Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

terça-feira, 22 de junho de 2010

Sem palavras...

Para os apreciadores: Bolero de Ravel (mp3)

A PROFECIA ECOLÓGICA-ESPIRITUAL DE MINHA AMIGA IEDA


Os recentes acontecimentos nos Estados de Alagoas e Pernambuco me fizeram reprisar esse texto que criei já faz algum tempo.

No início da década de 80 decidi sair da casa de meu pai para ir morar sozinho. Um ano após minha saída, por questões econômicas, mudei de endereço no mesmo bairro do Flamengo. O Flamengo é um bairro nobre da zona sul do Rio de Janeiro. Os aluguéis lá eram e ainda são caros. Então, encontrei uma saída econômica que era morar num quarto alugado próximo à praia. E a moradora, uma gaucha de uns 40 anos de idade, me sub-alocou um pequeno quarto confortável para mim e meu irmão mais velho. Ieda era (ou é ainda (?)) uma mulher de convicções firmes e muito simpática. Sempre sorridente, Ieda cativava a todos com sua coragem , força de vontade e fé no processo de superação de uma doença raríssima no mundo. Era muito comum vê-la dopada para suportar as dores dos pequenos nódulos que surgiam por todo o seu corpo.
Num belo dia ela me contou como ficou sabendo, com bastante antecedência, o caminho de sofrimento que teria que passar nessa vida terrena. Contou-me ela que seu avô havia planejado ir à praia (no Rio Grande do Sul onde ela morava quando pequena) com ela e um garotinho. E assim aconteceu. Saíram cedo com o objetivo de voltar um pouco mais tarde. Em dada hora, o avô percebendo que precisava fazer o lanche que levara forrou a areia com um pano e retirou da sacola uma melancia para repartir entre eles. Buscou na sacola uma faca e foi aí que percebeu que havia esquecido a mesma em casa. Por um instante ficou confuso com o fato de ter esquecido a faca. Tentou encontrar uma maneira de executar a ação. Foi aí que de repente surgiu do nada uma figura humana de um velhinho vestido todo de branco. Seus cabelos eram brancos e possuía uma grande barba branca também. O velhinho se aproximou disposto a ajudá-los. Ele fez um sinal da cruz sobre a melancia, e a melancia se repartiu milagrosamente em quatro pedaços. Após esse feito ele se apresentou como sendo Jesus Cristo. E em seguida orientou o avô dela para que não continuasse mais batendo na esposa. E quanto a ela, disse: “Você terá uma doença muito rara no mundo. Mas, não se preocupe porque é para seu próprio bem devido aos karmas adquiridos em outras vidas”. Após essa fala ele profetizou o que iria acontecer com o ser humano devido a sua ação destruidora da natureza. Ele afirmou: “Tudo o que o homem toma ou interfere na natureza provocará uma ação contrária fazendo com que surjam tempestades e todo tipo de catástrofes que envolvem a natureza. A natureza vai querer tudo de volta!”. E segundo minha amiga Ieda ele mencionou algumas cidades onde ocorreriam essas catástrofes (p.ex.: Santa Catarina, Rio de Janeiro etc).

E a partir dessa história contada por Ieda fiquei atento aos desastres naturais. E toda vez que acontece um desastre “natural” lembro-me de Ieda e do velhinho espiritual. Quando é que finalmente admitiremos que tudo está interligado: o social, o natural e o espiritual? Hoje, se discute quanto tempo temos (se é que temos) ainda para consertar os erros do passado e do presente. O mundo vive apreensivo sobre o destino da humanidade caso ações concretas não sejam realizadas a tempo para mudar o rumo da intervenção desastrosa da vida humana na Terra. Tudo será afetado: água, solo, subsolo, ar, florestas, cidades etc.: “O Sertão virará mar, e o mar virará Sertão” diz a música sertaneja. A conta desses desastres será paga por todos, principalmente os mais pobres e carentes de recursos. No COP-15, em Copenhague, se discutiu um acordo de como repartir as responsabilidades, ônus e bônus. Mas, não houve consenso de quanto cada um deverá investir e doar de si para salvar o planeta.

