Que falta grave cometeu Geisy Villa Nova Arruda, 20 anos, aluna do curso de Turismo, para ser expulsa pela Uniban, universidade localizada em São Bernardo do Campo, na região do ABC paulista?
A se acreditar no que disse Décio Lencioni Machado, assistente jurídico da instituição, Geisy não foi punida porque no último dia 22 compareceu às aulas usando um vestido curto, curtíssimo. Até porque, segundo ele, "tem menina que usa roupas mais curtas". Deve ter sido por isso que Geisy não foi barrada pelos seguranças da universidade. Ela recebeu a pena máxima porque desrespeitou a "dignidade acadêmica e a moralidade". Como?
De novo, Machado: "O foco é a postura, os gestos, o jeito de ela se portar. Ela tinha atitudes insinuantes. (...) Ela extrapolava rebolando na rampa, usando roupas para que os colegas pudessem verificar suas partes íntimas."
Quem deu testemunho sobre comportamento tão reprovável?
Alguns dos 700 estudantes que vaiaram Geisey no dia 22, a chamaram aos berros de "puta" e só não a agrediram porque a polícia interveio.
E que pena foi aplicada aos 700 fundamentalistas da Uniban? Seis ou oito deles, ainda não se sabe bem, serão suspensos por um prazo que ainda não foi determinado.
É crível que Geisey tivesse o costume de rebolar na rampa da universidade usando roupas tão indiscretas que permitiam a exposição de suas partes íntimas?
Em alguma ocasião a direção do curso ou da universidade havia sido avisada a respeito? Geisey fora advertida antes para não proceder mais dessa maneira?
A resposta às perguntas é não.
Se cerca de 700 estudantes foram capazes de reagir de forma tão violenta e histérica à simples exposição de dois terços de pernas, como não teriam reagido ao repetido espetáculo de uma moça que rebolava na rampa usando roupas que permitiam "verificar suas partes íntimas"? Trata-se de uma grossa mentira, que a direção da universidade não terá dificuldade de sustentar com base em depoimentos previamente arranjados.
A vítima virou um criminoso e os criminosos vítimas dela.
A imagem da universidade ficou mal quando sua direção precisou chamar a polícia para conter a fúria de 700 estudantes ensandecidos. E agora ficou pior com a desculpa forjada para se livrar de Geisey. O preconceito e o falso moralismo venceram na Uniban.
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