Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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claude_bloc@hotmail.com

domingo, 2 de maio de 2010

DAS DORES E DAS RUAS - Por Carlos Eduardo Esmeraldo Filho

Pesquisa de dissertação de mestrado, realizada nos meses de agosto e novembro de 2009, intitulada “Necessidades de saúde dos moradores de rua: os desafios para as políticas sociais do município de Fortaleza-CE”, revela as condições de vida dessas pessoas e as implicações para a sua saúde.

Partindo dessas condições de vida, dos relatos das pessoas em situação de rua, das entrevistas realizadas e das experiências proporcionadas pela observação participante, foi possível perceber que as necessidades de saúde desse segmento vão muito além das mínimas necessidades básicas, como alimentação, higiene e tratamento de saúde, envolvendo, dentre outras, a necessidade de segurança física e psicossocial, a necessidade de ser visto como um ser humano digno de respeito, a necessidade de autonomia e a necessidade de acesso efetivo aos serviços públicos.

Uma dos importantes determinantes da saúde e da doença é a violência sofrida pelos moradores de rua, que afeta significativamente a qualidade de vida dessas pessoas e contribui para a manifestação de ansiedade, medo, nervosismo e insegurança diante dos perigos e das incertezas existentes na rua. Juntamente com o uso abusivo de drogas, a violência aparece como um problema vivenciado por boa parte os moradores de rua, expressando-se de várias formas, incluindo a violência da polícia e de vigilantes particulares sofrida pelos moradores de rua, preconceito e discriminação, a violência entre os moradores de rua (furtos, roubos, agressões e assassinatos) e a violência sexual sofrida pelas mulheres. Ser visto como um marginal, como sem valor na sociedade, é percebido como uma das piores formas de violência.

Dois relatos ilustram essa questão. Em uma das visitas à rua, chamaram atenção as implicações emocionais da agressão sofrida por um morador de rua, quando se encontrava à noite na “Praça do Banco do Nordeste”. Ele levantava a camisa e mostrava as marcas das agressões na costela. Mostrava, também, o Boletim de Ocorrência que tinha feito. Vigilantes de empresas particulares o haviam abordado na praça, por meio de violência física sem nenhum direito a defesa. Estava visivelmente transtornado, sua fala emocionada mostrava que o sofrimento decorrente da experiência vivenciada transcendia a dor física. Ele estava na rua em Fortaleza há apenas um mês. Era, portanto, a primeira vez que sofria uma agressão desse porte. Tentava superar o sentimento de impotência por meio da vontade de lutar contra seus agressores, de denunciá-los, de não aceitar facilmente a agressão. Repetia, constantemente, que a praça é pública, que qualquer pessoa pode sentar num banco e tomar uma dose de conhaque. Dizia-se trabalhador, repetia que não era um “vagabundo”.

Uma outra questão diz respeito à dificuldade de acesso aos estabelecimentos de saúde do município. De uma forma geral, os participantes da pesquisa apresentam-se insatisfeitos com o acesso, relatando que são mal atendidos e discriminados, especialmente pelo fato de serem moradores de rua, mal vestidos, não possuírem documentos nem endereço fixo e por chegarem desacompanhados. Um dos participantes entrevistados conta que certo dia, após ter sido agredido com um pedaço de pau na cabeça, dirigiu-se, todo ensangüentado, à delegacia de polícia para registrar a ocorrência, antes de procurar o serviço de saúde. Segundo ele, chegar ao hospital com um Boletim de Ocorrência era um recurso para não ser vítima de preconceito, mais especificamente, evitar não ser confundido com um criminoso. Não podemos negar que existem alguns serviços e profissionais de saúde que são mais preparados para lidar com essa população. No entanto, de uma forma geral, ainda há muitas barreiras de acesso para as pessoas em situação de rua.

Por Carlos Eduardo Esmeraldo Filho

Transcrito do jornal "O Povo" caderno "Vida e Arte": p. 7; Edição de 02 de maio de 2010
Carlos Eduardo Esmeraldo Filho é psicólogo e Mestre em Saúde Pública, autor da dissertação de mestrado intitulada: "Necessidade de Saúde dos moradores de rua:desafios para as políticas sociais do municipio de Fortaleza

a eterna permanência das coisas

Após beber seu cafezinho
não ponha a xícara suja
sobre a escrivaninha

(ou não se surpreenda
com as formiguinhas

de volta
e mais espertas).

Observe a vida paralela
além do seu conceito poético.

Além da sua pena.
Dos seus olhos.

Aquela atmosfera
que não se move
por sua presença.

Transforme logo esse vestido de noiva
em uma linda almofada para as traças.

Coisas da idade... Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Quando a gente envelhece, tudo acontece... Uma senhora cratense que passava dos 65 anos foi a um conhecido médico ortopedista, queixando-se de fortes dores no joelho. Eram tantas as dores que ela já não podia subir e descer escadas. E as suas costumeiras caminhadas matinais pela praça defronte da maternidade foram interrompidas por vários dias, tamanhas eram as dificuldades que ela sentia quando andava. O médico lhe prescreveu alguns medicamentos antiinflamatórios e secções de fisioterapia.
Decorrido mais de um mês do tratamento prescrito, aquela cliente retornou ao ortopedista, queixando-se do resultado que estava muito demorado:
– Doutor, já faz mais de um mês que eu me trato e não vejo melhora neste meu joelho. Por que o meu joelho está demorando tanto a ficar bom se os jogadores de futebol arrebentam o joelho num domingo e no outro já estão jogando?
– É porque não existe nenhum jogador de futebol com mais de 65 anos.