Enquanto isso, continuamos poluindo, desmatando e destruindo o que resta ainda de original e sagrado ao nosso redor.

Bernardo Melgaço da Silva

A Senhora Gravidade

Se fores morrer pela ilusão
não te iludas com a morte.

Não a glorifiques
além do túmulo

ou das flores
um dia murchas.

Se fores morrer pelo sonho
não te percas do caminho.

Sempre haverá esse gosto acre.
Essa cor alaranjada.

Mesmo debaixo do solo
quando junto à terra
acordares minhoca.

Ou quem sabe
tuas cinzas
ao longe

ceguem viajantes
causem lágrimas
em donzelas.

Se fores morrer
e tiveres coragem
não grites
quando a luz do quarto
apagar-se e da escuridão dos cantos
os lamentos dos solitários.

Ouvirás tuas botas
como nunca.

Terás medo das sombras
das tuas camisas penduradas.

Se queres morrer aprende
a não ter dúvidas.

A Serenata- por Adélia Prado

Uma noite de lua pálida e gerânios
ele viria com boca e mãos incríveis
tocar flauta no jardim.
Estou no começo do meu desespero
e só vejo dois caminhos:
ou viro doida ou santa.
Eu que rejeito e exprobo
o que não for natural como sangue e veias
descubro que estou chorando todo dia,
os cabelos entritecidos
a pele assaltada de indecisão.
quando ele vier, porque é certo que vem,
de que modo vou chegar ao balcão sem juventude?
A lua, os gerânios e ele serão os mesmos
- só a mulher entre as coisas envelhece.
De que modo vou abrir a janela, se não for doida!
Como a fecharei, se não for santa?




Opereta

Como passa o estado febril
no corpo de uma criança
após um dia no parque

também logo passa
esse tempo escuro
na alma de quem
escreve poemas.

À criança se perguntarem
se a febre embora
ou novamente
a roda-gigante

claro a criança deseja
mais festejos

da mesma forma
a ambição de quem
escreve versos
a permanente loucura
desse céu cinzento.

O equilíbrio da dor poética
se refaz no dia seguinte

para surpresa do bardo
pode até chover beijos
de línguas ardentes

mas por consolo
terá em suas faces
as marcas transparentes
daquele aperto no peito.

Pensamento para o Dia 22/06/2010


“A consciência de Deus (Brahman) não pode ser conquistada pelo acúmulo ou doação de riquezas. Ela também não pode ser alcançada através da leitura de textos, ascensão ao poder, aquisição de graus e diplomas ou realização de sacrifícios e rituais de acordo com as escrituras. O corpo é um formigueiro, com a mente no interior da cavidade. A mente tem escondida nela a serpente chamada ignorância (Ajnana). Essa serpente não pode ser morta recorrendo a atividades prazerosas (Kamya Karma). A sabedoria espiritual (Jnana) é a única arma que pode matar a serpente da ignorância. Somente a pessoa que tem fé pode garantir essa sabedoria espiritual.”
Sathya Sai Baba
De volta
Claude Bloc
Ontem mergulhei de volta nos braços acolhedores da Serra Verde. A casa grande (França Livre) marcada pelo tempo fez de conta que nem viu aquelas rachaduras aqui e ali, nem tentou esconder suas máculas, apenas me sorriu e me acolheu placidamente.
Mostrou-me o açude orgulhosa por poder ainda mirar-se naquele espelho com alguma imponência, mas não se queixou da idade, nem do desleixo do tempo. Percorri-a toda, inteirinha. Cada compartimento. Evocando épocas e eventos. Senti suas paredes, seu chão. Olhei pelas janelas, pelos vãos. Preguei meus olhos nas coisas e nas serras espalhadas pelos arredores, emocionada, intensamente quieta.

