Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Ecos - Por Claude Bloc


conte-me
conte-me, sim
das sementes que brotaram,
das flores que se abriram,
dos frutos que caíram,
na terra fofa e molhada...
dos rios e dos fios d’água
que descem pelas encostas
da serra que conhecemos
dos sonhos e das loucuras
que cruzam a nossa terra
chão lanhado pelo tempo.

conte-me
conte-me, sim
desse brilho em seus olhos
desse sentimento rouco
dessa chuva, do calor
dos ecos de minha terra.
.
Texto e foto por Claude Bloc

Paroles - para Corujinha Baiana

Indizível - por Corujinha Baiana

O que dizer
dos sonhos não realizados
dos versos não declamados
do silêncio que era meu ?

O que dizer
das ofensas recebidas
das lágrimas não percebidas
da alegria que morreu ?

O que dizer
das lições não aprendidas
das emoções tão contidas
do riso que não se deu ?

O que dizer
da música nunca entoada
da beleza não contemplada
de tudo que se perdeu ?

Como perdoar o imperdoável ?
Como esquecer o inesquecível ?
Como evitar o inevitável ?
Como dizer o indizível ?

“ Paroles... Paroles...Paroles...”

( Corujinha Baiana - 16 de novembro de 2009 )

Alderico de Paula Damasceno - um dos grandes ícones da cultura cratense


Em 1966 , cursava o primeiro ano científico, no Colégio Dom Bosco . Alderico era o meu professor de História. Intimidava com a sua voz em tom maior; impressionava com sua forma persuasiva de contar a verdade dos fatos , omitidas nos livros. Falava do pensamento político, filosófico e ideológico... Criava-nos uma consciência crítica. Por dois anos seguidos fui sua aluna. Depois nos tornamos colegas de magistério, no Colégio Estadual. Gostava de escutá-lo. Admirava-lhe a vitalidade , conhecimento e sabedoria. Pensei muitas vezes : não existe velhice , nem tempo, nem morte que derrubem esse homem. Mas o tempo não tem dó ... É implacável !
Aos 90 anos , nosso mestre e amigo foi chamado para o andar superior, para o encontro de outros nunca esquecidos.
Fecho os olhos e escuto a sua voz, outrora vibrante, já cansada, fugidia , silenciosa ...Chegou a hora !
socorro moreira

Óvulos Mágicos - por Domingos Barroso




O poeta tão semelhante
à mulher -

ao mês sangra

e em noite de lua cheia
diferente corre o sangue.

Mas há mulheres cansadas
de tanto vinho debaixo das saias

e poetas bissextos
alcançam a menopausa
quando escrevem versos.

Mulheres engravidam
e por alguns meses

as calcinhas engomadas
sempre secas

enquanto poetas enlouquecidos
sofrem avc -

partem para o além divididos
entre uma alma delicada
e dedos frios.



domingos barroso

Versos incautos - por Socorro Moreira para Domingos Barroso


Existe um móvel no quarto
que guarda a ausência das tuas roupas
Existe um móvel no quarto
que guarda a ausência do teu corpo.


-----------------------------------
Por favor,
toque fogo ,
no vício do amor.
Inflame !

Nas cinzas da exaustão,
a gente se encontra !

-----------------------------------

Meu coração tem liberdade absoluta
Tem asas, tem véus, e sabe nadar
por sonhos mirabolantes .
Paladino incansável ,
lembra o susto de prazer
do primeiro e do último beijo.
Hálito hals
Tosse , respiração cansada
de quem fumou pra beijar.

------------------------------------
Será mal de quem versa
não saber nadar?
Será mal de quem versa
odiar dirigir , estacionar?
Será mal de quem versa
não correr riscos,
pedalando a bicicleta,
guardada na infância?
Será mal de quem versa
juntar rimas, rabiscar páginas,
e teclar o amanhecer ,
em tons de rosa-ternura ?


socorro moreira

Cotidiano poético - Domingos Barroso

Lar

Esse prato sobre a pia
esquecido após ser lavado

compartilha com seu olhar distante
o frescor da ausência.

Esse simples objeto
quem diria lhe comove as lágrimas.

Apesar de tanto tempo
em diária convivência
só agora percebe
a textura,
os contornos.

Esse prato sobre a pia
há muito lavado e enxuto
é a sua alma contemplativa.

Assim todos os objetos domésticos
resguardados em inanimado mistério:
à espera.



um espinho atravessado

Tudo que for
vício em você
queimarei -

seu cigarro fraco,
sua cocaína bruxa

seu álcool inferno,
sua lata fuligem.

Serei seu inimigo
número um

sempre que abrir um olho
e, descuidado, fechar o outro.

Não me peça clemência
trégua, só um tempinho -

não terei dó da sua carcaça,
dos seus caprichos

das suas manhas,
dos seus erros.

Tudo que for
vício em você
lançarei ao fogo -

seu egoísmo automático,
sua vaidade inveterada

sua arte em matar o próximo
e a si mesmo.

Não me jure abstinência,
pureza de alma -

eu não acredito
e lhe digo:

ao buraco levarei
todos os seus vícios.

A sobra sobre a mesa
cabe-lhe:

banquete
ou migalhas.

É o seu fim.

Domingos Barroso

Saudade - por Socorro Moreira


Botei o pé na estrada e

entreguei-me ao destino.

Pensamentos em linhas cruzadas

movimento contínuo.

No conforto do silêncio,

letras sem compromissos.

Compro créditos,

e aguardo um som amigo.



