Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

MOMENTO PARA GUARDAR - Por Edilma Rocha


Recadinho Carinhoso. Liduina Vilar.


Amanhã estarei das 7 da manhã ás 17 e 30 trabalhando direto no Juazeiro.
Mas quarta-feira, estrei novamente aqui no Cariricaturas ( que considero minha casa também).Volto feliz, plena, realizada pelo exercício do trabalho realizado.
E esta orquídea cultivada em nosso jardim, envio para vocês que tanto quero bém.
Liduina.

Pauta "incômoda" - José Nilton Mariano Saraiva

Ipsis litteris: “É preciso dizer sempre, em todo lugar, que esse governo não retarda privatização, NÃO É CONTRA NENHUMA PRIVATIZAÇÃO e vai vender tudo o que der para vender”. (De FHC, então Presidente da República, para José Serra, seu Ministro do Planejamento, em 03.05.1995).

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O candidato José Serra foge do tema “privatização” tal qual o capeta foge da cruz. Talvez pra esconder seus tempos de coordenador das privatizações do governo FHC, quando o patrimônio público foi entregue de “mão-beijada” aos grandes grupos privados, preferencialmente internacionais. E o que é mais grave: aceitando as tais “moedas podres” e financiando o restante, via BNDES, em infindáveis e generosos prazos (“até o limite da irresponsabilidade”, lembram ???)
Como sua palavra não merece a menor credibilidade (registrou documento em cartório comprometendo-se com os seus eleitores a cumprir o mandato de prefeito de São Paulo até o final, e mesmo assim, menos de dois anos depois entregou o cargo para candidatar-se a Governador do estado), é preciso ficar atento.
Permitir que um sujeito seja guindado à Presidência da República é um jogo de alto risco, é condenar o país a permanecer preso e atolado nas amarras do subdesenvolvimento ad eternum; implica, por exemplo, em entregar a Petrobrás e a fabulosa riqueza do “pré-sal” aos gringos, conforme já sinalizou um dos seus principais assessores para a área energética, David Zylbersztajn, ex-genro de FHC e presidente à época da Agência Nacional do Petróleo (ANP) quando se realizou o primeiro leilão de reservas brasileiras entregues ao capital estrangeiro, em 1999. Hoje, principal “assessor técnico” da campanha de Serra para a área de energia (embora ele convenientemente negue), Zylbersztajn é defensor ferrenho e convicto de que num eventual governo demo-tucano (que Deus nos livre), a exploração do pré-sal ocorra nos marcos do regime de “concessões”, verdadeira dádiva à “gringarada”, ao contrário do regime de “partilha”, atualmente vigente (onde é o governo que determina e comanda o processo).
Na realidade, o interesse deles no regime concessionário, é de fácil entendimento: é que só assim será possível retomar o fio da história no ponto em que estava em janeiro de 2002 (governo FHC), quando o banqueiro Francisco Gros, em seu primeiro ato após a posse como presidente da Petrobras, anunciou em alto e bom som, aos investidores em Houston, nos EUA (por ordem do “chefe”, é claro), que sua missão era “PRIVATIZAR A EMPRESA” (não senhores, vocês não leram erro, é vero, veríssimo: a ordem era privatizar a Petrobrás).
Alfim, para que avaliemos o componente nefasto e danoso das privatizações, não custa lembrar que a Vale do Rio Doce foi vendida por $ 3,2 bilhões de dólares (valor que corresponde ao lucro da empresa em apenas um semestre) e hoje seu valor de mercado é de $ 196 bilhões de dólares.
Aqui pra nós, você acha, HONESTAMENTE, que quem faz um coisa escabrosa dessas é mesmo a favor do Brasil ??? Será por isso que não querem “comparar” os oito anos do governo deles com igual período do nosso governo ???
Tem que comparar, sim !!!