Meu corpo seguia o ritmo do pensamento num vai-e-vem incansável, onde o presente se misturava ao passado sem distinguir as distâncias. Busquei com os olhos pequenas marcas deixadas por papai e mamãe. Objetos que lhes pertenceram denunciavam a falta imensa que deixaram.

Assisti ao por-do-sol ali depois de tanto tempo. Vermelho forte tingindo a copa das árvores no topo do Alto do Caboclo. Pintei uma tela na alma. Fotografei o momento e deixei-o adormecer com todas as minhas lembranças, guardadas para sempre.
Claude Bloc

Resquício

Um sujeito louco
não deve prometer
chocolates à saudade.

Um sujeito louco
não deve jurar flores
ao passado.

Não deve ter critérios.
Nem planos de retirada.

Um sujeito louco deve ser sóbrio
em questões metafísicas.

Perder a voz diante de uma porta entreaberta.
Perder a paciência com tanta cautela das formigas.

Um sujeito louco
nunca deve prometer
paz de espírito
à sua mente.

Deve apenas ouvir seus chinelos
debaixo da cama.

DESAFIO: VOCÊ SABE JOGAR DADOS?


Sofia lançou um dado quatro vezes e obteve um total de 23 pontos. Quantas vezes Sofia obteve 6 (seis) pontos?
A resposta está com você! Tente, não é dificil

Guimarães Rosa



João Guimarães Rosa


"Quando escrevo, repito o que já vivi antes.
E para estas duas vidas, um léxico só não é suficiente.
Em outras palavras, gostaria de ser um crocodilo
vivendo no rio São Francisco. Gostaria de ser
um crocodilo porque amo os grandes rios,
pois são profundos como a alma de um homem.
Na superfície são muito vivazes e claros,
mas nas profundezas são tranqüilos e escuros
como o sofrimento dos homens."

João Guimarães Rosa nasceu em Cordisburgo (MG) a 27 de junho de 1908 e era o primeiro dos seis filhos de D. Francisca (Chiquitinha) Guimarães Rosa e de Florduardo Pinto Rosa, mais conhecido por "seu Fulô" comerciante, juiz-de-paz, caçador de onças e contador de estórias.


"Um chamado João"

"João era fabulista?
fabuloso?
fábula?
Sertão místico disparando
no exílio da linguagem comum?
Projetava na gravatinha
a quinta face das coisas,
inenarrável narrada?
Um estranho chamado João
para disfarçar, para farçar
o que não ousamos compreender?
Tinha pastos, buritis plantados
no apartamento?
no peito?
Vegetal ele era ou passarinho
sob a robusta ossatura com pinta
de boi risonho?


Era um teatro
e todos os artistas
no mesmo papel,
ciranda multívoca?
João era tudo?
tudo escondido, florindo
como flor é flor, mesmo não semeada?
Mapa com acidentes
deslizando para fora, falando?
Guardava rios no bolso,
cada qual com a cor de suas águas?
sem misturar, sem conflitar?
E de cada gota redigia nome,
curva, fim,
e no destinado geral
seu fado era saber
para contar sem desnudar
o que não deve ser desnudado
e por isso se veste de véus novos?


Mágico sem apetrechos,
civilmente mágico, apelador
e precipites prodígios acudindo
a chamado geral?
Embaixador do reino
que há por trás dos reinos,
dos poderes, das
supostas fórmulas
de abracadabra, sésamo?
Reino cercado
não de muros, chaves, códigos,
mas o reino-reino?
Por que João sorria
se lhe perguntavam
que mistério é esse?


E propondo desenhos figurava
menos a resposta que
outra questão ao perguntante?
Tinha parte com... (não sei
o nome) ou ele mesmo era
a parte de gente
servindo de ponte
entre o sub e o sobre
que se arcabuzeiam
de antes do princípio,
que se entrelaçam
para melhor guerra,
para maior festa?


Ficamos sem saber o que era João
e se João existiu
de se pegar."

