Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Fuzuê no forró

1 bilhão de pessoas à margem da atenção de saúde - José do Vale Pinheiro Feitosa

É claro que não é para existir nada fora do totalitarismo de Mercado. Desde a água para beber até o transplante de órgãos se encontram condicionados às regras de acumulação, extração de mais valia do trabalho e remuneração do capital pela renda das famílias. Esta questão se torna mais intensa quando o produto demandado é construído em processos dependentes de ciência e tecnologia.

A minha geração de profissionais de saúde foi aquela que mais intensidade pôde observar na transição da assistência de saúde. Desde os anos 60 que, fora do complexo industrial militar, quem mais absorveu tecnologia foi a medicina. Em outras palavras quem mais remunerou a empresa de tecnologia, que hoje opera em bolsa, foi a demanda por saúde. A doença se tornou a grande financiadora no espaço da química física, da aparelhagem biofísica, no desenvolvimento eletroeletrônico e de sistemas computacionais.

O mais impressionante é que até mesmo a fisiopatologia (que estuda as doenças) ficou a reboque das demandas geradas à partir do desenvolvimento de certas tecnologias. Quando, por exemplo, se desenvolveu as técnicas de imagem capazes de fazer verdadeiros cortes anatômicos, de examinarem densidades nos diversos tipos de tecidos biológicos, novas entidades clínicas passaram a ser classificadas. Todas elas dependentes de tais tecnologias.

Não é exagero se dizer que a provocação não vem mais das queixas de sinais e sintomas das pessoas, mas daquilo que a tecnologia identifica e por ela mesma demanda outras análises tecnológicas. Hoje um médico ao conversar com uma pessoa pode estar diante de uma verdadeira e longa árvore de decisões, com grandes troncos, todos eles cheios de frutos tecnológicos diferentes entre si.

A terapêutica (que cuida da cura) não ficou atrás. São tantos produtos químicos, bioquímicos, antibióticos, anticorpos, vacinas, estimuladores da imunidade e tecidos entre outras enormes famílias que a especialização é a regra. Os processos cirúrgicos estão pleno de tecnologia incorporada. Cada vez mais pessoas sobrevivem inteiramente às custas de medicamentos e outros recursos terapêuticos.

Quando se fala em valor agregado, pode pensar na medicina que você não errará. Qual o resultado de um mundo com esta tecnologia toda em saúde sendo remunerada em bolsa de valores? Uma grande tensão social. Um relatório divulgado hoje pela OMS releva que: “1 bilhão de pessoas no mundo todo não tem condições de arcar com gastos relativos à saúde, e cerca de 100 milhões caem na pobreza todos os anos por causa desse tipo de gasto.”

Observaram o drama não só as pessoas não têm acesso, como o cuidar da saúde quebra economicamente as famílias. A cada ano a metade da população de uma grande nação como o Brasil vai a falência por gastos com saúde. E aí diante de um quadro deste retornam a velhas e não ultrapassadas idéias dos séculos XIX e XX: o socialismo e a social democracia. Isso na contramão do arrocho nos direitos sociais provocados pela crise econômica nos países centrais.

Enfim, mais um chute na paz dos neoliberais: a ONU recomenda que se criem impostos para financiar a saúde e que estes impostas recaiam sobre transações financeiras e remessas de lucros para o exterior.

Ponte Sob Brumas

O que é um poeta
sem o olhar distante?

Por isso, baby
alimento bem o tempo
ao descascar a laranja:

suspiro, deixo a faca
de leve beirar a unha,
viajo dividindo os gomos.

Às vezes peço a Deus
que o meu dedo trema
e a faca corte,
arda, doa,
jorre sangue.

Teria outra lembrança tua:
o piso da cozinha marcado
a pingos vermelhos.

E pelo que vejo seguindo esses pingos
chegaria à igreja (missa das seis)

e suplicaria ao padre
um pouco de vinho.

O bastante para eu fazer um sermão
em dezessete sílabas.

(e beijar as mãos dos desvalidos
lavar os pés da moça mais cheirosa
jogar moedas de ouro aos bêbados da porta)

Se o padre me negasse o vinho
eu não lhe confessaria meus pecados.

