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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

RELATOS SÔBRE BÁRBARA DE ALENCAR - Por Edilma Rocha

Dedicado a José Carlos Brandão

A naturalidade de Bárbara de Alencar foi erro histórico por mais de um século, quando se acreditava que ela nascera no Crato. Em 1951 o Padre Antonio Gomes de Araújo publicou um livro sobre a heroína com toda a documentação esclarecedora.
Bárbara Pereira de Alencar, nasceu na Fazenda "Caiçara", Cabrobó, Pernambuco, aos 11 de Fevereiro de 1760. Filha de, Joaquim Pereira Alencar e Teodora Rodrigues da Conceição. Bárbara era bisneta do casal português, Martinho do Rego e Dorotéia de Alencar e do casal baiano de Salvador, Antonio de Sousa Gularte e Maria da Encarnação de Jesus. Seus avós paternos foram o Tenente Coronel Leonel de Alencar Rego, filho do citado casal português e Maria da Assunção de Jesus, filha do casal baiano. Os pais de Teodora Rodrigues da Conceição, mãe de Bárbara, são desconhecidos. O bisavô baiano, Antonio de Sousa Gularte foi quem batizou de Salamanca ao sítio nas proximidades de Barbalha. Daí o nome daquele rio. Leonel, avô de Bárbara de Alencar, fundou a fazenda "Caiçara". Ali nasceram todos os seus filhos, inclusive, Joaquim Pereira de Alencar, pai de Bárbara que continuou com a fazenda por herança. Lá nasceu Bárbara e viveu até 1782  ano de seu casamento com José Gonçalves dos Santos e o seu primeiro filho, José Gonçalves Pereira de Alencar nasceu em 1783. O pai de Bárbara só deixou a fazenda Caiçara, muito velho, viúvo e doente para a casa da filha no sítio Pau Seco, Município do Crato. Foi a primeira mulher Republicana no Brasil, de muita coragem cívica incorporando-se a  historia do Crato e do Ceará. Rompendo a tradição Legalista, torna-se defensora do  ideal Republicano, quando a Capital da Província era Realista. Tinha muitos inimigos e era caluniada frequentemente e a sua personalidade era desfigurada no conceito geral. Foi mãe de figuras políticas notáveis e acompanhou os filhos em todos os movimentos históricos de emancipação e por isso foi presa com eles nos cárceres do Crato, Fortaleza e Salvador. Exerceu um papel importante na Revolução de 1817 que se iniciou em Pernambuco e colidiu no Crato por proclamação do seu filho, José Martiniano de Alencar em 3 de maio do mesmo ano. Mal vista a Revolução, Bárbara Pereira de Alencar e seus filhos, José Martiniano de Alencar, Tristão Gonçalves de Alencar, Padre Carlos Pereira de Alencar e seu irmão, Leonel Pereira de Alencar e mais vários parentes, foram presos e conduzidos para a Capital do Estado, sendo vítimas de maus tratos, inclusive da população miserável que se agrupavam nas estradas para insultar as suas desgraças. Foi presa com os filhos e esteve na cadeia da Bahia até a ordem do Rei em Outubro de 1820. Sempre esteve ao lado dos filhos, pregou com eles a Revolução, fez viagens e acendeu o espírito Patriota no povo. Adotou o sobrenome "Araripe" por sentimentos nativistas e era uma perfeita mãe de família e administradora das propriedades no Pernambuco, Piauí e Ceará. Seu corpo foi sepultado em "Poço de Penas", hoje Itaguá, Município de Campos Sales. Bárbara de Alencar foi incorporada na História Revolucionária do Crato junto aos seus filhos, Martiniano de Alencar e Tristão Gonçalves, que figurarão para sempre nas histórias das lutas dos guerreiros Cariris.

Edilma Rocha

Fontes - Livro Bárbara de Alencar de autoria de Padre Antonio Gomes de Araújo
              Livro Roteiro Biográfico  de autoria de J. Lindemberge de Aquino

A melhor notícia para o Crato - Prefeito Samuel Araripe consegue em Brasília, 4 milhões de reais para as obras emergenciais do Canal do Rio Grangeiro


A notícia que todos os Cratenses de Boa Vontade tanto esperavam


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Técnicos discutem soluções para o Canal do Rio grangeiro e Encosta do Seminário

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Dr. Nivaldo Soares e o Sec. de Desenvolvimento Econômico Duda Alencar

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Pref. Samuel Araripe em ligação para Brasília. Engenheiro analisa problemas

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E finalmente aconteceu. A melhor notícia que os Cratenses poderiam receber no momento: O Prefeito do Crato, Samuel Araripe consegue em Brasília, com a ajuda do deputado Arnon Bezerra, os primeiros 4 milhões de reais para a recuperação emergencial do Canal do Rio grangeiro. O dinheiro já foi credidado na conta da prefeitura na noite do último dia 17 de fevereiro, sendo uma primeira remessa, e será usado para a construção de 30 casas destinadas às pessoas que ficaram prejudicadas por conta da enxurrada que se abateu sobre a cidade no último dia 28 de janeiro. A quantia também será utilizada para a recuperação das pontes principais da cidade, que ficaram comprometidas, além das áreas com erosão, no Canal do Rio Grangeiro.