Uma viagem não tem tamanho

É sempre feto

A volta é parto

Dói no coração

sonhos compridos

Dói na lembrança

encontros cumpridos.

Para ti - por Socorro Moreira


Para ti

meu olhar antigo

meu peito cansado

minha calma sem juízo



Para ti

minha voz mais próxima

minha saudosa memória

e o coração indeciso



Para ti

minhas esperanças tímidas

Livre de outras esperas ...

Um doce de flor

aflorando o imprevisto.

A feijoada do Henrique – por Carlos Eduardo Esmeraldo

Henrique da Pernambucana é engenheiro sanitarista da FUNASA e nos fins de semana ocupa seu tempo livre em duas atividades que muito lhe agradam: a carpintaria e a culinária. Nesta última ele é um especialista em feijoada. Recebe encomendas de amigos e até de algumas empresas de Natal, onde reside. Para tanto ele possui toda uma estrutura montada, com garçons, cozinheiras, panelões, talheres, pratos, copos e material de sobremesa.

Como carpinteiro é da sua lavra todos os móveis de sua residência e da clínica de fisioterapia de suas duas filhas. Planeja adquirir um terreno em Natal, para quando se aposentar, instalar uma futura fábrica artesanal de móveis feitos por ele mesmo.

Já sabíamos da habilidade de Henrique em trabalhos manuais, pois nas aulas da professora Lucia Madeira era dele as melhores notas. Mas de mestre em feijoada, foi uma grande surpresa.
Quem conversa com Henrique, logo se enche de curiosidade e pergunta: “Como surgiu esse seu interesse pela feijoada?” E ele explica. Quando ele era estudante de engenharia em Recife, aos sábados pela manhã, tinha aula de Topografia e Cálculo Numérico à tarde, duas matérias que são verdadeiros “sacos” em um fechamento de semana. Para aliviar a mente, no intervalo do almoço, Henrique e mais quatro colegas iam almoçar uma feijoada deliciosa que existia num boteco da Praia do Pina. Era um local muito freqüentado conhecido por todos como “O Jaime da Feijoada”. Henrique já era freqüentador habitual do local e muito conhecido pelos garçons, cozinheiros e demais funcionários. Certo dia, não havia nenhuma mesa disponível e eles tinham pressa, pois teriam uma prova à tarde. Olhou para um lado e para outro e avistou uma velha porta num canto de parede. Imediatamente ordenou aos garçons: “Peguem dois engradados de cerveja vazios e coloquem aquela porta sobre eles. Vamos comer assim e não precisa de toalha, pois quando a comida cai sobre a toalha, ninguém bota de novo dentro do prato.” E assim eram atendidos.
Certo sábado, desinibido como sempre foi, e reforçado por duas ou três doses da cachaça pernambucana Pitu, Henrique na maior “cara de pau” do mundo, pediu a receita daquela feijoada ao mestre-cuca.

Em seguida Henrique convidou os colegas para uma feijoada em sua casa no domingo seguinte. Ao chegar a casa com a receita, pediu ao seu saudoso pai, senhor José Maria da Cruz, ex-gerente de “A Pernambucana” do Crato, que comprasse todo aquele material da lista que lhe fora fornecido: feijão preto, lingüiça defumada, toucinho, folha de louro, pé de porco e mais três garrafas de pitu. Um tanto quanto espantado, seu Zé Maria que não gostava de beber e nem queria que os filhos bebessem perguntou: “Para que é essa cachaça toda, meu filho?” “É pra lavar o pé do porco.” Respondeu Henrique. O pai acreditou e atendeu o desejo do filho.

Quando os convidados chegaram foi servido a eles uma deliciosa batida de limão, enquanto Henrique se aventurava a preparar a feijoada conforme a receita. Saiu uma delícia, tanto a feijoada, quanto a bebida que foi servida. Até seu Zé Maria entrou na brincadeira. Aprovou a feijoada feita pelo filho e provou um pouco da batida, pedindo: “Meu filho, bote mais um copinho dessa bebidinha deliciosa.

Por Carlos Eduardo Esmeraldo

A poesia de Domingos Barroso

Varanda

O meu coração trancafiado
dentro da concha
é um molusco
exuberante.

Ninguém sabe
o quanto é prazeroso
seus sonhos.

As últimas lembraças
do primeiro beijo,
um desastre -

a doce virgem já fumava
e tinha um hálito cancerígeno.

Manhã de Segunda

Passei a madrugada
curando a asma
do meu filho.

É tempo do pequeno
fazer natação.

Não será igual ao pai -
um incauto.

Até hoje o poeta nunca aprendeu
a nadar nem andar de bicicleta
muito menos a dirigir.

Seu mundo,
sua alcova:
paredes, teto.

Às vezes surgem
alguns fantasmas
arrastando correntes.

Meu divertimento predileto
erguer a espada e partir ao meio
os grilhões.

É claro, em certas ocasiões,
feria-lhes os calcanhares.

Os vultos urravam de dor.
Mas ao mesmo tempo gargalhavam.

Felizes, beijavam-me as faces,
e prometiam nunca mais assustar-me.

Era eu então quem sorria:

"ingênuos fantasmas,
não entendem eles
que suas sombras
vêm da minha luz..."