(e são tantos e tão bonitos)

Bolo na Caneca - Colaboração de Edmar Cordeiro


A brincadeira é que você bate os ingredientes na própria caneca com um garfo e põe no micro-ondas por 3 minutos.
A massa crua é mais mole que a de um bolo normal mas é assim mesmo.

Não aumente a farinha ou terá um bolo duro.



BOLO DE CHOCOLATE NA CANECA
(Rende 2 porções)

2 canecas com capacidade de 150 ml
1 gema
6 colheres (sopa) de leite condensado
1 colher (sopa) de manteiga
1 colher (sopa) de leite
2 colheres (sopa) de chocolate em pó
5 colheres (sopa) de farinha de trigo peneirada
1 colher (café) de fermento químico
1 clara batida em neve
Cobertura
Leite condensado misturado com chocolate em pó a gosto
Em uma tigela ponha a gema, o leite condensado, a manteiga, o leite e o chocolate em pó. Bata com batedor de arame vigorosamente por três minutos. Acrescente a farinha de trigo e o fermento, e misture bem. Junte a clara em neve e incorpore à mistura, mexendo com delicadeza.
Distribua nas canecas e asse por 25 minutos, a 180 graus em forno preaquecido. Se preferir, asse-o em forno micro-ondas. Nesse caso, apenas 3 minutos em potência máxima bastam. Retire do forno e, enquanto ainda estiver quente, faça alguns furos com um palito e despeje o leite condensado misturado com o chocolate. Decore como quiser.


BOLO DE LARANJA NA CANECA
(Rende 1 porção)
1 ovo
3 colheres (sopa) de óleo
4 colheres (sopa) rasas de açúcar
4 colheres (sopa) de suco de laranja
5 colheres (sopa) rasas de farinha de trigo
1 colher (café) de fermento químico
Cobertura
2 colheres (sopa) açúcar de confeiteiro
3 colheres (chá) de suco de laranja
Coloque o ovo na caneca e bata com o garfo. Adicione o óleo, o açúcar e o suco de laranja e misture. Agregue a farinha, o fermento e misture até uniformizar. Leve por três minutos ao micro-ondas em potência máxima.
Cobertura
Junte tudo e cubra o bolo.
Dica: Vale trocar o suco de laranja pelo de limão. Mas, para essa substituição, em vez de 4 colheres (sopa) do sumo da laranja, use 2 colheres (sopa) do limão, pois o sabor é mais acentuado.


CANECA DE PUDIM DE LEITE CONDENSADO

1 lata de leite condensado
1 e ½ lata de leite
3 ovos
gotas de baunilha para perfumar
Calda:
6 colheres (de sopa) de açúcar
6 colheres(de sopa) de água
Modo de preparo:
Em um recipiente misture os ingredientes do pudim (pode ser manual ou no liquidificador) misture bem os ingredientes e reserve.
Para calda coloque o açúcar e água, leve ao micro-ondas por 3 minutos em potência alta, coloque a calda na caneca e coloque a mistura na metade da caneca, faça isso em 4 canecas, leve uma de cada vez ao micro-ondas por 3 minutos em potência alta.
Decore com um pouco de calda.
Rendimento: 4 canecas


CANECA DE PETIT GATEAU:

¾ lata de leite condensado
¾ caixa de creme de leite
3 ovos pequenos
½ lata de chocolate em pó
2 colheres (sopa) de farinha de trigo
1 colher (café) bem rasa de fermento em pó
margarina para untar

Ganache:
100 g de chocolate ao leite
70 ml de creme de leite
1 saco de confeitar descartável

Decoração:
4 bolas de sorvete
folhas de hortelã e calda de chocolate
Modo de preparo:
Bata todos os ingredientes em um liquidificador, coloque a mistura ate a metade da altura da caneca, já untada com margarina, e com o saco de confeitar coloque no meio da massa crua um pouco do ganache, leve ao micro-ondas por 3 minutos, sirva com uma bola de sorvete de creme e folhas de hortelã.
Rendimento: 4 canecas

No dia da Música no Brasil, um grande músico, uma grande música, uma grande intérprete !



Deixe a sua sugestão de um músico, uma música e um intérprete !