O Plano Emergencial havia sido enviado esta semana por meio do deputado federal Arnon Bezerra, depois de elaborado pelos técnicos da prefeitura municipal. Conforme se sabe, existem 2 etapas distintas: A recuperação emergencial e a reconstrução total do canal do rio grangeiro, que seguem por projetos diferentes. Numa primeira fase, é preciso resolver os problemas mais urgentes, como o auxílio aos desabrigados, e a recuperação das pontes e áreas afetadas, a fim de que a cidade volte a ter uma vida normal. Numa segunda etapa, a reconstrução completa do canal, que exigirá uma verba federal ainda maior, seguindo um projeto que está sendo elaborado, diante de uma nova realidade para o Crato, gerada à partir dos eventos do último dia 28 de janeiro, que exigirá que se reconstrua de modo maior e melhor, o antigo canal.

Sobre as soluções para a segunda fase, a reconstrução completa, fala-se em aumento do volume do canal, tanto em largura quanto em profundidade, como há outras idéias, reveladas pelo secretário de meio-ambiente e controle urbano, Nivaldo Soares, como por exemplo, um desvio das águas para o rio batateiras, por fora da cidade, a começar na famosa "ponte de bia", além de outro duto, por baixo do leito do canal atual. Mas tudo isso ainda está sendo estudado por técnicos, e o projeto de reconstrução total, ainda irá ser apresentado.

Embora persista um quadro de indefinição quanto à vinda do Ministro da Integração Nacional Fernando Bezerra Coelho ao Crato, o que verdadeiramente importa agora aos cratenses, é esta primeira vitória, das muitas que ainda se espera obter, de que o próprio ministro já liberou os primeiros 4 milhões de reais ao Crato. Isso em si, já é uma grande vitória para os Cratenses.

Dihelson Mendonça
( Com informações da Assessoria de Imprensa da PMC )

ENCONTRO COM AMIGOS - Por Edilma Rocha


Dihelson Mendonça e Edilma
Sem palavras...

Cortando o cordão – Por Carlos Eduardo Esmeraldo

O acaso sempre esteve presente na minha vida. Sem que eu planejasse muita coisa, como muitos o fazem, deixei que a vida me levasse e, ela me conduziu por caminhos retilíneos e belos. Em janeiro de 1964, eu pensava que iria continuar estudando no Crato, na minha zona de conforto, sob a proteção dos meus pais, entre meus familiares e colegas de estudos, uma turma unida e muito amiga. Dizem que o destino sabe traçar a estrada daqueles que sem querer, a ele se entregam. Talvez tenha sido esse o meu caso.

Um primo que estudava engenharia no Recife, estava de férias e visitava nossa casa, no São José. Ao vê-lo, fui conversar com ele, saber como era o curso de engenharia, suas dificuldades e sobre o vestibular. Sabedor de que eu desejava cursar engenharia, ele me aconselhou a ir estudar no Recife durante o curso científico. Disse-me que se eu ficasse no Crato, correria o risco de não ser aprovado no vestibular. Respondi que não dependia de mim. E então ele foi falar com o meu pai. E o fez de uma forma tão convincente, que eu senti naquele contato a concordância do meu pai. Mas este não disse nem sim e nem não. Para mim dizia ser impossível, pois não estava podendo arcar com as despesas.

Dias depois, um parente do meu pai, diretor da Escola de Engenharia de Minas de Ouro Preto, visitava meus pais, sempre que vinha ao Crato em suas férias. Ao saber do meu desejo de cursar engenharia, aconselhou-me que eu fosse estudar em Ouro Preto, colocando sua casa à minha disposição. Fiquei receoso de meu pai aceitar aquele convite protocolar, pois além de não ter nenhuma intimidade com aquele parente distante, Ouro Preto, para mim, era um fim de mundo.

No inicio do mês de fevereiro daquele ano, nada estava definido. Pensava tranquilamente que iria continuar no velho Colégio Diocesano e isso me dava certo alento, pois por ser o filho caçula, eu era muito apegado aos meus pais e irmãos. Entretanto, dias depois, o meu pai recebeu uma carta de uma irmã dele, a tia Anete, que residia em Salvador, dizendo que já reservara a minha matrícula e que eu poderia ir estudar na Bahia. Olhei no sobrescrito o meu futuro endereço: Avenida Beira Mar 404. Na minha imaginação surgiu, como que de repente, a avenida de mesmo nome que eu vira em Fortaleza na única visita que fizera até então a uma cidade maior que o Crato, além do Juazeiro, é claro! E imaginava que iria viver num paraíso. Fiquei ainda mais contente, quando soube que o meu primo e companheiro de brincadeiras, José Esmeraldo Gonçalves também iria.

