Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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segunda-feira, 17 de maio de 2010

Omara Portuondo


Omara Portuondo A intérprete da emoção cubana Lisboa, Coliseu dos Recreios, 21 de Abril de 2001

Considerada uma das melhores cantoras de bolero de Cuba, Omara Portuondo é dona de voz macia e intensa, que aos seus 70 anos é considerada a melhor artista cubana nesta vertente, tendo sido a protagonista duma das passagens mais comoventes no documentário "Buena Vista Social Club" do realizador alemão Wim Wenders, filme que acabou por celebrizar internacionalmente a música cubana e os seus intépretes.

A sua vida artística começou verdadeiramente por uma ironia do destino, em 1945. Inúmeras vezes, Omara assistia aos ensaios de sua irmã, Haydee, no conceituado cabaret 'Tropicana' em Havana. Por acidente, Portuondo acabaria por preencher o lugar de uma bailarina que, há uns dias da estreia do espectáculo, se despedira sem deixar rasto. Como já sabia o papel de cor, Omara agarrou a oportunidade com garra. Este seria o ponto de viragem na vida de Omara Portuondo iniciando, primeiramente, uma carreira como bailarina com a ajuda do talento de Rolando Espinosa. Aos fins-de-semana actuava no grupo Loquibambla Swing, cantando temas conceituados do jazz americano. Mais tarde, em 1952, formaria um dos mais importantes quartetos femininos na história da música cubana.

Omara primeiro integrou um grupo chamado "Cuarto de Orlando de la Rosa", tendo-se unido depois à banda feminina Anacona. É então em 1952, que passou a fazer parte do quarteto Aida Diestro, onde permaneceu por quinze anos. Durante esse tempo, desenvolveu a sua carreira a solo, trabalhando com vários artistas lendários do mundo do espectáculo, como foi o caso de Nat King Cole e Edith Piaf.

Magia Negra (1959) foi o primeiro álbum a solo de Omara, marcante no "enamoramento" entre os sons quentes de Cuba e o jazz norte-americano, "personificado" nas versões dos temas "Caravana" (de Duke Ellington) e "The Old Black Magic". Mais tarde seguir-se-iam Esta Es Omara Portuondo, 'Palabras', 'Desafios'. Omara chegou, em 1995, a gravar com os The Chieftains por intermédio de Ry Cooder, que a convidaria igualmente para encabeçar um fantástico bolero com Compay Segundo, para o álbum Buena Vista Social Club. Hoje, Omara Portuondo dirige sua própria orquestra em Cuba.

Texto com Base no Vida.pt (Sara Oliveira)




Palco Giratório - Recebido de Poesia da Luz


SOBRE O ESPETÁCULO:



ZERO é um lugar estranho, não muito longe daqui. Ali, tudo “quase” existe e nada é verdadeiro. Manivelas fazem o sol e a lua aparecerem e um único botão é capaz de acender um céu de estrelas. Seu habitante mais ilustre, o melancólico Senhor Z, para afastar o tédio, passa os dias lendo memórias alheias. Estranhamente perdeu todas as lembranças que tinha e esqueceu que uma vez já foi criança. Neste mundo esquisito tudo é chato e sem graça, até aparecer um pequenino rouxinol que voa e canta de verdade! Mas o pássaro logo é engaiolado e nomeado cantador oficial daquele mundo.

Um dia, o Vendedor de Maravilhas aparece com uma engenhoca que canta quase tão bem como o pássaro verdadeiro... Quase! Rapidamente o rouxinol é substituído pelo bichinho de lata, mas como toda máquina, também enferruja e para. Então, de tristeza, Senhor Z adoece gravemente e recebe uma arrepiante e indesejada visita.

Somente alguém poderá salvá-lo, somente um canto será capaz de transformar aquele lugar para sempre.
RELEASE: A Cia. Mevitevendo começou seu trabalho com bonecos, máscaras e objetos animados em 1998, ano em que mudou do Rio Grande do Sul para São Paulo. Nestes doze anos de pesquisas e montagens, já estudou com artistas do Brasil e do exterior, e colocou em cena as mais diferentes formas animadas: desde pequeninas figuras de papel até uma gigantesca criatura habitada. Caracterizada pela experimentação cênica e por uma particular maneira de pensar e realizar seu teatro, a companhia busca nas artes visuais e no cinema de animação referências para um trabalho mais rico e expressivo. Em agosto e setembro de 2009, a Companhia representou o Brasil em três festivais na Espanha. Livremente inspirado em O ROUXINOL E O IMPERADOR de Andersen, o espetáculo é um conto de fadas contemporâneo que fala de um mundo artificial, onde a máquina dominou tudo e a aparição de um simples pássaro transforma a vida de todos. Falando de opostos como matéria e emoção, velho e novo, arte e máquina, a encenação coloca de maneira simples e divertida questões urgentes para a época que vivemos: cada vez mais dependentes de modernos aparelhos interativos e mais afastados uns dos outros.