Marlene - Por Norma Hauer


"Lata dágua na cvabeça,
Lá vai Maria. lá vai Maria...
Sobe o morro e não se cansa
Pela mão leva criança
Lá vai Maria..."

Foi no dia 22 de novembro de 1924 que ela veio ao mundo na cidade de São Paulo, recebendo o nome de Vitória Bonaiutti de Martino, mas ficou conhecida em todo o Brasil com o nome de MARLENE, que adotou, lembrando a artista alemã, que brilhou no cinema americano Marlene Dietrich.

Depois de passar vários anos interna no Colégio Batista de São Paulo, aos 13 anos já se apresentava na "Hora do Estudante", na Rádio Bandeirantes daquela cidade. Também ali, estreou na Rádio Tupi (em 1940), vindo depois para o Rio de Janeiro, onde atuou nas Rádios Globo, Mayrink Veiga e, por fim Nacional, onde fez sua estréia no Programa César de Alencar.

Em disco, estreou gravando "Swing no Morro" e "Ginga, Ginga, Moreno", em 1946, mas foi cantando com o conjunto "Vocalistas Tropicais" que conheceu seu primeiro sucesso:"Coitadinho do Papai".
Daí para centenas de gravações foi um passo.
Como um registro do dia a dia do trabalhador carioca, gravou dois grandes sucessos "Lata-D'Água" e "Zé Marmita".

Apesar de haver estreado na Rádio Nacional no Programa César de Alencar", foi no de Manoel Barcelos que se firmou e onde começou a rivalidade entre ela e Emilinha Borba provocada por suas fãs que chegavam a brigar por elas, enquanto as duas
gravaram juntas a música de Peterpan (cunhado de Emilinha) "Eu Já Vi Tudo".

Houve interesse da Rádio em manter a rivalidade, pois isso lotava seu auditório nos dias daqueles programas.

Nas eleições para Rainha do Rádio, promovida pela famosa Revista do Rádio, onde , em anos diferentes as duas foram eleitas, é que a coisa "pegava fogo".

Emilinha , admirada por marinheiros e fuzileiros, foi cognominada "Favorita da Marinha".
Marlene não fez por menos: era a "Favorita da Aeronáutica".

Depois que o rádio perdeu sua força, Marlene continuou em atividade, participando da primeira montagem de a "Ópera do Malandro", de Chico Buarque (1979-80), de show na Sala Funarte (1984) de programa na Rádio MEC (entre 1987 e 90) e de shows no Canecão (1995), no Teatro Rival (2002) e na Cinelândia (2004)

Em 2007 voltou à Rádio Nacional para gravar um DVD com músicas de seu repertório, incluindo "Geni" de Chico Buarque.

Marlene, no início de sua carreira esteve em Paris onde cantou no Olimpia com Edith Piaff, que a apreciou como cantora internacional.

Aqui é só um pequeno resumo para lembrar a carreira de Marlene, que foi e ainda é coberta de louros, tanto que haverá várias homenagens a ela pelo seu aniversário, assim:

Haverá um almoço ainda hoje (dia 22 ) na Cantina Donnana, na Rua Domingos Ferreira, em Copacabana.

Hoje não se discute quem é a "maior": Marlene ou Emilinha.
As duas se igualaram no tempo áureo do rádio. Hoje uma é saudade e a outra está na "terceira idade".

Ambas tiveram seu valor e penso que, completando com a Estrela Dalva de Oliveira, as cantoras foram o grande alicerce do rádio. Exatamente por causa dessas rivalidades.


norma

O que é o amos/Maria Rita

Momento musical








O Que É o Amor?
Selma Reis
Composição: Danilo Caymmi/ Dudu Falcão

O que é o amor?
Onde vai dar?
Parece nao ter fim
Uma cançao
Cheirando a mar
Que bate forte em mim
O que me dá
Meu coraçao
Que eu canto
Pra nao chorar?
O que é o amor?
Onde vai dar?
Por que me deixa assim?
O que é o amor?
Onde vai dar?
Luar perdido em mim

Um verso de Zé do Vale pinçado por Stella

"(...) amo tuas rugas universais
amo a trajetória do tempo
amo a longa espera dos espaços"

Apocalipse de Drumond e Meu Pai - Por José Carlos Brandão




Meu pai morreu no mesmo ano

que o poeta Carlos Drummond de Andrade.


