Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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quarta-feira, 31 de março de 2010

A experiência física no acelerador de partículas - Por Celso Alvear

Vivemos a civilização da energia. A trilha da história daqui por diante passa por este assunto. Por isso resolvi fazer esta postagem um tanto longa para um blog e que trata de um fato relevante para a física da partícula e para o trato com altas concentrações de energia. Daí muitas respostas para o futuro tanto em termos de energia quanto da matéria. Matéria significa materiais e, portanto, tecnologia e esta progresso material (ou concentração de renda).

Trata-se da experiência feita nesta semana no espetacular Colisor de Hádrons em Genebra. O texto foi preparado, a meu pedido e exclusivamente para os blogs da região pelo Professor Celso Alvear, um físico téorico, com doutorado na Inglaterra e pós na Itália, autor de inúmeros ensaios sobre partículas na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Amanhã publicarei uma pequena parte, também escrita por ele sobre ciência e religião. Isso é importante, dada a tendência de muita gente querer traduzir escritos regiliosos através de publicações científicas.

A notícia dos jornais:


GENEBRA - O Grande Colisor de Hádrons (LHC) bateu um novo recorde nesta terça-feira. O acelerador de partículas conseguiu produzir a colisão de dois feixes de prótons a 7 Tera elétron-volts (7 Tev), provocando cerca de 30 colisões nucleares por segundo. Estes choques - que atingem uma temperatura 100 mil vezes superior à do Sol - desencadeiam o surgimento da matéria. Seu estudo permitirá a solução de inúmeros enigmas, como a definição do que compõe 95% da massa do Universo.


O equipamento, cuja construção custou aproximadamente US$ 10 bilhões foi desligado nove dias depois de seu lançamento, em setembro de 2008, por problemas de superaquecimento. O reparo custou mais US$ 40 milhões e o LHC retomou suas atividades em 2009. No fim do ano o equipamento já havia atingido a marca de 2,36 Tev , se tornando então o acelerador de partículas de energia mais alta do mundo.


Dez dias atrás, dois feixes de partículas começaram a percorrer, em direções opostas, o túnel oval, a uma energia de 3,5 Tev (três vezes maior do que o recorde registrado anteriormente).


Objetivos da experiência:


* Recriar condições próximas a formação do universo (Big Bang), segundo as teorias hoje aceitas.
* Encontrar o bóson de Higgs que poderia explicar a origem da massa das partículas conhecidas.
* Explorar o conceito físico de super-simetria que exploraria o fato da matéria visível representar apenas 4% do universo. O restante consiste de 23% de matéria negra e 73% de energia negra.


O histórico da experiência e detalhes teóricos:


Nos últimos 100 anos, os cientistas tem aprofundado seus conhecimentos sobre os constituintes da matéria. Os primeiros passos vieram com as investigações de Thomson sobre o elétron ao final do século 19. Então, no início de 1900, Ernest Ruteford ejetou partículas alfa ( núcleos contendo 2 protons e 2 neutrons) em átomos de ouro a fim de sondar a estrutura do núcleo. Atualmente, os físicos usam aceleradores de partículas para levar estas partículas até velocidades próximas à velocidade da luz antes de colidi-las com outras partículas.


Esses aceleradores cresceram no laboratório e atualmente são construídas em enormes túneis subterrâneos do tamanho de uma pequena cidade. As energias das partículas permitem aos cientistas recriar as condições que existiam perto do início do Universo. Desta forma, eles são capazes de detectar algumas das partículas que existiam antes da ´sopa primordial´ do Universo ter esfriado suficiente de modo a permitir que essas partículas se ligassem para se tornar o que hoje encontramos na natureza. O uso destes aceleradores levou a descrição atual da estrutura de prótons e nêutrons baseado na teoria dos quarks, que os físicos desenvolveram para explicar a existência dos mesmos.

Como funcionam os aceleradores?


Em um acelerador linear, os elétrons passam por uma série de eletrodos. Para os elétrons serem mantidos acelerados eles devem estar sempre deixando um eletrodo negativo e em direção a um positivo. Por conseguinte, as tensões sobre os eletrodos têm de ser mudadas assim que os elétrons passam por cada um deles, ou seja, B tem que se tornar negativo em relação a C e assim por diante.



Os elétrons estão viajando perto da velocidade da luz (300,000 km/s). Assim, as tensões devem ser trocadas muito rapidamente. A frequência da tensão alternada é de algumas centenas de kilohertz (uma freqüência de rádio). Observe que eletrodo D está a uma distância maior do eletrodo B. Isso ocorre porque os elétrons estarão mais rápidos no tempo que eles atingirem D. Então, se eles vão levar o mesmo tempo entre C e D, o percurso tem que ser mais longo.


O maior acelerador linear de Stanford, na Califórnia no E.U.A.. tem 3 km de comprimento e possui uma tensão de aceleração eficaz de apenas 30 de GV (trinta mil milhões de volts). Para obter mais aceleração os aceleradores deveriam ser gigantescos. Vamos ver como podemos acelerar (e manter aceleradas) partículas em um síncrotron usando uma distância muito menor.

Síncrotrons:


Síncrotrons são atualmente os aceleradores de partículas usados para a colisões de alta energia. Eles são extremamente flexíveis em suas aplicações. Elas podem ser usadas para partículas positiva ou negativa e para matéria e antimatéria.


O princípio do síncrotron é bastante simples - embora sua implementação não seja tão simples. A luz síncrotron é como um acelerador linear, que foi torcido em um círculo, formando uma espécie de forma de rosca. As partículas carregadas são forçadas a girar devido a ação de campos magnéticos perpendiculares a trajetória do feixe.

Cada vez que os prótons vão ao redor do círculo, os eletrodos os aceleram (assim como em um acelerador linear). As tensões sobre esses eletrodos têm que ser trocados constantemente ao longo de modo que os prótons estão sempre viajando de um eletrodo positivo para uma imagem negativa . No entanto, a taxa na qual as tensões são trocadas não pode ser constante. A medida que os próton são acelerados, eles gastam menos tempo entre os eletrodos. Assim as tensões têm que ser trocados mais rapidamente. Além disso, o campo magnético tem que ser maior porque uma maior força é necessária para manter os elétrons mais rápidos na mesma órbita.


Tanto o aumento da freqüência da tensão e aumentar o campo magnético têm de ser sincronizados com os prótons de alta velocidade. Assim, este acelerador é chamado um síncrotron.


A busca por novas partículas:


O objetivo de aceleradores de partículas é sondar mais profundo e mais profundo no assunto. Às vezes, os pesquisadores estão tentando encontrar novas partículas que têm sido propostos pela teoria. Quando as partículas de alta energia colidem em um acelerador, eles se quebram e formam novas partículas .

Os físicos monitoram as trajetórias das partículas que são produzidas na região das colisões .



Observe que algumas das faixas são curvas. Estas são as faixas de partículas carregadas que se movem através de um campo magnético. A partir da curvatura das pistas, os físicos podem detectar os diferentes tipos de partículas. Eles podem então deduzir quais partículas fizeram as outras trajetórias. Às vezes, eles têm de realizar milhares de experiências antes da colisão desejadas acontecerem. Eles usam computadores para analisar os resultados e descartar aquelas que não mostram nada de novo.


Uma das razões para a utilização de grandes quantidades de energia é tentar transformar essa energia em novas partículas massivas. No início do século 20, Alberto Einstein mostrou que massa e energia são equivalentes e estão relacionadas pela equação E = mc2


Quando duas partículas colidem entre si, eles vão quebrar e muitas vezes formam novas partículas. Surpreendentemente, as novas partículas podem às vezes ter uma massa maior que as partículas originais. Isso acontece porque parte da energia da colisão se tornou parte da massa das novas partículas.


Isto é como disparar um ovo contra um outro e produzir um omelete de três ovos (as energias combinadas cinética dos ovos teria de ser enorme - o equivalente à massa de um ovo extra multiplicado pela velocidade da luz ao quadrado - cerca de 10 16joules ).


Por exemplo, a teoria da força fraca inclui partículas chamadas partículas de campo W. Estas partículas têm uma massa cerca de 90 a 100 vezes a de um próton. Na natureza, elas existem como partículas virtuais por um tempo extremamente curtos durante um decaimento beta (quando um nêutron se transforma em um próton). O desafio para os físicos, foi para tentar criar estas partículas como partículas reais em um acelerador. Eles fizeram isso colidindo prótons com antiprótons usando enormes energias.


Utilizando alvos se movendo em direções opostas, eles foram capazes de aumentar a energia da colisão. Assim, na analogia de ovo, se a energia dos ovos é dobrada então seria possível produzir uma omelete de quatro ovos.


A energia cinética na colisão teve de ser equivalente à massa-energia das partículas W. Eles conseguiram produzir W (e Z) partículas no início de 1980. Isto confirmou a teoria de que havia previsto sua existência e para uma melhor compreensão da física de partículas.


A razão pela qual se busca uma energia tão grande no LHC é porque agora eles estão em busca de uma partícula muito mais evasiva.