Carlos Drummond de Andrade - 22/11/1967 - Versiprosa

CONVITE !!!!

Próximo dia 26.06 é o aniversário de Claude Bloc.Estaremos reunidos no Mirante , a  partir  das 20 h.
Amigos  (leitores e colaboradores) estão convidados !
Vamos cantar parabéns , enquanto nossa amiga querida apaga as velas e corta o bolo.


Festa do Cariricaturas - programação !

Dia 22.07 - 18 h - Encontro "Fim de Tarde" - Pau D'Arco - Entrega da quota de livros aos escritores.

Dia 23.07- Crato Tênis Clube
20 h- cerimonial de lançamento do livro "Caqriricaturas em prosa e verso"
21 h- Coquetel e  Perfomances poéticas
22 h - Baile com a banda de Hugo Linard até às 2 h.
Traje à vontade

Dia 24.7. - 12 h -Almoço Literário,  no Mirante - Avaliação  dos festejos.

As mesas para a festa no dia 23.07 já estão à venda. Façam as suas reservas !
preço : 40,00 ou 10,00 por pessoa.
Posição em 22.06.2010 - 45 mesas disponíveis.
Vendidas e/ou reservadas : 55 mesas.

e-mail : sauska_8@hotmail.com (Socorro Moreira)

Abraços,

Claude Bloc, Socorro Moreira, Emerson Monteirto e Edilma Rocha ( organizadores).

América Latina reproduz no Mundial fase de avanços na economia e na política

Existe alguma relação entre bom momento político e econômico e sucesso em Copas do Mundo? Difícil dizer, mas uma região que a cada ano ganha força e estabilidade parece estar reforçando essa ideia.

Ao final da segunda rodada do Mundial da África do Sul, a América Latina pode ser apontada como o maior vencedor até agora. Enquanto potências europeias tradicionais como França, Inglaterra, Espanha e Itália temem uma precoce e humilhante desclassificação, e os africanos lutam para garantir pelo menos um representante nas oitavas-de-final, os latino-americanos se impõem sobre o resto do mundo. México e Uruguai podem se classificar juntos em um grupo onde muitos viam França e os anfitriões da África do Sul como prováveis vitoriosos. O Brasil obteve sua classificação antes do jogo final, enquanto a Argentina impressionou e já está praticamente garantida na próxima fase. O Paraguai lidera seu grupo à frente da atual campeã, a Itália, e o Chile precisa agora de apenas um empate contra a Espanha para terminar como líder do grupo. A Copa da África tornou-se a Copa da América Latina.

Seria apenas coincidência o fato de a região passar por um bom momento também fora de campo? Depois de praticamente duas décadas economicamente perdidas, de 80 e 90, que pelo menos tiraram a maior parte da região do ciclo do autoritarismo político, a América Latina é hoje levada mais a sério. Tráfico de drogas e violência urbana ainda assustam, como no caso do México. Mas a Colômbia acaba de concluir uma eleição que mostrou maturidade política e recompensou o governo por suas vitórias sobre a guerrilha. Uruguai, Paraguai e Equador recentemente elegeram governos de esquerda sem que isso desestabilizasse sua economia ou governabilidade. Peru e Brasil são exemplos de crescimento econômico em torno ou acima de 5%. Enquanto a mesma Europa que patina na Copa não consegue ver o fim de seus problemas econômicos, a América Latina saiu da crise mundial antes do previsto. Apesar do deslize de Honduras, do regime comunista cubano e de polêmicas envolvendo o governo da Venezuela, a região desfruta de estabilidade e liberdade políticas inéditas em sua história.

