Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Curtas - VIII - por Aloísio


Reggae:
Não molhe a flor.
Irrigue a mente

Caras e Caros,
sigam a  programação da 12ª Mostra SESC Cariri de Cultura.
Divulguem e participem !!!
REISADO DOS IRMAOS.

--
Mano Grangeiro
Gestão de Cultura
SESC Juazeiro do Norte
manograngeiro@sesc-ce.com.br
Tel.: (88) 3587.1065

Notícias de Geraldo Urano

Hoje visitei Geraldo Urano. Estava parecido com Moisés , atravessando o deserto., com aquela barba de profeta. Em posição búdica, transparecia  paz, no terço entre os dedos. Rezamos uma Ave Maria juntos, o que me fez muito bem. Depois até entendi... Recebi sua luz !
Levei um livro do Cariricaturas e um livro de poemas de Everado Norões. Ele leu um poema de Everardo em voz alta,  gostando de interpretá-lo. Ficou feliz e agradecido. Comuniquei-lhe que ele participará do nosso próximo trabalho coletivo. Escutou, e passou o entendimento com um sorriso.
Pediu-me que não o visitasse com assiduidade. Parecia dizer-me : não quero sentir  tua falta !

Grande Geraldo ! Grande Poeta !.

Minhas Tias High-Tech e o Câncer da Capadócia - José do Vale Pinheiro Feitosa

- Ô, Bichinha! Meninas! Venham aqui! Vejam só!

Tia Rosinha chama as outras duas tias, Maria e Mundinha, para mostrar-lhes o que está lendo na internet. Elas deixam os afazeres da manhã e acorrem ao chamado. Assim que olham para a tela do computador, logo percebem que é um site novo para elas. Mundinha aproxima o rosto e comenta:

- Olhe só que chique! É da BBC!

- Mas é a BBC Brasil. Não vai dar certo. Vai atrasar a notícia! – Maria brincando, mas gostando do que está vendo.

- Olhem só que coisa mais danada: é a tal da trico...co..co..tilo...mania. – Arranha a garganta para tirar o pigarro e pronuncia a palavra de um modo melhor: tricotilomania.

As irmãs se admiraram do nome, não sabem o que é o assunto e obedientes esperam maiores explicações de Tia Rosinha.

- Os tricologistas aconselham terapia cognitiva e comportamental.

As irmãs fazem cara compreensiva, mas aguardam mais peças para arrematar a prenda que parece leiloada aos poucos pela irmã e esta continua:

- Um impulso que afeta 1% da população britânica e acontece enquanto assistem televisão ou quando estão lendo um livro. – Tia Rosinha lê a matéria quase toda, as irmãos no suspense e afinal Mundinha salva a situação:

- E que mania é esta? De fazer tricô? Que mal tem? É bom! Faz toalha, roupa de bebê.... – iria continuar quando ouviu a gargalhada de tia Rosinha:

- Deixe de ser abestada muié. Não tem nada com nó na linha e nem com agulha. Isso é mania que as pessoas têm de arrancar o próprio cabelo. Arrancam tanto que fica um pelado no meio do quengo.

Tia Mundinha pode não saber o nome da mania, mas é rápida no gatilho e já foca (não é de agora a mania do foco, aquela mocinha lá de S. Paulo não disse que o foco era outro quando mandou afogar nordestino?) noutro assunto.

- Olhem aí. O macaco que fumava para divertir o público lá no Líbano está vindo para São Paulo. Aqui tem lei de proteção que não há no Líbano. O danado é se tiver algum viciado que ensine o coitado a fumar maconha ou até mesmo esta desgraça do crack.

Igualmente é rápida a nossa tia Maria e saca da cartola outro assunto pujante:

- A cidade do câncer lá na Capadócia. Nas cidades que existem escavadas na rocha porosa que foram formadas pelas larvas de vulcões que existiam na região. A bicha tem um pó que provoca o tal do mesotelioma que é mesmo causado pelo amianto.

- Meu Deus do Céu. Tu já mandou retirar aquela telha de amianto do galinheiro? Mande logo.

- Eu disse. Vocês todas enxerida querendo acabar com o dinheiro que pai nos deixou de herança por que queria fazer peregrinação nesta tal de Capadócia. Tão vendo o desastre? E com o dinheiro de pai. É bom, nós aqui e ela lá.

- Vixe Maria, tu tá muito afobada menina, olhe aí! O mineiro do Chile que ficou preso no buraco mais de setenta dias terminou a Maratona de Nova York.

- O porquê tu tá admirada? Depois do parador do buraco o melhor mesmo é correr.

Olharam uma para outra, apagaram o computador e foram almoçar. Chega de tanta notícia de doença.