Por Carlos Eduardo Esmerald
o

UMA GRANDE LIÇÃO ......por Rosa Guerrera

Conta uma velha lenda dos índios Sioux que, uma vez, Touro Bravo - o mais valente e honrado de todos os jovens guerreiros e Nuvem Azul, a filha do cacique e uma das mais formosas mulheres da tribo, chegaram de mãos dadas na tenda do velho feiticeiro da tribo e falaram:

Nós nos amamos e vamos nos casar. E nos amamos tanto que queremos um feitiço, um conselho, ou um talismã. Alguma coisa que garanta que possamos ficar sempre juntos. Que nos assegure que estaremos um ao lado do outro até a morte. O velho sábio, ao vê-los tão jovens, tão apaixonados e tão ansiosos por uma palavra, disse:
- Tem uma coisa a ser feita, mas é uma tarefa muito difícil e sacrificada. Tu, Nuvem Azul, deves escalar o monte ao norte dessa aldeia e, apenas com uma rede e tuas mãos, caçar o falcão mais vigoroso do monte e traze-lo com vida, até o terceiro dia depois da lua cheia.
- E tu, Touro Bravo, deves escalar a montanha do trono, onde encontrarás a mais brava de todas as águias. Somente com as tuas mãos e uma rede, deverás apanhá-la, trazendo-a viva.

Os jovens abraçaram-se com ternura, e logo partiram para cumprir a missão recomendada. No dia estabelecido, na frente da tenda do feiticeiro, os dois esperavam com as aves dentro de um saco.
O velho pediu que, com cuidado, as retirassem. Observou então que se tratava de belos exemplares.

- E agora, o que faremos? Perguntou o jovem.
Nós as matamos e depois bebemos à honra de seu sangue ou as cozinhamos e depois comemos o valor da sua carne?.
- Não, disse o feiticeiro! Apanhem as aves e as amarrem entre si pelas patas, com essas fitas de couro. Quando estiverem amarradas, soltem-nas, para que voem livres...

O guerreiro e a jovem fizeram o que lhes foi ordenado, e soltaram os pássaros...
A águia e o falcão tentaram alçar vôo, mas apenas conseguiram saltar pelo terreno. Minutos depois, irritadas pela incapacidade de voar, as aves jogavam-se uma contra a outra, bicando-se até se machucar.
- E o velho disse: jamais esqueçam o que estão vendo. Este é o meu conselho. Vocês são como a águia e o falcão: se estiverem amarrados um ao outro, ainda que por amor, viverão arrastando-se e, cedo ou tarde, começarão a machucar-se mutuamente. Se quiserem que o amor entre vocês perdure, voem juntos... Mas nunca amarrados.

(A.D.)

Ensaio: As Flores de Maio...Pachelly Jamacaru









Fotos: Pachelly Jamacaru
"Direitos reservados"

SOM NA RURAL COMPACTO 07-08

Dia de Folga - Canoa Quebrada - por Nívia Uchôa


Todas as horas as
As vezes tenho a semelhança de andar por ai
e não saber a hora de voar
As vezes não sei é doce ou mais azedo esse olhar
que
em ritmos de folia me sinto ousada só de imaginar,
onde cai a linha que guia a vontade de não olhar.

(Nívia Uchôa)

Bálsamo

Antes que diga
"ui, menino..."

terei mordido sua orelha
e lhe arrancado o brinco.

Antes que suspire
terei amaciado seus lábios
com minha saliva

entreaberta sua boca
ao seu coração lançado
minha alma.

Sem baque,
sem peso:
minha alma
é leve.

Será assim mesmo
simples sua morte:

atordoada,
contente.

E ao respirar de volta
(ocorrido o milagre)
tudo que dirá
"ui, menino..."

Ainda, Dia do Trabalho, por Norma Hauer

1° DE MAIO
Muito já se falou sobre o primeiro de maio, inclusive sobre as versões de como foi escolhida essa data como Dia doTrabalhador, festejada em quase todo o mundo ocidental.

Aqui, na época de Getúlio, ele comparecia ao Estádio do Vasco da Gama (então o maior do Rio) e cumprimentava o "povão" abrindo o espetáculo com a frase

"Trabalhadores do Brasil".

O povão gostava, "enchia" o estádio e se sentia "importante".
Era ditadura...e daí? O povo não se importava com isso.
Hoje o primeiro de maio é mais um feriado que ninguém gosta quando acontece em um sábado ou em um domingo (como será de 2011).
Mas em 2012 será mais um feriadão; cairá na terça-feira e,obviamente, a segunda será "enforcada". 2012 é ano bisexto.

Colocarei aqui a letra da "Canção do Trabalhador" composta por Ary Kerner Veiga de Castro , que por sinal era oficial do Exército.

A canção foi lançada no Estádio do Vasco no dia 1° de maio de 1940 por Carlos Galhardo, que a gravou.

CANÇÃO DO TRABALHADOR

Somos a voz do progresso
E do Brasil a esperança.
Os nossos braços de ferro
Dão-lhe grandeza e pujança.
Seja na terra fecunda,
Seja no céu ou no mar.
Sempre estaremos presentes
Tendo na Pátria o olhar

Trbalhador,
Incansável e febril
O teu fervor
Exalta o Brasil.
trabalhador,
Expressão verdadeira
Do lema altivo
Da nossa bandeira.

Norma

Para Dona Almina , uma pérola da MPB

Devolve
Mário Lago
Composição: Mário Lago


Mandaste as velhas cartas comovidas,
Que na febre do amor te enviei;
Mandaste o que ficou de duas vidas:
O romance, uma dor que provei...
Mandaste tudo, porém,
Falta o melhor que te dei:

Devolve toda a tranqüilidade
Toda a felicidade
Que eu te dei e que perdi
Devolve todos os sonhos loucos
Que eu construí aos poucos
E te ofereci
Devolve, eu peço, por favor
Aquele imenso amor
Que nos teus braços esqueci
Devolve, que eu te devolvo ainda
Esta saudade infinda
Que eu tenho de ti

Essa canção foi gravada por Carlos Galhardo, mas não encontrei o vídeo.