POR QUE 18 DE OUTUBRO É O "DIA DOS MÉDICOS"

O dia 18 de outubro foi escolhido como "dia dos médicos" por ser o dia consagrado pela Igreja a São Lucas. Como se sabe, Lucas foi um dos quatro evangelistas do Novo Testamento. Seu evangelho é o terceiro em ordem cronológica; os dois que o precederam foram escritos pelos apóstolos Mateus e Marcos.
Lucas não conviveu pessoalmente com Jesus e por isso a sua narrativa é baseada em depoimentos de pessoas que testemunharam a vida e a morte de Jesus. Além do evangelho, é autor do "Ato dos Apóstolos", que complementa o evangelho.
Segundo a tradição, São Lucas era médico, além de pintor, músico e historiador, e teria estudado medicina em Antióquia. Possuindo maior cultura que os outros evangelistas, seu evangelho utiliza uma linguagem mais aprimorada que a dos outros evangelistas, o que revela seu perfeito domínio do idioma grego. [1][2][3]
São Lucas não era hebreu e sim gentio, como era chamado todo aquele que não professava a religião judaica. Não há dados precisos sobre a vida de São Lucas. Segundo a tradição era natural de Antióquia, cidade situada em território hoje pertencente à Síria e que, na época, era um dos mais importantes centros da civilização helênica na Ásia Menor. Viveu no século I d.C., desconhecendo-se a data do seu nascimento, assim como de sua morte.
Há incerteza, igualmente, sobre as circunstâncias de sua morte; segundo alguns teria sido martirizado, vítima da perseguição dos romanos ao cristianismo; segundo outros, morreu de morte natural em idade avançada. Tampouco se sabe ao certo onde foi sepultado e onde repousam seus restos mortais. Na versão mais provável e aceita pela Igreja Católica, seus despojos encontram-se em Pádua, na Itália, onde há um jazigo com o seu nome, que é visitado pelos peregrinos .

Não há provas documentais, porém há provas indiretas de sua condição de médico. A principal delas nos foi legada por São Paulo, na epístola aos colossenses, quando se refere a "Lucas, o amado médico" (4.14). Foi grande amigo de São Paulo e, juntos, difundiram os ensinamentos de Jesus entre os gentios.
Outra prova indireta da sua condição de médico consiste na terminologia empregada por Lucas em seus escritos. Em certas passagens, utiliza palavras que indicam sua familiaridade com a linguagem médica de seu tempo. Este fato tem sido objeto de estudos críticos comparativos entre os textos evangélicos de Mateus, Marcos e Lucas, e é apontado como relevante na comprovação de que Lucas era realmente médico. Dentre estes estudos, gostaríamos de citar o de Dircks, [4] que contém um glossário das palavras de interesse médico encontradas no Novo Testamento.
A vida de São Lucas, como evangelista e como médico, foi tema de um romance histórico muito difundido, intitulado "Médico de homens e de almas", de autoria da escritora Taylor Caldwell. Embora se trate de uma obra de ficção, a mesma muito tem contribuído para a consagração da personalidade e da obra de Sao Lucas.[5]
A escolha de São Lucas como patrono dos médicos nos países que professam o cristianismo é bem antiga. Eurico Branco Ribeiro, renomado professor de cirurgia e fundador do Sanatório São Lucas, em São Paulo, é autor de uma obra fundamental sobre o patrono dos médicos, em quatro volumes, totalizando 685 páginas, fruto de investigações pessoais e rica fonte de informações sobre São Lucas. Nesta obra, intitulada "Médico, pintor e santo", o autor refere que, já em 1463, a Universidade de Pádua iniciava o ano letivo em 18 de outubro, em homenagem a São Lucas, proclamado patrono do "Colégio dos filósofos e dos médicos".
A escolha de São Lucas como patrono dos médicos e do dia 18 de outubro como "dia dos médicos", é comum a muitos países, dentre os quais Portugal, França, Espanha, Itália, Bélgica, Polônia, Inglaterra, Argentina, Canadá e Estados Unidos. No Brasil acha-se definitivamente consagrado o dia 18 de outubro como "dia dos médicos".