Era fevereiro e o mar rugia nos meus olhos,

mas ele morreu longe do mar.


(Drummond morreu olhando o mar? Umas

duas ou três gaivotas e o vai-e-vem das ondas).


As folhas caíam (não era outono) molhadas

do orvalho da noite, ao vento e ao sol.


Meu pai montava a cavalo e gritava

como um deus para a vida.


Drummond

lembrava o pai a cavalo como se pedisse perdão

do silêncio.


O meu pai e o poeta Drummond morreram

porque era hora.


Tinha uma pedra no meio do caminho.


Sinto uma súbita alegria

ao me lembrar de meu pai

ao lado de Drummond

na eternidade.


A minha boca está seca, qualquer palavra

se quebraria.


O dia,

como a morte,

é uma fatalidade.


As crianças gritam

e não acordam meu pai,

que gostava de crianças dormindo.


Venta

neste momento

e em 1987.


Imagino o poeta sorrindo,

mesmo na morte, imóvel.


O morto é uma estátua

fria

na praia,

em qualquer lugar.


(Não deveriam fazer estátuas para os mortos.)


O poeta Drummond teve uma morte pública,

ônibus passam, a fumaça passa, os jornais anunciam

o feito histórico (o poeta morto como uma estátua).


O meu pai pediu um último cigarro, olhou a vela bruxuleante

(haveria vento no quarto? O vento do eterno

não se move).



O meu pai disse adeus,

e partiu a cavalo

sem se levantar do leito.



A cidade pequena

e os parentes sorriram contemplando o seu morto

particular.


O poeta e meu pai

(anônimos)

sorriem na eternidade

satisfeitos

com a poesia do fim dos tempos.


__________
Postado por José Carlos Brandão às 01:58 1 comentários
sábado, 20 de novembro de 2010

Perfil de uma amiga - Por Socorro Moreira



Com a renovação da aura de casa, voltei a tocar em cada um dos meus objetos pessoais : do chinelo ao livro. Hora de arrumar combina com desprendimento.... E assim fiz !
Em dado momento lembrei que há muitos anos não coloco na minha vida,  enfeites de Natal. Considero uma festa de luz, adoro ver a cidade, as lojas decoradas, mas não trago o consumo de bolas e estrelas que brilham para o meu universo doméstico. Natal é confraternização e paz ! Basta !
'Basta não !(disse-me uma  amiga da qual gosto muito) Pode fazer um café , e arranjar a mesa com uma árvore de Natal.
Encontrei uma pequena ,mas muito bonitinha. Ela é mobile e tem penduricalhos  de madeira . Um misto de infância perdida  e símbolo cristão. 
Pronto... Está armada !Agora só falta marcar a data, e convidar as meninas para um lanchiunho à base de rabanadas.
Essa amiga,  da qual falei,  é "Loura"  de Cândido Figueiredo.
Um conhecimento de décadas, que foi se transformando numa afetuosa amizade.
 Ela é impagável ! A melhor contadora de histórias  reais que eu conheço..Levanta da cadeira, faz a misancene, incorpora o papel, e nos mata de rir. Quando ela fala, todos silenciam. Isso é talento, minha gente !
A Globo não sabe o que está perdendo... E a gente ganhando  a convivência afável, inteligente e amiga , dessa menina , que será sempre um prodígio
Viva o artista que não  subiu no palco,  mas encanta com sua graça, o círculo  dos seus  convivas.

socorro moreira

Pérola dos Bastidores - Socorro Moreira



Norte e sul
Tomastes do Nordeste
a força do trabalho
Mas o "soul" que norteia
a nossa gente
tem a garra que vence a guerra,
poeticamente.


Socorro Moreira

Pérola dos Bastidores - Liduina Belchior




Nordeste
Nos deste
Formação e Persona.





Liduina Belchior

PENSAMENTO DO DIA - POR ROSA GUERRERA



...Sempre senti e sentirei o amor como aquela sensação sublime que nos impulsiona a pisar nas estrelas , mesmo que os nossos pés estejam fincados na terra .