Domingo ... - Por Socorro Moreira


Às vezes me afasto da poesia . As folhas ficam em branco , e o teclado esquecido ... Justo quando vivo !
Às vezes o mundo me absorve , me fustiga de emoções novas, e eu me confundo numa enxurrada de emoções indescritíveis.
O real e o virtual vivem numa eterna guerra fria, mas acabam se fundindo , numa comunicação assídua .
Estou às voltas com projetos poéticos , ligada nos bons sons, ficando mais próxima das pessoas certas.
Ontem estive na casa de João Marni e Fátima.Bebi ternura , daquela família. Antevi possibilidades, e absorvi a vontade de ser melhor, mais generosa !
À noite tive o privilégio da companhia de Dona Almina, quando assistimos a um espetáculo circense , promovido pela Juriti.
A força resultante de um trabalho de tantos, estimulado por Cristina Diogo.
Escutei gritinhos, apitos, gargalhadas, aplausos, numa manifestação geral de encanto e pura alegria. E lá estávamos, como se tivéssemos adentrado no País das Maravilhas. Hoje acordei querendo a vida, em saltimbancos, na eterna aprendizagem de ser leve, de ser feliz !
Dona Almina é a expressão de um ser incontente , no sempre sonhar; de uma alma contente , no sempre alcançar !

Bendita noite cheia de estrelas e lua cheia !

Foto do jardim de JoãoMarni e Fátima

Foto do Dia - Show de Pachelly, no BNB , dia 30 de Abril - por Lu Fernandes

Quiche lorraine - Para Dona Almina Arraes


* Ingredientes
* 1 receita de massa básica:
* 2 xícaras de farinha de trigo
* 1 pitada de sal
* 125 g de manteiga gelada cortada em pedacinhos
* Recheio:
* Óleo (para untar)
* 1/2 xícara de bacon picado
* 4 ovos
* 1 xícara de creme de leite fresco( 1 late de creme de leite sem soro)
* 2 xícaras de queijo gruyère ralado grosso( substituir por ricota, se quiser)
* Sal e noz moscada a gosto
* 1/4 de xícara de sálvia fresca inteira(substituir se quiser, por uma pitada de ervas finas ou uma xícara de espinafre refogado no alho e azeite)

* Modo de Preparo

1. Misture a farinha, o sal e a manteiga com a ponta dos dedos, até formar uma farofa
2. Acrescente 1/2 xícara de água gelada aos poucos, até que a massa fique homogênea
3. Deixe na geladeira, coberta com filme plástico, por 15 minutos
4. Abra a massa e forre a fôrma
5. Prepare a massa básica e forre com ela seis forminhas refratárias individuais, próprias para quiche, de 10 cm de diâmetro
6. Pode se utilizar uma forma de 30cm de diâmetro
7. Fure a massa com um garfo e leve ao forno moderado (180° graus) para assar por 15 minutos ou até ficar firme, mas sem dourar
8. Em uma frigideira antiaderente, frite o bacon até dourar
9. Retire e deixe escorrer sobre papel toalha
10. Em uma tigela, bata ligeiramente os ovos, junte o creme de leite e o queijo ralado e misture
11. Tempere com sal e noz-moscada e acrescente o bacon
12. Despeje a mistura nas forminhas, sobre a massa pré-assada, distribua a sálvia e volte novamente ao forno por mais 20 minutos ou até começar a dourar e o recheio ficar firme
13. Desenforme
14. Sirva quente ou morna
15. Dicas: Depois de recheadas e assadas, as quiches podem ser embaladas frias em filme plástico e congeladas na própria fôrma (se for refratária)
16. Na hora de servir, leve ao forno moderado (180° graus), pré-aquecido, por 10 a 15 minutos
17. Para saber se a quiche está assada, abra o forno e, com cuidado, balance ligeiramente a fôrma
18. Se o recheio estiver um pouco mole no centro e mais firme nas laterais, ela está pronta

Dica : substituir o bacon por frango desfiado
Espelho meu...
- Claude Bloc -

Sou frágil, transparente. Meu espelho é um simulacro da realidade. Apenas recorta-me contra o infinito e sopra ao meu ouvido essa finitude que me atravessa e me distingue. Sinto a cada hora a perda do que fui, sinto a perda de mim mesma nesse complexo mundo; sob essa condição inexorável: a busca constante da plenitude. Mas vivo perdida, confesso. Eu não seria nada sem essa miragem, sem a redenção da minha dor. Por isso, vivo num exílio calculado, olhando os espelhos dos céus e mesmo assim sem conseguir enxergar direito a realidade.

A poesia é minha fuga, minha vida e meu sustento. Como a moldura e o sopro, o barro e o espírito, a vida em si mesma - o desenho, o esculpir das linhas, os contornos que conferem a graça da imagem e a pulsação anônima de um mundo submerso.

A poesia que faço tem, então, a consciência dos meus motivos e de meu destino. Mostra-me a sede que não se sacia, o desejo que não se extingue, e, por isso mesmo, torna a vida possível. Veste-me do deserto, e despe-me do sonho, da revelação dos meus anseios, da paixão e da harmonia de que são feitos os meus dias. E estou lá: onde a alegria está em sono profundo e por isso as coisas todas do meu tempo parecem querer despertar à luz de um novo dia.

Escrevo e teço música e imagens e, ao mesmo tempo, nego essa linguagem que me conduz à foz e à nascente e que se insere sem mistério no meu corpo. Escrevo e o pensamento se enraíza em seu domínio, bem anterior às palavras. Porque primeiro tenho consciência de que houve o toque, a extensão da vista; o movimento, a percepção de tempo e de espaço. Muito antes de ser dito, meu mundo foi tocado, apreendido e captado dentro desse espelho em que me vejo.