O boson de Higgs:


O bóson de Higgs foi predito primeiramente em 1964 pelo físico britânico Peter Higgs, trabalhando as idéias de Philip Anderson. O bóson de Higgs é uma partícula elementar escalar com massa entre 115 e 150 GeV/c2 , sendo a única das partículas, previstas pelo modelo padrão da física, ainda não detectada até o momento.


(O modelo padrão da física de partículas é uma teoria que descreve as forças fundamentais fortes, fracas, e eletromagnéticas, bem como as partículas fundamentais que constituem toda a matéria. Desenvolvida entre 1970 e 1973, é uma teoria quântica de campos, consistente com a mecânica quântica e a relatividade especial. Para demonstrar sua importância, quase todos os testes experimentais das três forças descritas pelo modelo padrão concordaram com as suas predições)


Sua detecção experimental poderia explicar a origem da massa no universo. O bóson de Higgs explicaria a diferença entre o fóton, sem massa, que media o eletromagnetismo, e os bósons massivos W e Z que mediam a força fraca. Caso ele exista, terá um efeito enorme no nosso mundo. Até hoje, nenhuma experiência detectou diretamente a existência do bóson de Higgs, mas já existe alguma evidência indireta de sua existência.

Musa

Não peço a deus um tostão
mas confesso já chorei
por seu corpo

nunca vem,
nunca se desencanta
da rachadura da parede.

Perdi minha moeda faz tempo
desde então a mesma montanha
sobre o teto.

Um peso horrível,
uma assombração.

Seu perfume bebo todas as manhãs
penso que é água mas é das nuvens.

Seu rosto é redondo ou oval
um ovo de páscoa na poncheira.

Seu colo lânguido fugidio
para não esquecermos
Casimiro de Abreu.

Eu me planto na varanda
olhando novas andorinhas
com seus gravetos nos bicos
atentas às minhas rugas da testa.

"tão moço, mas já tem 44..."

Não sei o que essas andorinhas
nesta hora da noite têm a ver
com meu silêncio
e com minhas rugas.

Estou envelhecido,
certamente.

Mas as musas não, ora.
Suas saias esvoaçantes.

Seus collants,
ocasiões especiais.

Seus batons,
bem, seus batons
são demais.

Passagem

Sinceramente o duende
meteu-se floresta adentro.

Encantou-se.

Aquele odre de vinho
aquela longa fileira
de açúcar

aqueles uivos
aquelas vidraças quebradas

distante dos meus olhos
toda epifania triste.

Assopro para longe a formiga
sem que lhe afogue a alma
na privada.

Basta que o vento
ensine ao seu frágil abdome
cuidado com os azulejos do banheiro.

"Sonho Domado" - Thiago de Mello

Sonho Domado

Sei que é preciso sonhar.

Campo sem orvalho,
seca a frente de quem não sonha.

Quem não sonha o azul do vôo
perde seu poder de pássaro.

A realidade da relva
cresce em sonho no sereno
para não ser relva apenas,
mas a relva que se sonha.

Não vinga o sonho das folhas
se não crescer incrustado
no sonho que se fez árvore.

Sonhar, mas sem deixar nunca
que o sol do sonho se arraste
pelas campinas do vento.

É sonhar, mas cavalgando
o sonho e inventando o chão
para o sonho florescer.

Biografia
Thiago de Mello é o nome literário de Amadeu Thiago de Mello, nascido a 30 de março de 1926, na cidade de Barreirinha, no coração do Amazonas. Em Manaus, capital do Estado, fez seus primeiros estudos. Mudou-se para o Rio de Janeiro (RJ), onde cursou a Faculdade de Medicina até o quarto ano. Acabou optando por deixar os estudos médicos e dedicou-se à poesia.


Conhecido internacionalmente por sua luta em prol dos direitos humanos, pela ecologia e pela paz mundial, o autor foi perseguido pela ditadura militar implantada no Brasil em 1964. Foi obrigado a deixar sua terra, tendo se exilado no Chile, até a queda de Salvador Allende. Seus trabalhos foram publicados no Chile, Portugal, Uruguai, Estados Unidos da América, Argentina, Alemanha, Cuba, França e outros mais. Traduziu para o português obras de Pablo Neruda, T. S. Elliot, Ernesto Cardenal, César Vallejo, Nicolas Guillén e Eliseo Diego.

Algumas obras do autor:
Poemas: Silêncio e Palavra, 1951 Narciso Cego, 1952 A Lenda da Rosa, 1956 Vento Geral, 1960 (reunião dos livros anteriores e mais dois inéditos: Tenebrosa Acqua e Ponderações que faz o defunto aos que lhe fazem o velório)Faz Escuro, mas eu Canto, 1965A Canção do Amor Armado, 1966Poesia comprometida com a minha e a tua vida, 1975Os Estatutos do Homem, 1977 (com desenhos de Aldemir Martins)Horóscopo para os que estão Vivos, 1984Mormaço na Floresta, 1984Vento Geral – Poesia 1951-1981, 1981Num Campo de Margaridas, 1986 De uma Vez por Todas, 1996


Prosa:Notícia da Visitação que fiz no Verão de 1953 ao rio Amazonas e seus Barrancos, 1957A Estrela da Manhã, 1968;Arte e Ciência de Empinar Papagaio, 1983Manaus, Amor e Memória, 1984Amazonas, Pátria da Água, 1991 (edição de luxo, bilíngüe (português e inglês), com fotografias de Luiz Cláudio Marigo).Amazônia — A Menina dos Olhos do Mundo, 1992O Povo sabe o que Diz, 1993Borges na Luz de Borges, 1993.

Discos:Poesias de Thiago de Mello, 1963Die Statuten des Menschen. Cantata para orquestra e coro. Música de Peter Jansens, 1976Thiago de Mello, Palabra de esta América. Casa de las Américas. La Habana, 1985Mormaço na Floresta. Locução do autor, 1986Os Estatutos do Homem e Poemas Inéditos, 1992.

Imagem
Google Imagens
http://www.releituras.com/tmello_menu.asp

UM HOMEM CHAMADO JESUS por Rosa Guerrera





Um dia, um homem se dispôs a cumprir uma missão. A maior missão de amor e de verdade que até hoje o mundo conheceu.
E muita gente não aceitou sua proposta em construir nos mínimos detalhes uma passagem para que o amor sempre prevalecesse.
E foi zombado, caluniado, preso e crucificado. Mas por onde andou, onde pregou a sua Missão, todas as suas sementes lentamente se espalharam, germinaram, e brotaram muitos e muitos frutos.
E assim, depois de morto, esse Homem conseguiu o milagre da ressurreição desse amor que tanto pregou aos mais endurecidos corações.
Já se vão dois mil anos que isso aconteceu! E infelizmente o sofrimento e a angustia ainda perduram em muitos corações sem Fé .
Talvez por isso tenha sido escolhida uma data no calendário para que se festeje a Páscoa!
Não essa Páscoa com coelhinhos e ovos, não essa Páscoa com envios de cartões coloridos e votos repetidos. Mas a Páscoa Ressurreição. A Páscoa que traz no seu verdadeiro significado, a finalidade de fazer renascer em todos os corações o amor abafado, a amizade e o companheirismo necessário a uma vida melhor e mais digna.
Que juntos possamos pensar melhor no sentido da missão Daquele Homem que não relutou em dar a sua própria vida para a construção de um mundo com mais VERDADE e mais Amor!
Um homem chamado Jesus!


Pensamento para o Dia 31/03/2010



“Atualmente, busca-se a educação para garantir um meio de subsistência. O empenho de muitos pais e filhos é para o aprendizado de algumas habilidades que resultem em um bom emprego em uma empresa, com um salário decente. Evidentemente, o homem precisa viver, e viver confortavelmente. Assim, é necessário que se domine alguma habilidade. Mas o homem precisa de coisas muito mais gratificantes, muito mais essenciais do que conforto. Ele deve ter fé em si mesmo para que possa respeitar a si mesmo. Essa confiança no Eu Superior (Atma Vishwasa) encontra-se na origem do contentamento.”
Sathya Sai Baba

COMPOSITORES DO BRASIL


ZÉ CLEMENTINO

Por Zé Nilton

Um dos sites mais respeitados sobre MPB – o Dicionário Cravo Albin de Música Popular Brasileira – deixa a gente querendo saber mais sobre nosso ilustre vizinho, ali de Várzea Alegre, o compositor José Clementino do Nascimento Sobrinho, ou como todo bom artista que não tem medo de cair na boca do povo, e de ver seu nome pichado no muro da popularidade, assume-se como Zé Clementino, assim como Francisco Buarque de Hollanda igualmente se assume como Chico Buarque.

Pois bem, quase não se fala do valor desse menestrel da terra do arroz, responsável pela volta à sonoridade de um dos maiores artistas da música brasileira de todos os tempos, o insubstituível Luiz Gonzaga.

O grande Zé Clementino nasceu no sítio Juzeirinho, distrito de Canindezinho, no município de Várzea Alegre, no dia 02 de fevereiro de 1936.

Morou em Crato quando trabalhou na agência local do INSS. Por aqui o compositor sem dúvida desenvolveu sua maestria na arte de letrista e compositor nos encontros com o (do banco) Hildelito Parente e o folclorista Correínha.