Joffre M de Rezende
Prof. Emérito da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás
Membro da Sociedade Brasileira de História da Medicina
e-mail: jmrezende@cultura.com.br
http:www.jmrezende.com.br

Dilma e Serra são a mesma coisa? Entrevista com Chico Oliveira na Folha de São Paulo

O professor emérito da USP, Francisco Oliveira, que rompeu com o PT logo no início do primeiro mandato de Lula foi entrevistado na Folha de São Paulo. A entrevista e os resultados de um estudo permitem uma narrativa mais precisa deste momento histórico. Por isso irei colocar esta entrevista na frente da matéria seguinte: A nova classe média: um avanço conservador? Esclareço que a pergunta é minha, não do Chico, mas como verão nas duas matérias o estudo complementa a razão pela qual o professor ver poucas diferenças entre os dois a presidente nestas eleições. No meu entender identificando o PSDB como o pior e a Dilma como o ruim. Mas aí leia a entrevista para chegar à própria conclusão.

Como ele avalia que ocorreu no primeiro turno? “fora o horror que os tucanos têm pelos pobres, Serra e Dilma não têm posições radicalmente distintas: ambos são desenvolvimentistas, querem a industrialização…Que os candidatos escondem problemas cruciais: “não se trata mais de provar que a economia brasileira é viável. Isso já foi superado. O problema principal é a distribuição de renda, para valer, não por meio de paliativos como o Bolsa Família. É escolher entre o ruim e o pior.

Sobre setores da igreja pregando o voto anti-Dilma por causa do aborto: “O aborto é uma questão séria de saúde pública. Não adianta recuar para atender evangélicos e setores da Igreja Católica. Isso não salva as mulheres das questões que o aborto coloca.” E diz que o tema só entra na campanha por causa do êxito econômico do país: Essas posições conservadoras ganham força. Há uma tendência a todo mundo ser bonzinho. Com o progresso econômico, há um sentimento de conformismo que se alastra e se sedimenta, as pessoas ficam medrosas, conservadoras. Isso está ocorrendo no Brasil. Gente da classe C e D mostram-se a favor de uma marcha de progresso lenta e contínua. Eles não querem briga, não querem conflito. Por isso o Lula paz e amor deu certo.”

Sobre a divisão do Brasil segundo a votação entre Dilma e Serra: “É um racha. Significa que a questão da desigualdade regional ainda é muito marcante. Aliás, essa é outra questão que está fora da discussão. O que fazer com as regiões deprimidas? Por baixo disso tudo está a velha história de que São Paulo é uma locomotiva que puxa 25 vagões vazios.Esse desequilíbrio vai criando a sensação de que há um lado pobre e um lado rico. Como se houvesse um voto comprado, de curral eleitoral, e outro consciente. Há de fato uma fratura, e isso ressurge em períodos eleitorais.”

Sobre terceira força política representada por Marina: “A ascensão dela se dá pela falta de radicalização dos dois principais, e a questão do ambiente é relativamente neutra. Não vejo eco na sociedade, a não ser de forma superficial. Não é um tema que toca nos nervos das pessoas. A onda verde é passageira.”

Sobre como se lerá no futuro o papel de Lula: “Getúlio Vargas é o criador do moderno Estado brasileiro, sob todos os aspectos. Ele arma o Estado de todas as instituições capazes de criar um sistema econômico. E começa um processo de industrialização vigoroso. Lula, é bom que se diga, não é comparável a Getúlio. Juscelino Kubitschek é o que chuta a industrialização para a frente, mas ele não era um estadista no sentido de criar instituições. A ditadura militar é fortemente industrialista, prossegue num caminho já aberto e usa o poder do Estado com uma desfaçatez que ninguém tinha usado. Depois vem um período de forte indefinição e inflação fora de controle. O ciclo neoliberal é Fernando Henrique Cardoso e Lula. Coloco ambos juntos. Só que Lula está levando o Brasil para um capitalismo que não tem volta. Todo mundo acha que ele é estatizante, mas é o contrário. Lula é mais privatista que FHC. As grandes tendências vão se armando e ele usa o poder do Estado para confirmá-las, não para negá-las.

Sobre o papel de Lula como cabo eleitoral: Ele acaba sendo um elemento negativo, mesmo com sua alta popularidade. O segundo turno foi um aviso. Há uma espécie de cansaço. Essa ostensividade, essa chalaça, isso irrita profundamente a classe média. É a coisa de desmoralizar o adversário, de rebaixar o debate. Lula sempre fez isso. Não vejo como uma ameaça. Mas o Lula tem um componente intrinsecamente autoritário. Ele não ouve ninguém, salvo um círculo muito restrito, e ele tem pouco apreço por instituições. Eu o conheço desde os anos de São Bernardo. Ele tem a tendência, que casa perfeitamente com o estilo de política brasileira, de combinar primeiro num grupo restrito e, depois, fazer a assembléia. Ele sempre agiu assim. Não é pessoal, é da cultura brasileira, ele foi cevado nisso. Mas não que ele queira derrubar a democracia.