Assim, esse mergulho se perde na dimensão da consciência de si mesmo, mas recupera-se para a vida com a intervenção da poesia; e no espelho me devolve a singularidade, a eterna transformação das formas, uma a uma desenlaçadas, areia, nuvem, deserto, espelho, água.
Foto e texto: Claude Bloc

Paulo Freire




Em 1962, Paulo Freire provou ser um gênio. Em 45 dias, ensinou 300 cortadores de cana a ler e escrever e demonstrou que seu método de alfabetização funcionava na prática muito melhor do que qualquer outro já teorizado. A importância de seu legado para a pedagogia mundial foi atestada pelo convite para lecionar em diversas universidades prestigiadas do mundo, pela publicação de seus livros em inúmeras línguas e por, atualmente, sua obra ser estudada em 90 países. A sua pedagogia, que prega consciência popular e liberdade, foi sufocada pelo Regime Militar e deixada de lado pelos homens do poder dos dias de hoje. Mas seu pensamento continua vivo. Vivo e, muitas vezes, distorcido.

Um texto da revista Veja intitulado “Prontos para o século XIX” aponta algumas dessas distorções e mostra professores acéfalos que ensinam aos alunos, sem os fazer pensar, a cartilha de que a máquina e a tecnologia destroem o homem e que a lógica de mercado é perversa. A matéria fala de alguns colégios em que os educadores se esquecem do seu verdadeiro papel e transformam a lousa em palanque. Com tal postura, eles definem o trabalho de toda a vida de Paulo Freire em uma única palavra: ideologia.

Isso ocorre pelo fato de muitos desses professores apresentarem um pensamento raso. Mas é bom deixar claro que nenhum desses profissionais citados na matéria de Veja são tão estúpidos quanto os jornalistas e o editor do texto. Os jornalistas, que precisam do salário no fim do mês, provavelmente escreveram outro conteúdo e acabaram surpreendidos quando leram o resultado final: um texto horroroso, sem apuração, sem entrevistas consistentes, sem sentido: tudo menos jornalístico. De um anacronismo patético. Será que alguém ainda acredita nas besteiras que Veja publica?

Em determinado trecho, a publicação define Paulo Freire da seguinte maneira: “autor de um método de doutrinação esquerdista disfarçado de alfabetização, um dos personagens arcanos sem contribuição efetiva à civilização ocidental”. Sim, ele pregava que toda educação era política, era um homem marxista e, em minha opinião, seu maior defeito era exatamente misturar mais do que deveria política com educação, o que é quase como jogar em um mesmo recipiente azeite e água. Considero que consciência de classe ou de vida se adquire pensando abertamente; qualquer ideologia orientada é, na verdade, um desuso do pensamento. Mas Paulo Freire, que como qualquer um tinha defeitos, foi fundamental para abrir a cabeça humana para novas formas de educar, mais eficientes e menos inúteis e sem graça do que as tradicionais.

Veja, totalmente envolvida em ideologias do século XIX, mostra que é igualzinha aos professores que acham que falar mal do capitalismo é suficiente para se fazer pensar. São apenas duas pontas diferentes de uma mesma estupidez. Assusta ler em uma revista com tiragem de 1 milhão de exemplares uma bobagem como essa: “estamos em um mundo em que a empregabilidade e o sucesso na vida profissional dependem cada vez mais do desempenho técnico, do rigor intelectual, da atualização do pensamento e do conhecimento”. Rigor intelectual? Atualização do pensamento e do conhecimento? Alguém enxerga realmente isso no mundo de hoje? A maioria das pessoas que eu conheço trabalha apenas para ganhar dinheiro e não tem necessidade de ser nenhum gênio para se dar bem. Conheço sujeitos incrivelmente burros que tiram salários bem polpudos no final do mês. Mesmo o editor da matéria em questão me parece um ser bem estúpido e deve ter uma bela remuneração. No mercado de trabalho de hoje, mais do que qualquer outra coisa e sem generalizar, se dá bem quem engole mais sapos sem engasgar.

Veja deixou de fazer jornalismo há muito tempo, mas se superou nesta matéria. A jogada da revista é apresentar fatos absurdos – como professores idiotas que dizem aos alunos que todo empresário é um monstro – para defender um ponto de vista ainda mais imbecil. E assim vamos caminhando. É imbecilidade para cá e para lá. É a velha historinha de esquerda e direita que nunca nos levou a lugar nenhum. A obra de Paulo Freire, por mais controversa e falível, faz pensar. O texto de Veja e a postura dos professores têm o claro objetivo de tornar as idéias únicas e fazer com que as pessoas pensem cada vez menos. Será que os editores de Veja realmente acreditam no que escrevem? Será que os jornalistas que assinaram realmente sabem do que se trata o trabalho de Paulo Freire? Será que, agora, eles estão envergonhados? Eu estaria.

“Criar o que não existe ainda deve ser a pretensão de todo sujeito que está vivo” Paulo Freire
Tags: Think About Educação

Ataulfo Alves




Ataulfo Alves de Sousa era um dos sete filhos do Capitão Severino, violeiro, sanfoneiro e repentista da Zona da Mata, nasceu em 2 de maio de 1909 na Fazenda Cachoeira, propriedade dos Alves Pereira, no município de Miraí, MG.

Com oito anos, já fazia versos, respondendo aos improvisos do pai. Com a morte deste, a família teve de se mudar para a cidade, onde aos dez anos começou a ajudar a mãe no sustento da casa: foi leiteiro, condutor de bois, carregador de malas na estação, menino de recados, marceneiro, engraxate e lavrador, ao mesmo tempo em que estudava no Grupo Escolar Dr. Justino Pereira. Aos 18 anos, aceitou o convite do Dr. Afrânio Moreira Resende, medico de Miraí, para acompanhá-lo ao Rio de Janeiro, onde fixaria residência. Durante o dia, trabalhava no consultório, entregando recados e receitas, e, a noite, fazia limpeza e outros serviços domésticos na casa do médico. Insatisfeito com a situação, conseguiu uma vaga de lavador de vidros na Farmácia e Drogaria do Povo. Rapidamente aprendeu a lidar com as drogas e tornou-se prático de farmácia. Depois do trabalho voltava para casa no bairro de Rio Comprido, onde costumava freqüentar rodas de samba. Já sabia tocar violão, cavaquinho e bandolim, e organizou um conjunto que animava as festas do bairro.