Uma vez, lá pelos meus 16 anos, contínuo de “A Cratense”, de Euclides Francelino de Lima, estive frente a frente com Zé Clementino, quando este fazia um jovem experimentar uma sanfona de 120 baixos. Estava acompanhado do Sr. Hélio Barros, irmão de dona Neném Barros, esposa do Sr. Euclides. Nunca me passou pela cabeça ter atendido o homem que mais tarde praticamente reabilitou para a vida artística o excelente Luiz Gonzaga.
Mais de 200 músicas gravadas, eis o acervo de Zé Clementino. Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Trio Nordestino (de quem era amigo de Lindolfo), Zé Nilton, o forrozeiro... e muitos novatos da MPB gravaram suas músicas.

Lembro-me do Padre Vieira, outro ilustre varzealegrense, dizer da simpatia e da singularidade musical de Zé Clementino. A música “o jumento nosso irmão” concretizou o sonho do padre mestre em criar a confraria do jumento. Grandes autoridades foram agraciadas com títulos do “CLUBE MUNDIAL DOS JUMENTOS – PRIMA COCHEIRA IGUATUVINA”, criado pelo magnífico Pe. Antonio Vieira. Um diploma em latim subscrevia a status do agraciado numa sequencia que ia de asinus minor, a asinus medius chegando a asinus máximo. Dizia o texto do diploma:

“Ego, Pater Antonius Vieira, Primus et Maximus Fundator et Praesidens Clubis Jumentorum, admitto, ut Frater in Cocheira Nostra Iguatuvina, Jumentum... (o nome do agraciado) post accuratum examem suas qualitates asininas et jumentinas. Etiam concedo jus universale et aeternum pascendi, ornejandi, excoiceandi, atque vacandi per totum territorum brasiliense, sine bronca aliorum animalium. Datum et passatum, ad perpetuam rei memoriam, in nostra iguatuvina civitate, anno MCMLXVI”.

Sábios e loucos esses varzealegrenses de hoje e de sempre.

Nesta quinta feira vamos homenagear o grande compositor brasileiro Zé Clementino, apresentado pelo seu conterrâneo, o folclorista e diretor de um dos blogues mais visitados do Cariri, o Blog do Sanharol, afiliado do Blog do Crato, Antonio Alves de Morais, ao mesmo tempo em que ouviremos um pouquinho de seus grandes sucessos, na sequencia:

Estou roendo sim, de Zé Clementino, com Trio Nordestino
Eu sou do banco, de Zé Clementino e Hildelito Parente, com Dominguinhos.
Não deixo não, de Zé Clementino, com Trio Nordestino.
O jumento nosso irmão, de Zé Clementino e Luiz Gonzaga, com Luis Gonzaga.
Capim Novo, de Zé Clementino, com Luiz Gonzaga
Chinelo de Rosinha, de Zé Clementino, com Trio Nordestino.
Contrastes de Várzea Alegre, de Zé e Paulo Clementino, com Luiz Gonzaga.
Fazenda corisco, de Zé Clementino, com Dominguinhos.
Xote Dos Cabeludos, de Zé Clementino, com Luiz Gonzaga.
Mais uma dose pros cabeludo, de Zé Clementino, com Zé Nilton
Contrastes de Várzea Alegre, de Zé Clementino, Luiz Gonzaga.

Quem ouvir, verá!
Programa: Compositores do Brasil
Rádio Educadora do Cariri
Pesquisa, produção e apresentação de Zé Nilton
Todas as quintas de 14 às 15 horas
Apoio Cultural: CCBN.

Caldeirão das Artes



Hoje, dia 31 de Março, as 20 horas, na comemoração de aniversário de 10 anos do Teatro do SESC Emiliano Queiroz, será apresentado o espetáculo convidado “Navalha na Carne” (SP), dramaturgia de Plínio Marcos com Gero Camilo, Gustavo Machado e Paula Cohen

Após o espetáculo, às 22 horas, teremos a festa de aniversário de 10 anos do Teatro SESC Emiliano
Queiroz com coquetel e show do grupo Dona Zefinha.

Entrada Franca!!!

Reflexo
- Claude Bloc -



Revejo-me no teu olhar
uma e outra vez
tento procurar-me
em ti
mero reflexo de mim mesma.

Quem sabe eu não seja para ti
o que eu gostaria de ser
aquela por quem gritas de desespero
e que te percorre nas veias.
quem sabe?

Talvez, talvez, quem sabe
eu seja para ti,
apenas
aquilo que eu me vejo em ti,
esse simples reflexo,
um simples reflexo de mim mesma.


Claude Bloc

La Fontaine - Colaboração de Glória Pinheiro

Jean de La Fontaine (1621-1695) nasceu na França, numa família que não chegava a ser rica, mas tinha posses. O pai queria que ele fosse advogado. Mas alguns mecenas (homens ricos e nobres que patrocinavam os artistas) se interessaram por ele. Assim, La Fontaine pode se dedicar a carreira literária. Os livros de literatura adulta não sobreviveram. Suas fábulas, entretanto, escritas em versos elegantes, deram-lhe enorme popularidade. "Sirvo-me dos animais para instruir os homens", dizia. Os animais simbolizavam os homens, suas manias e seus defeitos.

La Fontaine reeditou muitas das fábulas clássicas de Esopo, o pai do gênero. Da vida de Esopo, pouco se sabe. Provavelmente viveu na Grécia no Século VI a.C.. Ele seria escravo, corcunda e gago. Teria sido executado por haver cometido o crime de blasfêmia. Suas fábulas são curtas, bem humoradas e trazem sempre uma moral no final.

As mais famosas são: "A gansa dos ovos de ouro" (e não a galinha), e "A lebre e a tartaruga".

A reunião geral dos ratos

Uma vez os ratos que viviam com medo de um gato, resolveram fazer uma reunião para acabar com aquele transtorno. Muitos planos foram discutidos e abandonados. No final, um rato jovem levantou-se e deu a idéia de pendurar uma sineta no pescoço do gato, assim, sempre que o gato chegasse perto eles ouviriam a sineta e poderiam fugir correndo. Todo mundo bateu palmas. O problema estava resolvido. Vendo aquilo, um rato velho que tinha ficado o tempo todo calado levantou-se de seu canto. O rato falou que o plano era muito inteligente, que com toda certeza as preocupações deles tinham chegado ao fim. Só faltava uma coisa: quem iria pendurar a sineta no pescoço do gato?
Moral: Inventar é uma coisa, fazer é outra.


Fonte: http://www.portaldascuriosidades.com/

Filó Machado



http://www.filomachado.com.br/

Compositor, instrumentista, cantor, arranjador e produtor.
Nascido em Ribeirão Preto em 3 de fevereiro de 1951.
Aos dez anos começou a atuar em grupos de baile, como New Boys, Acadêmicos de Marília, Birutas do Ritmo e Conjunto Icaraí.

Fez turnê por todo o Canadá com o show "Rendez-vous Brésil Cuba" ao lado de Jane Bunnet, Celso Machado, Hilário Duran, Carlito Del Puerto e Larry Crammer.
Em 1997 assinou a direção musical e os arranjos do CD "Vocalise" do grupo A Três, com produção de Jun Itabashi (Bossanovalogia). Também produziu e fez arranjos do CD "Num Tom Delicado", de Bia Mestriner.

Em 2004 dividiu o palco do Sesc Pompéia com Johnny Alf, Alaíde Costa, Carmem Costa e José Domingos num show em homenagem à "Noite Paulista".
Acaba de lançar pela gravadora Maritaca, com produção de Léa Freire, o CD "Jazz de Senzala", com as participações de Toninho Horta, Arismar do Espírito Santo, Théo de Barros, Teco Cardoso, Vinicius Dorin e Thiago do Espírito Santo, além da própria Léa Freire.
Em 2005 lançou pela gravadora Lua Music em parceria com a cantora Cibele Codonho o CD “Tom Brasileiro”. Fez uma tournée pelo Japão, se apresentando nas cidades de Tókio, Nagoya, Osaka, Yamagata, Rathinohe.
Em 2006 Filó Machado volta a fazer uma tournée ao lado de Tetsuo Sakurai (baixista do Cassiopéia) por várias cidades do Japão. Em seguida, se apresentou encerrando o Festival Internacional de Quito, Equador, no mesmo Festival se apresentaram John Arbecombie, Rosa Passos e Nico Wayne.

Nicodemos coleciona nuvens , e isso é maravilhoso ! - por Socorro Moreira


Nicodemos coleciona nuvens .... Ah, se eu soubesse disso um pouco antes de hoje!
Tenho tantas na memória , e posso vê-las , nas viagens interiores .Imagens fugazes, que a gente não procura ... Surgem do nada , e se desmancham, antes que possamos retratá-las . Meu olhar sempre se perdeu entre elas . Esse costume foi se firmando até compor um filme de longa metragem.Os personagens humanos, mitológicos, flores, animais são inonimados, mas totalmente animados por condições inexplicáveis.
Quer saber? Eu vejo você , o tempo todo, nas nuvens do meu céu!
Nas tardes de mormaço eu te sopro devagar ; nos dias azuis , ensolarados, eu te chamo baixinho; e nos dias bonitos pra chover, eu espero o relãmpago e a chuvarada dos teus pensamentos, que às vezes me alcançam, mesmo quando não conhecem o endereço do meu ninho.
Tenho uma coleção de nuvens, como o Nicodemos , e nelas encontro sempre o teu sorriso, e uma palavra, nos escritos, que eu teimo em descobrir a língua.