E continua generalizando para a política nos sindicatos: Isso é da cultura política em que ele foi criado: o sindicalismo, que é um mundo muito autoritário, muito parecido com a cultura política mais ampla. E ele se dá bem, sabe se mover nesse mundo. As instituições de fato não são o barato dele. Mas ele não ameaça a democracia do ponto de vista mais direto nem tem disposição de ser ditador. Acho essas afirmações um exagero, uma maldade, até. Elas têm um conteúdo político muito evidente.

Ao comentar que “certa ala do PT, com José Dirceu… Esse tem projetos mais autoritários”, responde ao repórter sobre a força do Dirceu num governo Dilma: Acho que não. Porque Lula vigia ele de muito perto. Lula não gosta dele [José Dirceu]. Tem medo, até, do ponto de vista político. Ele veio de outra extração, a qual Lula detesta. Uma extração propriamente política, de esquerda.

Ao responder sobre o que pode acontecer num governo Dilma e Serra: Os governos tucanos têm horror ao povo. Isso não é força de expressão. É uma questão de classe social. Eles não têm contato com o real cotidiano popular. Eles não andam de ônibus, não têm experiência do cotidiano da cidade. Nem de metrô eles andam, o que é incrível. A cidade é grande, tem violência, a gente sabe. Mas eles não sabem como é o transporte, como são os hospitais, as escolas públicas. Há uma fratura real, eles perderam a experiência do cotidiano real. E isso não entra pelas estatísticas, só pela experiência. Por causa disso, o governo deles é sempre uma coisa muito por cima. Eles são pouco à vontade com o popular. Essa é a diferença marcante em relação a Lula. Sobre Dilma eu não sei. Ela pode também sofrer desse mal.

Finalmente a resposta sobre “do ponto de vista da evolução e da função dos movimentos sociais, qual dos dois é preferível?”: Eis uma questão difícil. Os tucanos, com esse horror a pobre, tendem sempre a aumentar essa fratura, essa separação. Os tucanos não têm jeito…

A nova classe média um avanço conservador?

O instituto de pesquisas econômicas, DATA POPULAR, acaba de concluir um estudo que parece demonstrar que uma nova classe média surge no Brasil. Isso tem relação com a entrevista dada pelo Sociólogo Francisco Oliveira, à Folha de São Paulo sobre a disputa eleitoral no Brasil. O mais importante deste estudo, a meu ver é o conservadorismo desta nova classe, substituindo a velha luta contra as forças que comprimiam o progresso dos pobres por um amplo movimento sustentado esta classe. Uma classe que evolui sobre uma base já criada pela sociedade e pelo Estado: escola pública, financiamento público, educação pública, previdência social, todas instituições que reduzem o embate dos assalariados contra o capital.

Os partidos políticos de esquerda e direita no Brasil mudarão muito e os que não mudarem ficarão na contramão deste fato. Do mesmo modo que a classe média tradicional teve um pico de crescimento no Milagre Econômico do governo Médici (inclusive pelas bandeiras do movimento Estudantil da época em busca de mais vagas nas universidades públicas) esta irá fustigar mudanças com a natureza do que veremos abaixo, criando uma maioria conservadora nos partidos políticos.

Claro que uma tentativa política muito clara de contrariar este movimento ou uma crise econômica mundial muito severa, poderá afetar este momento. O mais provável é que a força deste segmento possa dar ao Brasil um lastro duradouro de crescimento.

Vejam os dados segundo o texto original com alguns cortes.

“Na outra ponta os estudos econômicos mostram o surgimento da nova classe média: a juventude nas classes C, D e E. Fala-se muito no chamado "bônus demográfico" brasileiro – isto é, em um período extremamente favorável em que a maior parte da população estará integrando a população economicamente ativa. Nas classes A e B haverá um envelhecimento crescente. Nas classes C e D, preponderância dos jovens.