Em 1928, com apenas 19 anos, casou-se com Judite. Nessa época, em que já começara a compor, tornou-se diretor de harmonia de Fale Quem Quiser, bloco organizado pelo pessoal do bairro. Em 1933, Bide, que viria a fazer sucesso com o samba Agora e cinza (com Marçal), ouviu algumas composições suas no Rio Comprido, e resolveu apresentá-lo a Mr. Evans, diretor americano da Victor. Foi então que Almirante gravou o samba Sexta-feira, sua primeira composição a ser lançada em disco. Dias depois, Carmen Miranda, que ele havia conhecido antes de ser cantora, gravou Tempo perdido, garantindo sua entrada no mundo artístico. Em 1935, através de Almirante e Bide, conseguiu seu primeiro sucesso com Saudade do meu barracão, gravado por Floriano Belham. Seu nome cresceu muito quando apareceram as gravações do samba Saudade dela, em 1936, por Silvio Caldas e da valsa A você (com Aldo Cabral) e do samba Quanta tristeza (com André Filho), em 1937, por Carlos Galhardo, que se tornaria um dos seus grandes divulgadores. Passou a compor com Bide, Claudionor Cruz, João Bastos Filho e Wilson Batista, com quem venceu os Carnavais de 1940 e 1941, com Oh!, seu Oscar e O Bonde de São Januário.

Em 1938, Orlando Silva, outro grande interprete de suas musicas, gravou Errei, erramos. Em 1941, fez sua primeira experiência como intérprete, gravando seus sambas Leva, meu samba... e Alegria na casa de pobre (com Abel Neto). Em 1942 a situação financeira difícil e a hesitação dos cantores em gravar sua ultima composição fizeram com que ele próprio lançasse, para o Carnaval do ano, Ai, que saudades da Amélia; gravado com acompanhamento do grupo Academia do Samba e abertura de Jacó do Bandolim, o samba, feito a partir de três quadras apresentadas por Mário Lago para serem musicadas, resultou em grande sucesso popular. Juntos fizeram ainda Atire a primeira pedra, para o Carnaval de 1944, e em 1945 lançaram Capacho e Pra que mais felicidade.

Resolvido a continuar interpretando suas músicas, juntou-se a um grupo de cantoras, organizando um conjunto que, por sugestão de Pedro Caetano, foi chamado de Ataulfo Alves e suas Pastoras. Inicialmente formado por Olga, Marilu e Alda. Representativas da década de 1950, quando faziam sucesso musicas de fossa e de amores infelizes, são suas composições Fim de comedia e Errei, sim, gravadas por Dalva de Oliveira. Em 1954 participou do show O Samba nasce no coração, realizado na boate Casablanca, quando lançou o samba Pois é... O pintor Pancetti gostou muito da musica e, inspirado nela, fez um quadro com o mesmo nome, que ofereceu ao compositor. Compôs então Lagoa serena (com J. Batista), dedicando-a a Pancetti, que, novamente, o homenageou com a tela Lagoa serena.

Convidado por Humberto Teixeira, em 1961 participou de uma caravana de divulgação da musica popular brasileira na Europa, para onde levou Mulata assanhada e Na cadência do samba (com Paulo Gesta), que acabara de lançar. Retornou no mesmo ano e fundou a ATA (Ataulfo Alves Edições), tonando-se editor de suas musicas. Por essa época, desligou-se de suas pastoras – na ocasião Nadir, Antonina, Geralda e Geraldina –, passando a se apresentar sozinho, esporadicamente.

Depois de realizar em 1964 uma temporada no Top Club, do Rio de Janeiro, como sentisse piorar a úlcera no duodeno, em 1965 decidiu passar o seu titulo de General do Samba para seu filho, Ataulfo Alves Júnior. Em decorrência do agravamento da úlcera, morreu após uma intervenção cirúrgica, no Rio de Janeiro em 20 de abril de 1969.

Biografia: Enciclopédia da Música Brasileira



Antonio Nóbrega nascimento 02/05/1952
Natural de Recife, estudou violino clássico e canto lírico com professores renomados, chegando a tocar em orquestra. Nos anos 70 participou do Quinteto Armorial, com o qual gravou quatro discos e excursionou pelo mundo divulgando a música tradicional nordestina. A partir de 1976 começa a conceber seus próprios espetáculos, misturando dança, artes cênicas e música, participando na década de 80 de festivais de teatro. Pesquisador de dança e música brasileira, radicou-se em São Paulo em 1983 e ajudou a implantar o Departamento de Artes Corporais da Unicamp. Depois de ganhar prêmios no exterior, seu trabalho começou a ter repercussão no Brasil na década de 90 com os espetáculos "Figural", "Brincante" e "Segundas Histórias", os dois últimos estrelados por seu personagem Tonheta, uma mistura de clown e vagabundo que cativa o público. No final da década passou a se dedicar mais à pesquisa musical, e lançou em CD os shows "Na Pancada do Ganzá" (baseado na viagem etnográfico-musical de Mário de Andrade pelo Brasil) e "Madeira que Cupim Não Rói". Mantém em São Paulo a Escola e Teatro Brincante, um centro cultural que promove eventos e cursos ligados à dança, música e arte circense.


Cliquemúsica



Augusto Pinto Boal (Rio de Janeiro, 16 de março de 1931 — Rio de Janeiro, 2 de maio de 2009) foi diretor de teatro, dramaturgo e ensaísta brasileiro, uma das grandes figuras do teatro contemporâneo internacional. Fundador do Teatro do Oprimido, que alia o teatro à ação social, suas técnicas e práticas difundiram-se pelo mundo, notadamente nas três últimas décadas do século XX, sendo largamente empregadas não só por aqueles que entendem o teatro como instrumento de emancipação política mas também nas áreas de educação, saúde mental e no sistema prisional.

Nas palavras de Boal:

O Teatro do Oprimido é o teatro no sentido mais arcaico do termo. Todos os seres humanos são atores - porque atuam - e espectadores - porque observam. Somos todos 'espect-atores'.

