Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

TROVAS ÀS RUAS DO CRATO - Simeão Luna Machado


Eu gosto muito de ler
Tudo que fala do Crato,
É um bom modo de ter
Presente o seu retrato.
Em uma revista antiga,
Leio bonito trabalho
Do Brito, pessoas amiga,
E o Amarilho Carvalho.

Relembraram nossas ruas
Com muita propriedade,
Para mim, deixaram duas
Que trago na minha saudade.

Por isso peço anuência
Pra completar sua fala,
Uma lembra independência,
A outra é a rua da Vala.

Travessa da Liberdade,
Onde morei muitos dias
Belo nome, na verdade
Hoje Duque de Caxias.

Bela ou feia? Não se fala,
Mas tinha areias suaves,
A nossa rua da Vala
Hoje é Tristão Gonçalves.

Fonte: A Província, Julho de 2000

Somos todos portugueses? - Por Carlos Eduardo Esmeraldo

De tantas e tantas vezes escutar anedotas sobre a "pressuposta" pouca inteligência dos nossos descobridores, deu-me uma falsa impressão de verdade, a um ciúme ou quem sabe, uma revolta, provavelmente ambos iniciados nos tempos coloniais. Mas ao residir numa cidade, e aqui abro um parêntese e peço licença para usar uma palavra da moda, numa cidade com índice de "mobilidade" cada vez menor, onde construíram um viaduto para desafogar o trânsito e colocaram um semáforo por baixo; onde já encontrei uma rua cujo já mencionado sinal luminoso foi colocado cerca de dez metros após o cruzamento, impedindo os carros circularem pela rua transversal; onde uma de suas universidades oferece "curso de verão" em pleno mês de julho, quando oficialmente é inverno no hemisfério sul, é que cheguei à conclusão que não poderemos jamais zombar da inteligência dos fundadores do Vasco da Gama. Se precisasse de uma prova da sabedoria portuguesa, bastaria a fundação do meu "Vascão" para colocar por terra qualquer argumento contrário.

Entretanto, convém lembrar que os portugueses detêm a maior e melhor tecnologia em Engenharia Civil do mundo, sendo inigualáveis no domínio das Mecânicas dos Solos e das Rochas. É da responsabilidade dos engenheiros portugueses do Laboratório Nacional de Engenharia Civil de Lisboa o projeto e construção das grandes barragens norte americanas.

Será que falamos a mesma língua? De nada adianta os governantes dos países de língua portuguesa desejarem unificar o idioma. Nós brasileiros, jamais passaremos a chamar o concreto armado de betão e time de futebol de "equipa".

É bom lembrar que nós temos nossos vícios de linguagens que atropelam qualquer estrutura do idioma de Camões. Além, é claro, de desafiar a lógica. Um amigo, foi conhecer Portugal. Lá chegando alugou um carro e saiu pelo interior do país, pouco maior que o nosso Ceará. Com o mapa rodoviário à bordo, e admirado com a perfeição de suas estradas, esse amigo desejava conhecer um cidadezinha lá existente de nome Almeida, de onde vieram seus bisavós. Ao chegar a uma pequena vila, onde a estrada se bifurcava, resolveu perguntar a um velhinho que se aquecia ao sol da manhã:
- "Onde é que fica Almeida?" - Quis saber. E o velhinho, com muita simplicidade, respondeu:
- "Primeiramente deseje-me um bom-dia!"
- "Ah, desculpe-me, bom-dia!"
- "Muito bem, agora podes perguntar!" - Ordenou o português:
- "Onde é que fica Almeida?"
- "Ora que pergunta mais tola: Almeida fica em Almeida, pois!"

De outra feita, outro brasileiro, viajando pela Europa, alugou um carro em Lisboa para ir até Madri. Na saída da cidade, perguntou a um frentista de um posto de gasolina:
- "Esta estrada aqui vai para Madri?" - Quis saber, se expressando no nosso dialeto.
- "Pelo visto, quem estar a viajar para Madri és tu, pois essa estrada é nossa e se ela for para lá irá nos fazer muita falta, pois só temos ela!" - Zombou o bombeiro lusitano.