Na classe A os jovens até 16 anos representam apenas 17%. Na faixa dos 1% mais ricos, os pais ganham dez vezes mais que os filhos. Na nova classe média, apenas duas vezes mais. Com isso, são os mais jovens que influenciam as decisões de consumo das famílias. Na classe A, apenas 10% dos jovens estudaram mais do que os pais. Na classe C, 60%.

Agora sintam a onda conservadora: Para essas classes, o consumo tem um papel simbólico dos mais relevantes. Eles passarão a ditar as tendências, porque – ao contrário dos jovens das classes A e B – além do conhecimento recém-adquirido trarão um componente de luta e determinação novos. Para essa nova classe, o consumo traz o sentido de inclusão social – ou, para usar um termo do sociologuês, de "pertencimento". O segundo, porque representa a bóia capaz de tirá-los definitivamente do universo das restrições. Encaram também como oportunidade e investimento. Finalmente, a satisfação de necessidades e sensação imediata de prazer.

A classe C responde por 54% das vendas de calçados no sudeste, 55% no sul, 57% no centro-oeste, 62% no nordeste e 62% no norte. Em viagens, já responde por 51% das despesas no nordeste a 34% no sudeste. Nos serviços financeiros, detêm 60,2% das contas correntes, 61% dos cartões de crédito, 57,8% das contas de poupança, 63,6% etc.

A nova classe média já movimenta R$ 834 bilhões por ano (contra R$ 216 bi da classe A e R$ 329,5 bi da classe B); responde por 87% da população, 76% do consumo, 69% dos cartões de crédito e 82% dos internautas. O depoimento de uma consumidora classe C dá o fecho para o estudo: "Comprar é perceber que todo nosso esforço vale à pena, que dá para agradar todo mundo, ficar de bem com a gente mesmo".

MEU TIME PREDILETO - por Pedro Esmeraldo

Quando no tempo de criança, comecei a interessar-me pelo futebol e apreciar o time do Botafogo.

Naquela época, havia no time um grande jogador, “Heleno de Freitas”. Devido às suas jogadas geniais, às vezes com intrepidez numa movimentação da bola, era um jogador versátil, técnico e impetuoso.

Era um craque na acepção da palavra, não titubeava, era sóbrio, sem medo de enfrentar o adversário.

Quanto tinha interesse de ouvir partida de futebol, ligava o rádio de meu pai, ouvia uma das narrações do locutor Antônio Cordeiro, das quais configuravam os times do Botafogo e Vasco, ou em outra ocasião ouvia a narração do Botafogo e Flamengo. Sempre deslumbrava com as perícias do craque Heleno fazendo gols, a maioria de cabeça. Nesses dois times, que considerava dois grandes fregueses do Botafogo.

A partir daí, fiquei um fiel torcedor desse time e passei a praticar esporte de pelada no terreiro de minha casa.

Heleno era muito temperamental e por sua maneira intempestiva criava complicações raivosas em toda equipe futebolística. Por várias vezes, era expulso de campo por sua indisciplina.

Heleno deixa o Botafogo e foi se alojar no Vasco da Gama. Tempos depois a gente tomou conhecimento do falecimento de Heleno, talvez tenha sido por forte complicação raivosa que acarretou o embaraço físico em sua saúde.

Após a saída de Heleno, apareceram outros craques de renome no time do Botafogo, como a figura enciclopedista de Nilton Santos, a quem considero o maior jogador de defesa do Brasil de todos os tempos e outras figuras, como o endiabrado Garrincha, “o homem das pernas tortas”, que fazia miséria quando jogava com o Flamengo ou o Vasco, deixando todos com olhar pateta diante da platéia que freqüentava o Maracanã.

Nesta época o Botafogo tinha a melhor defesa do Brasil, constituída por Manga, Joel, Zé Maria e Nilton Santos, Arati e Bobe, e o ataque era contemplado com magistrais Garrincha, Didi, Paulinho Valentim, Quarentinha e Zagalo.

Esse time era entorpecente e vibrador. Dificilmente, poderia rebater a vitória a não ser quando houvesse falha no comando do campo.