O dramaturgo é conhecido não só por sua participação no Teatro de Arena da cidade de São Paulo (1956 a 1970), mas sobretudo por suas teses do Teatro do oprimido, inspiradas nas propostas do educador Paulo Freire.

Sua obra escrita é expressiva. Com 22 livros publicados e traduzidos em mais de vinte línguas, suas concepções são estudadas nas principais escolas de teatro do mundo. O livro Jogos Para Atores e Não Atores trata de um sistema de exercícios ("monólogos corporais"), jogos (diálogos corporais) e técnicas teatrais além de técnicas do teatro-imagem, que, segundo o autor, podem ser utilizadas não só por atores mas por todas as pessoas.

Apesar de existirem milhares grupos e centros de estudos sobre o Teatro do Oprimido no mundo(mais de 50 países nos cinco continentes), apenas o Centro de Teatro do Oprimido (CTO) do Rio de Janeiro é reconhecido como o ponto de referência mundial da metodologia. Localizado na Avenida Mem de Sá nº 31, bairro da Lapa, Rio de Janeiro - RJ- Brasil, o CTO foi fundado em 1986 e dirigido por Boal até o seu falecimento, em maio de 2009.

Por Nívia Uchôa

À comunidade da Região do Cariri


Todo início de semestre na URCA, a mesma situação se repete. Inúmeras turmas e disciplinas sem professores. E a “solução” que a Reitoria e o Governo do Estado vêm aplicando é a sucessiva realização de concurso para professores substitutos. Esse tipo de contratação é previsto pela Lei 14, apenas em casos de afastamento do professor efetivo para tratamento de saúde ou para qualificação. O problema é que, ao invés de realizar concurso para o quadro efetivo de professores, o Governo vem realizando concursos para professores que não substituem ninguém, o que acarreta uma situação de precarização do trabalho docente e a inviabilidade de qualquer projeto em médio e longo prazo, na instituição, visto que os contratos são temporários.

Em 2008, o SINDURCA fez uma denúncia no Ministério Público, o que fez com a URCA assinasse um TAC (Termo de Ajuste de Conduta) no sentido de se adequar à Lei 14 e não mais realizar concursos em situação irregular. O que ocorre é que a Universidade não cumpriu o acordo de forma alguma e continua promovendo concursos para professores substitutos.

Nesse momento, a situação da URCA é calamitosa. Os casos mais dramáticos são o da Escola de Artes e do curso de Física. A Escola de Artes deveria ter iniciado o semestre no dia 22 de abril, mas até o momento o curso está paralisado por absoluta carência de professores. Há, nesse momento, 19 disciplinas sem professores o que inviabiliza o inicio deste e de futuros semestres. A necessidade efetiva é de 10 professores para iniciar pelo menos 2 semestres contínuos. No curso de Física, praticamente não haverá o VI semestre, pois, de cinco disciplinas apenas duas têm professor. Há problemas, também em todos os outros cursos: Educação Física, Economia, Matemática e, mesmo nos cursos em que, aparentemente não há problema, os professores convivem, cotidianamente, com uma sobrecarga de trabalho, extrapolando, muitas vezes, até o limite da lei, que são 20 horas semanais em sala de aula. Isto sem falar nos campi de Iguatu, Brejo Santo e Campos Sales que nunca tiveram concursos para professor nem técnicos-administrativos, sendo esta mais uma grave irregularidade.

O Governador autorizou concurso público para reposição de professores efetivos para apenas 60 vagas, o que não supre, nem de longe, a real necessidade de professores, por baixo, 155 vagas.

No caso da URCA, há, ainda, um outro agravante. Em decorrência da Reforma Universitária do governo federal, até 2012, as universidades que não tiverem, pelo menos, dois cursos de Mestrado, um doutorado e 20 cursos, perderão o seu status de universidade e passarão a ser Centro Universitário, uma espécie de Escolão de “ensino superior”.

Vimos a público denunciar a completa falta de compromisso do governo Cid Gomes com as universidade públicas deste estado do Ceará. Tal postura se estende a toda a Educação no Estado, haja vista a truculência e o terrorismo com os professores do Ensino Médio, na greve de 2009.

Tendo em vista o ano eleitoral, precisamos garantir que esse concurso seja homologado e os professores sejam contratados antes do dia 03 julho. Concurso para professores efetivos, na URCA, hoje, é uma questão de sobrevivência institucional. Não aceitaremos concurso para substituto novamente.

A URCA é um patrimônio do povo do Cariri, conquistada com muita luta. Por isso, conclamamos a todos a se envolverem neste movimento em defesa da universidade.


Texto de Luis Fernando Veríssimo - Colaboração de Caio Marcelo

Alô? Quem tá falando?
— Aqui é o ladrão.

— Desculpe, a telefonista deve ter se enganado, eu não queria falar com o dono do banco. Tem algum funcionário aí?
— Não, os funcionário tá tudo refém.
— Há, eu entendo. Afinal, eles trabalham quatorze horas por dia, ganham um salário ridículo, vivem levando esporro, mas não pedem demissão porque não encontram outro emprego, né? Vida difícil... mas será que eu não poderia dar uma palavrinha com um deles?
— Impossível. Eles tá tudo amordaçado.
— Foi o que pensei. Gestão moderna, né? Se fizerem qualquer crítica, vão pro olho da rua. Não haverá, então, algum chefe por aí?
— Claro que não mermão. Quanta inguinorânça! O chefe tá na cadeia, que é o lugar mais seguro pra se comandar assalto!
— Bom... Sabe o que que é? Eu tenho uma conta...
— Tamo levando tudo, ô bacana. O saldo da tua conta é zero!
— Não, isso eu já sabia. Eu sou professor! O que eu queria mesmo era uma informação sobre juro.
— Companheiro, eu sou um ladrão pé-de-chinelo. Meu negócio é pequeno. Assalto a banco, vez ou outra um seqüestro. Pra saber de juro é melhor tu ligá pra Brasília.
— Sei, sei. O senhor ta na informalidade, né? Também, com o preço que tão cobrando por um voto hoje em dia... mas, será que não podia fazer um favor pra mim? É que eu atrasei o pagamento do cartão e queria saber quanto vou pagar de taxa.
— Tu tá pensando que eu tô brincando? Isso é um assalto!
— Longe de mim pensar que o senhor está de brincadeira! Que é um assalto eu sei perfeitamente; ninguém no mundo cobra os juros que cobram no Brasil. Mas queria saber o número preciso: seis por cento, sete por cento?
— Eu acho que tu não tá entendendo, ô mané. Sou assaltante. Trabalho na base da intimidação e da chantagem, saca?
— Ah, já tava esperando. Você vai querer vender um seguro de vida ou um título de capitalização, né?
— Não...já falei...eu sou... Peraí bacana... hoje eu tô bonzinho e vou quebrar o teu galho.