( Rosa Guerrera)

EDIÇÃO ESPECIAL DO CARIRICATURAS



Título e capa, em estudo ( aceitamos sugestões)
Prefácio de José Flávio Vieira
Contracapa de José do Vale Feitosa


-Sem ônus para os escritores.
-Número de textos por autor : 2 + release + fotografia
-Reciprocidade : 5 livros para cada autor.


Autores convidados: todos os nossos colaboradores !

-Os textos deverão ser enviados para o e-mail de Stella ,até no máximo, 15 de Dezembro de 2010.
-Fase de revisão : o necessário .

- stelasiebra@yahoo.com.br

PARTICIPEM DESSE BANQUETE POÉTICO !

Objetos do desejo - Emerson Monteiro

Celulares, computadores, automóveis, televisores, casas, aviões, armas mortíferas, novelas e outros sonhos de consumo desta era de aço, plástico e substâncias poluentes, formam a dinâmica das horas cheias do frenesi impaciente de que quase ninguém consegue escapar, da ansiedade por novos equipamentos de uso contínuo a preços módicos, do despertar ao adormecer, viagem elétrica diária de uma antena a outra, quais voos de aranhas tontas, desencontradas. Serão máquinas incandescentes, unção dos metais com os nervos das orelhas, narinas, dos lábios, numa velocidade estonteante rumo do mesmo nada original das aventuras de antigamente.
Essa proximidade do homem com os objetos guardaria, por isso, ligação estreita do sujeito e suas vinculações junto ao mundo arredondado. Resumem os grandes filósofos tudo ser só energia em movimento, ainda que aspectos concretos imponham respeito e dúvidas, na relação com o alimento abstrato do pensamento de materialistas que querem ver ou pegar cada coisa.
A juventude, porém, questiona as cogitações simples dos filósofos. Os moços querem viver a todo custo experiências da civilização que herdaram, nos filmes, livros e máquinas reduzidas made in China. O Brasil chegou agora à marca de possuir celulares equivalentes ao tanto dos seus habitantes, em números absolutos.
Jamais a humanidade inteira atingiu tamanha capacidade física de se comunicar. No entanto o quadro preocupa o sossego e o falado progresso. Margem enorme de meios ainda representa pouco para aquietar o furor dos dramas individuais, pois as pessoas transferem às outras práticas e limitações senis do que haveremos de vencer depois, imposto do caminho da felicidade.
Nunca se fotografou tanto, se filmou tanto, gravou tanta música, quanto nesta época, e os frutos parecem não corresponder ao nível da tecnologia obtida pela raça humana.
O desejo peca na própria satisfação do enigma exigente dos consumidores, que, por mais busquem atender aos corações apaixonados, esbarram nas impossibilidades e angústias de um mundo vazio, atitudes desencontradas, guerras e traumas.
Contanto que forneçam esperanças novas, as tais maquininhas desta hora disseram muito pouco daquilo que se aguardava das matemáticas e pesquisas do homem civilizado. Há, sim, reservas maiores no desconhecido para serem aprimoradas que mostrarão o rosto de dominar os vícios e entrar na outra face da história, quando as marcas do egoísmo sumirão das telas, sombras apagadas pelas luzes da perfeição verdadeira.

Curtas - XI - Aloísio




Nordeste
Nos deste
Escrita e traço

Tédio enfastiado e Alegria conquistada - José do Vale Pinheiro Feitosa

No encontro das águas do Solimões e Rio Negro ambas descem paralelas com muitos quilômetros, lado a lado, sem se misturarem. Uma linha nítida separa as duas. Muito adiante as águas recebem mais afluentes e descem até se tornarem uma solução apenas.

O cristianismo já tinha vislumbrando o Amazonas: aquele em que as águas são apenas uma. A igreja com seus filósofos e teólogos é que depois inventou o batismo a partir do qual os que já eram criaturas de Deus por certo foram arrastados para um estado de paganismo para receberem o ritual de qualidade do cristão. Enfim, era o mais político dos atos: os que tomam partido têm a mesma doutrina na irmandade em Cristo.

Não era bem disso que queria falar, era um paralelo. Falo de uma família amiga. Acorda às 11 horas e faz o desjejum em estado de absoluto DIET, outros desdobramentos LIGHT e o tédio da abundância à mesa. Cremes, chapéus, e o arrastar renitente da criançada atravessando os sinais irritantes, os calçadões da salvação do colesterol e as areias mercantis de Ipanema.