A madrugada de ontem - por Socorro Moreira

A prosa foi crescendo, crescendo, despropositadamente, e desejou ser manhã. Pediu café pra não adormecer pensamentos. Uma roda pequena de grandes figuras : Nocodemos, Rogério, Gaby, Dihelson , Aucy, e eu na escuta , interferindo com lembranças musicais , e um tom de desafino. É que viajo , e me acho, nas discussões que me embalam.
Olha que parecia uma lombra de vinho, de wisque de um ópio qualquer, imaterial. Todo mundo no café com bolo, e as conversas conectadas com o resultado dos nós.
daria pra reproduzir ou comentar, se eu pudesse tocar essa canção que continua omissa e misteriosa.

Alô, alô pessoal... O dia já começou. Tem lasanha gelada , que a noite do ontem deixou.
Zé do Vale, Claude, Magali e Carlos ( tão perto da gente)... Por que o encontro nunca pode ser com toda gente ?
Em Julho ? Oxalá !

Correio Musical

O encontro de Sofia com o mundo - por José do Vale Pinheiro Feitosa

O olhar de Sofia contém o movimento do mundo. Quando fazemos algo e rapidamente ela se vira seus olhos dizem de contradições, misturas, sínteses e uma doçura misturada a uma curiosidade quase perplexa. Têm tanto brilho aqueles olhinhos pretos que desmancha todos os conceitos e preceitos sobre a vida. Tipo assim o preto como opositor do branco ou representante do escuro que contradiz o brilho.

É a forma de Sofia se encontrar no mundo. Que não é a mesma coisa de ela viver. Este é a mistura entre nós e o mundo. Já se encontrar no mundo é a forma de nos identificarmos como algo próprio. Não se trata apenas da individualidade solitária, mas da individualidade ao encontro do mundo e suas circunstâncias.

Sofia e penso que todos, têm um modo de se encontrar no mundo. Este modo se compõe de ligações permanentes que ao mesmo tempo em que nos conecta ao mundo, nos promove o desejo de modificá-lo. É o encontro de canal duplo, um que vai ao encontro do mundo como ele e outro que extrai do mundo o que ele poderia ser de diferente.

Por isso mesmo os conceitos, as normas e as visões são todos mutantes ou objetos misturados de outros. E quando Sofia nos dirige o olhar tudo isso se encontra nele. Esta fluidez da sentença. Aquele derreter do juízo final. E tudo isso já embutido do próprio amolecimento do que se diz. Mas mesmo assim não retornaria ao estado de solidez. De congelamento permanente no cosmo.
Mas o que faz Sofia se encontrar no Mundo? Agora e pode ser que por outras vias com pessoas distintas. Pois bem, falando de agora, este encontrar-se no mundo de Sofia é a mãe e o pai. Esta com maior intensidade. Afinal é no útero da mulher que o indefinido se define. Que ele se torna parte do mundo, ou melhor, se encontra no mundo.

A primeira ponte verdadeira entre Sofia e o mundo foi seu cordão umbilical com a mãe e desta com o mundo em geral. Mas considere-se que ambas, mãe e filha, já se encontravam no mundo nesta fase. Este mesmo cordão que depois se transpôs ao peito, à mamadeira, às mãos que limpam e ao colo que aquece.

Ontem à noite este simbólico do encontrar-se no mundo de Sofia se pôs em prática. Ela, nos braços do avô, choramingando: mamãe, mamãe, papai, papai. Sofia agasalhada ao colo do avô, ali adormecia, mas acordava em busca do seu encontrar-se no mundo.

Para os meus amigos poetas ... - por Socorro Moreira

Notívagos irmãos, a madrugada nos clama , e nos agrega , num verso não dito, desfazendo todos os malditos pensamentos de solidão e esquecimento.
Gosto quando o sono me domina, e toma conta do meu corpo... Entro num campo literalmente onírico , onde o real deixa de ser, e o imaginário encontra razão pra viver.
Mas, até nessas circunstâncias diárias não me pertenço, p0rque me entrego aos encantamentos. E o meu coração " uruculado" , volta a bater descompassado...
Tem gente que é um céu e um punhado de estrelas, no nosso sentimental. Tem gente que nos fantasia de lua, sendo o sol da meia-noite ... É flor , em todos os momentos , mesmo doando a semente do amor.
Nem vou reler o que escrevi, pois meu lado babaca se esconderia ... Claro !
Ontem ouvi de Nicodemos uma frase mágica, que completei numa impulsiva sintonia :
"Não desnude o platonismo do meu amor "cratônico". A poesia reina , gosta de uns bocados de versos extras... Do contrário, me limitaria a não ter nenhum dos sentidos, exceto o próprio sentir perpetuário !

Se um dia eu me achar no limbo das almas perdidas, quero achar por lá : Zé do Vale, Domingos, Claude, Nicodemos... e os poetas amigos, que descobri por cá !

Nesse 31 de março, deixo o meu sentimento revolucionário , porque aprendi a não parar de navegar .

"Abraço apertado, suspiros dobrados... "

Help.

Programa Instrumental & Qual - O Som da Terra nº 7 recheado de sons brasileiros


Todas as quartas-feiras, das 14 às 15 horas, os aficionados por música instrumental têm encontro marcado com o Instrumental & Qual – O Som da Terra, programa especializado no ramo, cuja característica é a diversificação no tocante a gêneros, ritmos, tendências e origens. Mas, cada vez mais, o programa dá destaque à música brasileira por acreditar na excelência dos compositores e músicos aqui surgidos. Das quinze músicas selecionadas para o programa desta quarta, dia 31 de março, nada mais nada menos do que onze são brasileiras ou executadas por músicos brasileiros. Isso é apenas um dos sintomas que indicam que a música brasileira é uma das mais ricas e apreciadas do mundo.

Salve o Brasil! Salve a música brasileira!


Roteiro musical

1. Abertura: Head For Backstage Pass (Wilbur Bascomb), com Jeff Beck
2. Honeysuckle Rose (F. Walter e A. Razart), com Toots Thielemans
3. Saudade da Bahia (Dorival Caymmi), com Raul de Barros
4. Mestre Bimba (Luiz Eça, Bebeto e Hélcio Milito), com Michel Legrand
5. La Mer (C. Trenet e Bretton), com Ray Conniff
6. Pedacinho do Céu (Waldir Azevedo)
7. La Cumparsita (Paulo Moura)
8. Asa Branca (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira), com Orquestra Tabajara
9. Água de Beber (Tom Jobim e Vinícius Moraes), com Quarteto Maogani
10. Perto do Céu (Ulisses Rocha)
11. Amigo (Lula Cortes e Lailson)
12. O Passeio da Boa Vista (Dado Villa-Lobos e Renato Russo), com Legião Urbana
13. Malacaxeta (Pepeu Gomes), com Pepeu e Armadinho
14. Maria Bonita (Agustin Lara), com Orquestra Super OARA
15. Encerramento: Mr. Funky Samba (Jamil Joanes), com Banda Black Rio

O programa Instrumental & Qual é transmitido às quartas-feiras, 14 horas, pela Rádio Educadora do Cariri AM 1.020 e Internet (cratinho.blogspot.com), e retransmitido pela Web-Rádio Chapada do Araripe (http://www.chapadadoararipe.com/), às sextas-feiras, 21 horas.

Fique ligado!

Ficha Técnica
O programa Instrumental & Qual – O Som da Terra é uma produção das Officinas de Cultura e Artes & Produtos Derivados (OCA) e revista virtual Cariricult, com apoio do Centro Cultural Banco do Nordeste em parceria com a Rádio Educadora do Cariri AM 1.020.
Redação e programação musical: Luiz Carlos Salatiel, Dihelson Mendonça e Carlos Rafael Dias.
Apoio logístico: Guilherme Farade e Amilton Som - CDs, DVs e Acessórios.
Apresentação: Carlos Rafael Dias.
Operador de Áudio: Iderval Silva.
Operador de transmissão: Iran Barreto.
Gerente do Centro Cultural Banco do Nordeste Cariri: Lenin Falcão.
Diretor da Rádio Educadora do Cariri: Geraldo Correia Braga.

Acordando - a Domingos Barroso por José do Vale

Que no primeiro tremor dos cílios,
Assim que os ruídos vierem do exterior,
E as luzes já forem deste mundo,
Eu queria ser como o Domingos Barroso.

Acordado,
E declarando ao mundo que nada tenho,
Nem posses, troços, paredes e telhados.

O teu sorriso não é meu,
Este colorau do teu coração também,
Nem a placenta da minha embriogênese.

Sabe aqueles minutos de loteria,
Que pingam chances remotas,
Estão no cesto da posse pública.

Pois como dizia,
Eu queria ser como Domingos Barroso,
Dizendo-me desprovido de posses.

Só para poder falar de tudo,
Do silêncio e segredo do relicário,
Do vazio que nem mundo o é.

