Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Apresentando o livro de Cláudia Pierre -- por Armando Lopes Rafael

(Excertos do texto da apresentação do livro “Culpa, Cura e Relacionamento”, de Cláudia Pierre, feita por Armando Lopes Rafael, em solenidade ocorrida no Encosta Hotel da Serra, na noite do último dia 8)

Semanas atrás, fui surpreendido com a publicação do primeiro livro de Cláudia Pierre (foto ao lado), epigrafado de Culpa, Cura e Relacionamento. É este livro que tenho a honra de apresentar nesta noite.
       Ao lê-lo, vi que tinha razão o jornalista alemão Peter Seewald quando escreveu no  seu livro “Como voltei para Deus”: 

“Nas décadas passadas antigas virtudes sofreram uma rápida desvalorização. A globalização nivelou pela mesma medida culturas inteira. Fomo-nos afastando continuamente dos antigos padrões básicos de valores, instituições e modos de relacionamento. O mundo secular, no entanto, não pode sobreviver sem tradições, regras, ritos, espiritualidade. E até pessoas afastadas da Igreja já consideram bárbara uma sociedade inteiramente descristianizada. O debate ético está (pois) em andamento...”.



    Agradável a leitura do livro Culpa, Cura e Relacionamento  – que veio alimentar esse debate ético, em andamento, dentro do amplo tema da  espiritualidade.     É comum a pergunta:  O que é espiritualidade?

     A partir da leitura deste livro de Cláudia Pierre poderíamos tentar defini-la, de forma sintética,  como tudo o que tem por objetivo as coisas do espírito – elevação, transcendência, sublimidade – ou qualidade do que é espiritual. Espiritualidade é,  ainda,  o conjunto de princípios que orientam a vida moral e religiosa de uma pessoa.

       Este livro de Cláudia Pierre é, pois,  um contributo à busca do caminho espiritual, ou seja, quando  nos dispomos a nos reconectar com a Luz do Criador, tendo como meta o equilíbrio de nossa vida, apesar das nossas limitações humanas. Nessa busca as pessoas não são rotuladas; Não somos cristãos, budistas ou judeus; Nem masculino ou feminino. Essa busca tem como finalidade nos ajudar a ser cada vez mais livre da matéria e senhores dos nossos instintos. 

        Ao concluir a leitura do livro de Cláudia, fiquei sabedor de que a espiritualidade possui a sua ética – no reconhecimento da culpa, na busca da cura, no melhoramento do relacionamento com os nossos semelhantes.
           Assim, podemos resumir a ética como sendo a confiança, respeito, unicidade, integridade. Estas seriam as palavras-chave, os eixos centrais de alguns caminhos da ética e da espiritualidade. Práticas constantes do bem.

          Como a autora bem exemplificou numa citação:

“No mundo material, quando damos algo, tornamo-nos mais pobres, ficamos desprovidos desse algo que demos. A partilha de objetos materiais é uma subtração. A partilha no mundo das ideias é uma soma, melhor, é uma multiplicação. Quanto mais damos, mais temos, pois o que damos não perdemos, mas permanece conosco e continua de um modo reforçado”.

   Neste conceito emitido pela autora, compreende-se o significado da  espiritualidade. Ele é amplo. Não se restringe apenas aos conceitos religiosos. Espraia-se nas  ciências. Repercute em  outras dimensões humanas e nas da Natureza.

     O livro de Cláudia Pierre – modesto como a autora – mas  profundo de conteúdo permite-nos detectar a importância da espiritualidade como uma das fontes de inspiração do novo; da busca do sentido da vida e  da forma de administrar o nosso relacionamento com o semelhante.

      Gostaria de finalizar  minhas palavras, citando um pensamento do Dalai-Lama que bem poderia ter sido escrito por Cláudia Pierre:

“A essência de toda vida espiritual é a emoção que existe dentro de você, é a sua atitude para com os outros. Se a sua motivação é pura e sincera, todo o resto vem por si. Você pode desenvolver essa atitude correta para com seus semelhantes baseando-se na bondade, no amor, no respeito, sobretudo na clara percepção da singularidade de cada ser humano”. 
           
(Texto e postagem de Armando Lopes Rafael)

O Sertão com nova cara. – Por Magali de Figueiredo Esmeraldo

Observando o gado pastando, o movimento suave da brisa balançando as árvores, o açude com sua água verde e tranqüila, acalmando-me do stress da cidade, eu chego à conclusão de que tudo continua igual no tocante a natureza, nesse sertão localizado no município de Bodocó - Pernambuco. Porém mudanças recentes aconteceram na vida das pessoas. Tudo é muito seco, melhorando a paisagem para o tom verde na época das chuvas.

Há quarenta anos, eu vinha algumas vezes passar fins de semana aqui com a família de Carlos juntamente com a minha, quando ainda éramos namorados. Sempre achei o lugar agradável e tranqüilo, embora não houvesse o menor conforto.

A casa de taipa, alpendrada, ainda é a mesma. Agora, olhando ao redor da fazenda, vejo o quanto melhorou a vida das pessoas que ali residem, após a instalação da energia elétrica, através do programa “Luz para Todos”, iniciado no governo Lula e continuado na gestão Dilma.