Feliz Aniversário, Regina Vilar !



Tenho boa memória para as datas de aniversário. Hoje completa 46 anos da morte do meu avô materno : vovô Chiquinho. E foi por esse motivo que eu deixei de comparecer à festa de aniversário de Regina, naquela data longínqua, que parece nova.
Esqueci a tristeza da perda, mas não esqueci de lembrar minha colega e amiga de tantos anos escolares , que amava a música AL DI LA !
Quem a conhece, sabe !

Cariri Cangaço avisa:


Caros amigos,

O Cariri cearense prepara-se para receber a solenidade de abertura do Cariri Cangaço 2010 – Coronéis, Beatos e Cangaceiros. Na noite em que comemoramos o aniversário da acolhedora Barbalha, o Teatro Nelory Figueira acolherá a Conferência de abertura da primeira noite do Cariri Cangaço, dia 17 de agosto de 2010.

Antônio Amaury Correia de Araújo, um dos mais respeitados pesquisadores e escritores do universo da temática cangaço, no Brasil; será o responsável pela Conferência de Abertura do Cariri Cangaço 2010. Antônio Amaury trará a Barbalha, a saga de um dos mais destacados personagens da historiografia do cangaço; José Osório de Farias, ou simplesmente: José Rufino. Teremos a fantástica história do vaqueiro que depois de ser convidado duas vezes pelo próprio Lampião para formar ao lado de seu bando, viria a se transformar no mais terrível matador de cangaceiros da história, sendo o responsável pela morte daquele que seria o último cangaceiro, Corisco, o Diabo Louro, em maio de 1940.

A Conferência de Abertura do Cariri Cangaço 2010, acontecerá na cidade de Barbalha, dia 17 de agosto ás 19:30 H, tendo como Moderador da Mesa de Debates; o professor doutor , Lemuel Rodrigues da cidade de Mossoró; como Debatedores; o documentarista Aderbal Nogueira de Fortaleza; o pesquisador, poeta e escritor de Paulo Afonso, João de Sousa Lima e o professor Honório de Medeiros, da cidade de Natal.

A partir de hoje teremos a satisfação de divulgar para todos os amigos a Programação Completa do Cariri Cangaço 2010 - Coronéis, Beatos e Cangaceiros; você vai conhecer todos os conferencistas, os temas, as mesas de debate e tudo mais que vamos encontrar no Cariri Cangaço, quando agosto chegar.

Tudo isso e muito mais no blog do Cariri Cangaço: cariricangaco.blogspot.com

Cariri Cangaço, a história contada como você nunca viu!

Produção Cariri Cangaço

Colaboração de Ismênia Maia

VERDADE SOBRE OS AMIGOS...

"Um jovem recém casado estava bebericando chá gelado durante uma visita ao seu pai. Ao conversarem sobre a vida, o casamento, as responsabilidades e as obrigações da pessoa adulta, o pai remexia pensativamente os cubos de gelo no seu copo e lançou um olhar claro e sóbrio para seu filho.
- Nunca se esqueça de seus amigos, aconselhou! Serão mais importantes na medida em que você envelhecer. Independentemente do quanto você ame sua família, os filhos que porventura venham a ter, você sempre precisará de amigos. Lembre-se de ocasionalmente ir a lugares com eles, faça coisas por eles, telefone para eles...
Que estranho conselho! Pensou o jovem. Acabo de ingressar no mundo dos casados.. Sou adulto. Com certeza minha esposa e a família que iniciaremos serão tudo que necessito para dar sentido à minha vida!
Contudo, ele obedeceu ao pai. Manteve contato com seus amigos e anualmente aumentava o número de amigos. Na medida em que os anos se passavam, ele foi compreendendo que seu pai sabia do que falava. Na medida em que o tempo e a natureza realizam suas mudanças e mistérios sobre um homem, amigos são baluartes de sua vida. Passados mais de 50 anos, eis o que ele aprendeu:
O tempo passa.