Tudo farto e abundante. Dinheiro naquela escala não é problema. Nem no restaurante das 17 horas, no shopping das 21 horas, no cinema das 22 horas e o jantar da madrugada. Facilidades, climatização do veículo com barulho de pena, as câmaras de segurança do edifício e a lenga lenga se vai dormir ou ver um pouco mais de televisão. Termina o final de semana da família amiga, pois no amanhecer tem que correr atrás da grana para mais finais de semanas iguais.

No quilômetro 19 da Teresópolis-Friburgo, Hotel Cachoeira do Frade. Cinqüenta alojamentos para até cinco pessoas em cada. Pensão completa. Piscina ao ar livre e piscina térmica, sauna, toboágua, lagos com patos e carneiros, cavalos para passear, tirolesas para saltar, trilhas e um ambiente rural com serviço completo. Só precisa estar.

Um grupo imenso do subúrbio. Igreja Maranata. Uma grande excursão. Alugaram todos os quartos desde a sexta-feira à noite até o almoço do Domingo. Toda estrutura do hotel sendo utilizada. Comer até não caber mais de tanta abundância. Bebida alcoólica não, mas o resto rola de boca em boca. Namoricos, paqueras no meio da irmandade. Casais trocando amabilidades. Uma festa de imensa dádiva, tudo é sublime e fora dos padrões da vida de rotina.

Foi quando uma senhora alourada pela pintura, com a voz rouca, esganiçada, talvez aí por conseqüência e causa ao mesmo tempo daquele tom de “pato rouco”. Aproxima-se de uma mesa em que se sentam seis amigos e diz:

- Olha o relógio. Não demora a carruagem virar abóbora. Espera-me um tanque de lavar roupa e uma pia de panelas e pratos sujos.

O grupo cai na gargalhada e ela completa:

- Enquanto ainda faltam algumas horas, vamos curtindo o baile. Cinderela desfila.