Antes da luz elétrica, os banhos eram de açudes, os banheiros no mato, a luz era de candeeiros e velas. As mulheres dos moradores pegavam água no açude, transportando-as em latas, nas cabeças. Lavavam louças nas bacias tirando a água do pote. Hoje existe água encanada em todas as casas, facilitando a vida de todos. Tudo antes era muito seco, mas agora com água canalizada, vemos alguns coqueiros e outras fruteiras surgindo.

Com a chegada da energia elétrica, cada casinha por mais pobre que seja, tem a sua antena parabólica sintonizando a televisão com imagem perfeita, o que contribuiu para informar, mudar a maneira de vestir e de falar das pessoas.

Em vez dos vestidinhos de chita, as mocinhas e mulheres do lugar se vestem com shorts, saias e calças jeans. A alimentação melhorou com o programa Bolsa Família. Além do que esse programa exige que os pais coloquem os filhos na escola. A prefeitura de Bodocó fornece transporte para os estudantes se dirigirem até àquela cidade para freqüentar as aulas. Antes, os filhos dos agricultores eram analfabetos. Atualmente todos têm oportunidade de terminar o ensino médio. Ou seguir mais adiante, conseguindo emprego melhor.

Assistindo à celebração da Palavra numa comunidade próxima, realizada pelos próprios moradores, admirei-me das leituras serem feitas por crianças, que lêem muito bem. Como o padre da cidade de Bodocó só pode celebrar a missa uma vez a cada dois meses, os próprios camponeses assumem a celebração.

Essas observações não têm nenhuma conotação política, não sou filiada a nenhum partido político, porém como cristã admiro os governantes que trabalham para melhorar a vida dos pobres.

Será utopia, um mundo onde todos tenham “voz e vez”? Quem não sonha com uma sociedade onde prevaleça a justiça e a paz para todos? Enquanto esse dia não chega, podemos torcer e rezar, para que os governantes façam a diferença ajudando a promover um Brasil onde exista mais justiça social. Afinal de contas, somos todos filhos de Deus e “o sol nasceu para todos.”

Por Magali de Figueiredo Esmeraldo

Macário de Brito Monteiro: uma homenagem a um amigo que se foi – por Pedro Esmeraldo

Quando iniciei o emprego no antigo DCT, habituei-me a seguir a rota da outrora Rua do Fogo, hoje denominada de Rua Senador Pompeu. Admirava-me do encontro matinal de um grupo de cidadãos de bem que permanecia lá durante alguns minutos, antes dos seus horários de trabalho.

A princípio, atravessava aquela artéria urbana com acanhamento. Aos poucos,  fui perdendo a inibição e  aproximando-me daquelas pessoas, tentando enquadrar-me ao rol daquela turma. Enfrentei o grupo com confiança e serenidade; esforcei-me para encontrar lá um ambiente compreensível e agradável, proporcionando-me integrar com os novos amigos.

Era um grupo de pessoas brincalhonas, onde aconteciam brincadeiras sadias, inofensivas, deixando todo tempo para  conversas amenas. Tudo que eu quero dizer é que havia coesão entre aqueles amigos. Não se via, nem havia malícia, mas gestos de pessoas corretas, praticantes do bom senso, estimuladoras da arte do racionalismo social.

Lembro-me que havia entre eles uma pessoa de grandeza espetacular, tanto pelo seu caráter, como pela maneira de agir. Por isso senti-me integrado ao grupo que permaneceu por lá há cerca de quarenta anos. O cidadão a que me refiro sempre agia com simplicidade e muita sinceridade. Não estimulava a discórdia entre aqueles amigos. Não zombava de ninguém. Era bondoso e prestativo. Tratava todos com atenção profunda e respeito. Era fiel e marchava no caminho firme. Tinha o costume de evitar a desatenção para com quem quer que fosse...

Agora quero ressaltar o grande comportamento dessa pessoa digna merecedora de aplausos, que só fazia o bem e estimulava – com os seus exemplos –  todos a seguirem seu caminho.

Refiro-me a  notável figura de grande valor moral, possuidor de espírito prestativo e solidário, econômico no uso das palavras, que foi Macário de Brito Monteiro. Era ele descendente de importantes clãs caririenses que deram homens da envergadura de José Pinheiro Bezerra de Meneses – conhecido como Capitão Zeco dos Currais,  e de  Macário Vieira de Brito, nascido na Ponta da Serra, neste município.

Não tenho dúvidas em afirmar que Macarinho (como sempre o tratávamos),  foi com toda certeza um dos maiores líderes da sociedade cratense.

Nunca se viu Macarinho queixar-se ou falar mal dos amigos. Era comedido no agir. Não maltratava ninguém e nem discutia por qualquer brincadeira. Era um senhor observador; não respondia aos insultos; preferia dar uma tapa com mão de luva aos insultos dos intrigantes aos quais respondia com o silêncio.

Para mim, dificilmente há outra pessoa semelhante a Macário de Brito Monteiro. Se Deus permitir, creio que algum dia poderá aparecer outro –  mas não igual a ele  –  imitando o seu gesto, pelo menos em parte, além de dotado de uma bondade natural.

Agora olho para o céu peço ao Bondoso Deus que afaste esses “ intrujões” que vez por outra aparecem naquele local e que não permaneçam mais cutucando os cidadãos com palavras ofensivas, abalando a moral de qualquer pessoa que por lá compareça.
Por fim, algum só tem a casca, e o miolo podre.