O passado nos reserva outras coincidências dentro e fora do campo. O tão sonhado tetracampeonato mundial brasileiro veio em 1994, exatamente quando entrava em vigor o real, a moeda símbolo de estabilidade que finalmente derrotou a hiperinflação. A vitória da Alemanha em 1990, ainda sob o nome de Alemanha Ocidental, simbolizou o nascimento de uma nova, unificada, poderosa nação, meses após a queda do Muro de Berlim. O primeiro título do Brasil ocorreu em uma época de investimentos e otimismo, durante a construção de Brasília e com Pelé simbolizando a força do Brasil emergente dos anos JK. A Argentina de 1986, apesar das dificuldades do governo de Raul Alfonsin, era uma nação confiante no futuro, três anos depois do fim de uma sangrenta ditadura militar. A Inglaterra conquistou seu único título em 1966, época extremamente estimulante para a Grã-Bretanha, com importantes mudanças culturais e sociais ao som dos Beatles e dos Rolling Stones.

Entretanto, a mesma Argentina venceu o Mundial de 1978, quando os generais estavam no auge de seu impulso repressivo marcado por milhares de mortes e desaparecimentos. A vitória brasileira no México, em 1970, ocorreu em um tempo de milagre econômico, mas também de grande repressão política, que não pode ser considerada exatamente uma fase feliz. A Itália de 2006 vivia sua tão comum realidade de governo fraco e dificuldades econômicas. Além disso, a Grã-Bretanha viveu um grande período de prosperidade de 1993 a 2008, com 15 anos de crescimento econômico ininterrupto, sem que isso fosse traduzido em bons resultados para a seleção inglesa. A boa fase de um país não é garantia de sucesso dentro das quatro linhas, e títulos foram obtidos quando o país passava por dificuldades. Mas as vitórias dos últimos dias nos campos da África do Sul coincidem com um dos momentos mais positivos da história da América Latina. A Copa do Mundo ainda está no começo, e o renascimento latino-americano está longe de estar consolidado. Mas, seja dentro ou fora de campo, los hermanos das Américas têm motivos para comemorar.

Fonte: Blog da BBC Brasil

Correio Musical - Bom dia, Cariricaturas !

Sabe você?




Sabe Você
Vinicius de Moraes
Composição: Carlos Lyra e Vinícius de Moraes


Você é muito mais que eu sou
Está bem mais rico do que eu estou
Mas o que eu sei você não sabe
E antes que o seu poder acabe
Eu vou mostrar como e por que
Eu sei, eu sei mais que você
Sabe você o que é o amor? Não sabe, eu sei
Sabe o que é um trovador? Não sabe, eu sei.
Sabe andar de madrugada tendo a amada pela mão
Sabe gostar, qual sabe nada, sabe, não
Você sabe o que é uma flor? Não sabe, eu sei.
Você já chorou de dor? Pois eu chorei.
Já chorei de mal de amor, já chorei de compaixão
Quanto à você meu camarada, qual o que, não sabe não
E é por isso que eu lhe digo e com razão
Que mais vale ser mendigo que ladrão
Sei que um dia há de chegar e isso seja quando for
Em que você pra mendigar, só mesmo o amor
Você pode ser ladrão quando quiser
Mas não rouba o coração de uma mulher
Você não tem alegria, nunca fez uma canção
Por isso a minha poesia, ah, ah, você não rouba não

Crato festeja Nossa Senhora do perpétuo Socorro - por Armando Rafael

Será iniciado nesta 4ª feira, em Crato, o tríduo em homenagem a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro

Será iniciado nesta quarta-feira, dia 23 de junho, às 17:00h, na capelinha de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (Rua José Pinheiro Esmeraldo nº 714, bairro São Miguel, em Crato) o tríduo que antecede à festa a ser celebrada, excepcionalmente este ano, no próximo sábado, dia 26. A data de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro é marcada no calendário no dia 27 de junho. Esta é a nona vez que esta festa é realizada em Crato, já que a primeira versão ocorreu em 2001. A capelinha de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro foi construída pelo bispo-emérito de Crato, dom Newton Holanda Gurgel, que ali celebra diariamente às 5 horas da tarde.