A vida acontece.

A distância separa.

As crianças crescem.

Os empregos vão e vêem.

O amor fica mais frouxo.

As pessoas não fazem o que deveriam fazer.

O coração se rompe.

Os pais morrem.

Os colegas esquecem os favores.

As carreiras terminam.

MAS.... Os verdadeiros amigos estão lá, não importa quanto tempo e quantos quilômetros estão entre vocês.

Um amigo nunca está mais distante do que o alcance de uma necessidade, torcendo por você, intervindo em seu favor e esperando você de braços abertos, abençoando sua vida!

Quando iniciamos esta aventura chamada VIDA, não sabíamos das incríveis alegrias ou tristezas que estavam adiante. Nem sabíamos o quanto precisaríamos uns dos outros."

Conjunção do amor: Lua e Vênus - por Heládio Teles Duarte


A foto é tão bela, que merece um desafio :
Vamos escrever um poema de amor?
Quem começa?

COMUNHÃO NO INTERIOR - Por Edilma Rocha

Margarida tinha os olhos puxados e de cor amarelada, cílios enormes, sobrancelhas finas, nariz arrebitado, a boca carnuda, sempre escondendo um sorriso desconfiado. Os cabelos negros que só caíam até os ombros, mas lisos e brilhantes .O corpo magrelo e sem curvas definidas num andar desajeitado.
Passou a noite inteira acordada numa agonia só a espera do dia amanhecer.
_ Reco... reco... O rangir da rede acompanhava seus pensamentos na lembrança da confissão ao Padre José no dia anterior. Caiu na besteira de pedir ao padre que contasse os pecados dele primeiro que só depois contaria os dela. Recebeu um carão daqueles pela ousadia e ignorância e certamente aumentaria a sua penitência. Era menina matuta do interior e na sua cabeça por mais que tentasse não compreendia direito os mistérios entre o céu, a terra e o inferno. Tudo que sabia aprendera com o mundo e as amigas mais velhas, pois não se conversava certas coisas entre mãe e filha. Na confissão teve que revelar seu maior pecado, de que todas as noites ouvia atrás da porta pai e mãe fazer coisa feia. E ainda as espiadas no primo Geraldo quando se banhava de cuia no quintal. Nunca esqueceria a vergonha que sentiu aos pés do seu vigário no confissionário. Ainda bem que entre eles tinha uma peneira de madeira , mas ao sair deu com a cara limpa e deslavada no meio de todos. A penitência foi grande mas rezou até o final sentindo-se aliviada.
Finalmente o sol clareou o quarto e num salto pulou da rede e foi correndo lavar o rosto e escovar os dentes. Teria que estar com a boca bem limpa e em jejum para receber Jesus. O vestido branco já estava dependurado no armador por trás da rede e o véu em cima da cómoda. O grande problema eram os sapatos herdados da irmã que os pés eram menores que os seus, teria que fazer um sacrifício na caminhada até o altar.
_ Avia menina já é tarde ! Falou a mãe apressada. Pois no interior todos iam e vinham a pé e a distancia até a Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores era longa. Orgulhosa e se arrastando com dificuldade, exibia o vestido novo com o véu caído nos ombros pelas ruas. Nas mãos levava a vela enfeitada, o terço da avó Carminha e o livrinho com a capa em madrepérola, presente da sua madrinha Sofia. Capengava pra lá e pra cá tentando caminhar direito, mas as dores nos pés eram insuportáveis.
_ Eita bicha feia do Diabo ! Disse a irmã.
_ Só não te respondo porque hoje é pecado. Espera pra ver amanhã !
Os pés estavam moídos dentro dos sapatos apertados. Mas pelo caminho recebia os elogios das comadres da sua mãe e os olhares invejosos das faladeiras do lugar. Finalmente subiu o último degrau da escadaria da Igreja e passou a fazer parte da fila das meninas. Os meninos ficavam ao lado direito. O sol quente e a fome do jejum fazia escurecer a vista de alguns num corre corre danado.
_ Chega ! Já caiu outro aqui, acode! E as filhas de Maria carregavam mais um para a sacristia. Os zombeteiros caíam na risada e a vaia comia de esmola, mas as catequistas repreendiam a todos e tentavam controlar a anarquia.
Lá dentro, todo o altar coberto de flores que era uma beleza só. O padre e os coroinhas na melhor vestimenta para a ocasião especial. A igreja cheia com os familiares e curiosos aguardando a entrada dos meninos e meninas da Primeira Comunhão. Era um grande momento na Padroeira da pequena cidade do interior. Margarida ao se encaminhar para o altar, tremia as mãos e suava frio. Chegada a sua hora, de joelhos com a boca seca de sede e bem aberta, recebe a hóstia santa. Mas Jesus pregou no céu da sua boca. Pensou em passar a língua na tentativa de solta-lo, mais devia ser um pecado grande demais fazer isso. Depressa espumou a saliva e finalmente engoliu. Jesus desceu goela à baixo.
_ Ai meu Deus ! Suspirou aliviada. Tinha se livrado do grande pecado do engasgo.
Rezou a oração final e era hora de voltar para casa. Na porta da Igreja, sentou no batente, retirou cuidadosamente os sapatos da irmã e suspirou outra vez. Tinha dois grandes motivos para isso, se livrou da dor nos pés e de arder no fogo do inferno.