Nem experiências para descobrir o Big-Bang.

terça-feira, 30 de março de 2010

Acordado

Olha para as pessoas
crendo que elas não te pertencem.

Nem uma planta
nem uma pedra
nem um cisco no olho.

As texturas brumas.
As cores névoas.

Teu legado o silêncio
denso, um manto
que encobre
o relicário.

Sossega-te,
nem estrelas
nem luas te preenchem

o vazio
o esplendor das vestes
águas-vivas penduradas
na área de serviço.

Correio Musical - Essa é pra você !

coisinhas simples

Mantenho a porta fechada.

A qualquer brisa
noite ou sol quente

pode vir carregado no sopro
um demônio de olhar zombeteiro.

Esses senhores de toda verdade.

A porta trancada.
O trinco de marfim.

O mundo te convida
ao primeiro riso
à primeira dúvida.

O que se deve ter no olho
é muito sangue de pura poesia.

As plantinhas na varanda.
A luz acesa do banheiro.

Uma coisa se liga a outra
só os anjos bacanas
sabem disso.

Por exemplo:
os dois sanduíches
que agora me delicio.

Uma mordida
apressa tantas
ao mesmo tempo.
Caro Baudelaire,

Muitos anos de minha vida
me embriaguei,
de loucura, de poesia,
de sexo, drogas e algum
rockenroll...
Mas o mundo seguiu seu curso...
o Tempo seguiu seu curso...

Vi que meu discurso não mudava o mundo...
e que se eu furasse meus olhos,
mudaria o mundo...

mas não furei
preferi mudar o foco
trocar a lente de minha kodak
cultivar o silêncio
e colecionar nuvens...

talvez o mundo não tenha mudado
(mas o que é o mundo se não o que
vejo e penso que seja o mundo?)

eu mudei,
e sigo mudando...
só a mudança é imutável

é mais fácil mudar...
parar, cansa...

(tudo se move num
moto contínuo
ad infinitun)

Virtude não embriaga,
nos faz transcender a condição humana


Poesia não embriaga,
nos faz co-autores da criação,

O Mundo é o que pensamos...
O Mundo não é o que pensamos...


(para Lupeu e Leonel)

A Arte de Amar - Thiago de Mello

Não faço poemas como quem chora,
nem faço versos como quem morre.
Quem teve esse gosto foi o bardo Bandeira
quando muito moço; achava que tinha
os dias contados pela tísica
e até se acanhava de namorar.
Faço poemas como quem faz amor.
É a mesma luta suave e desvairada
enquanto a rosa orvalhada
se vai entreabrindo devagar.
A gente nem se dá conta, até acha bom,
o imenso trabalho que amor dá para fazer.

Perdão, amor não se faz.
Quando muito, se desfaz.
Fazer amor é um dizer
(a metáfora é falaz)
de quem pretende vestir
com roupa austera a beleza
do corpo da primavera.
O verbo exato é foder.
A palavra fica nua
para todo mundo ver
o corpo amante cantando
a glória do seu poder.

Impressões Viajando - por José do Vale Pineiro Feitosa

Temor, cuidado, insegurança. Um casal numa viagem de milhares de quilômetros, saindo às três horas da madrugada da outrora aprazível cidade de Fortaleza. Uma carga inteira de fonemas assemelhados: assaltado, assolado, sobressaltado, sobrestado, assado. Aprisionados nas muretas pequeno-burguesas que lhes deu o mito da segurança acima de tudo.

Um túnel de luz sobre a estrada. Uma andança linear de luzes no contra-fluxo, indo apagar-se na vida intensa da capital. Entre o apego que nos guia pela trilha escura do asfalto e o cegamento pontilhado das luzes diretas sobre o olhar, balança nossa gravidade. Na aceleração centrífuga das curvas da estrada. No acelerar das grandes retas. Na freada dos pneus enquanto o coração dispara em susto.

Quando o sol revela toda extensão do relevo, as serras do Apodi mais do que nunca reforçam a planície que é o Ceará. Jaguaribe, Icó e um café com queijo de coalho. Um queijo com a superfície furada. Igual as todas as BRs que cruzam o território do Estado. Algo acontece entre os corações de Lula e Cid Gomes. A prova cabal: apenas quinze quilômetros da BR 116 se encontram em território paraibano e a qualidade de seu asfalto é melhor que qualquer trecho de qualquer BR que se trafegue pelo Ceará.

Dois fenômenos de engenharia cruzam nossa velocidade na excelente BR116 desde as fronteira do Ceará com Pernambuco até Feira de Santana: as obras da Transnordestina perto de Salgueiro e a ponte sobre o São Francisco na cidade Ibó. A primeira obra por força do rasgo que faz no relevo, da grande quantidade de máquinas e gentes em operação. A segunda pela liberdade de se ir pelo caminho mais curto, mas que durou tanto tempo aprisionado pela força política da família Coelho de Petrolina.

A Bahia segue campeã na imagem de si mesma. E que imagem bela. O litoral sul, desde Valença até Porto Seguro, passando por Ilhéus. Como cria conceito, como define as partes e com tantas partes, torna mais rico e diversificado o já grande território do Estado. E tome Costa do Dendê, Costa do Cacau e Costa do Descobrimento. Não é uma graça, são mais de oitocentos quilômetros de pura beleza vestida de fantasia.

Mineração é algo descomunal. Mas não fica atrás a Indústria do replantio e do aproveitamento da madeira. Quem chamar aquilo de preservação diz muito de monocultura, menos da alma natural da região. Desta exuberância diversificadora dos trópicos. A Aracruz celulose e seus caminhões em comboios, com três carrocerias engatadas ao “cavalo” poderoso do caminhão. Ameaça ao bom senso e ao trânsito de veículos leves.

São seis pedágios pagos no território do Rio de Janeiro que cruza a BR 101. São seis pedágios de R$ 2,60, todos para manter o asfalto sem buracos, enquanto os buracos explodem sobre os nossos pneus. São tantos os veículos que formam filas imensas sem ultrapassável possível, pois não existem terceiras pistas.

Finalmente a Ponte Rio-Niterói. Avistamos a Baia da Guanabara, o relevo das Serras, as torres da cidade e o intenso trânsito em ambos os lados. Em ambos: entre o Ceará e o Rio de Janeiro.


por José do Vale Pinheiro Feitosa

Kaika Luiz, Convida !

FESTA NO PINK FLOYD BAR
Horário: 3 abril 2010 às 21:00 a 4 abril 2010 às 4:00

Local: PINK FLOYD BAR
Organizado por: Kaika Luiz

Descrição do evento:
Festinha bacana pra animar a nossa Semana Santa, dia 3 de abril, a partir das 21h, no Pink Floyd Bar, com as seguintes atrações:
BAIXA GRAVIDADE
DJ DICK
BANDA NIGHTLIFE

O Inesquecível ! - por Socorro Moreira



Nem preciso de todas as letras
Nem repassar o filme da alegria
Faço um novo roteiro,
e que seja igual ao primeiro...
O olhar atropelando as falas
e o coração ,
no descompasso dos minutos
E que venha o futuro
com o doce dos sentimentos
como um sapoti maduro.
E que venham mais motivos
pra lembrar ,
o que já se tornou eterno,
e fácil de rememorar.

Prosa informal ... - por Socorro Moreira

Ontem sai pra assistir um espetáculo de teatro no Sesc Juazeiro, mas os ingressos estavam esgotados. Aproveitei o percurso pra sentir os ares do Cariri, naquela noite amena, palas últimas chuvas. O mês de Abril chegando ... Até Julho, o clima fica mais fresquinho , e a minha preguiça se espanta. Comemorei a idade nova da minha amiga Gaby ( mulher sábia, talentosa, cheia de ideias maravilhosas !). Viajamos nas possibilidades de decorar a noite de lançamento do LIVRO do CARIRICATURAS. Até lá a festa estará nos conformes com a perpectiva da presença de todos os escritores, incluindo parentes e amigos. Acho que será "O EVENTO" !
Acordei catando o povo daqui. Parece que todo mundo trocou o dia pela noite, ou desligou o teleone...
Não posso ficar sozinha, senão fico lembrando do meu amor...Só troco esse amor, pelo grupo querido e infinito dos amigos !
A lua sabe dar recados . Obrigada , lua ! Na próxima vida, já sei... A gente acerta a conta de todos os abraços !

Posse- por Ana Cecília S.Bastos

Dias em que somos acometidos pela cidade.

A cidade é soberana e nós,
seres involuntários na paisagem.

O mar, o sempre
sentimento do que é talássico,
báratro, abismo.
O oceano absoluto a nos envolver,
envoltório simultâneo de ruas acanhadas e eternas.

Dias em que a cidade se sobrepõe muito naturalmente à rotina
e nada somos senão seus viventes.

Dias em que palavras são apenas
a superfície das coisas,
e como tal as dispo
e sigo nua,
desmielinizada.


por Ana Cecília

Por Geraldo Urano


Demônios e gurus não me apavoram. Sou mulher e gosto de abrir as minhas pernas para todos.

Molho os meus lábios na sua terra chuvosa. Meu fio dental quer e eu vou assim rebolando.