Quanto ao meu filho
tomou seu aerosol

e agora se diverte
com seu playstation:


Domingos Barroso

Reedição de um momento especial ...- por Stela Siebra de Brito


Exmo. Sr. Presidente da Mesa
Exmas. Autoridades
Exmas. Famílias
Srs. Professores
Queridos Diretores
Caros Humanistas
Colegas Concludentes

Hoje, com dez anos de funcionamento, dez anos de abnegação e de doação total, entrega o “São João Bosco” à cidade do Crato a sua 1ª turma de professorandas de participam alunas que o viram nascer.
A semente, como vedes, medrou.
As salas de aula e os corredores cresceram conosco. São testemunhas daquilo que ali recebemos – os mais reais e valorosos ensinamentos, estímulos, dedicação e, sobretudo, amor. Sim, educaram-nos num clima em que amor e abnegação se confundem numa mesma síntese. A nós não foram ministrados apenas ensinamentos que nos enriqueceram a inteligência e o espírito; não nos encaminharam apenas nos itinerários das letras, das ciências e das artes; levaram-nos mais além, pois que principalmente com o exemplo, ensinaram-nos a amar.
E que ensinamento mais belo para a nossa época – o Amor!
É sem dúvida esta a mais valiosa lição que recebemos.
No mundo de hoje, em que as máquinas tudo resolvem, em que o progresso avança continuamente, em que os homens correm e passam sempre alheios uns aos outros, é o amor que, unindo-os, poderá salvá-los.
Na Populorium Progressio, clama o Papa Paulo VI por um “desenvolvimento que não se reduza a um simples crescimento econômico. Para ser autêntico, deve ser integral, quer dizer: promover todos os homens e o homem todo”.
Vemos aí a preocupação dos grandes homens em unir os povos, em fazê-los mais humanos, em desenvolvê-los harmoniosamente em igualdade. A cada homem é dado o direito de liberdade, de inteligência; portanto, a cada homem é dado o direito de ser feliz.
E foi com este pensamento que nos educaram no São João Bosco. Uma educação primorosa, unida a um autêntico exemplo de fé vivificante. Aprendemos a amar, a procurar o Belo e buscar a Verdade.
Aqui estamos nós, professorandas!
É uma vitória que alcançamos depois de tantos anos de estudo. Hoje, podemos prosseguir. O nosso campo de ação nos espera e, nele, quantas crianças que nos pedem não só instrução, mas, como o demonstram em seus rostinhos, reclamam, além disso, carinho, dedicação, amizade.
E é aí que se encontra o segredo da educação. Só conseguiremos descobrir a criança, entendê-la, obter e fazer dela o que devemos, se a ela nos doarmos de fato. Para uma educação que abranja totalmente a criança, uma educação verdadeira, precisa o educador reconhecer o aluno como pessoa humana e fazer dele um cidadão que saiba conduzir-se, que seja ele mesmo promotor do seu bem estar material e desenvolvimento pleno.
Novamente cito um trecho da Populorium Progressio em que o Papa Paulo VI se refere ao homem como agente do seu desenvolvimento: “o homem só é verdadeiramente homem na medida em que senhor das suas ações e juiz do valor destas, é autor do seu progresso, em conformidade com a natureza que lhe deu o Criador, cujas possibilidades e exigências ele aceita livremente”.
É necessário, pois, que os educadores façam das crianças verdadeiros homens, que tenham confiança em si e vejam que podem seguir ao lado dos outros. Tudo isso é muito bonito! No entanto, sabemos bem que é sobremodo difícil de realizar.
Mas, as coisas difíceis são sempre as que mais nos empolgam.
E quando sabemos que depois de grandes lutas e sacrifícios conseguiremos a vitória, é doce conhecer o sabor da dificuldade.
É realmente o magistério uma carreira árdua, que exige do educador completo devotamento, porém, é uma carreira belíssima, porque é muito humana.
E todas nós, professorandas, sabemos bem disso.
Os nossos mestres nos foram muito fieis e sinceros.
Por isto é que dizemos: “Mestre, esta nossa vitória é também vossa”!
Se não fossem vossos esforços, vossa dedicação e os valiosos conhecimentos a nós transmitidos, não estaríamos a exultar de alegria, como agora.
Não há palavras nem gestos que digam da nossa gratidão, Mestres. Talvez uma coisa traduza o nosso agradecimento: a realização daquilo que nos ensinastes.
É apenas isto que podemos fazer, e sabemos que com isso vos fazemos o maior e o melhor agradecimento.
Queridos Pais: que vos dizer?
Fostes nossos faróis durante a longa jornada estudantil, estivestes sempre ao nosso lado, encorajando-nos, e, nos momentos difíceis, destes-nos vossa ajuda, e o vosso amor nos estimulou, nos deu coragem de vencer.
Nesta noite de festa e felicidade, vemos lágrimas em vossos olhos. Mas são lágrimas de alegria e justa alegria. As vossas filhas são aquilo que vós fizestes. E nós vos somos eternamente gratas pelo que nos destes e pelo que nos fizestes.
A vós, bondosos Diretores, que nos vistes ainda meninas, que acompanhastes nosso crescimento físico e espiritual, que nos destes tudo e sempre destes o melhor, é pensando nesse exemplo de bondade e amor que, hoje, vos apresentamos nossa gratidão! Fostes nossos segundos Pais. E como o fostes bem! O amor que nos dedicastes fala bem da grandeza de vossas almas. Aprendemos muito no convívio amigo e educativo do Colégio São João Bosco. E a vós tudo isso devemos, porque fostes fieis à vossa missão de educadores. Levaremos em nossas almas as mais belas e ricas lições, aprendidas no vosso exemplo edificante. Recordaremos com saudades os bons tempos em que estudamos sob o tão acolhedor teto do “São João Bosco”. E haverá sempre em nós a doce lembrança daquelas salas de aula, daqueles pátios e corredores que nos viram crescer, que nos viram sempre entre sorrisos e alegrias. Eles conhecem bem a juventude de nossas almas e a alegria dos nossos corações.
Colegas: hoje nos despedimos. Tomaremos os mais diversos rumos, porém haverá sempre algo que nos fará unidas, próximas umas às outras: a lembrança do tempo de estudantes. A grande amizade que nos vinculou até hoje, não dissipará agora; ela continuará firme e nos aglutinará mais ainda, na concretização dos nossos ideais.
Stela Maria Siebra Brito – oradora da Turma de Professorandas do Colégio São João Bosco
Crato, dezembro de 1968