Edilma Rocha

Pérola nos bastidores- por Edilma Rocha

Vejo o ciclo da vida
se fechar
com sensação
de missão cumprida.
O semblante é de dor
O sorriso é sem vida,
os olhos sem cor
da vida sofrida.
Quando tudo cala
a morte chega devagar
Sem barulho
Sem vulto
Deita e fica
a espreitar...
Toma num momento
os corpos adormecidos
e espera sem pressa
suas vidas levar
Mas,
despertam mais uma vez
e a morte foge depressa.
Arrasta seus corpos
pelo caminho da sala,
sem pressa de completar
o ciclo da vida.
E assim seguem sem forças
a espera de um amanhã
que será curto ou longo,
no cochilar do divã.

Edilma

Pequenos adeuses - Por Socorro Moreira

Todos os dias eu digo adeus às pequenas coisas.: temperos vencidos, vestido perdido, meias furadas, recibos de contas antigas, bilhetes de amor, poemas inacabados, brincos e colares quebrados , camisola manchada de tinta... Um dia , tudo foi novo . Foi escolhido na prateleira da loja, foi pago, foi tirado da caixa. Acompanhou um tempo da minha vida , até que, cumprido o seu destino , foi expurgado dos meus guardados. É assim , tudo enfim !
Só não passa, nem estraga o amor que não foi consumido. E o que não passa nunca traz felicidade. Apenas umas alegrias vividas pela metade. É tão fugaz o instante que decide não ser real. Ele morre antes de viver... Ele morre por não viver.
Coloquei ordem nos meus CDs...Quase obsoletos. Impossível escutá-los mais uma vez...São tantos ! E o tempo não deixa. O tempo impõe TV, novela da Globo, telefonema dos amigos, dormir, sonhar....A música está quase perdendo o seu lugar. Já não consegue inspirar uma saudade. Estou evitando trazer de volta, lembranças que já se despediram. O novo é imperfeito. Falta o entusiasmo de concretizá-lo. E ele fica assim , na minha cara ...Ironicamente, mostrando rugas, e o olhar sem sonhar.
Hoje espanei o pó dos livros relidos, dos versos escritos, das roupas de festa com cheiro de perfume (que ainda restam nos frascos guardados). Faço doações de peças que já não se encaixam em mim... Solto-as no chão
O tempo, literalmente, levou o que eu tinha e o que eu não tinha.
Nada é nosso. A vida é dona de todos os nossos bens . Quisera que a alma fosse imortal...
- Pelo menos ela seria minha !

mandala - por Socorro Moreira




Existem mortes que não se preparam. Existem mortes que são dissolvidas, bebidas , esperadas.Nos ultimatos , uma porção de recados , que nem sempre chegam ao seu destino.
Hoje nos despedimos. O perfume já estava fora do ar. Tinhas uma energia nova , que eu não captara... Perdi o fio da meada de um sentimento , que não criou limbo. Eu te vi longe de todos os meus contextos.Eu ti vi longe e fora de mim. Mas abri os meus braços, e nos acolhemos para um último abraço.
Teus cabelos saíram contigo, embranquecidos de lua, ensolarado de vida. Nos demos conta das árvores que foram cortadas , e do último pôr-do-sol que assistimos.
O dia a dia renova o céu ... Estamos renovados , nos becos com saídas. Eu continuo no mesmo lugar. Tu continuas partindo. Não nos prometemos madrugadas , nem sorrisos cruzados .
Estamos soltos no tempo... As cartas dizem , que nos esquecemos.