Tudo então ficou decidido e às pressas, mamãe preparou um enxoval que fez minhas lembranças recuarem cinco anos, quando fui estudar no Seminário. Um medo disfarçado se apoderou de mim. Era a primeira vez que iria sair do Crato e debaixo das asas e da proteção dos meus entes queridos.

Um novo mundo se descortinava à minha frente, o desconhecido, a sensação de uma nova vida. Viajar de avião, coisa impensada, conhecer a cidade de Salvador e suas inúmeras igrejas e tantas outras belezas das quais ouvia falar com insistência.

Viajei com meus primos que lá já estudavam e residiam com minha tia Anete. Por causa de um defeito no DC3 que nos levaria, esperamos um dia inteiro no velho Aeroporto de Fátima, sem nada para enganar o estômago e sem comunicação. Somente no dia seguinte é que conseguimos voar num DC6 que veio em substituição ao avião danificado. O DC6 era um avião grande, com assentos com três cadeiras de cada lado e capacidade para mais de cem passageiros. Ao chegarmos a Salvador, uma Kombi da Varig levou os passageiros de porta em porta até a residência de cada um. O aeroporto distava mais de trinta quilômetros da cidade. Fomos os últimos a chegar ao destino, pois onde tia Anete morava era na Ribeira, final de uma península na cidade baixa.

Senti um misto de arrependimento e tristeza. A Avenida Beira Mar não era nada daquilo que eu imaginara. Era uma rua larga, às margens da Baia de Todos os Santos, sem calçamento, cheia de poças d’água, muita lama e enormes amendoeiras no meio, cujas folhas caídas se misturavam e recobriam as poças de lama. O bairro era triste, composto por um monte de casas velhas. Onde íamos morar era numa escola, o Educandário Pio XII, alojado num velho casarão de três andares, com piso de tábua corrida, que ecoava sob nossos passos. No terceiro andar havia um pequeno apartamento composto de três quartos, um banheiro, um vestíbulo com guarda-roupa coletivo e uma ante-sala ao lado da escada, onde estudávamos. Ao todo éramos seis pessoas que morávamos neste pequeno apartamento, eu, e os primos João Barreto, José Esmeraldo, Luciano Gonçalves, além do cratense Dailton, professor do Pio XII e dois jovens de Alagoinhas: Wedner e Ananias. Daílton era o mais velho do grupo. Ele tinha na época 26 anos, e por causa disso recebeu o apelido de “O Velho”.

A tia Anete ao nos receber, entregou a mim a Zé Esmeraldo uma chave da porta de entrada e nos disse: “vocês saem e entram na hora que quiserem e não precisam me avisar nada.” Senti um enorme peso, pois lá em casa, eu vivia sob certo controle e acompanhamento. Mas aos poucos aprendi a usar minha independência e isto me foi de grande importância para meu amadurecimento pessoal.

Ainda hoje, eu sou grato a essa minha querida tia por ter tornado possível a realização de um sonho. Se não fosse sua solicitude não teria oportunidade de estudar num grande centro. Por isso eu tenho por ela um enorme carinho e gratidão. Ela é a única das minhas tias ainda viva. Reside no Crato, com bastante lucidez e invejável memória, aos oitenta e nove anos. Em julho próximo, esperamos festejar seus 90 anos.

Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Pesquisa sobre Bárbara de Alencar


Caros amigos,

fui convidado para fazer um artigo sobre Bárbara de Alencar. Lembram-se do poema “O cárcere de Bárbara de Alencar”, que postei aqui? Fui convidado por causa desse poema.

Estou fazendo uma pesquisa. Gostaria que respondessem umas perguntinhas para enriquecer a matéria que vou escrever:

1)   O que representa Bárbara de Alencar para vocês do Crato?

2)   O que representa Bárbara de Alencar para a valorização da mulher?

3)   Gostaria de dar mais algum testemunho sobre Bárbara de Alencar, algum fato histórico talvez desconhecido, algum fato conhecido só regionalmente? Ou de falar o que tiver vontade...

Agradeço-lhes muitíssimo pela colaboração. O meu objetivo é engrandecer e divulgar o valor de Bárbara de Alencar.

Poderão responder aqui, nos “comentários”. Ou então pelo meu e-mail: jcmbrandao@gmail.com

Um grande abraço,

Brandão.