Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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terça-feira, 19 de janeiro de 2010

De João Nicodemos




.
Zen

ouça o vento
meu pensamento
.
.
.
.
.


Sem palavras ...




Sem propósitos - por Socorro Moreira

sei dos teus cortes e
recortes.
da tua vontade incontida
do teu senso de justiça
da tua dor mal ouvida
Sei dos teus ais
que não se apaixonam mais !

A natureza da mágoa
qualifica a dor
Porisso não me reprimo :
Sou declarada de amor !

Faz silêncio , no escuro da tenda
e eu molho a tua pele
nas minhas águas vermelhas .


Você vive protegido
Que tecido é esse?
Quero um fio
pra entrar em tua teia.

Eu te amo
sem medo do porvir .

o mal é viver de mãos dadas
com o passado esgotado ...

Esqueço as letras
mas os números me reconduzem
a todos os mundos.

quando você chega
tudo em mim se ocupa.

Amo teus afetos
longe dos meus olhos
Eles te permitem
ser feliz sem mim.

Ar Preso

Pensas que és um adulto?
Não passas de uma criança

com os cabelos grisalhos,
óculos e sérios problemas.

Contas, drogas, solidão.

Observa bem no fundo da garganta:
o mesmo soluço infantil.

Mesmo que faças filhos,
assaltes bancos
e mates gente.

O mesmo soluço:
a mesma raiva,
a mesma dor.

"Campo de Flores" - Carlos Drummond de Andrade


Deus me deu um amor no tempo de madureza,
quando os frutos ou não são colhidos ou sabem a verme.
Deus - ou foi talvez o Diabo, deu-me este amor maduro,
e a um e a outro agradeço,pois que tenho um amor.

Pois que tenho um amor, volto aos mitos pretéritos
e outros acrescento,aos que amor já criou.
Eis que eu mesmo me torno o mito mais radioso,
e talhado em penumbra sou e não sou, mas sou.

Mas sou cada vez mais, eu que não me sabia
e cansado de mim julgava que era o mundo
um vácuo atormentado, um sistema de erros.
Amanhecem, de novo, as antigas manhãs
que não vivi jamais, pois jamais me sorriram.

Mas me sorriam sempre atrás de tua sombra
imensa e contraída como letra no muro
e só hoje presente.
Deus me deu um amor porque o mereci.
De tantos que já tive ou tiveram de mim,
o sumo se espremeu para fazer um vinho,
ou foi sangue, talvez, que se armou em coágulo.

E o tempo que levou uma rosa indecisa
a tirar essa cor dessas chamas extintas
era o tempo mais justo. Era tempo de terra.
Onde não há jardim, as flores nascem de um
secreto investimento em formas improváveis.

Hoje tenho um amor e me faço espaçoso
para arrecadar as alfaias de muitos
amantes desgovernados, no mundo ou triunfantes
e aos vê-los amorosos e transidos em torno
o sagrado terror converto em jubilação.

Seu grão de angústia, amor já me oferece
na mão esquerda. Enquanto a outra acaricia
os cabelos e a voz e o passo e a arquitetura
e o mistério que além faz os seres preciosos
à visão extasiada.

Mas, porque me tocou um amor crepuscular,
há que amar diferente. De uma grave paciência
ladrilhar minhas mãos. E talvez a ironia
tenha dilacerado a melhor doação.
Há que amar e calar.
Para fora do tempo arrasto meus despojos
e estou vivo na luz que baixa e me confunde.


( Carlos Drummond de Andrade in Claro Enigma - 1951 )


Foliões

Saborear um majestoso doce de leite
para depois escovar os dentes

é tão fora de propósito
quanto forçar o menino maluquinho
a brincar no quintal de kichute.

Deixem brilhar o sorriso do poeta
com seus delicados fósseis:
ora insetos,
ora peixinhos.

E que o menino maluquinho
pise em vidros,
espinhos de pequi,
bostinha de galinha.

Ambos um caso perdido.

Estou brincando de Correio Musical ...

Essa canção vai para um grande amigo, pessoa muito querida , de coração apaixonado... Seresteiro velho, que quando pega o violão, gosta de cantar essa canção. Um grande abraço pra você meu irmão !