(Cópia do discurso enviado a Rosineide com dedicatória:

Rosineide,
Especialmente para ti essa cópia do meu discurso, aliás, do discurso nosso. Não só eu senti isso e sim todas nós.
Guarda-o, pois tu também és da turma, tu serás sempre nossa.

Meu grande abraço

Stela
17-12-68

* Esse documento foi guardado por Rosineide Esmeraldo por 41 anos. Emocionei-me por demais, quando o encontramos , e fizemos uma segunda leitura . Irretocável ! Stela foi perfeita. Ela é a nossa estrela, e a turma daqueles tempos , amorosa , amiga, inesquecível !

Espero que possa ser lido por : Márcia, Regina, Magali, Edna, Gracinha, Ione, Ismênia, Socorro Matos, Rosineide, Angélica, Vera, Nezinha,Walda, Aldeir, Socorro Machado, Terezinha, Cristina, Iracema, Francíria, Maria Luiza ... Dona Ruth e Dr. José Newton, e demais professores ( Maryane, Cidália, Isa, Ana Cristina, Noélia,Ana Teresa, Ivone, Neide, Divane, Maria do Carmo, Heloísa...)
socorro moreira

*A releitura desse discurso teve para mim um gostinho especial, que foi constatar que, mesmo com 18 anos eu já tinha um pensamento de vanguarda a respeito de educação, e a desejava igual para todos, como um caminho de harmonia em busca do Amor, da Verdade, do Bem. Foi emocionante reler (re-discursar) na companhia de Rosineide e de Socorro. A cada palavra lida me vinha a sensação de como tudo que escrevi ainda está tão vivo dentro de mim, parecia que havia escrito aquilo há poucas semanas. A sinceridade de cada palavra escrita, a emoção de cada sentimento de gratidão aos pais, aos mestres, aos diretores; a alegria de relembrar os rostos das colegas de turma, do idealismo, da confiança no futuro, tudo, tudo foi bom muito reviver. Interessante é que, tanto tempo depois, o tema da educação ainda se permeie das mesmas preocupações, acrescidas de outras mais graves, infelizmente.Não trihei o caminho profissional da educação escolar, mas sempre me senti uma educadora, e o sou, de certo modo.
Stela Siebra

Comunicado

Ultimamente passo por uma fertilidade poética que muitas vezes enche o saco
de quem não entende essa avalanche desconhecida.

Portanto, como a sinceridade é a minha lâmina mais afiada, a partir de agora
os meus fetos, rebentos, filhos do vazio, terão apenas um berço:
meu blog, http://domingosbarroso.blogspot.com

Cariricult e Cariricaturas pertencem à minha alma
com a mais elevada gratidão.

Não posso, tampouco tenho o direito, de despejar todos os dias e em todas as horas
insaciáveis versos como se a morte me abraçasse amanhã.
Causo desconforto e, sem dúvidas, até afasto outros leitores
a quem a Poesia é uma tolice.

Tenho pressa, e não me canso do caminho.

A Salatiel
A Carlos Rafael Dias
A Socorro Moreira
A Claude Bloc

(respectivos administradores dos blogs acima citados)

beijo-lhes a alma.

Do poeta
Domingos Barroso

Pensamento para o Dia 16/11/2009



“Somente seguindo o caminho do amor você pode experimentar a bem-aventurança. Assim como apenas ler os nomes dos pratos não pode aplacar sua fome, assim também você não poderá desfrutar a doçura da vida e ser feliz a não ser que fale palavras doces e realize ações sagradas. Todos vocês são filhos da imortalidade e encarnações da bem-aventurança. É porque você emergiu da bem-aventurança que procura retornar à Fonte: a bem-aventurança. Assim como um peixe nascido na água não pode viver fora dela, o homem também sempre anseia pela felicidade, onde quer que ele esteja e o que quer que faça. O homem fica inquieto até retornar à bem-aventurança de onde emergiu. A bem-aventurança verdadeira não é encontrada neste mundo. Mantenha sua mente sempre em Deus – somente então você terá paz e felicidade.”

    Sathya Sai Baba   

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“Desapego, fé e amor – esses são os pilares sobre os quais a paz assenta. Desses, a fé é decisiva, pois sem ela toda a disciplina espiritual é inútil. Somente o desapego pode tornar efetiva a disciplina espiritual; o amor é o que conduz a pessoa rapidamente a Deus. A fé nutre a agonia da separação de Deus, o desapego a canaliza ao longo do caminho de Deus, e o amor ilumina o caminho. Deus lhe concederá o que você precisa e merece; não há necessidade de pedir e nem razão para se queixar. Esteja contente. Nada pode ocorrer contra Sua vontade.”