Afinal, os portugueses também sabem nos dar um merecido troco! No meu primeiro ano na Escola Politécnica da Bahia, apareceu por lá um colega português, o Braguinha, cuja família acabara de se mudar para o Brasil. De tanto a turma lhe encher as medidas, ele nos contou essa, com carregado sotaque:

Um português, recém chegado ao Brasil quis entrar num clube onde se realizava animado baile de carnaval. Na entrada, foi barrado pelo porteiro que alegava a festa ser exclusivamente para brasileiros. Insistiu uma segunda vez, uma terceira, até que viu um jumentinho a pastar junto ao meio fio da calçada. Arrastou-o até a portaria do clube, onde já se encontrava o presidente para impedir a entrada do português:
- Você já foi informado várias vezes que somente entra aqui os brasileiros! - E o português, empurrando o jumento para o interior do clube, gritou:
- Então vás tu, que és brasileiro!

Por Carlos Eduardo Esmeraldo

15 de Novembro: há cem anos falecia o advogado cratense Dr. Leandro Bezerra Monteiro – por Armando Rafael

Este dia 15 de novembro de 2011 traz à memória o centenário da morte de um ilustre brasileiro, Leandro Bezerra Monteiro, falecido em Niterói em 1911.
Fica aqui consignado esta singela homenagem a quem foi um magistrado honestíssimo, um político de destaque no Brasil Império, um líder católico que se destacou na defesa dos bispos Dom Vital e Dom Antônio Macedo -- ambos encarcerados pela fidelidade à Igreja Católica -- enfim uma homenagem a um cratense valoroso e ao grande homem que foi Leandro Bezerra Monteiro.

Nasceu ele na cidade de Crato, no dia 11 de junho de 1826, filho primogênito do Coronel José Geraldo Bezerra de Menezes e de Jerônima Bezerra de Menezes, sendo seu avô o Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro, de quem herdou o nome. Descendia de uma família que se transportou de Portugal para o Brasil, acompanhando o primeiro donatário da capitania de Pernambuco, aí fixando residência. Tempos depois, membros dessa família, já nascidos no Brasil, migraram para o Ceará. Aqui, à custa de trabalho e honradez, atributos que sempre caracterizaram o clã, ganharam destaque na vida sócio-econômico-política da terra cearense.

Abaixo uma síntese cronológica da vida deste ilustre cratense:
1826 – Nasce na cidade de Crato.
1847 - Inicia o curso de Ciências Sociais e Jurídicas, na Academia de Direito de Pernambuco, com vinte anos de idade.
1851 – Recebe o título de Bacharel, aos vinte e cinco anos de idade.
1852 – Fixa residência em Sergipe, onde se casa, em 31 de janeiro, com uma parenta, Emerenciana de Siqueira Maciel Bezerra.
1860 – Eleito deputado geral (hoje deputado federal), por Sergipe mandato interrompido em 1863 por dissolução da Câmara.
1864 – Fixa residência na cidade de Paraíba do Sul, estado do Rio de Janeiro.
1872 – Eleito, mais uma vez, deputado geral por Sergipe. Nessa legislatura ganha destaque nacional pela defesa que faz dos bispos de Olinda, dom frei Vital Maria Gonçalves de Oliveira e do Pará, dom Antônio Macedo Costa, processados e presos pelo Governo Imperial.
1877 – Eleito, novamente, deputado geral, agora pelo Ceará, mandato interrompido em 1878 pela ascensão do Partido Liberal.
1880 – Em 31 de julho é iniciada construção da Casa de Caridade de Paraíba do Sul, que foi concluída e inaugurada em 4 de abril de 1883.
1889 – No dia 15 de novembro um golpe militar, comandando pelo Marechal Deodoro, derruba do trono o Imperador Dom Pedro II e instaura a forma de governo republicana no Brasil.
1911 – No dia 15 de novembro morre no bairro Fonseca, em Niterói.
Sobre Dr. Leandro assim se expressou o intelectual Carlos de Laet, em artigo publicado no jornal do Brasil em 15 de novembro de 1914:
“Quando entre festejos, salvas e foguetes, galas e aparatos, está o mundo oficial celebrando o jubileu de prata da República, peço vênia para conduzir os leitores ao túmulo quase esquecido desse grande católico e convicto monarquista, que foi o Dr. Leandro Bezerra Monteiro. Nem por isso me chamem de excêntrico. Há não raro na solidão dos túmulos umas lições mais salutares do que as que se podem colher no bulício da cortesania insincera e bajuladora”.