Cara a Cara
Nelson Gonçalves
Composição: Lúcio Nascimento / Carlos Colla



Quero ver a sua cara,
Quando um belo dia,
Nos acasos desta vida,
Só por ironia,
A vida nos deixar,
Cara a cara outra vez.

Você vai estar marcada,
Com certeza,
Pois o tempo não perdoa
E destroi a beleza,
O tempo é que nos faz,
Todos iguais.

Você vai procurar então,
Ver no meu rosto,
O que ficou
Do meu velho desgosto,
Das coisas todas,
Que você me fez.

E então,
Num riso descarado,
Vou lhe dizer,
Não tenho mais passado,
Eu me esqueci de vez,
Do seu amor.

Quero ver o seu cabelo branco
E desarrumado,
Seu sorriso entristecido,
Falso e desbotado,
E suas mãos cansadas,
De tanto lutar,

Quero ver no seu olhar,
Um pouco de loucura,
E sentir na sua voz,
Um tanto de amargura,
Remorso,
Pelo que você me fez.

Talvez,
Eu vá sentir então,
Um pouco de piedade,
Quando notar que a felicidade,
Você não teve,
A vida lhe negou,

Vou rir,
Meu riso debochado,
Quando souber
Que tudo deu errado,
Que era eu por fim,
Seu grande amor.

Quero ver a sua cara,
Quando eu for sincero,
E lhe disser
Que ainda lhe quero,
E lhe disser
Que eu ri, pra não chorar.

E então,
Juntar os pedaços da gente,
Beijar você
Apaixonadamente,
E ser feliz
Pela primeira vez.

E então,
Juntar a tristeza da gente,
Beijar você
Num beijo doce e quente,
E ser feliz
Pela primeira vez.

E então,
Juntar o que resta da gente,
Beijar você
De um jeito diferente,
Fazer o amor
Que a gente ainda não fez.

Quem sabe cantar essa música ?

Bibelot
Nelson Gonçalves
Composição: Adelino Moreira

.
Não sejas bonequinha quebradiça,
A luz mortiça de um belo lampião,
Não sejas bibelot de porcelana,
Que se esparrama quando cai ao chão,
Não queiras iludir teu sentimento,
O fingimento não te fica bem,
Repara que a maior beleza,
Está na singeleza,
Que a pessoa tem.

Beijar-te no altar desejo,
Confesso que é meu sonho ardente,
Mas tenho a impressão que até num beijo,
Fazendo pose do beijo é diferente,
Não sejas tão sofisticada,
Enganas o teu coração,
Procura ser real e doce amada,
Para mim atingiras a perfeição.

Ai, que bateu uma saudade forte do meu pai !
Ganhei um cd ( mp3) com todas as canções do Nelson. E essa foi uma delas .

Abismos - por Ana Cecília S.Bastos


Algo descama e desce, inevitável e incontrolável como uma menstruação.

Tenho imagens e palavras, poemas que se insinuam, enquanto o tempo escasseia.

Quero escrever, mas estou sem sentidos.

Minha emoção em desterro me abisma na ausência da cidade da Bahia.

Ladeiras, abismos, sinuosidades:
água terra, isso me alaga e me define, a Bahia,
em todos os seus tempos de ser e de não ser.

A dor se extingue, lenta, inexoravelmente, deixando-me tão deserta quanto antes.



por Ana Cecília

versos que caem do além

O meu coração foi esmagado
por um moedor de cana.

Agora quem quiser garapa
terá de beber meu sangue.

As vampiras da minha rua
adoram a notícia.

Fazem fila.

Cada uma elegantérrima
com um canequinho de alumínio na mão.

" Seu moço, quanto custa
tua solidão tão doce?"

"Até a borda
sem gelo
é de graça,
madame."

Responde o torpe ambulante.