Ligo meu rádio negro e falo com a Alemanha. Minha língua goza dentro da minha boca.

Dicas de Alimentação por Lucyanna Kalluf


Não tem quem não seja tomado por uma sensação reconfortante depois de fazer uma deliciosa refeição. E se no cardápio tiver um docinho de brinde, a vida fica melhor ainda. "Isso por que independente do alimento que consumimos, comer provoca uma confortável sensação de bem-estar já que suprimos as necessidades físicas do nosso organismo. Mas ainda há a turma de alimentos que potencializam esta reação, já que levam em sua composição, substâncias que aumentam a liberação da serotonina, hormônio neurotransmissor responsável pela sensação de prazer", explica a nutricionista e bioquímica Lucyanna Kalluf.

A seguir, a especialista sugere 10 alimentos que são obrigatórios para um prato e dias mais alegres. Confira:



* Mel
* Banana
* Abacate
* Nozes
* Salmão
* Canela
* Lentilha
* Chá verde
* Toffu
* Gérmen de trigo


8)Canela: rica em polifenóis e antioxidantes, esta especiaria melhora a atividade da insulina, ajuda a estabilizar os níveis de açúcar no sangue e reduz a compulsão por carboidratos e doces. Assim, colabora para evitar o sobrepeso e o acúmulo de gorduras na região abdominal e mantém a produção de serotonina em equilíbrio.

Sol escaldante, políticos arredios


(foto: Google)

Pedro Esmeraldo

Cremos que estas constantes preocupações do nordestino são causadas pelas inclementes secas periódicas que consistem em modificar o clima em fatores adversos, causando desequilíbrio financeiro e morais e acarretando mal estar no comportamento do cidadão.

Ainda hoje, os nossos governantes não tentam equilibrar o homem ao meio ambiente, sem trazer novas perspectivas ao trabalhador e sem criar metas satisfatórias a fim de enquadrar o trabalhador na modernidade, forçando o equilíbrio de forças propulsoras, composição intermediária, empurrando o homem para que crie coragem de enfrentar uma agricultura irrigável que lhe facilitará a força do amor ao trabalho.

Infelizmente, ainda não fomos compreendidos por esses políticos que nada fazem a não ser provocar dissabores, impedindo o trabalhador de enfrentar a luta cotidiana.

Seria melhor que esses políticos estimulassem a agricultura para que possam dá condição ao meio rústico do homem rural, ensinando combater as dificuldades climáticas a fim de produzir produtividade favorável, amoldando o homem ao ambiente sombrio para conviver dignamente com a seca, igualando-o ao grande produtor, contornando por uma irrigação que faça jus às grandes secas com muita ênfase a força dos alimentos agrícolas, tornando nesses sertões adustos.

Ocorre que, desde épocas memoriais, observamos uma agricultura ineficaz que faz afugentar o homem do campo em procura das cidades, transformando a sua vida e tem medo de enfrentar com dignidade o trabalho agrícola. Observamos que os políticos não procuram solucionar os problemas, já que deixam correr frouxo o comportamento dos agricultores, não dando nenhuma solução satisfatória.

Evidentemente, é preciso ordenar ao homem que seja duro em suas ações e venha solicitar melhores aquisições tecnológicas para que possa fixar o homem a terra, dando curso de capacitação, apreciando o trabalho tecnológico com mais empenho.

Para se ter uma ideia, ultimamente, não observamos o aproveitamento das águas dos pequenos açudes públicos que seriam a melhor solução para praticar a irrigação, favorecendo a uma agricultura mais bem aproveitada, introduzindo variedade plantas gramíneas para alimentação do gado que nos aliviará por uma produção satisfatória que venha enaltecer o homem numa sociedade autêntica, favorecendo emprego e rendas.

Aqui no Crato, há muito tempo, lutamos pela construção do açude Tomaz Orterne, pensando que traria melhores dias, à produção bem elevada através da irrigação. Puro engano! Notamos que esse açude, apesar da boa vontade do DNOCS, não despeja suas águas para o aproveitamento agrícola; pasmem senhores, essas águas não são aproveitadas devido a ignorância do homem e a falta de atividades das autoridades.

Temos desconfianças que esse descaso é proveniente da falta de apoio moral dos políticos e não há boa vontade de produzir, pois deixam de lado o trabalho agrícola para virem se aglomerar nas favelas urbanas, sem nada produzirem caindo na ociosidade e caminhando para o vício da embriaguez e das drogas.

Crato, 25 de Março de 2010

A JANELA DA CASA DA FRENTE- Do outro lado da Rua - Por Xico Bizerra.

Estava tão perto, bastava atravessar a rua, no caso, a Avenida Teodorico Teles, onde morava Padim Zuza, meu avô. Do outro lado, ela e seu sorriso, à mesma distância, claro. A vontade de ir até àquela janela do outro lado só era menor que a timidez que impedia seu atravessar. Coisa de adolescente. Sempre, à mesma hora, o ritual repetido: debruçar-se à janela, aprumar a vista para a janela da casa de frente, sonhar. Sabia que ela tinha o mesmo desejo e a mesma timidez, por isso, o mesmo ritual.

Era a melhor parte das férias. Numa tarde de um junho quase julho passaram pela rua que os separava quase 30 fuscas, duas freiras e uma carroça carregando móveis usados, puxada por um cavalo castanho. Seu irmão menor viu e contou. Ele mesmo nada percebera além do debruçamento da menina à sua frente. Apenas praquela janela tinha olhos.

Nas férias seguintes, a casa da janela enfeitada foi alugada a outra família. Foi a pior parte das férias. Numa tarde, ele contou 41 fuscas passando pela rua, a maioria deles branco. Duas freiras voltaram a passar. À tardinha, bem lentamente, passou uma carroça de saudades puxada por um cavalo azul.
Xico Bizerra

Esperteza - por Domingos Barroso

"Se te pego
pensando em outra mulher

lanço-te um feitiço:
cãibra entre teus dedos
acordarás com pé de pato."

Não posso ficar muito tempo silencioso.
Minha Lua é uma bruxinha mais esperta
do que aquela que lhe cruza a face
então minha lua aproveita
rouba-lhe a vassoura -

e agora em segundos escancara
a porta do banheiro e me pega
pensando em outros doces.

Não desejo ao meu pior inimigo
acordar com pé de pato.

Portanto, seu moço
vigie a mente.
O coração é um bom menino.

Feliz Aniversário ,Gaby !

Que os arianos e seus amigos se confraternizem , numa festa de sintonização com as alegrias da alma !

Abraços do Cariricaturas !

Dia 29 de março é findo , mas vale lembrar o nosso amigo Jairo Starkey ...! indo... !

Jairo, parabéns !
Música de boa qualidade, amor, alegria, realizações , em todos os teus dias !

Abraços do Cariricaturas !

segunda-feira, 29 de março de 2010

Antonio Morais vai falar de seu conterrâneo, Zé Clementino no COMPOSITORES DO BRASIL



A.Morais, José Clementino e Pedro de Souza

Por Zé NiltoN

Antonio Alves de Morais, folclorista nato, contador de histórias, bom de prosa, alegre e loquaz, como todo bom varzealegrense estará nesta quinta, no COMPOSITORES DO BRASIL, pela Rádio Educadora, às 14 horas, falando do grande compositor brasileiro José Clementino.

Todos sabem da importância de Zé Clementino para a música nordestina. Mais ainda: Foi ele quem ajudou a reabilitar o velho Luís Gonzaga, acometido de um ostracismo forçado pelas novas ondas da mídia e da indústria fonográfica.

Pois foi justamente o famoso Zé Clementino que, em pleno embalo do iê, iê, iê, com toda aquele barulho dos cabeludos, estimula corajosamente a inclusão de uma música no LP de Gonzagão,em 1967, que veio a ser o carro chefe do disco, e serviu de contraponto para a visibilidade cultural do “Brasil de baixo”.

Xote dos Cabeludos

Composição: José Clementino e Luiz Gonzaga

Cabra do cabelo grande
Cinturinha de pilão
Calça justa bem cintada
Custeleta bem fechada
Salto alto, fivelão
Cabra que usa pulseira
No pescoço medalhão
Cabra com esse jeitinho
No sertão de meu padrinho
Cabra assim não tem vez não.
No sertão de cabra macho
que brigou com Lampião
brigou contra Silvino
quem enfrenta batalhão
amansa burro bravo
pega cobra com a mão
trabalha sol a sol
de noite vai pro sermão
rezar pra Padre Ciço
falar com Frei Damião
No sertão de gente assim
No sertão de gente assim
Cabeludo tem vez não...

Com a companhia graciosa de Morais sem dúvida faremos um programa inesquecível.

Ouça pela Rádio Educadora, 1020, com transmissão em tempo real pelo blog:
www. cratinho. Blogspot.com

Braguinha por Norma Hauer

O ÚLTIMO BALUARTE - BRAGUINHA
Foi no dia 20 de março de 1907, que nasceu, aqui no Rio de Janeiro, Carlos Aberto Braga, que ficou conhecido como Braguinha ou João de Barro.

E por que João de Barro?

