Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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Colaboração:Claude Bloc


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segunda-feira, 16 de novembro de 2009

A poesia de Domingos Barroso

Varanda

O meu coração trancafiado
dentro da concha
é um molusco
exuberante.

Ninguém sabe
o quanto é prazeroso
seus sonhos.

As últimas lembraças
do primeiro beijo,
um desastre -

a doce virgem já fumava
e tinha um hálito cancerígeno.

Manhã de Segunda

Passei a madrugada
curando a asma
do meu filho.

É tempo do pequeno
fazer natação.

Não será igual ao pai -
um incauto.

Até hoje o poeta nunca aprendeu
a nadar nem andar de bicicleta
muito menos a dirigir.

Seu mundo,
sua alcova:
paredes, teto.

Às vezes surgem
alguns fantasmas
arrastando correntes.

Meu divertimento predileto
erguer a espada e partir ao meio
os grilhões.

É claro, em certas ocasiões,
feria-lhes os calcanhares.

Os vultos urravam de dor.
Mas ao mesmo tempo gargalhavam.

Felizes, beijavam-me as faces,
e prometiam nunca mais assustar-me.

Era eu então quem sorria:

"ingênuos fantasmas,
não entendem eles
que suas sombras
vêm da minha luz..."

Quanto ao meu filho
tomou seu aerosol

e agora se diverte
com seu playstation:


Domingos Barroso

2 comentários:

socorro moreira disse...

meu coração tem liberdade absoluta
tem asas, tem véus, e sabe nadar
sonhos mirabolantes
paladino incansável
lembra o susto de prazer do primeiro,e do último beijo.
hálito hals
tosse , respiração cansada
de quem fumou pra beijar.

socorro moreira disse...

Será mal de quem versa
não saber nadar?
será mal de quem versa
odiar dirigir
porque precisa estacionar?
será mal de quem versa não correr riscos,
pedalando a bicicleta,
que ficou guardada na infância?
será mal de quem versa juntar rimas,
rabiscar páginas,
e teclar o amanhecer em tons rosados de ternura?

Abraços, meu poeta !