    Sathya Sai Baba  

As Sete Crianças do Filme "A Noviça Rebelde" 40 Anos Depois

16 de novembro de 1959 - A peça A Noviça Rebelde ...


segunda-feira, 16 de novembro de 1959
A peça “A Noviça Rebelde” estreia na Broadway

“A Noviça Rebelde” (The Sound of Music) é um musical com músicas de Richard Rodgers, letras de Oscar Hammerstein II, e livro de Howard Lindsay e Russel Crouse. Baseia-se na história de Maria von Trapp, contada em seu livro “A História dos Cantores da Família Trapp (The Story of the Trapp Family Singers).
Canções do musical tornaram-se famosas e incluem "The Sound of Music", "Edelweiss", "My Favorite Things", "Climb Ev'ry Mountain", e "Do-Re- Mi".
A produção original da Broadway abriu em Novembro de 1959, e tem vindo a beneficiar a mostrar inúmeras produções e reavivamentos desde então.
O Som da Música foi a última música escrita por Rodgers e Hammerstein; Hammerstein morreu de câncer nove meses após a estréia.The Sound of Music (A Noviça Rebelde) teve sua estréia na Broadway no Lunt-Fontanne Theatre, em 16 de novembro de 1959, e teve 1.443 apresentações.
O diretor foi Vincent J. Donehue e a coreógrafa Joe Layton. O “cast” original incluía Mary Martin como Maria, Theodore Bikel como Capitão Georg von Trapp, Patricia Neway como Mãe abadessa, Kurt Kasznar como Max Detweiler, Marion Marlowe como Elsa Schraeder, Brian Davies como Rolfe, e Lauri Peters como Liesl.
No cinema, "A Noviça Rebelde" teve como intérpretes principais os atores Julie Andrews e Christophe Plummer.

Lembrando José Lewgoy ...


Sammy Davis Jr.canta "Begin the Beguine", de Cole Porter, ao lado de Sonia Braga, Richard Dreyfuss, Sammy Davis Jr., Raul Julia, Milton Gonçalves e José Lewgoy em "Moon Over Parador" (Luar sobre Parador), filme Dirigido por Paul Mazursky em 1988.

Clark Gable



"Judy Garland canta "Dear mr. Gable" no filme Broadway Mellody, de 1938. Na música sua personagem, uma adolescente, escreve uma carta para o maior astro da década, exaltando sua paixão e como pode se sentir triste ou feliz quando o vê nas telas. Era o efeito Gable dentro e fora das telas. Depois do fenômeno de Douglas Fairbanks nas décadas anteriores, viria ele como a imagem do sonho americano, misto de coragem e sensualidade, sonho de consumo de milhares de mulheres. Não era belo, na verdade era até mesmo feio, mas havia algo que chamava a atenção, talvez o jeito canalha de encarar tudo, de mulheres, passando por jogos ou negociatas. Sempre a mesma expressão do homem que fez mais de 90 filmes, mas que parecia fazer sempre e sempre o mesmo personagem: ele mesmo. Nem sei se o considero bom demais por convencer fazendo a mesma coisa, ou ruim demais, por não ultrapassar esta barreira criada, talvez, pelo mercado.
Mas foi como Rhett Butler, de E o vento levou, que Mr. Gable se tornou inesquecível para o cinema. Ele esperou, pacientemente, os imensos e intermináveis testes para a escolha de sua parceira, e quando Vivien Leigh foi escolhida, as filmagens do maior épico de todos os tempos transcorreram em meio a desavenças entre os atores e diretores e problemas com a equipe. Clark começou no cinema como o protótipo do homem que maltrata as mulheres, mas suavemente tornou-se uma figura de inegável magnetismo. Eu dizia no início que não sabia se ele era bom demais por convencer no único papel que fazia, ou ruim demais por não conseguir ultrapassá-lo. Mas, se levarmos em conta o preceito de que toda unanimidade é burra, seria unânime dizer que ele foi desnecessário e esquecível num campo em que tantos são esquecidos."


Hoje, dia 16 de Novembro é aniversário da cantora Diana Krall

"Preciso me encontrar " -Candeia e Cartola



Antônio Candeia Filho ( RJ, 17/08/35 - 16/11/78 ) foi um importante sambista, cantor e compositor brasileiro. Filho de sambista, o menino Candeia até poderia guardar mágoa do samba. Em seus aniversários, ele contava com certa tristeza, não havia bolo, velinha, essas coisas de criança. A festa era mesmo com feijoada, limão e muito partido-alto. No Natal, a situação se repetia.

Seu pai, tipógrafo e flautista, foi, segundo alguns, o criador das Comissões de Frente das escolas de samba. Passava os domingos cantando com os amigos debaixo das amendoeiras do bairro de Oswaldo Cruz. Assim, nascido em casa de bamba, o garoto já freqüentava as rodas onde conheceria Zé com Fome, Luperce Miranda, Claudionor Cruz e outros. Com o tempo, aprendeu violão e cavaquinho, começou a jogar capoeira e a freqüentar terreiros de candomblé. Estava se forjando ali o líder que mais tarde seria um dos maiores defensores da cultura afro-brasileira. Arte negra era com ele mesmo.

Candeia começou a fazer músicas ainda na adolescência. Seu pai tocava flauta e carregava o filho para rodas de samba e de choro em Oswaldo Cruz e Madureira

Compôs em 1953 seu primeiro enredo, Seis Datas Magnas, com Altair Prego: foi quando a Portela realizou a façanha inédita de obter nota máxima em todos os quesitos do desfile (total 400 pontos).

Começou a freqüentar a Portela, virou compositor da escola e em 1953, antes de completar 18 anos, viu sua gloriosa agremiação de Madureira desfilar com um samba enredo de sua autoria, As seis cartas magnas.