Eles eram 5: Carlos Braga, Henrique Foréis, Noel Rosa, Henrique Brito e Alvinho. Criaram o "Bando dos Tangarás" lembrando um pássaro cantador. Cada qual se
"incorporou" em um pássaro e começaram a cantar, apresentando-se nas emissoras de rádio então existentes, em pequenas reuniões e em qualquer lugar onde pudessem se apresentar como um grupo de "cantadores". Sua primeira gravação, na gravadora Parlophon, foi um samba de Almirante (Henrique Foréis), de nome "Mulher Exigente".

Com a morte de Henrique Brito e a saída de Alvinho, o grupo se desfez e cada qual seguiu seu caminho, dentro da esfera musical da época (fim dos anos 20).

Henrique Foréis passou a ser conhecido como Almirante, Noel Rosa era o Noel que todos conhecemos e Carlos Braga, que adotara o pseudônimo de João de Barro, foi o único que manteve o nome do pássaro. E assim passou a assinar as inúmeras composições que foi criando. E como criou!
Um de seus primeiros sucessos foi gravado por Mário Reis: "Moreninha da Praia":

Moreninha querida
/ da beira da praia
/que mora na areia todo o verão.../
que anda sem meia,/ em plena avenida,
/ varia como as ondas/ o seu coração".

Andar sem meia era um ato corajoso.

Os anos foram passando e ele sempre produzindo com o nome de João de Barro.
Vieram a "Chiquita Bacana" que se vestia "com uma casca de banana nanica", as "Touradas em Madri"; ele cantou as "Noites de Junho": "noite fria, bem fria de junho, os balões para o céu vão subindo... " transformou parte da letra de "Linda Pequena", de sua pareceria com Noel Rosa, tornando-a um dos maiores sucessos de todos os tempos, com o nome de "As Pastorinhas", da mesma forma que, fazendo a letra de um velho choro que vinha dos anos 10, da autoria de Pixinguinha, marcou uma das músicas mais ouvidas em todos os tempos: "Carinhoso".

Enfeitou o carnaval dizendo "Yes, nós temos banana"; cantou o "Balancê"; "A Saudade Mata a Gente"; os "Sonhos Azuis", navegou pelos "Mares da ;China"; acompanhou o vôo da “Linda Borboleta”; descobriu ser Copacabana a "princesinha do mar" e revelou ao estrangeiro "Onde o Céu Azul é Mais Azul".

Maracanã - 1950-Copa do Mundo. Jogo: Brasil x Espanha – vitória do Brasil! Todo o povo canta "eu fui às touradas em Madri,/ parara tim-bum...e quase não volto mais aquiii...". Braguinha, o nosso João de Barro, emocionado, começa a chorar. Nessa emoção, ouve alguém dizer: "o que este espanhol está fazendo aqui?" Era o autor chorando por sentir como sua música alegrou uma multidão feliz.

Carnaval de 1984 – desfile da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, sambódromo lotado e Braguinha desfilando, sendo homenageado com o enredo vitorioso "Yes, nós Temos Braguinha".

Por muito pouco Braguinha não foi centenário. Faleceu na véspera do Natal ( 23 de dezembro) de 2006.
Se vivesse mais três meses, em 29 de março de 2007 completaria cem anos.

Norma
Homenagem aos 50 anos de Renato Russo

- Cláudio Teixeira -


Dizer que Renato Russo está vivo até hoje na memória de milhões de brasileiros é tão óbvio quanto ouvir uma música dele, cantarolar e relembrar de alguma época da vida. Nascido em 27 de março de 1960, o eterno líder da Legião Urbana completaria 50 anos de idade neste sábado. Renato liderou um dos maiores movimentos musicais do Brasil e ajudou a dar cara ao rock nacional com sua atitude por meio de suas letras e poesia.

Cláudio Teixeira (Caricaturas)

Hoje pela manhã com as Tias High-Tech - por José do Vale Pinheiro Feitosa

As tias high-tech, Rosa, Raimunda e Maria, acordaram como sempre: antes do sol aparecer. Algumas orações das matinas e se espalharam. Rosinha foi até a beira do açude para sentir-lhe as águas ainda mansas da noite morna. Tia Rosa adora este convívio com as águas se acordando: quando nenhum bicho bebeu-lhe aos goles, sem que os besouros ainda pousassem-lhe a fina película da superfície.

Mundinha, como destino da vida: foi até ao poleiro examinar quantos ovos a manhã lhe dera. Assim como a terra põe o ovo do sol. Retornar com o vasilhame com pelo menos uma dúzia é completar uma via sacra na glória de todo amanhecer. Já Maria assuntou o tempo em busca das chuvas enquanto examinava a ordenha das vacas.

Após o desjejum frugal, seguiram o ritmo do garimpo das noviças das manchetes dos jornais on-line. Na internet, computador piscando o “hardware” sob o humilhante comande dos “softwares”, isso sem contar que estes últimos também estão com o olhar feroz do “scandisck”, em busca “spyware”, “vírus” e tantos fragmentos maldosos, que mesmo para umas tias high-tech já é demais. Rosa indignada:

- Vocês souberam? Vão cobrar pelo conteúdo dos jornais on-line?

- A ganância é o lodo da boa intenção e a praga da Inteligência. – Comentou Raimunda.

- A gente não paga e sabe do que acontece do mesmo modo.

Continuaram nas páginas dos jornais do Sul: “Mulheres-bomba matam ao menos 37 pessoas em Moscou”. “Bebês abandonados em túnel em São Paulo”. “Fernando Noronha: a ilha onde é proibido ter bebê.

- Viram? Vocês viram? – Maria chegou a assustar a irmã quase gritando estas frases.

- Viram o quê, mulher? – Rosa suspirando e Mundinha de olhos arregalados.

- Se mandassem os pais de São Paulo para Fernando Noronha, não abandonariam os filhos, pois nem meninos teriam. As mulheres que se explodem para destruir tanta vida perderam o sentido da nascença. Ao invés de gerarem a vida, explodem a vida que há.

- Pois sim. O jornal e muita gente que trabalha neles pensam que não, mas toda manchete é ligada à outra pela mesma linha que torna a vida de cada um o fio da meada das coisas e dos instantes que acontecem no mundo. Aí Maria completou a síntese da manhã.

Bem dizendo, pois Rosa só para falar da idade das mesmas, sem que alguma sequer o queira, falou alto a última manchete:

- “DOR CRÔNICA AFETA 80% DA POPULAÇÃO MUNDIAL.

As três, em silêncio, concordaram que era muita dor. Dor de tudo, do corpo e da alma.

Recebi de Minas Gerais a missão de reunir as tribos. Comigo estão todos os ventos. E os anjos dizem amém. Move-se como um raio meu velho pangaré, com ela na garupa. Na blusa, ela leva um poema. Na blusa, um poema do céu.

(Geraldo Urano)

Suspiros- Socorro Moreira


A noite passando
O sono viajando
Tua lembrança
num vai e vem constante
- Meu susto,
e meu encanto !

A madrugada me consome
As auroras tardam
O amor que nem chegou
Adormece noutro dia
E desabita minha alma

Sopra vento frio
Sopra um luar
que eu respiro
Suspiro ...
-A lua me traz um recado !

ANKITO



Ankito, nome artístico de Anchizes Pinto (São Paulo, 26 de fevereiro ou 26 de novembro de 1924 — Rio de Janeiro, 30 de março de 2009) foi um ator brasileiro, considerado um dos cinco maiores nomes das chanchadas.

De família circense, era filho do palhaço Faísca e sobrinho do famoso palhaço Piolim. Era casado com a atriz Denise Casais.

Passou a atuar profissionalmente no circo aos sete anos de idade, no globo da morte.

Onze anos mais tarde, passou a atuar em shows no Cassino da Urca, como acrobata, na época considerado um esporte, e que lhe rendeu cinco vezes o título de campeão sul-americano. Em seguida ingressou no teatro, substituindo por uma noite o ator principal da companhia, porém fez sucesso e permaneceu no elenco. Contracenou com Grande Otelo no show Bahia Mortal e, a essa altura, sua carreira já estava consolidada. Com o sucesso no teatro, em 1952, foi convidado para fazer três dias de filmagem no filme É fogo na roupa, mas o sucesso foi tanto que os três dias passaram a ser 39, tendo inclusive sido colocado o seu nome em primeiro lugar nos créditos do filme. Continuou a fazer shows pelo Brasil com uma companhia de vedetes, em clubes e cinemas, que sempre exibiam um filme dele antes de cada espetáculo.

Protagonizou 56 filmes, todos recordes de bilheteria, entre eles Três recutas, Marujo por acaso, Um candango na Belacap, Rei do movimento, O feijão é nosso, O grande pintor, Angu de caroço, O boca de ouro, E o Bicho Não Deu, Sai dessa recruta e Metido a bacana, onde a dupla Ankito e Grande Otelo apareceu pela primeira vez. Estes filmes foram lançados de 1952 a 1961, período do apogeu de sua carreira artística.

Em 1960 sofreu sofre um acidente grave durante as filmagens Um candango na Belacap, quando caiu de um prédio em construção. O acidente afetou a sua capacidade de fazer acrobacias e abreviou sua carreira cinematográfica.