Ainda me lembro das grandes desforras do Botafogo que passou, pois deixou um elo de paz de espírito e amor à arte futebolística.

Com a velhice que aparecia nos jogadores, surgiam outros craques, como o goleiro Paulo Sérgio, Marinho, Carlos Roberto e os atacantes Jairzinho, Rogério e Paulo César Lima, esses craques representavam uma maior reserva moral do futebol brasileiro.

Bem, o time do Botafogo depois se arrefeceu, no decorrer dos anos, já que houve o destempero da diretoria passada, deixando o time acabrunhado e ultrapassado no futebol brasileiro. Todo botafoguense pede que o time melhore e venha equilibrar-se para dar muita alegria ao seu fiel torcedor.

Crato, 11 de outubro de 2010.

Texto de Pedro Esmeraldo

Novamente o aborto - José do Vale Pinheiro Feitosa

O fato do aborto ter sido usado como arma de campanha eleitoral numa sociedade complexa como a brasileira leva e grandes contradições. Uma grande é o comportamento dos próprios casais. Nas classes economicamente mais desprovidas normalmente implica em mortes e danos à mulher e por isso o ex-Ministro da Saúde José Serra regulamentou o que estava em Lei para proteger estas mulheres. Nas classes com mais dinheiro existem médicos e clínicas "clandestinas" com algum apuro técnico e risco menor de complicações.

Antes que me entendam mal: falo no comportamento atual dos casais, mas não estou querendo dizer que isso é a grande maioria. Não é, mas acontece com uma frequência do ponto de vista epidemiológico muito relevante. O assunto é importante por que hoje mesmo tem a notícia de um panfleto ilegal, supostamente editado sob encomenda do bispo de Guarulho, contra a candidata Dilma e, portanto, favorável à candidatura Serra, cujo mote é o aborto. Então o assunto se mantém e continua mote da campanha, pelo menos de modo clandestino.

No sábado a Folha de São Paulo revela a confissão de uma ex-aluna de Mônica Serra, mulher do candidato, relatando que Mônica teria feito aborto numa situação de perigo, na ditadura militar quando eram jovens. A revelação da Folha deu uma revirada no assunto: se voltou contra a tática eleitoral do candidato Serra. Vejam neste insuspeito (não é um amigo do PT) artigo da Folha de São Paulo:

Folha de S.Paulo
FERNANDO DE BARROS E SILVA

Serra em transe

SÃO PAULO - Não resisto a uma provocação inicial: a blogosfera estaria em polvorosa e os serviços da ombudsman da Folha amanheceriam entupidos de mensagens indignadas contra o jornal se a notícia não dissesse respeito a Monica Serra, mas a Dilma Rousseff.

Isso dito, é claro que é polêmica a publicação do relato de uma ex-aluna da mulher de Serra dando conta de que ela (Monica), em sala de aula, revelou já ter praticado um aborto. Não se trata de uma notícia qualquer. Ela coloca em conflito o direito à informação, de um lado, e o direito à privacidade, de outro.

Haverá, neste caso, bons argumentos a favor e contra a publicação. Penso que a Folha acertou, por duas razões principais: com o aborto alçado a tópico da disputa eleitoral (e por obra de Serra), o episódio passou a envolver evidente interesse público. E, tão importante quanto isso: Monica Serra havia dito, há um mês, em campanha pelo marido no Rio, que Dilma era a favor de "matar criancinhas", numa clara alusão à posição da petista sobre o aborto. Ao assumir como sua, e nos termos que fez, a campanha do marido, Monica fixou para si as regras do jogo que estaria disposta a jogar.

O caso (tão desconfortável, tão cheio de implicações desagradáveis a quem o aborda) permite, ou exige, uma reflexão de ordem mais geral. O PT tem sido acusado, quase sempre com razão, de ser capaz de qualquer coisa para se manter no poder. Isso virou um mantra, a despeito da sua veracidade. Mas Serra não está se revelando, já faz tempo, alguém disposto a pagar qualquer preço para chegar ao poder?