No início dos anos 60, dirigiu o conjunto Mensageiros do Samba. Em 61, entrou para a polícia. Tinha fama de truculento e suas atitudes começaram a causar ressentimentos entre seus antigos companheiros. Provavelmente, não imaginava que começava a se abrir caminho para a tragédia que mudaria sua vida. Diz-se que, ao esbofetear uma prostituta, ela rogou-lhe uma praga; na noite seguinte, ao sair atirando do carro num acidente de trânsito, levou um tiro na espinha que paralisou para sempre suas pernas.

Candeia fundou o Grêmio Recreativo de Arte Negra e Escola de Samba Quilombo, para a valorização da cultura negra e da arte popular.

Em seus sambas, podemos assistir seu doloroso e sereno diálogo com a deficiência e com a morte pressentida: Pintura sem Arte, Peso dos Anos, Anjo Moreno e Eterna Paz são só alguns exemplos. Recolheu-se em sua casa; não recebia praticamente ninguém. Foi um custo para os amigos como Martinho da Vila e Bibi Ferreira trazerem-no de volta. De qualquer maneira, meu amor, eu canto, diria ele depois num dos versos que marcaram seu reencontro com a vida.

O couro voltou a comer nos pagodes do fundo de quintal de Candeia que comandava tudo de seu trono de rei, a cadeira que nunca mais abandonaria.

No curto reinado que lhe restava, dono de uma personalidade rica e forte, Candeia foi líder carismático, afinado com as amarguras e aspirações de seu povo. Fiel à sua vocação de sambista, cantou sua luta em músicas como Dia de Graça e Minha Gente do Morro. Coerente com seus ideais, em dezembro de 75 fundou a Escola de Samba Quilombo, que deveria carregar a bandeira do samba autêntico. O documento que delineava os objetivos de sua nova escola dizia: Escola de Samba é povo na sua manifestação mais autêntica! Quando o samba se submete a influências externas, a escola de samba deixa de representar a cultura de nosso povo.

No mesmo ano de 75, Candeia compunha seu impressionante Testamento de Partideiro, onde dizia: Quem rezar por mim que o faça sambando.

Em 78, ano de sua morte, gravou Axé um dos mais importantes discos da história do Samba. Ainda viu publicado seu livro escrito juntamente com Isnard: Escola de Samba, Árvore que Perdeu a Raiz.

Voltou a ter reconhecimento em 1995, quando Martinho da Vila gravou o disco Tá delícia, tá gostoso, no qual incluiu um pot-pourri chamado Em memória de Candeia, que tinha as faixas Dia de graça, Filosofia do samba, De qualquer maneira, Peixeiro grã-fino e Não tem vencedor.

Em 1997 foram relançados em CD três discos de Candeia: Samba da antiga, de 1970, Filosofia do samba, lançado originalmente em 1971 e Samba de roda, de 1974.

Fonte: Wikipédia


Proclamação da República - por Norma Hauer

HINO DA PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA
Letra de Medeiros e Albuquerque
Música de Leopoldo Miguez

Seja um pálio de luz desdobrado,
Sob a larga amplidão destes céus
Este canto rebel que o passado
Vem remir dos mais torpes labéus.
Seja um hino de glória que fale,
De esperança de um novo porvir,
Com visões de triunfos embale
Quem por ele lutando surgir.

.Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós
Das lutas, na tempestade
Dá que ouçamos tua voz.

Nós nem cremos que escravos outrora,
Tenha havido em tão nobre país
Hoje o rubro lampejo da aurora,
Acha irmãos, não tiranos hostis.
Somos todos iguais, ao futuro
Saberemos unidos levar,
Nosso augusto estandarte, que puro,
Brilha ovante, da Pátria no altar.

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós
Das lutas, na tempestade
Dá que ouçamos tua voz.

Se é mister que de peitos valentes,
Haja sangue em nosso pendão,
Sangue vivo do herói Tiradentes,
Batizou este audaz pavilhão.
Mensageiro de paz, paz queremos,
É de amor nossa força e poder
Mas da guerra nos transes supremos,
Heis de ver-nos lutar e vencer.

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós
Das lutas, na tempestade
Dá que ouçamos tua voz.

Do Ipiranga é preciso que o brado,
Seja um grito soberbo de fé,
O Brasil já surgiu libertado,
Sobre as púrpuras régias de pé.
Eia pois, brasileiros, avante!
Verde louros colhamos louçãos,
Seja o nosso país triunfante,
Livre terra de livres irmãos!

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós
Das lutas, na tempestade
Dá que ouçamos tua voz.

Na data deste feriado frustrado (quem se lembra que hoje é feriado ?) veio-me à lembrança a letra deste Hino, talvez o mais belo de nossos hinos.

Para entender muitas de suas palavras, provavelmente teremos de recorrer ao Aurélio.
Mesmo sem recorrermos, podemos nos encantar com essas bonitas palavras.

E lembrar que nas escolas aprendíamos nossos hinos, que nas capas de nossos cadernos tinham as letras de todos e que os cantávamos em suas datas marcantes...

norma hauer

Frases de José Saramago...


"Gostar é provavelmente a melhor maneira de ter, ter deve ser a pior maneira de gostar.

Todos sabemos que cada dia que nasce é o primeiro para uns e será o último para outros e que, para a maioria, é so um dia mais.


Não sou um ateu total, todos os dias tento encontrar um sinal de Deus, mas infelizmente não o encontro.

Se tens um coração de ferro, bom proveito.
O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo dia.

Para temperamentos nostálgicos, em geral quebradiços, pouco flexíveis, viver sozinho é um duríssimo castigo

O que as vitórias têm de mau é que não são definitivas. O que as derrotas têm de bom é que também não são definitivas.