AMIGO É COISA PRA SE GUARDAR -- Rosa Guerrera

Poxa , um amigo serve pra tanta coisa ! Serve por exemplo pra nos ajudar a empurrar o carro quando ficamos na rua sem gasolina , ( e o importante é que não nos cobra nada) , serve para instalar o XP no computador, mesmo que perca muitas horas para faze-lo, outras vezes dá um jeitinho de comprar umas muambas do Paraguai,. só porque estamos a fim de possuir aquele relógio.
Serve pra rachar a grana quando estamos numa pior, empresta os seus cds e dvds , arranja aquele convite para irmos a uma festa , enfim : segura mesmo a nossa barra nos momentos de apuros .
Todas as alternativas estão corretas, porém isso não basta para guardar um amigo do lado esquerdo do peito., e trancá-lo a sete chaves.
Um amigo não empresta e nos serve apenas coisas materiais .
Ele nos oferta o ombro para chorar , o lenço para enxugar nossas lágrimas, divide culpas, alicerça cada vez mais cumplicidades, racha sorrisos, guarda segredos, vai de encontro as nossas opiniões quando erramos , sabe nos perdoar , e propositadamente assume uma cadeira cativa no nosso coração.
Um amigo , não nos dá carona apenas para irmos a uma balada ,mas sabe nos carregar nas costas quando estamos feridos de dor ou desilusão.
Faz questão que sejamos apresentados ao seu mundo , e sem relutar quer também conhecer o nosso. Não dá apenas gargalhada com as nossas piadas, mas sabe em silêncio partilhar a nossa dor , e está sempre pronto a nos tirar do fracasso.
Um amigo segura é tudo na vida da gente!
Segura o abraço , segura o tombo,segura o palavrão,segura a nossa ansiedade , segura as vezes até a porta do carro quando a gente vai entrar .
Se tivermos apenas cinco amigos assim , podemos dizer que recebemos de Deus a maior dádiva do mundo , e o mais importante é que uma vez alojados em nossos corações , temos imediatamente que jogarmos a chave fora , porque na verdade : um amigo é o maior tesouro que podemos ofertar a nós mesmos ,e conserva-lo a nossa maior missão..

Falando Sozinha - por Socorro Moreira

Hoje ,vasculhando escritos do passado, achei anotações, como :

Onde anda você
flor que não brota?

Deus, cura minha sorte
e manda uma estrela pra mim !

na borboleta da vida
o último amor não passou ...

Uma conta negra
ao invés de um colar
A serra,
no lugar do mar !

Preenchi os buracos da tua ausência
Mas os buracos dos meus olhos
continuam te clicando.

Como relaxar
se acelero o compasso da espera
pro tempo passar ?

O milagre acontece,
quando o tempo de acontecer ...
Passou !

Amo as pessoas
com querências ,
e sem carências !

Eu me vejo tanto,
na janela do tempo !

Que cidade é essa
que não me abraça?
Que homem é esse
que tenho medo de abraçar?

Quero sair de braços dados
com a minha boa sorte
Torná-la minha consorte !

Pensei que você tinha na cabeça
o mapa do nosso destino
O mapa nada continha
e branco foi nosso destino.

Estamos no meio ou no fim,
se nunca somos afins ?

Dourei a lembrança de alguém
e senti a paz da sua falta.

às vezes o tédio
me leva pra junto de ti ...

quero fazer um jornal
pra espantar o tédio
do teu domingo sem mar.

absorvo teu gosto
da forma mais primitiva :
Beijando-te !

POEMA DA TERÇA FEIRA - por Stela Siebra Brito

Afrodite Anadiômena

sabedora do teu céu
já percorro teu inferno
e despeço-me
sem alarde
sem despir
meu corpo
sem despir
minha alma

(Este poema fiz ao conhecer o mapa astrológico de um homem com quem estava começando a me relacionar afetivamente. Detalhe: 1. sou astróloga; 2. Anadiômena é um dos epítetos de Afrodite (Venus) e significa “a que sai do mar, se levanta das águas”,portanto, a que tem um nível de sensibilidade acima das emoções.

Raimundo Elesbão de Oliveira - Poeta do Araripe - por Joaquim Pinheiro Bezerra de Menezes.