Droga X Futebol - José Nilton Mariano Saraiva

Democrático por natureza, praticando onde haja um terreno baldio qualquer e magnanimamente acessível às pessoas dos mais diferenciados segmentos sociais, nos dias atuais o futebol constitui-se o sonhado “bilhete premiado” ou passaporte condutor da fama, prestígio e independência financeira para aqueles que, por falta de oportunidade (ou por não quererem mesmo nada com a vida em termos de estudo, educação e conhecimento), mas que possuidores do “dom” ou talento no trato da bola, nele desembarcam. Uns, mais expeditos, sabem aproveitar o cavalo selado à porta, o montam destramente e seguem em frente, firmes e fortes, já que sem maiores preocupações futuras, principalmente em relação ao vil metal; outros, atabalhoadamente metem os pés pelas mãos, se deixam possuir pela soberba e arrogância, se danam a praticar as mais estapafúrdias tolices e tendem a voltar ao limbo, à sarjeta, às origens marginais.
Não deveria, pois, constituir-se nenhuma surpresa para o mortal-comum, o recente desabafo de um dos seus protagonistas sobre a existência, no promíscuo meio futebolístico, de verdadeiras orgias em ambientes privados, onde rola à vontade e em profusão o álcool, a droga, o sexo, a desonestidade, e, enfim, a devassidão.
Desprovidos dos princípios elementares da educação formal, porquanto normalmente analfabetos de pai e mãe a ponto da maioria apenas e tão-somente “ferrar” o nome e com dificuldade, majoritariamente desconfiados e complexados em razão das agruras da origem humilde e vida paupérrima que vivenciaram num passado que teima em se fazer presente (e a incomodar), os nossos jogadores de futebol, especialmente a “seleta” minoria que tem o privilégio de atuar nos grandes times, não têm a devida estrutura psíquica para a abrupta metamorfose comportamental e do padrão de vida.
Hoje, privilegiados titulares de uma robusta conta bancária abastecida de dólares ou euros, residindo em mansões confortáveis e suntuosas nunca dantes imaginadas, comendo e bebendo do que há de mais refinado e requintado, cercados das mil facilidades propiciadas por neo-amigos que lhes prometem irrestrita e canina fidelidade e – e aqui é onde realmente mora o perigo - implacavelmente badalados, assediados, cercados e paparicados pelas plantonistas “marias-chuteiras” da vida (normalmente garotas bem nutridas fisicamente, interesseiras e... bandoleiras, que poderíamos rotular de “bonitinhas mais ordinárias”), os “heróis” (???) do povão e de uma mídia corrupta (que vivem a lhes insuflar o ego) findam por abrir a guarda, sucumbir ao cerco, cair na armadilha.
Quem não lembra, por exemplo, que o jogador Ronaldo Nazário, originário do subúrbio carioca e repentinamente guindado à condição de personalidade mundial, “ficou” apenas uma única e solitária noite (na primeira conversa) com uma tal “rainha das embaixadinhas” (uma esperta suburbana) que, sem qualquer escrúpulo e providencialmente, tratou de “se garantir” ao engravidar e posteriormente botar a boca no trombone, exigindo seus “direitos” ??? Hoje, a ex “senhora Nazário” se dá ao luxo de escolher os parceiros de programas para suas concorridas aventuras sexuais (inclusive no circuito internacional) e não tem nenhuma preocupação com o futuro em razão da polpuda pensão alimentícia que recebe (legalmente garantida pela justiça).
Quem há de esquecer que uma das nossas principais promessas para a Copa do Mundo de 2006, Ronaldo Gaúcho, paulatinamente ofuscado pelas luzes do sucesso, entrou em sofrido, letal e corrosivo processo de decadência técnica e física ao patrocinar e participar de diuturnas e monumentais orgias em terras italianas (regadas a muita droga e álcool), literalmente jogando fora a própria carreira (ficou de fora da Copa), sem que antes, em uma de suas meteóricas passagens pelo Brasil, tenha experimentado também das agruras do “conto da gravidez”, resultando na obrigação de destinar uma gorda mesada mensal para uma daquelas vistosas dançarinas do Faustão, presumivelmente mãe de um seu filho ??? (e o “abestado” ainda se vangloria do grande feito, ao sugerir que “...o moleque tem os dentes iguais aos meus”).
Quem não recorda que o jogador Adriano, literalmente “escorraçado” da Itália (assim como no passado o fora o ídolo argentino Diego Maradona), em razão da sua incursão no sempre perigoso mundo das drogas pesadas, em chegando ao Brasil pra “curtir a vida” foi paparicado e convencido por dirigentes do Flamengo a “retomar a carreira” no clube, onde pintou e bordou, casou e batizou, fez e desfez (impunemente), já que continuou com a mesma vida desregrada e mafiosa de sempre (agora em companhia de contemporâneos de infância da favela onde nasceu), sem que os seus assessores e “padrinhos” tivessem moral pra tomar qualquer atitude ???
Pois bem, agora a bola da vez, coincidentemente também ídolo da torcida do Flamengo, é o jogador Bruno Fernandes de Souza, também um ex-favelado que, “enrascado até a medula” no presumível seqüestro, prisão e morte da ex-amante Eliza Samudio, viu sua vida virar de cabeça pra baixo, da noite pro dia.
É que o crime, mesmo perpetrado por profissionais e com requintes de tremenda crueldade e hediondez, deixou evidentes “digitais” e um “caminhão” de pistas e acusações consistentes contra ele (inclusive um vídeo gravado às vésperas pela própria, bem como um bombástico depoimento de um dos participantes), tudo levando a crer tratar-se de um clássico caso de recusa na admissibilidade de uma paternidade extraconjugal e o conseqüente pagamento da pensão alimentícia respectiva.
Como é tamanha a desfaçatez no meio futebolístico e o sentimento de impunidade tão arraigado, o ex-goleiro do Flamengo, mesmo posto no olho-do-furacão e em pleno clímax do imbróglio, aparentemente sem se dá conta da monstruosidade em que se metera revelou, em entrevista já dentro da prisão, o seu sonho de em breve envergar a jaqueta da seleção nacional, bem como transferir-se para um grande clube do exterior. Só que, dada a contundência das provas, suas perspectivas são as mais sombrias e apavorantes possíveis: 30 anos de reclusão e uma troca inusitada e não lá muito honrosa do gol do Flamengo pelo do esquadrão da prisão Bangu II, no subúrbio carioca.
Como, entretanto, há males que vêm para o bem, pode ser que num ambiente isolado, calmo, recluso, propício à reflexão e meditação, amazonicamente distante das massas disformes e zuadentas que o ovacionavam a plenos pulmões nos mais diversos estádios do Brasil, o agora “evangélico” Bruno (e como tem “evangélico” no meio futebolístico, não ???) tenha bastante tempo para refletir sobre a apocalíptica reviravolta em sua vida, quando de “ídolo” de uma das maiores torcidas do Brasil, transmutou-se à condição de “monstro”, num abrir e fechar d’olhos.
Estará preparado para isso ???
Difícil acreditar.