Por Socorro Moreira

Quando eu resolvo caminhar

Viajo fora de mim

Passeio dentro de ti

Vejo miragens e

vivo realidades

Encontro-me nas esquinas,

nos bares , nos templos,

e em todos os lugares.

Chego onde não sonhei

Vejo o que não pensei

Sinto-me invisível, abstrata ...

Ou com uma lata d'água na cabeça

Quando eu resolvo caminhar

Eu fico a esmo ...

E deixo a estrada do fim,

no recomeço.

Todo mundo acha a poesia no escuro.

Porque a verve poética é uma lâmpada de cem velas.

Mulher ao espelho - por Cecília Meireles

Hoje, que seja esta ou aquela,
pouco me importa.
Quero apenas parecer bela,
pois, seja qual for, estou morta.
Já fui loura, já fui morena,
já fui Margarida e Beatriz,
Já fui Maria e Madalena.
Só não pude ser como quis.
Que mal fez, essa cor fingida
do meu cabelo, e do meu rosto,
se é tudo tinta: o mundo, a vida,
o contentamento, o desgosto?
Por fora, serei como queira,
a moda, que vai me matando.
Que me levem pele e caveira
ao nada, não me importa quando.
Mas quem viu, tão dilacerados,
olhos, braços e sonhos seus,
e morreu pelos seus pecados,
falará com Deus.
Falará, coberta de luzes,
do alto penteado ao rubro artelho.
Porque uns expiram sobre cruzes,
outros, buscando-se no espelho.

Cecília Meireles

Para que serve o amor? Tradução por Gabriella Federico







Pra que serve o amor?

A gente conta todos os dias

Incessantemente histórias

Sobre a que serve amar?


O amor não se explica

É uma coisa assim

Que vem não se sabe de onde

E te pega de uma vez


Eu, eu escutei dizer

Que o amor faz sofrer
. Que o amor faz chorar

Pra que se serve amar?


O amor, serve pra que?

Para nos dar alegria

com lágrimas nos olhos

É uma triste maravilha


No entanto, dizem sempre

Que o amor decepciona

Que há um dos dois

Que nunca está contente


Mesmo quando o perdemos

O amor que conhecemos

Nos deixa um gosto de mel

O amor é eterno


Tudo isso é muito lindo

Mas quando acaba

Não lhe resta nada

Além de uma enorme dor


Tudo agora

Que lhe parece “rasgável”

Amanhã, será para você

Uma lembrança de alegria


Em resumo, eu entendi

Que sem amor na vida

Sem essas alegrias, essas dores

Nós vivemos para nada


Mas sim, me escute

Cada vez mais eu acredito

E eu acreditarei pra sempre

Que é pra isso que serve o amor

Super - ação - por Gabriella Federico




Preciso cumprir meus compromissos de trabalho,
mas não preciso trabalhar incessantemente .
Quem trabalha muito não quer nada, só se distrair
de si mesmo, do medo que nos alcança, cada vez que
tomamos uma atitude. Será este o caminho ?
E se não for? Melhor ficar aonde estou?
Ou ir ate a esquina e enxergar outro horizonte?
Os ângulos de onde estamos vendo
mudam totalmente a visão das coisas
A luz , a sombra , os espaços verticais e horizontais...
Um bom fotógrafo sabe disso .
Ele aprende que as coisas não sou sempre as mesmas
e o jeito de vê-las muda também.
Então porque não deixar fluir os nossos sentimentos
quando não se quer o mal de ninguém?
O que se pode encontrar só pode ser uma surpresa
esclarecedora, sem egoísmos , nem falsos interesses .
Como enfrentar as mudanças e os novos sentimentos ?
O entusiasmo e a felicidade tem a ver com a dor
A dor com o fim
O fim com a morte
A morte com o recomeço
e o circulo vira , e entrelaça circulo no infinito
com as estrelas e os planetas que nos influenciam e guiam,
tudo em volta nos ajuda a entender.
Como é possível que tenha alguém com medo de viver
com tamanha grandeza em volta?
Homem de pouca fé ,
o que queria que fosse entregue nas suas mãos?
Umas tábuas de pedra com escrito, o
que fosse certo acreditar?
Preciso viver o que tem de melhor
e é a natureza que, nos detalhes , não se repete
E o silencio ?
Prefiro o canto do vento e a batucada da chuva
os mantras da cidade , a musica das folhas da bananeira
incentivando a dança das palmeira
O meu ângulo escondido e dentro de mim, levo aonde quero.
Convido poucos .
Me delicio olhando o rosto do avesso da moeda.
A surpresa me dá alegria
mesmo que o presente não seja o que espero .
Ninguém decide as minhas penas e as minhas felicidades,
as minhas paixões e os meus amores .
Prefiro os segundos sem exageros, duradouros e livres .
Tudo que se acha que não se pode ter
Sei que tem um jeito e um tempo certo de acontecer.
Quem não se deu conta disso, dormiu até agora.
Escrevo pra esquecer , escrevo pra lembrar.
Estou esperando alguém , que tem um compromisso.
Compromissos se desmarcam , e tudo fica como prima
Pior é perder tempo ...!
"Carpe Diem "
Um dia após o outro e a gente verá.
Cada dia é como se fosse o último !