Seu” Raimundo Elesbão era figura respeitadíssima na família da minha mãe, que tem raízes em Araripe. Meu pai, por outro lado, sempre o citava como exemplo dos que vencem a custo do seu próprio esforço. Repetia sempre que aprendeu a ler já adulto, logo tornou-se professor, repassando aos outros o que aprendera praticamente sozinho. Inteligência rara, mas alma simples, raramente se ausentava de Araripe. Eu sabia que ele escrevia bem e era bom poeta, mas não conhecia nenhum texto da sua autoria. Na minha última viagem ao Crato, ganhei do meu primo Tadeu Alencar (Cevema), neto de “Seu” Raimundo, um exemplar do livro A vida e o Verso, lançado em comemoração ao centenário do nascimento do seu avô. Mesmo tendo informações de que a produção era de alto nível, a qualidade dos versos me surpreendeu. Transcrevo duas poesias para dar noção da profundidade da obra:



CHE GUEVARA



Idealista e herói autêntico

Plantaste no solo da Bolívia

A semente prolífera do teu sonho.



A mocidade sonhadora

Do mundo inteiro

Prosterna-se reverente

Ante o teu sacrifício.



De Sierra Maestra

A Villagrande

Fizeste a tua escada

Para ascensão da imortalidade.



Há de perdurar o teu nome,

Perdurar para sempre

Na memória imorredoura,

Nos infindos evos

Das idades infindas.



Como Cristo no calvário

Redimindo a humanidade,

Redimiste com teu sangue

Nossa crença no povir,

Nossa crença sempre ardente

Que freme e palpita

N’alma da juventude

De todo o mundo.



Regaste com a seiva rica

De teu sangue generoso

As selvas virgens, bravias,

Das serras bolivianas.



Delas breve surgirão,

Como de outras partes, também,

Idealistas teus irmãos,

Irmãos nos mesmos sonhos,

Filhos do mesmo ideal.



Quando, então, se cumprirá

O compromisso formal

Que nobremente firmaste

Com a juventude que sonha

No mundo contemporâneo.



Araripe – 1967



O HOMEM NA ROTA DA VIDA



Não se sabe quando

O homem surgiu

Na face da terra;

Sabe-se, porém,

Que há muitos milênios

Vem ele lutando,

As vezes sorrindo,

As vezes chorando

Ou fazendo guerra.

E assim, nesta faina

Vem ele também

Um dia sonhando,

Ou triste pensando

No incerto destino.

Contudo não se cansa;

Após tanta lida

É sempre sua guia,

Nas rotas da vida,

A doce esperança.



Araripe – 1975

Cézanne



Paul Cézanne (Aix-en-Provence, 19 de janeiro de 1839 — 22 de outubro de 1906) foi um pintor pós-impressionista francês, cujo trabalho forneceu as bases da transição das concepções do fazer artístico do século XIX para a arte radicalmente inovadora do século XX. Cézanne pode ser considerado como a ponte entre o impressionismo do final do século XIX e o cubismo do início do século XX. A frase atribuída a Matisse e a Picasso, de que Cézanne "é o pai de todos nós", deve ser levada em conta.

Após uma fase inicial dedicada aos temas dramáticos e grandiloquentes próprios da escola romântica, Paul Cézanne criou um estilo próprio, influenciado por Delacroix. Introduziu nas suas obras distorções formais e alterações de perspectiva em benefício da composição ou para ressaltar o volume e peso dos objetos. Concebeu a cor de um modo sem precedentes, definindo diferentes volumes que foram essenciais para suas composições únicas.

Cézanne não se subordinava às leis da perspectiva. A sua concepção da composição era arquitectônica; segundo as suas próprias palavras, o seu estilo consistia em ver a natureza segundo as suas formas fundamentais: a esfera, o cilindro e o cone. Cézanne preocupava-se mais com a captação destas formas do que com a representação do ambiente atmosférico. Não é difícil ver nesta atitude uma reação de carácter intelectual contra o gozo puramente colorido do impressionismo.

Sobre ele, Renoir escreveu, rebatendo o crítico de arte Castagnary: Eu me enfureço ao pensar que ele [Castagnary] não entendeu que Uma Moderna Olympia, de Cézanne, era uma obra prima clássica, mais próxima de Giorgione que de Claude Monet, e que diante dele estava um pintor já fora do Impressionismo.