A Festa Cristã- por Magali de Figueiredo Esmeraldo

Está se aproximando o Natal, a festa cristã que comemora o nascimento de Jesus, o nosso Salvador. Falta mais ou menos um mês, mas o comércio já decorou suas lojas com motivos natalinos, muitas cores, tudo para atrair a clientela para o consumo. É uma pena que o verdadeiro sentido do Natal passa distante da comemoração atual. Com o passar dos anos tudo foi se modificando. Ninguém se preocupa mais com a “Missa do Galo” ou com o que é mais importante, o amor a Deus e ao próximo que é a mensagem maior que trouxe o nosso aniversariante.

Observamos que o mundo está violento, as pessoas egoístas, descriminado e desrespeitando umas as outras, como o caso de jovens paulistas, que na internet disseram palavras horríveis com os nordestinos. O que lemos nos jornais e assistimos na televisão, são notícias de muita violência, de jovens agredindo outros jovens, pessoas matando outras pessoas sem motivo algum, o uso das drogas que também mata e provoca a violência. Tudo isso acontece em conseqüência da ausência de Deus e dos valores morais e cristãos tão afastados dos homens e mulheres nos dias atuais.

Se abrirmos a Bíblia no Evangelho de Marcos (12,28) vamos observar que um doutor da Lei perguntou a Jesus: “Qual o primeiro de todos os mandamentos”? Jesus respondeu: “O primeiro mandamento é este: Ouça ó Israel! O Senhor nosso Deus é o único Senhor! E ame ao Senhor seu Deus com todo o seu coração, com toda a sua alma, com todo o seu entendimento e com toda a sua força. O segundo mandamento é este: Ame ao seu próximo como a si mesmo. Não existe outro mandamento mais importante que esses dois”. Jesus quer mostrar para os doutores da Lei que sem o amor a Deus e ao próximo, as leis e as tradições traem o projeto de Deus. Se a nossa sociedade entendesse que o amor a Deus e ao próximo é a chave que abre o caminho da paz e da felicidade, na certa teríamos um mundo sem violência e sem guerras. Jesus no mandamento do amor a Deus e ao próximo sintetiza a essência da vida humana em duas faces inseparáveis. Primeiro entregando-se totalmente a Deus e, vivendo uma relação de fraternidade com o próximo.

É importante que reflitamos que um Natal mais perfeito é aquele em que possamos viver a mensagem do aniversariante. Além dos presentes aos familiares e amigos, o amor à família e ao próximo de modo geral. Quem sabe partilhando o nosso alimento, a nossa ceia natalina com os que menos têm, estaremos preparados para no próximo ano sairmos do nosso egoísmo e abrirmos o nosso coração para Deus? Agindo dessa maneira, ajudaremos a transformar o mundo para que o amor reine entre todos.

Por Magali de Figueiredo Esmeraldo

DOMINGO (IN)VERSOS

O outro lado
- Claude Bloc -

Quem sabe o espelho seja
uma outra parte do que somos
o outro lado de nós mesmos
onde vasculhamos
o outro lado do outro,
em seus múltiplos sentidos...

E para nos encontrarmos
do outro lado
do outro lado da rua
do outro lado do outro
o espelho nos olha de lado,
disfarçando o sentimento
procurando nos olhares
o nosso próprio olhar
o olhar que nós perdemos
e que o outro
(espelho)
também procura .

Claude Bloc