Razão da Invocação



A invocação de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro provém de um milagroso ícone cuja pintura é atribuída a São Lucas e que mede 53 por 41 centímetros. Trata-se de uma pintura de estilo bizantino, executada em madeira sobre um fundo dourado, cor muita usada pelos artistas no antigo Império Romano quando se tratava de retratar grandes personalidades. O ouro, no caso, é um expressivo símbolo da glória da Rainha dos Céus. Mais do que um simples retrato de Maria, a pintura reproduz uma cena.

No ícone foi pintada a figura de Nossa Senhora tendo nos braços o Menino Jesus. A Virgem Maria está envolta com um manto azul (cor que no início do cristianismo simbolizava a pureza) e por baixo do manto um vestido vermelho (cor símbolo das mães) simbolizando Nossa Senhora como virgem e mãe.

O olhar da Virgem Maria não está voltado para o Menino Jesus e sim para os fiéis, a simbolizar que seus olhos estão sempre voltados para nós, acolhendo-nos em todas as nossas necessidades. Uma curiosidade do ícone: no pé direito do Menino Jesus a sandália está pendente por um fio, a simbolizar a situação da alma em pecado mortal, presa a Jesus por um fio: a devoção a Nossa Senhora. Consta ainda, acima do quadro, no lado esquerdo e direito os Arcanjos São Miguel e São Rafael, segurando a cruz, os cravos, a lança e o cálice da amargura prenúncio da crucificação de Jesus Cristo.

Janela do impreciso- por Socorro Moreira



Um amor
para todas as janelas do vazio
Senão é tudo chuva , e falta de improviso
Parece que faltou luz , na praça do impreciso
Um jornal molhado , lembra por acaso
Notícia é passado , fato consumado!
Ando assim
sem jeito pra ficar.
Esperança , probabilidade
Fórum - eternidade
Uso a matemática
para me encantar.
Estou acordada em todos os sentidos
Meus sentidos vivem ,
dentro de um cochilo
Abro as janelas do meu infinito
E fico esperando um olhar passar !
Viajante- por Socorro Moreira



Velas acesas , e pés na estrada
Se a minha vida
é a mesma,
as orações se enfileiram
Parece que a fé não chega.
Dor rasgante
A rotina entra no caos das mudanças
Meu coração
acompanha viajantes
que de peito aberto
enfrentam o mar do destino.
.

Por Socorro Moreira

Flor sem jardim

Ventos trazem
Ventos levam
lembrança fugidias
atropelam os dias
Sons , gravados no passado
Nos carrocéis da praça
aonde eu te avistava ...
Voltas repetidas
Tocatas nas nuvens
Balanço das folhas
Decoros no corpo ...
Sem tesão ,
Belisco tanto pão ...
Um beijo sem amparo ,
tranco em minha mão !

Por Socorro Moreira





Depois de alguns uivos ,
novos suspiros ...
E traição existe ?
Existe a crueldade da vida
que interrompe ,
o bom da harmonia
A cura da dor
É um porre maior
que o próprio amor

A Rua da Vala - por Socorro Moreira

Rua da minha meninice
Dos primeiros amassos
Dos namoros na calçada
Do sol , na farda pregueada
De baixo dos braços
Um livro sem capa
Uma carta de amor
Um beijo roubado
Um vizinho que canta
Um menino que toca
Uma moça feia
Umas pernas tortas
Um cabelo comprido
outro usando bobies.
Serenatas , tertúlias
Calças de veludo
Cotelê, laquê,
Perfume da Mirurgya
Magnólias brancas,
organdi azul.
Acabou , chorou...
Se formou , casou ?
E a vida segue
e a rua muda
casas se desmancham
pessoas se encurvam...
O luar sozinho ,
vive nesse luto
Cadê a festa de tantos anos ?
Cadê nossos pais
e suas censuras ?
Cadê nossos sonhos
tão desajeitados?
Cadê aquele tempo ,
que eu não vi sumir...
Ainda espero um rosto
que eu nunca  vi...
- O meu
No espelho da sala,
Cantava " a primeira lágrima "
sem saber sofrer.