Cézanne cultivava sobretudo a paisagem e a representação de naturezas mortas, mas também pintou figuras humanas em grupo e retratos. Antes de começar as suas paisagens estudava-as e analisava os seus valores plásticos, reduzindo-as depois a diferentes volumes e planos que traçava à base de pinceladas paralelas. Árvores, casas e demais elementos da paisagem subordinam-se à unidade de composição. As suas paisagens são sutilmente geométricas. Cézanne pintou sobretudo a sua Provença natal (O Golfo de Marselha e as célebres versões sucessivas de O Monte de Sainte-Victoire).

Nas suas numerosas naturezas mortas, tipicamente compostas por maçãs, levava a cabo uma exploração formal exaustiva que é a terra fecunda de onde surgirá o cubismo poucos anos mais tarde. Entre as representações de grupos humanos, são muito apreciadas as suas cinco versões de Os Jogadores de Cartas. A Mulher com Cafeteira, pela sua estrutura monumental e serena, marca o grande momento classicista de Cézanne.
wikipédia

Francisco Petrônio






Filho de José Petrone e Filomena César Petrone, é casado com Rosa Petrone, tem três filhos, seis netos. Ao contrário do que se possa
imaginar, vive um momento de intensa atividade artística e familiar, sendo requisitado para apresentações em vários clubes de todo o Brasil.
“Sempre pude contar com muitos amigos, nestes mais de 40 anos de carreira de cantor. Um deles foi o saudoso Airton Rodrigues, que um dia me chamaou de “A voz de veludo do Brasil”; outro também saudoso Edson Curi (Bolinha), por tantas oportunidades apresentava-me em seus programas e a gravadora Continental, na TV ou na Rádio”.
Continua fazendo o que sempre soube e quis e ama fazer, ou seja, cantar. “Até quando não sei, somente Deus sabe, por enquanto não penso em parar. Nunca tive vício algum, sempre cuidei da minha voz, que graças a Deus ainda não senti o peso dos anos, pois continuo cantando nos mesmos tons originais do início de minha carreira”.
Incrível! Já passaram quase mais de 40 anos, desde que começou a cantar profissionalmente pela primeira vez. “Tudo aconteceu numa tarde de fevereiro do ano 1961, aos 37 anos de idade. Estava no meu táxi, um Chevrolet 1946, no ponto onde trabalhava, à Rua Libero Badaró, quando subiu no meu automóvel o então amigo Nerino Silva. Ficamos conversando, eu lhe disse que gostava de cantar, e quando chegamos ao seu destino era TV TUPI, onde ele era contratado, combinamos que eu faria um teste na quarta-feira seguinte. Tudo bem, lá fui eu com o coração disparado e as pernas bambas, mas era tudo que eu queria e sonhava.
Fiz o teste com outros cantores e fui naquele mesmo dia, contratado para um período de dois anos, onde faria parte do elenco da TV TUPI e também participações na Rádio TUPI. O mesmo Nerino Silva me levou para a gravadora Chantecler, fui contratado para gravar meu primeiro disco 78 rpm, isso, depois de ter mostrado ao Diogo Mulero (Palmeira), então diretor artístico da gravadora, uma fita magnética em que cantava algumas músicas. Foram escolhidas duas músicas: “Agora”, um bolero, e “Não me Falem Dela”, um tango. O maestro Elcio Álvares fez os arranjos. E lá estava eu com o meu primeiro disco nas mãos, e com meu nome de batismo Francisco.”
Em 1961 gravou seu primeiro LONG PLAY, em homenagem a sua profissão (motorista de táxi). O nome do LP era “Cantando no Ponto” e na hora de colocar o nome no LP, o Palmeira perguntou se não queria mudar o nome de Francisco Petrone para Francisco Petrônio, poi o primeiro estava um pouco italianado.
Em 1963, gravou a música “Romance” que lhe deu o primeiro troféu, o “Chico Viola do Ano”, troféu este instituído pela TV Record. Ainda nesse ano, lançou “Amor mais Puro”, uma canção de autoria do Palmeira, com declamação de Enzo de Almeida Passos, dedicado ao Dia das Mães, e a qual até hoje está em catálago. Também gravou do Palmeira e Mário Zam a música “Nova Flor”, que mais tarde iria se chamar “Los Hombres no Deven Llorar”, sucesso de novela pela TV Globo, numa versão para o espanhol, com um conjunto mexicano, e regravada por Roberto Carlos.
