morte do Sr. Pedrosa. Tomou conta dos negócios da família e se tornou negociante. Precisava sobreviver e não poderia viver só de arte. Retomando a sua independência , montou uma loja em Niterói e outra em Ipanema e passou a vender as rendas do Ceará e, no sótão, continuava pintando.

Conheceu a Lila com quem casou e daí nasceram duas filhas: Andréia e Tereza. A esposa filha de italianos se tornou comerciante e apostou na carreira do marido. Conseguiu comprar um apartamento no Flamengo e montou seu atelier. Lá foram assaltados várias vezes e resolveram mudar para Nova Friburgo. Nem tinha idéia de que estava adaptando o corpo de sertanejo para o clima frio da Europa que o aguardava.
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Expôs no mundo inteiro e tem quadros espalhados pelo Brasil, Estados Unidos, México, Nicarágua , Argentina, Itália , França, Suissa, Áustria, Holanda, Inglaterra, Alemanha e Portugal. Hoje reside na Itália, precisamente em Bassano del Grappa, próximo de Murano e Veneza. É um artista consagrado com um currículo brilhante, além das galerias de arte que possui pela Europa, ainda fabrica cristais assinados em Murano, tapetes e jóias exclusivas. Na trajetória de um artista vemos a realidade de que é necessário se projetar lá fora para aqui ser reconhecido.
As noites são aquecidas por uma lareira e lá fora a neve cai suavemente, enquanto escuta a filha ao piano. Mas jamais deixou de ser um sertanejo pois a sua pintura revela essa realidade que viveu nos torrões do sertão. E o Sr. Raimundo André Pedrosa, orgulhoso, recebe de vez em quando o filho, a nora e as netas, lá pras bandas de Lavras da Mangabeira.

Edilma Rocha
Acervo foográfico : Edilma Rocha

"Night and day" , cem vezes ! - Por Socorro Moreira

Certas estratégias românticas, além de inocentes são burras. Já nos desculpamos, mas não nos esquecemos dos inúmeros títulos conquistados, coroados com faixa e cetro do nosso discernimento. A ficha caía, mas não voltava para o cofrinho da aprendizagem. De repente até desprezo esse “cofre”. Prefiro-me no tempo em que eu era louca e burra, exatamente porque esse tempo não tem volta. Vivem-se outros episódios.
Lembro de uma amiga, colega de destemperos- a Gilda! Quando se tratava de paixão caía de boca. Declarava logo o que sentia, escrevendo um bilhete anônimo ou expressando-se com seu olhar deslumbrado. Quebrava o mistério, dissolvia as boas perspectivas de construção e ia para os finalmente: hora do beijo e da declaração de amor, como nas revistas, novelas e no cinema. Essa pressa gerava atos impensados e despropositais. Queria porque queria uma conversa aberta com o Júlio. Um caso mais ou menos ilícito (eu acho). Marcaram um encontro, num lugar distante e compraram passagem no mesmo ônibus. Precavidamente deixou o carro partir, ouvindo Night and Day, naquelas vitrolinhas portáteis da Phillips. Olhou o relógio e pensou: Já perdi o transporte. Tá na hora de pegá-lo, na estrada. Mandou o taxi correr, enquanto o taxímetro corria também. A noite também corria gelada de estrelas. Enfim, num ponto de beira de estrada, o ônibus parou para um café. Foi quando o carro encostou. Recuperou seu lugar. Ele na frente. Gilda lá atrás. Estavam enfim ,não a sós, mas no mesmo espaço público e em nada protegidos. O ônibus chegou ao destino, e cada qual seguiu seu caminho.
Tão frustrante, que ela apagou o projeto do encontro, pra todos os sonhos adiante. Tem história que não faz história. Muito caro o preço de uma aventura vazia. Só lembro que ela ,quando me contou , ouviu naquela noite, Night and Day, cem vezes.

The Beatles - Shes Loves You

Vamos tomar café juntos?

Acordar cedo e tomar um café-da-manhã completo tornou-se um momento raro para muitas pessoas nos dias de hoje. Não fazer essa refeição ou alimentar-se rapidamente e correr para os compromissos vem se tornando uma prática comum...

Mas não deixemos que nossa vida entre nesse parafuso. Ao despertar, nada melhor do que acompanhar o café com uma conversa calorosa, inteligente e instigante. Por quanto tempo? Não importa. Bom mesmo é o convívio. Deixar o som das vozes preencher os espaços onde o silêncio brincou durante a noite. Tomar, com amigos, o nosso café matinal. Quem sabe uma música acompanhando então, baixinho... só pra iluminar as idéias e as coisas do coração. Prosear sem pressa.

A gente nem precisa se preocupar com o assunto, pois que, um emenda no outro e assim vamos seguindo o roteiro do dia, numa maravilhosa sessão de café. Uma boa prosa que pode durar horas, um imenso prazer.

É isso mesmo. Mais uma vez, convidamos os amigos a mais um momento conosco. Um café-da-manhã simples. Apenas para alimentar essa amizade e torná-la mais estreita.

Sentem-se. Sintam-se à vontade. Sirvam-se.

Brindemos ao dia que nasce. À nossa amizade.

Bom dia, amigos!

(Claude Bloc)

Sequilho de Goma – (Receita simples)

Ingredientes

500 g de goma fina
1 xícara de chá de leite
2 xícaras de chá de açúcar
150 g de manteiga
2 ovos

Modo de Preparo:

Bater com a manteiga, o açúcar, os ovos e o leite.
Juntar a goma, e amassar bem
Moldar os sequilhos no formato desejado
Levar para assar em formas untadas e polvilhadas com farinha de trigo fina, em forno com temperatura alta (180º graus) por aproximadamente 30 minutos

Dica:

Achate ligeiramente com um garfo para deixar a tradicional marquinha de risquinhos sobre os sequilhos.