Gabriella Fedrico


Hoje nas manchetes - por José do Vale Pinheiro Feitosa

O acordo Irã, Turquia e Brasil

O Presidente Lula foi, sozinho, ao Irã. Trabalhou o dia todo com os chefes políticos e do governo iraniano e, no anoitecer, saiu o acordo. O Premier da Turquia, que não tinha acompanhado o Presidente Brasileiro, embarcou para o Irã e no amanhecer desta segunda feira o acordo estava terminado.

Teve de tudo. A tradicional grosseria americana através dos seus grandes jornais como o Washington Post: "A insistência dos líderes brasileiro e turco em negociar com esses bandidos é parcialmente devido a suas ambições de demonstrar que são líderes de potências globais emergentes capazes de desafiar os Estados Unidos".

A grande imprensa brasileira vacilou muito, especialmente em dois sentidos: não valorizar as ações do governo Lula ou medo, pura e simples, de ser grande e se ombrear aos humores do império. Apenas têm o sentimento medular do que ameaça o jornal americano em seu editorial.

Não tem novidade alguma em Israel mostrar ceticismo, isso é o natural, especialmente para seus governos nacionalistas de direita, que precisam do conflito com as nações do Oriente Médio para sustentar um dos governos mais odientos da modernidade. O comportamento do Acordo no futuro não há de ser diferente de qualquer acordo em que exista uma tensão adrede construída: o controle da energia nuclear apenas por algumas nações.

A novidade mesmo é que o Governo Brasileiro percebeu a dimensão do seu próprio país. E custa para muita gente, com graduações e pós-graduações, compreender que a história é mudança e que a cautela além de uma boa prática pode ser, também, o escudo dos covardes e daqueles com a síndrome da subordinação.
Anáguas ao mar

Um filme de 1959 sobre a guerra no pacífico chamava-se, em Português: Anáguas a Bordo. Título que, por semelhança, lembra aquelas manchas de petróleo sobre a superfície de um dos mares mais queridos do mundo. O azul do mar das Caraíbas, ou do Golfo do México.

O argumento: as grandes multinacionais estão “c e andando” para a humanidade e a natureza. Como se pode ter uma abordagem do problema e não se ter solução para o erro desta abordagem. Olhe que estamos falando da “British Petroleum” uma das empresas com maior “experiência” em exploração de petróleo em águas profundas.

Procura-se o Titanic do James Cameron e o riso pálida de Sigourney Weaver dando lições de moral ao terceiro mundo. Sabe o que a BP disse quando o líder maior dos americanos explicitou que pagariam o prejuízo provocado ao meio ambiente e à sociedade americana: pagaremos o que acharmos justo.

Engano - Por Ana Cecília S.Bastos

Talvez nem sejam precisas palavras.
Jamais serão exatas palavras.
Disseram...
- Claude Bloc -

Disseram-me que era silêncio
essa saudade que eu tinha
Disseram que já não vinhas
Ver-me aqui nesta janela
Disseram que já não passas
na rua onde caminho
disseram-me...

Falaram que quando vinhas
E me olhavas na janela
Perseguias os meus passos
na rua onde caminho,
na rua em que tu passas
pelo fuso do destino
sob a janela em que espero,
na paisagem vazia...

Hoje me pego pensando
em tudo o que me disseram
Disseram... mas sempre estou
com saudade dos teus olhos
esse olhar brando e macio
que me trazes cada dia
Claude Bloc

Correio Musical - Esta é pra você !


"Política é a natureza de dialogar e lutar por uma unidade de ação no campo da divergência."

( José do Vale Feitosa)