Em 1964, fez um show para Enzo de Almeida Passos, na cidade de Bragança Paulista, que tinha na ocasião, um programa dos mais ouvidos pela Rádio Bandeirantes com o nome de “Telefone Pedindo Bis”. Na volta do show com seu amigo, violonista Zairo Marinoso, sem querer começou a cantarolar instintivamente o tema da música que viria a chamar-se “O Baile da Saudade”, cuja letra e as rimas iam se encaixando rapidamente, e com a participação do Zairo montou uma grande parte da música no caminho de volta, mas ouve aí um grande detalhe: quando chegou em casa às três horas da madrugada, antes de dormir gravou música e letra, deixando-a registrada no gravador. Quando acordou às nove da manhã, não se lembrava de mais nada, apenas recordou-se da gravação e imediatamente, telefonou para a Continental, onde Palmeira tinha assumido a direção artística, e pediu a ele que terminasse a letra da música. Rapidamente gravado, foi um sucesso total, pois a música “O Baile da Saudade” virou empresa, e até hoje realiza, bailes da saudade por todo o Brasil.
De um simples desejo de gravar aquele primeiro disco em 1961, conseguiu tudo ou quase tudo que um cantor popular gostaria de gravar, em quase todos os ritmos, em português, espanhol e italiano ( suas origens). Destas gravações poderia destacar os 7 LPs que gravou com o Dilermano Reis, com o título “ Uma Voz e um Violão em Serenata”, 2 LPs em italiano, onde além das canções tradicionais em dialeto napolitano, tem dois trechos da ópera, “Uma Furtiva Lacrime” e “E Lucevan L’ Stele” da Tosca. A série o “Baile da Saudade” foi volume 4, revivendo as mais lindas valsas brasileiras, os tangos, os boleros, as guarânias, os maxixes, os sambas, mas o seu destaque, a sua alma, a sua melhor interpretação foi, sem dúvida, à modinha de Carlos Gomes “Quem Sabe” com Dilermano Reis ao violão. O Palmeira, ao ouvi-lá ainda em fita, antes do disco disse a Francisco Petrônio: “Você estava em estado de graça.”
Desses anos todos de carreira, foi durante dois anos contratado pela RCA VICTOR, onde gravou três LPs. Em seguida voltou para a Continental, porque lá havia deixado além de um patrimônio valioso em repertório de músicas gravadas, também seu amor pela gravadora e muitos amigos.
O tradicional “Baile da Saudade”, é uma criação sua deste 16 de junho de 1966, quando o apresentou pela primeira vez num programa pelo canal 5, então TV Paulista, “Cantando com Francisco Petrônio”.
No ano de 1999, lançou 2 CDs pela R.G.E. Discos, meu 43º e 44º CDs com o título de “Tributo o Chico Alves” e “Dançando com Francisco Petrônio”. Até 2.000 já lançou 45 discos “Nostalgia Dela Terra Nostra.”
A falta de cantores românticos, especialmente da chamada “Velha Guarda” no Brasil o obriga a permanecer no cenário artístico nacional, pois se considero um dos últimos cantores de músicas românticas brasileiras e o único que resgata as músicas inesquecíveis e imortais, num tributo aos verdadeiros cantores da Música Popular Brasileira dos quais é fiel seguidor, procurando deixar às futuras gerações um legado dos mais românticos e tradicionais, pois: “Enquanto Houver Saudade Haverá os Eternos Saudosistas”.
netsaber

Ítalo Rossi



"Ítalo Balbo Rossi, ou apenas Ítalo Rossi (Botucatu, 19 de janeiro de 1931) é um dos grandes atores brasileiros.

Na televisão, Ítalo Rossi começou sua carreira em 1963, e sua primeira novela na Rede Globo foi Bravo, de Janete Clair. Durante todos esses anos de carreira, na maioria das vezes interpretou personagens coadjuvantes. Seu trabalho de maior sucesso e maior reconhecimento veio 45 anos após seu início de carreira, interpretando o homossexual Seu Ladir, do humorístico Toma Lá Dá Cá. "

Quando fui adolescente, namorei um moço chamado Ítalo. Por qualquer coisa , por não ter sido um grande amor, e sim uma linda amizade, terminamos. Mas eu adorava assistir Ítalo Rossi ... Aé descobrir a grandeza de talento que ele realmente possuía, e tem !