Essa pantomima de devoção e carolice que se apossou da campanha tucana (e que nada tem a ver, como parece óbvio, com respeito efetivo pela religiosidade do povo) é a expressão patética de que tudo (biografia, valores, familiares) está sendo sacrificado em nome de uma ideia fixa. Serra sonha ser presidente. Mas se parece, cada vez mais, com o personagem de Paulo Autran em "Terra em Transe".

Recebido por e-mail

Abaixo, nota publicado no Estado de S.Paulo desta 2ª feira:
PF apreende folheto com críticas ao PT e a Dilma
Segundo gráfica, encomenda de 1,1 milhão de impressos foi feita por bispo de Guarulhos
18 de outubro de 2010 | 0h 00
Moacir Assunção, Tatiana Fávaro - O Estado de S.Paulo
A Polícia Federal apreendeu ontem, em São Paulo, cerca de 1,1 milhão de folhetos com críticas às atitudes do PT em relação ao aborto e a recomendação implícita de que os eleitores não votem na candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff. Retirado pela PF da Pana Gráfica Editorial, localizada no bairro do Cambuci, o material é idêntico ao que tem sido distribuído em paróquias do Estado. Intitulado "Apelo a todos os brasileiros e brasileiras", o folheto tem logotipo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e leva a assinatura de três bispos da direção da Regional Sul 1 da entidade, que reúne as dioceses do Estado de São Paulo. Segundo a direção da gráfica, os folhetos foram encomendados por Kelmon Souza, assessor do bispo de Guarulhos, d. Luiz Gonzaga Bergonzini.
A ação da PF obedeceu a uma representação do PT acolhida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Durante a noite de sábado e a madrugada de domingo, cerca de 50 militantes e parlamentares do PT fizeram vigília na porta da gráfica até a chegada da PF. Os policiais, que precisaram de dois caminhões para retirar o material, levado para o pátio da Superintendência Regional da PF, no bairro da Lapa.
O folheto reproduz conclusões do Encontro das Comissões Diocesanas em Defesa da Vida da Regional Sul 1 da CNBB, realizado julho. Lembra que o PT expulsou dois deputados, Luiz Bassuma e Henrique Afonso, por serem contrários à legalização do aborto. Registra, ainda, que o Congresso Nacional do PT, em fevereiro "manifestou apoio incondicional ao 3.º Plano Nacional de Direitos Humanos assinado pelo atual presidente e pela ministra da Casa Civil, no qual se reafirmou a descriminalização do aborto".
Apelo
O texto rememora que "este mesmo congresso aclamou a própria ministra da Casa Civil como candidata oficial do PT para a Presidência da República". E conclui com um apelo: "Recomendamos a todos os cidadãos e cidadãs brasileiros e brasileiras que, nas próximas eleições, deem seu voto somente a candidatos ou candidatas e partidos contrários à descriminalização do aborto".
Após a apreensão, a Regional Sul 1 divulgou nota oficial na qual afirma que os bispos "não indicam nem vetam candidatos ou partidos e que respeitam a decisão livre e autônoma de cada eleitor". A nota diz que a CNBB "desaprova a instrumentalização de suas declarações e notas e enfatiza que não patrocina a impressão e a difusão de folhetos a favor ou contra candidatos".

Um poema à segunda-feira - Jorge Luis Borges



E Aprendemos
Após um tempo,
Aprendemos a diferença sutil
Entre segurar uma mão
E acorrentar uma alma,
E aprendemos
Que o amor não significa deitar-se
E uma companhia não significa segurança
E começamos a aprender...
Que os beijos não são contratos
E os presentes não são promessas
E começamos a aceitar as derrotas
De cabeca levantada e os olhos abertos
Aprendemos a construir
Todos os seus caminhos de hoje,
Porque a terra amanhã
É demasiado incerta para planos...
E os futuros têm um forma de ficarem
Pela metade.
E depois de um tempo
Aprendemos que se for demasiado,
Até um calorzinho do sol queima.
Assim plantamos nosso próprio jardim
E decoramos nossa própria alma,
Em vez de esperarmos que alguém nos traga flores.
E aprendemos que realmente podemos aguentar,
Que somos realmente fortes,
Que valemos realmente a pena,
E aprendemos e aprendemos...
E em cada dia aprendemos.

Jorge Luis Borges

Uma boa semana a todos !