(um minuto depois)
— Alô? O sujeito aqui tá dizendo que é oito por cento ao mês.
— Puxa, que incrível!
— Incrive por que? Tu achava que era menos?
— Não, achava que era mais ou menos isso mesmo. Tô impressionado é que, pela primeira vez na vida, eu consegui obter uma informação de uma empresa prestadora de serviço pelo telefone em menos de meia hora e sem ouvir 'Pour Elise'.
— Quer saber? Fui com a tua cara. Acabei de dar umas bordoadas no gerente e ele falou que vai te dar um desconto. Só vai te cobrar quatro por cento, tá ligado?
— Não acredito! E eu não vou ter que comprar nenhum produto do banco?
— Nadica de nada, já ta tudo acertado!
— Muito obrigado, meu senhor. Nunca fui tratado dessa...


(De repente, ouvem-se tiros, gritos)

— Ih, sujou! Puliça!
— Polícia? Que polícia? Alô? Alô?


(sinal de ocupado)

— Droga! Maldito Estado: quando o negócio começa a funcionar, entra o Governo e estraga tudo!

(Luís Fernando Veríssimo)

Sds, Caioh Bonates

Colaboração de Fátima Figueiredo

O PROFESSOR ESTÁ SEMPRE ERRADO
O material escolar mais barato que existe na praça é o professor!
É jovem, não tem experiência.
É velho, está superado.
Não tem automóvel, é um pobre coitado.
Tem automóvel, chora de "barriga cheia'.
Fala em voz alta, vive gritando.
Fala em tom normal, ninguém escuta.
Não falta ao colégio, é um 'caxias'.
Precisa faltar, é um 'turista'.
Conversa com os outros professores, está 'malhando' os alunos.
Não conversa, é um desligado.
Dá muita matéria, não tem dó do aluno.
Dá pouca matéria, não prepara os alunos.
Brinca com a turma, é metido a engraçado.
Não brinca com a turma, é um chato.
Chama a atenção, é um grosso.
Não chama a atenção, não sabe se impor.
A prova é longa, não dá tempo.
A prova é curta, tira as chances do aluno.
Escreve muito, não explica.
Explica muito, o caderno não tem nada.
Fala corretamente, ninguém entende.
Fala a 'língua' do aluno, não tem vocabulário.
Exige, é rude.
Elogia, é debochado.
O aluno é reprovado, é perseguição.
O aluno é aprovado, deu 'mole'.
É, o professor está sempre errado, mas, se conseguiu ler até aqui, agradeça a ele!

Jô Soares

Já diria Caetano Veloso: "Cada um sabe a dor e o prazer de ser o que é"

Por Gabriella Federico

EXPIRAÇÃO

Hoje vou sair com alguém
Esperança num fio de curiosidade
Sabendo que mando na minha mente,
mas o meu coração não sente.
Por que seduzir , se não somos nós
quem decidimos?
Por que dizer o que sinto,
se o medo da entrega
é mais forte ?
A sociedade e a educação é que mandam !
Um grande amor precisa de muito tempo livre
para ser vivido,deitar na grama,ler,
fazer poesia,amar a vida, sem pressa...
O mundo não deixa.
Seja feliz com ela...
Nos encontraremos na próxima vida
Procurarei chegar a tempo.




Apelo de Hitler sobrevive 65 anos após sua morte [o retorno do anti-cristo]

[O retorno da consciência de Hitler]

(http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/apelo+de+hitler+sobrevive+65+anos+apos+sua+morte/n1237602242624.html)

Culto a líder nazista cruza fronteiras da Europa e cresce em países como Índia e Paquistão

Leda Balbino, iG São Paulo
30/04/2010 17:48

Apesar de passados 65 anos desde sua morte, Adolf Hitler e seu regime totalitário alemão ainda exercem fascínio sobre muitos. E esse sentimento não se restringe à Europa, onde há movimentos neonazistas e de extrema direita na Alemanha, Áustria, Bélgica, França e outros países. Seu apelo cruzou as fronteiras para locais como sul da Ásia, Turquia e territórios palestinos.

Hitler suicidou-se em 30 de abril de 1945 com uma mordida em uma pílula de cianeto e um disparo contra a têmpora. Ele se matou dentro de um abrigo de concreto construído a cerca de oito metros de profundidade na antiga Chancelaria do Reich (Reino, em alemão), enquanto as forças da então União Soviética cercavam a capital do país, Berlim.





Foto: AP

Líder nazista Adolf Hitler é saudado por soldados em Nuremberg em 2 de setembro de 1933

A morte de Hitler foi anunciada oficialmente em 1º de maio de 1945. Informações de seu quartel-general, porém, sugeriram que ele havia tido uma morte heroica: "Hitler morreu em seu posto de comando na Chancelaria do Reich lutando até o último suspiro contra o bolchevismo (soviético) e pela Alemanha."