Por essa intimidade sentimental com esse ator, lembro a todos ,que hoje ele faz aniversário !

Positivismo - Augusto Comte



Positivismo é a doutrina criada por Augusto Comte que sugere a observação científica da realidade, cujo conhecimento viabilizaria o estabelecimento de leis universais para o progresso da sociedade e dos indivíduos. Comte acreditava ser possível observar a vida social por meio de um modelo científico, interpretando a história da humanidade, e a partir dessa análise, criar um processo permanente de melhoria e evolução. Esse processo estaria dividido em estágios inferiores ? fase teológica e fase metafísica ? até alcançar um nível superior ? fase positivista. Para Comte, a ordem era a base do progresso social, apesar de visualizar somente o caos e a anarquia, por isso ele abominava tanto a revolução quanto a democracia. O modelo positivista de regime é republicano, porém estruturado sob a forma de uma ditadura científica. Um dos princípios do positivismo é a separação entre o poder religioso e o poder civil, somente homens esclarecidos e honestos seriam os verdadeiros sacerdotes do saber. Esta sabedoria seria transmitida aos ditadores ilustrados e, estes teriam condições de comandar o Estado e as classes inferiores. Comte também defendeu a universalização do ensino primário e o amparo ao proletariado. No Brasil, a doutrina positivista teve grande repercussão, norteando uma reforma autoritária no Rio Grande do Sul, no governo de Júlio de Castilho, em 1893, e posteriormente pelo Estado Novo. O lema da bandeira brasileira - Ordem e Progresso ? é na verdade um pressuposto do positivismo de Comte.

Janis Joplin - 19 de janeiro de 1943 a 4 de Outubro de 1970

Elis , a voz que ficou !


Causando grande comoção nacional, faleceu aos 36 anos de idade em 19 de janeiro de 1982. Foi sepultada no Cemitério do Morumbi.

«Choram Marias e Clarices… Chora a nossa pátria mãe gentil. Em busca de um sol maior, Elis Regina embarcou num brilhante trem azul, deixando conosco a eternidade de seu canto pelas coisas e pela gente de nossa terra. E uma imensa saudade. »

Elis é mãe de João Marcelo Bôscoli, filho do casamento com o músico Ronaldo Bôscoli, e de Pedro Camargo Mariano e Maria Rita, filhos do pianista César Camargo Mariano. Os três enveredaram pelo ramo da música.




Cansaço


O que há em mim é sobretudo cansaço –
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A sutileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém,
Essas coisas todas
- Essas e o que falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada –
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço, Íssimo, íssimo, íssimo,
Cansaço...

Fernando Pessoa

CONHEÇA AS BELEZAS DO CRATO


O nobre folclorista cratense Francisco Correia Lima “O Popular Correinha” louvava a nossa cidade do Crato, cantando música popular: “Venha conhecer as belezas do Crato”, tudo aqui é natural".

Era uma exaltação ao Crato da qual temos a impressão que esse folclorista foi uma das figuras mais nobres da arte popular cratense e que atentava às nossas autoridades lembrando que deveriam fazer obras “d’artes”, construindo monumentos como: Estátua aos Revolucionários de 1817; reativação das fontes luminosas; todas cobertas com obras “d’artes” a fim de atrair turistas quer culturais, quer populares, incentivando a construção de pousada e gozando do panorama maravilhoso que há nas faldas desse imenso chapadão do Araripe.

Era uma exaltação louvável a terra comum o que poderia mostrar a arte primitiva que perdura no seio do povo até os nossos dias.

Correinha era um cratense autêntico, filho adotivo do Crato, natural de Farias Brito, amava o Crato mais que os próprios filhos da terra, vibrava entusiasticamente pelas suas belezas naturais, decifrava muito bem os seus encantos; ninguém mais do que ele expressava com melodias e vibrava através da música com magia de homem simples, louvando a cidade com várias expressões sonoras, muito prudentes, almejava com espírito sóbrio, dizendo que o cratense fosse estimulado a querer bem a esta cidade, livrando-nos das canseiras diárias com as músicas populares nordestinas.