O espelho e os sonhos são coisas semelhantes, é como a imagem do homem diante de si próprio.

Sempre chega a hora em que descobrimos que sabíamos muito mais do que antes julgávamos.

Cada dia traz sua alegria e sua pena, e também sua lição proveitosa

Não tenhamos pressa,
mas não percamos tempo.

De que adianta falar de motivos, às vezes basta um só, às vezes nem juntando todos


Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos.

Fisicamente, habitamos um espaço, mas, sentimentalmente, somos habitados por uma memória."

José Saramago

"La vie en rose" - por Socorro Moreira

Corto as unhas do carinho
pra tocar no amor.
Amor expansivo,
que corre livre no tempo,
ao encontro do destino.



Uma antiga viagem e seu silêncio - por Ana Cecília S. Bastos




Fui, vi, voltei. Mas o meu coração em sobressalto ainda quer explodir... Como um oco no centro de mim, onde sintonizo sem disfarce a dor, quando me atinge. Voltei assim da viagem: tudo ecoa, há um oco onde cabe a dor. E há tempo e reconhecimento para isso, agora sei o lugar onde dói, entre coração e diafragma. Essa dor que é a de existir mesmo, dos confrontos e dos limites, e é também a dor desse mundo convulsionado onde vivemos e onde meus filhos vivem, ainda alheios mas vulneráveis. Há um portão fechado no fim do túnel, há muitos acidentes e tensão, e no meio de tudo sonho que quero falar por mim, que é essa a minha questão, essa a minha conquista, sanada a ilusão do migrante, essa de não se estar perdido ainda por lá, nos esquecidos do lugar de onde se veio. Falar por mim, como sou, através desse estar no mundo.

Paredes. Desenho de Ígor Souza (http://www.fotolog.com.br/igorsouza/)

Vela - por João Nicodemos


A fábula do porco espinho - por Rosa Guerrera


Durante a era glacial, muitos animais morriam por causa do frio.
Os porcos-espinhos, percebendo a situação, resolveram se juntar em grupos, assim se agasalhavam e se protegiam mutuamente, mas os espinhos de cada um feriam os companheiros mais próximos, justamente os que ofereciam mais calor.
Por isso decidiram se afastar uns dos outros e voltaram a morrer congelados! Precisaram então fazer uma escolha: ou desapareceriam da Terra ou aceitavam os espinhos dos companheiros.
Com sabedoria , decidiram voltar a ficar juntos . E aprenderam assim a conviver com as pequenas feridas que a relação com uma pessoa muito próxima podia causar , já que o mais importante era o calor do outro .
E assim sobreviveram .
MORAL DA HISTÓRIA: O MELHOR RELACIONAMENTO NÃO É AQUELE QUE UNE PESSOAS PERFEITAS, MAS AQUELE ONDE CADA UM APRENDE A CONVIVER COM OS DEFEITOS DO OUTRO , E ADMIRAR SUAS QUALIDADES.



por rosa guerrera

Minha verdadeira árvore de natal - Por Rosa Guerrera



Nunca procurei saber ao certo a tradição do pinheiro natalino , ou como costumamos chamar normalmente de “árvore de Natal”. Sei no entanto que nunca deixei de colocá-la num recanto da minha sala , sempre que se aproxima o mês de dezembro, e gosto de ficar olhando as bolinhas multicores, os pingentes, as luzinhas que piscam, enfim , aquele espetáculo meio fantasia , poético ,ou melhor dizendo : tradicional! .No entanto , não posso negar que essa ornamentação me traz sempre um pouco de saudade...Lembro que minha mãe costumava dizer que Papai Noel teria colocado no topo da árvore que ela enfeitara para comemorar um Natal hoje distante , um anjinho especial “de carne e osso” e que esse anjinho era eu ; isso porque nasci exatamente num dia de Natal. E no meu mundo infantil , sempre que chegava essa data eu fazia questão de ver o anjinho decorando a árvore lá no alto, como fosse eu realmente a principal estrela natalina .Mas com o passar do tempo , outros pinheiros foram decorando a casa ,e nunca soube onde foi parar o enfeite. Hoje tenho consciência que realmente não cheguei a ser aquele anjo que um dia minha mãe sonhou , mas lutei muito para que o mundo não me quebrasse as asas . E todos os tombos sofridos , mesmo machucada , arranhada , eu consegui me levantar e ter sempre num recanto do meu coração um lugar especial para armar a minha verdadeira árvore de Natal, que na realidade é bem diferente daquela que ontem ornamentou a minha infância. Aquela mostrava o sonho e a fantasia , a de hoje retrata o meu hoje ! Aquela mostrava côres , essa já possui o cinza das experiências.! Aquela mostrava um brilho tão lindo , essa quase sem luzes traz na minha imaginação um anjinho desbotado que ainda me deixa crer todos os dias , todas as horas e todos os segundos que o importante na vida não são as folhas secas que caem de uma árvore , mas a fortaleza das raízes que não lhe permitem tombar ante as tempestades do destino . Esta sim , é a minha verdadeira árvore de Natal ! Cheia de pingentes de saudades ,de vivências alegres e doídas ,de momentos que se perderam no espaço ,de beijos não saboreados, de olhares ternos apagados pelo tempo ,enfim: a fotografia nítida de um perfil que hoje nada tem a ver com aquele anjinho que um dia me fez pensar ser a principal estrelinha natalina no topo das árvores que em muitos Natais minha mãe ornamentou a nossa casa .