Os primeiros detalhes sobre as reais circunstâncias de sua morte surgiram em 20 de junho. Um dos guarda-costas de Hitler que haviam escapado para o lado britânico de Berlim contou ter visto os corpos parcialmente queimados do líder nazista e de sua companheira Eva Braun, com quem havia se casado um dia antes do suicídio, deitados lado a lado perto da entrada do abrigo subterrâneo.

Segundo muitos relatos, os corpos teriam sido retirados do abrigo por nazistas, cobertos por gasolina, queimados e então enterrados. Mais tarde teriam sido transferidos para um local desconhecido para nunca mais serem encontrados.

Neonazimo alemão

Na Alemanha, o movimento de extrema direita atualmente é mais comum no leste do país, que, 20 anos depois da reunificação do país, ainda registra índices sociais e econômicos piores do que as cidades a oeste. A imigração também alimenta a xenofobia.

De acordo com o Ministério do Interior da Alemanha, os incidentes relacionados à extrema direita atingiram seu pico em 2008, com um total de 19.894 casos, um aumento de 5% em relação a 2007. Destes, mais de mil foram violentos, com dois tendo resultado em morte.

O número de incidentes violentos relacionados à extrema direita vem caindo no país, segundo o ministério. Enquanto entre janeiro e outubro de 2008 foram 639 casos, houve 572 no mesmo período de 2009. Além disso, das 12.066 manifestações da extrema direita na Alemanha nos dez primeiros meses de 2009, 8.369 foram propaganda.

De acordo com o Escritório Federal de Proteção da Constituição do país, em 2008 havia na Alemanha 156 organizações de extrema direita, com estimados 30 mil membros. O número, que se manteve o mesmo no ano passado, é menor do que os 38,6 mil membros de 2006.

Mas, apesar da aparente melhora, para muitos os dados continuam alarmantes. “O que me assusta é o ar de normalidade com que esses fatos são registrados ano após ano sem uma resposta adequada”, afirmou o ativista antirracismo Timo Reinfrank à Rádio Free Europe.

Apelo do mito

Nos últimos anos, a obra de Hitler “Mein Kampf” (Minha Luta), que se tornou a "bíblia do nazismo" no Terceiro Reich (1933-1945), alcançou recorde de vendas em mercados como Índia, Turquia e territórios palestinos. Na Alemanha, o Estado da Bavária detém os direitos sobre a obra e sua publicação está proibida até 2015, quando ela cai em domínio público.

Segundo o “Daily Telegraph”, entre outubro de 2008 e abril de 2009 foram vendidos 10 mil volumes do livro só na indiana Nova Délhi, muito pelo interesse de estudantes de negócios que veem o líder nazista como um ícone da estratégia de gerenciamento. "Eles consideram a obra uma história de sucesso de como um homem pode ter uma visão, estabelecer um plano para implementá-la e então ter êxito em colocá-la em prática”, explicou Sohin Lakhani, proprietários da livraria Embassy, com base em Mumbai, ao jornal britânico.




Foto: AP

Clientes passam em frente da Cruz de Hitler, restaurante em Kharghar, na Índia

Além da Índia, a obra é popular na Croácia e na Turquia, onde vendeu 100 mil cópias num período de dois meses em 2005. Na Rússia, o livro foi reimpresso três vezes desde que a proibição à sua publicação foi levantada em 1992.

Em uma matéria publicada em março deste ano, o correspondente da revista alemã “Der Spiegel” em Islamabad, Hasnain Kazim, interpreta o culto a Hitler no Paquistão e na Índia como um sinal de que a população local o vê como aquele que desafiou britânicos e americanos.

"Suspeito que a maioria dos indianos e dos paquistaneses não tem a menor ideia do que esse homem fez”, disse Kazim, referindo-se ao extermínio de 6 milhões de judeus durante a 2.ª Guerra Mundial (1937-1945), conflito desencadeado por Hitler que deixou um saldo de 55 milhões de mortos.

“No mundo islâmico, do Paquistão e Irã ao norte da África, o sentimento antissemita obviamente tem um papel. Conversas rapidamente desembocam em comentários sobre a injustiça inflingida contra os palestinos que tiveram suas terras roubadas (quando da formação do Estado de Israel, em 1948)”, completou Kazim.

Segundo ele, porém, não são somente os muçulmanos que mantêm esse culto ao nazismo. Na Índia, um empresário hindu abriu um restaurante chamado “Cruz de Hitler”, cuja entrada é enfeitada com um retrato do líder do Terceiro Reich.

Além do apelo de seu livro, os esboços e aquarelas de Hitler, considerados pelos críticos dignos da nota “C”, atingem altos valores em leilões. Em 24 de abril, uma coleção de 13 peças foi vendida por 95 mil libras (quase US$ 145 mil) no Reino Unido.

*Com BBC

MARISOL dos sonhos juvenis - Por Xico Bizerra


Eu sabia que não era verdade, que era apenas pabulagem. Ele mentia para me fazer inveja, só porque morava na capital e eu era um menino besta do interior. Chatice de menino chato. Tinha certeza que ele não vira, mesmo morando na Capital, o último filme de Marisol, em que ela volta de Madri pra sua aldeia natal. Curioso, perguntei-lhe como ela fizera a viagem, se de avião ou de ônibus. Ele baixou os olhos e num tom de voz quase inaudível, próprio dos inimigos da verdade, respondeu-me que fora de avião. Desconversou, mudou de assunto e fomos jogar bola.
Quando o filme passou no Crato, encantei-me com a volta de Marisol pra sua cidade. Embelezando o já naturalmente belo, suas madeixas amarelas e um vestidinho da mesma cor. O mar estava lindo, combinando com Marisol. Ela não enjoou na viagem e cantava como nunca.
Por Xico Bizerra.

Espelho d’água
- Claude Bloc -

No cristal da água
Um céu que não me vê,
céu distante, em seu espelho.

Cristalizo meu silêncio na poesia,
na água que reflete minha dor.
Se o espelho não responde
quebra-se a imagem e
queima-se num sopro.

Texto e imagens: Claude Bloc