Em 1966, participou do filme em episódios As cariocas, de Fernando de Barros, Walter Hugo Khouri e Roberto Santos. Atuou também em O Escorpião Escarlate, de Ivan Cardoso e Beijo 2348/72, de Walter Rogério, ambos de 1990.

Na televisão, participou de muitos programas humorísticos. Fez parte do elenco da TV Tupi, da Record e da Bandeirantes. Mais tarde, na Globo, além das participações nos humorísticos, fez parte do elenco das telenovelas Gina, com a Cristiane Torloni; Marina, com Edson Celulari e A sucessora, de Manoel Carlos. Em 2005, fez o personagem "Falecido", na telenovela Alma gêmea. Atuou também em inúmeras minisséries e participou da primeira versão do Sítio do Pica-pau Amarelo, onde fez os personagens "Soldadinho de chumbo" e o "Curupira.


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A poesia de Paul Verlaine

A Angústia

Nada em ti me comove, Natureza, nem
Faustos das madrugadas, nem campos fecundos,
Nem pastorais do Sul, com o seu eco tão rubro,
A solene dolência dos poentes, além.

Eu rio-me da Arte, do Homem, das canções,
Da poesia, dos templos e das espirais
Lançadas para o céu vazio plas catedrais.
Vejo com os mesmos olhos os maus e os bons.

Não creio em Deus, abjuro e renego qualquer
Pensamento, e nem posso ouvir sequer falar
Dessa velha ironia a que chamam Amor.

Já farta de existir, com medo de morrer,
Como um brigue perdido entre as ondas do mar,
A minha alma persegue um naufrágio maior.

Paul Verlaine, in “Melancolia”
Tradução de Fernando Pinto do Amaral

O Meu Sonho Habitual

Tenho às vezes um sonho estranho e penetrante
Com uma desconhecida, que amo e que me ama
E que, de cada vez, nunca é bem a mesma
Nem é bem qualquer outra, e me ama e compreende.

Porque me entende, e o meu coração, transparente
Só pra ela, ah!, deixa de ser um problema
Só pra ela, e os suores da minha testa pálida,
Só ela, quando chora, sabe refrescá-los.

Será morena, loira ou ruiva? — Ainda ignoro.
O seu nome? Recordo que é suave e sonoro
Como esses dos amantes que a vida exilou.

O olhar é semelhante ao olhar das estátuas
E quanto à voz, distante e calma e grave, guarda
Inflexões de outras vozes que o tempo calou.

Paul Verlaine, in “Melancolia”
Tradução de Fernando Pinto do Amaral

A uma Mulher

Pra vós são estes versos, pla consoladora
Graça dos olhos onde chora e ri um sonho
Doce, pla vossa alma pura e sempre boa,
Versos do fundo desta aflição opressora.

Porque, ai! o pesadelo hediondo que me assombra
Não dá tréguas e, louco, furioso, ciumento,
Multiplica-se como um cortejo de lobos
E enforca-se com o meu destino que ensanguenta!

Ah! sofro horrivelmente, ao ponto de o gemido
Desse primeiro homem expulso do Paraíso
Não passar de uma écloga à vista do meu!

E os cuidados que vós podeis ter são apenas
Andorinhas voando à tarde pelo céu
— Querida — num belo dia de um Setembro ameno.

Paul Verlaine, in “Melancolia”
Tradução de Fernando Pinto do Amaral

Paul Verlaine




Paul Marie Verlaine (30 de Março de 1844 – 8 de Janeiro de 1896) é considerado um dos maiores e mais populares poetas franceses.

Nascido em Metz, ele foi educado no Liceu Bonaparte (atual Liceu Condorcet), em Paris e depois começou a trabalhar como funcionário público. ele começou a escrever poesia cedo, e foi inicialmente influenciado pelo parnasianismo e seu líder, Charles Leconte de Lisle. A primeira obra publicada de Verlaine, Poèmes saturniens (1866), apesar da crítica negativa de Sainte-Beuve, o estabeleceu como um poeta de originalidade e futuro promissor.

A vida particular de Verlaine invadiu seu trabalho, começando pelo seu amor por Mathilde Mauté. Mauté tornou-se sua esposa em 1870. Na proclamação da Terceira República no mesmo ano, Verlaine juntou-se ao 160º batalhão da Guarda nacional, e tornou-se Communard em 18 de março de 1871. Ele veio a ser chefe do escritório de imprensa do Comitê Central da Comuna de Paris. Verlaine escapou das mortais lutas de rua conhecidas como Semana Sangrenta, ou Semaine Sanglante, e foi esconder-se no Pas-de-Calais.

Verlaine voltou a Paris em agosto de 1871 e, em setembro, recebeu a primeira carta do poeta Arthur Rimbaud. Em 1872, ele já havia perdido interesse em Mathilde, e logo abandonou-a com seu filho, preferindo a companhia de seu novo amigo. A tempestuosa relação de amizade de Rimbaud e Verlaine os levou a Londres, em 1872. Em julho de 1872 em uma crise de desespero Verlaine disparou dois tiros com uma pistola em Rimbaud, atingindo seu pulso, mas sem causar-lhe sérios danos. Como resultado indireto desse acidente, Verlaine foi preso e encarcerado em Mons, onde ele experimentou uma conversão à Igreja Católica, o que novamente influenciou suas obras e provocou críticas afiadas de Rimbaud. "Romances sans paroles" foi o resultado poético deste período. Depois de sair da prisão, Verlaine viajou novamente à Inglaterra, onde trabalhou por alguns anos como professor e produziu outra obra de sucesso, Sagesse. Ele voltou à França em 1877 e, enquanto ensinava Inglês em uma escola em Rethel, apaixonou-se por um de seus alunos, Lucien Létinois, que foi quem o inspirou a escrever seus próximos poemas. Verlaine ficou devastado quando o garoto morreu de tifo em 1883.

Os últimos anos de Verlaine testemunharam dependência de drogas, alcoolismo e pobreza. Ele viveu em bairros pobres e hospitais públicos, e passava seus dias bebendo absinto em cafés parisienses. Por sorte, o amor à arte dos franceses foi capaz de dar-lhe apoio e alguma ajuda financeira: suas poesias antigas foram redescobertas, seu estilo de vida e estranho comportamento em frente a platéias atraíram admiração, e em 1894 ele foi eleito "Príncipe dos Poetas" da França. Sua poesia foi admirada e reconhecida como inovadora, servindo de fonte de inspiração para famosos compositores, como Gabriel Fauré, que transformou vários de seus poemas em música, incluindo La bonne chanson, e Claude Debussy, que tornou música cinco dos poemas de Fêtes galantes. Paul Verlaine morreu em Paris com 52 anos de idade, em 8 de janeiro de 1896, e foi enterrado no Cimetière des Batignolles.

Muito da poesia francesa produzida durante o fin de siècle (fim do século - movimento cultural francês que aconteceu entre 1880 e o começo da Primeira Guerra Mundial), que foi caracterizado como "decadente" por seu conteúdo chocante ou visão moral. Em uma veia parecida, Verlaine usou a expressão poète maudit("poeta maldito") em 1884 para se referir a um número de poetas como Stéphane Mallarmé e Arthur Rimbauld que haviam lutado contra convenções poéticas e reprimendas sociais sofridas ou foram ignorados pelos críticos. Mas com a publicação do Manifesto Simbolista de Jean Moréas em 1886, foi o termo simbolismo que começou a ser mais aplicado ao novo ambiente literário. Juntamente com Verlaine, Mallarmé, Rimbauld, Paul Valéry, Albert Samain e muitos outros começaram a ser chamados de "Simbolistas". Esses poetas iriam, de vez em quando, compartilhar temas correspondentes às estéticas de Schopenhauer e noções de desejo, fatalidade e forças inconscientes, e temas de sexo (como prostitutas), a cidade, fenômenos irracionais (delírios, sonhos, narcóticos e álcool), e às vezes um vago contexto medieval. Na poesia, o procedimento simbolista era usar discretas sugestões ao invés de precisas declarações (a retórica foi banida) e evocar humores e sentimentos através da mágica de palavras e sons repetidos, da cadência do verso (musicalidade) e da inovação métrica.

Vários aristas pintaram seu retrato. Entre os mais ilustres estão Henri Fantin-Latour, Antonio de la Gándara, Eugène Carrière, Frédéric Cazalis, e Théophile-Alexandre Steinlen. O tempo em que Rimbauld e Verlaine passaram juntos foi o tema do filme Total Eclipse (1995), dirigido por Agnieszka Holland e com roteiro de Christopher Hampton, baseado em sua peça. Verlaine foi interpretado por David Thewlis.

* Wikipédia

Ninguém me habita - Thiago de Melo



Ninguém me habita. A não ser
o milagre da matéria
que me faz capaz de amor,
e o mistério da memória
que urde o tempo em meus neurônios,
para que eu, vivendo agora,
possa me rever no outrora.
Ninguém me habita. Sozinho
resvalo pelos declives
onde me esperam, me chamam
(meu ser me diz se as atendo)
feiúras que me fascinam,
belezas que me endoidecem.

Soneto da Luz - Por João Nicodemos