por rosa guerrera

11 a. Mostra Sesc Cariri de Cultura

11ª Mostra Sesc Cariri de Cultura
ALDEIA CARIRI – CONEXÕES CONTEMPORÂNEAS
De 13 a 20 de novembro Cariri e 21 a 26 de novembro em Fortaleza


Clique no Link "Mais informações" para ler as especificações da

Mostra Sesc Cariri de Cultura



A idade e a mudança - Lya Luft - Colaboração de Ismênia Maia


Mês passado participei de um evento sobre o Dia da Mulher.
Era um bate-papo com uma platéia composta de umas 250 mulheres de todas as raças, credos e idades.
E por falar em idade, lá pelas tantas, fui questionada sobre a minha e, como não me envergonho dela, respondi. Foi um momento inesquecível... A platéia inteira fez um 'oooohh' de descrédito.
Aí fiquei pensando: 'pô, estou neste auditório há quase uma hora exibindo minha inteligência, e a única coisa que provocou uma reação calorosa da mulherada foi o fato de eu não aparentar a idade que tenho? Onde é que nós estamos?'
Onde não sei, mas estamos correndo atrás de algo caquético chamado 'juventude eterna'. Estão todos em busca da reversão do tempo.
Acho ótimo, porque decrepitude também não é meu sonho de consumo, mas cirurgias estéticas não dão conta desse assunto sozinhas.
Há um outro truque que faz com que continuemos a ser chamadas de senhoritas mesmo em idade avançada.
A fonte da juventude chama-se "mudança". De fato, quem é escravo da repetição está condenado a virar cadáver antes da hora. A única maneira de ser idoso sem envelhecer é não se opor a novos comportamentos, é ter disposição para guinadas. Eu pretendo morrer jovem aos 120 anos. Mudança, o que vem a ser tal coisa? Minha mãe recentemente mudou do apartamento enorme em que morou a vida toda para um bem menorzinho.
Teve que vender e doar mais da metade dos móveis e tranqueiras, que havia guardado e, mesmo tendo feito isso com certa dor, ao conquistar uma vida mais compacta e simplificada, rejuvenesceu. Uma amiga casada há 38 anos cansou das galinhagens do marido e o mandou passear, sem temer ficar sozinha aos 65 anos. Rejuvenesceu.
Uma outra cansou da pauleira urbana e trocou um baita emprego por um não tão bom, só que em Florianópolis, onde ela vai à praia sempre que tem sol. Rejuvenesceu.
Toda mudança cobra um alto preço emocional.
Antes de se tomar uma decisão difícil, e durante a tomada, chora-se muito, os questionamentos são inúmeros, a vida se desestabiliza.
Mas então chega o depois, a coisa feita, e aí a recompensa fica escancarada na face.
Mudanças fazem milagres por nossos olhos, e é no olhar que se percebe a tal juventude eterna.
Um olhar opaco pode ser puxado e repuxado por um cirurgião a ponto de as rugas sumirem, só que continuará opaco porque não existe plástica que resgate seu brilho. Quem dá brilho ao olhar é a vida que a gente optou por levar. Olhe-se no espelho...


Lya Luft

A vitória do preconceito e do falso moralismo - Por Ricardo Noblat - Colaboração de Vera Barbosa


Que falta grave cometeu Geisy Villa Nova Arruda, 20 anos, aluna do curso de Turismo, para ser expulsa pela Uniban, universidade localizada em São Bernardo do Campo, na região do ABC paulista?

A se acreditar no que disse Décio Lencioni Machado, assistente jurídico da instituição, Geisy não foi punida porque no último dia 22 compareceu às aulas usando um vestido curto, curtíssimo. Até porque, segundo ele, "tem menina que usa roupas mais curtas". Deve ter sido por isso que Geisy não foi barrada pelos seguranças da universidade. Ela recebeu a pena máxima porque desrespeitou a "dignidade acadêmica e a moralidade". Como?

De novo, Machado: "O foco é a postura, os gestos, o jeito de ela se portar. Ela tinha atitudes insinuantes. (...) Ela extrapolava rebolando na rampa, usando roupas para que os colegas pudessem verificar suas partes íntimas."

Quem deu testemunho sobre comportamento tão reprovável?

Alguns dos 700 estudantes que vaiaram Geisey no dia 22, a chamaram aos berros de "puta" e só não a agrediram porque a polícia interveio.
E que pena foi aplicada aos 700 fundamentalistas da Uniban? Seis ou oito deles, ainda não se sabe bem, serão suspensos por um prazo que ainda não foi determinado.

É crível que Geisey tivesse o costume de rebolar na rampa da universidade usando roupas tão indiscretas que permitiam a exposição de suas partes íntimas?
Em alguma ocasião a direção do curso ou da universidade havia sido avisada a respeito? Geisey fora advertida antes para não proceder mais dessa maneira?
A resposta às perguntas é não.

Se cerca de 700 estudantes foram capazes de reagir de forma tão violenta e histérica à simples exposição de dois terços de pernas, como não teriam reagido ao repetido espetáculo de uma moça que rebolava na rampa usando roupas que permitiam "verificar suas partes íntimas"? Trata-se de uma grossa mentira, que a direção da universidade não terá dificuldade de sustentar com base em depoimentos previamente arranjados.

A vítima virou um criminoso e os criminosos vítimas dela.

A imagem da universidade ficou mal quando sua direção precisou chamar a polícia para conter a fúria de 700 estudantes ensandecidos. E agora ficou pior com a desculpa forjada para se livrar de Geisey. O preconceito e o falso moralismo venceram na Uniban.