Conhecemos Correinha em 1958, trabalhando em comícios eleitorais onde fazia poesias jacosas, e decifrava em comícios favorecendo a certo candidato que terminava em uma exaltação popular.

Depois conseguiu um emprego na polícia, exercendo com eficiência e dignidade a sua função. Era reto, circunspecto, granjeava simpatia e era amigo dos amigos em todas as camadas populares.

Tempos atrás, conseguiu um outro emprego no SESI, no setor de lazer, como professor de artes folclóricas. Apreciávamos assistir e louvar a sua arte folclórica. O seu objetivo era divulgar o folclore regional. Era um autodidata, poeta repentista, estudioso e destemido, pois sempre foi um baluarte da esfera folclorista regional.

Cansado de tanta opressão, motivada pela falácia de alguns companheiros, pediu afastamento do seu emprego, deixando uma lacuna irreparável na arte popular do SESI.

Correinha era um homem de larga visão, não aceitava falcatrua, espelhava-se no caminho da honestidade e conduziu com distinção e louvor as suas atividades folclóricas. Era um esteio exemplar da juventude e dedicado ao trabalho.

Crato, 16/01/2010

P.S.: Dedicamos esta crônica ao cratense da Ponta da Serra, o historiador Antonio Correia, homem sério, educado, culto e muito dedicado à sua área! Desejamos muita sorte seu Antonio, vibramos com o seu otimismo, mas fique com o Crato.

Cavaleiro da Triste Figura

Não me queimem o juízo suas bruxas.
Não me façam sonhar suas pestes.

Mulheres, oh, mulheres
nunca as tive

nem ao alcance dos olhos
nem triscando suas grutinhas fecundas.

Um dia derrubo o moinho
afogo de vez as fúteis mágoas:

esta minha mente errante
essa alma patética.

Deixem-me no fundo do poço andorinhas.
Não me levem nas escamas das asas borboletas.

Princesas, oh, princesas
nunca as carreguei no colo

tampouco lhes fiz cócegas
pelo estreito dos lábios.

Sempre fui um homem tristonho
dúbio, imprevisível, anacrônico, imbecil.

Mulheres, oh, minhas fadas
embriaguem-me sem piedade

arranhem-me o rosto
vasculhem-me os bolsos

misturem chumbinho ao meu mingau
ou cianureto ao meu cafezinho.

Mereço uma morte lenta.
Baba, inchaço, espasmos.

Em outra vida
hei de viver de sonhos
vendendo maçãs podres.

Tudo impecável, na festa de Pachelly - Parabéns, Socorro Jamacaru !

Um encontro festivo, informal, no jardim de Pachelly e Socorro Jamacaru .
A música ficou no plano das intenções . A prosa rolou , na harmonia e no rítmo dos risos. Nicodemos ficou devendo um concerto...
Pois é como ele diz :
" nada melhor do que
um jazz
depois de um jazz"
Entre Blandino e Salatiel, na lente de Pachelly.
E a bateria falhou.... E a câmera não registrou .
Imaginem um close de Zé Flávio, Roberto e Fanca, Abidoral , Dihelson, Ninha, e outras presenças amigas.
Noite especial. Aquele menino do parque , irmão menor da minha geração , apagou nessa noite 50 velinhas.
Digo-lhe que não é assustador fazer 60 , 70 anos... 80 , 90, 100 também não será! A música , a arte, a percepção da beleza da vida , garante furutos belos dias.
Pachelly, respire a sua vista !




AS SEM-RAZÕES DO AMOR


Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabe sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

Carlos Drummond de Andrade.

Feliz aniversário , Maria Valdenôra ! - por Socorro Moreira


Maria que me gerou
na cumplicidade
do mistério divino
Maria esposa de artista
que o céu já convocou
Maria avó, bisa
mãe, santa, flor!
Maria da família
do Cristo
Maria de um único senhor !
Maria dos caminhos de chuva
Maria ardente de sol
Maria inflamada de amor
Maria das dores
da suprema fé
Maria de todas as cores !
Dona Valda , nos seus 81 anos de vida amorosa ...!