A poesia de Lupeu Lacerda



Mordo o calendário maia
Começando com as segundas feiras
Tempo de ampulheta bêbada
Caindo pelas tabelas
O tempo se esconde
Na sombra do edifício
Hospício
Solstício bruxo as onze da manhã
Nos olhos de nero
Tocando fogo em amsterdã
Nada claro no discurso:
Ozônio nas alturas
Ozana no puteiro
Incendiando com seu clitóris
Minha coleção de extintores

por lupeu lacerda

"As cartas não mentem jamais" - por Socorro Moreira



Hoje estive com Maria Rita. A cada vez que a encontro , desabrochou nela uma nova e violenta paixão. Foi logo pedindo um tarot... Ao que eu respondi: meu tarot  já não fala comigo, já não entende de paixões  que abalam as nossas estruturas. Ele traduz o caos, como um elemento reorganizador. 
De repente esqueci-me que, muitas vezes senti-me igual àquela menina, achando que estava amando pela primeira e última vez, sucessivamente. O amor parece que é fator genético : uma célula, que se multiplica  ou vai regredindo,  até  ficar na faixa da indiferença.
O amor crístico, ágape, ou chamo do que chamar é que tem uma curva ascendente muito linda. Cresce na horizontal. Não fecha círculos , embora às vezes se expanda de tal forma  que nos distraí, e dele perdemos a medida.Detalhe: tem as cores do arco-íris !

Mas eu fiquei sorrindo para aqueles olhinhos brilhantes, fantasiando um encontro  mágico, ardente, perfeito. Não posso tirar-lhe o desencanto... Afinal ela será feliz ainda, muitas vezes !

Depois continuará feliz... Com a sensação do amor  completo, dentro do peito !

Tem dias que a gente se sente ...- Por Rosa Guerrera


Tem dias em que a gente acorda com uma vontade enorme de ser qualquer coisa que não seja nós mesmos.
Ser árvore, mar, vento , firmamento,folha caída, chuva fininha, pedra, lago manso , poça d’ água , raio de sol , um contexto até pueril de pensamentos dispersos sem forma e sem direção.
É como se todas as paisagens fossem iguais , todos os gestos repetidos ,todos os livros lidos e todas as estradas já percorridas.
E nesse desfile imaginário , sentamos lado a lado com a saudade , única participante muda de um quadro empoeirado pendurado numa das paredes do nosso coração.

E a infância hoje tão distante parece nos convidar a brincar de ciranda cirandinha ,construir e arrumar casinhas de bonecas, assistir filmes do gordo e o magro , tanta coisa linda que o tempo não conseguiu destruir .
E assim , colhendo a poeira dos anos ,nos deliciamos depois sentindo o sabor das primeiras carícias , do primeiro beijo, e das ingênuas promessas de amor .
Tantos fatos marcantes , tantos encontros inesquecíveis tivemos nas nossas vidas , que as vezes sentimos mesmo necessidade de fugirmos dos dias atuais , e deitar nas asas coloridas das lembranças .
É dessa maneira que me sinto hoje !
Vontade de ser resistente como as árvores , profunda e misteriosa como o mar , não palpável como o vento , ter no coração o azul do firmamento, percorrer praças, ruas , vales ou montes como uma folha caída, acariciar como uma chuva fininha os cabelos de quem amo, e observando o meu rosto numa poça d’água, compreender que ainda existe no mundo em algum recanto , em algum gesto , e em cada pessoa raios de sol repletos de esperanças . .
Enfim ,essa é exatamente a foto que o espelho da alma retratou dos meus sentimentos tão logo o dia amanheceu , e uma nova jornada se abriu para mim.

rosa guerrera

Livros são espelhos - Emerson Monteiro

Ao ler lemos a nós mesmos através da projeção da visão e identificação, nas páginas escritas, projeção dos nossos conteúdos pessoais, pensamentos, cultura, conhecimento recolhido no decorrer do tempo. Vem daí a importância inigualável da leitura como fonte reveladora do Ser, quando revemos o que dispomos acumulado em nosso interior, recordando coisas aprendidas, movimentando reservas em nós depositadas nas sombras do passado que existirá sempre na mágica indestrutível da consciência individual. Dessa consciência que, ela que junta de si nos outros, forma bloco único e eterno das coisas resultantes o que se revolvem no ato de ler as quais, juntas são denominadas inconsciente coletivo, nada mais sendo do que a formulação universal da Luz original imensa da natureza maior.
É uma moeda que revela seus dois lados em apenas um só lado único, pois. Inexistirá divisão nesse padrão de todas as manifestações em consonância, representadas em face única e particular, o singular do que antes se supunha uma pluralidade infinita e múltipla. Milhares de faces de todo único individual, indivisível. Tudo e todos em um só e único, mesma face da moeda solitária a percorrer o cosmos em viagem sideral através das inúmeras consciências do único formato, entre si interligado por fibras internas da primeira essência.
Ler, portanto, percorrer a face de dentro do conhecimento em elaboração no lado íntimo das individualidades, atualiza essências anteriores da mesma face em novas revelações, constatação original da vez primeira em retorno às vezes outras que se repetem no ser individual-plural, no bloco indivisível de cada ser. Ato de procurar e encontrar a um só tempo, qual ente que desloca seu foco de consciência através da mesma rede imperecível que nasce da fonte perene do ser-conhecer em ação permanente.
Quando lemos, por isso lemos a nós próprios. Atualizamos causas primeiras e consequências posteriores da elaboração de pensamentos e discernimentos, configurando, outra vez primeira, as reações secundárias do que já foram ações primárias, nas letras, palavras e sentidos das novas edições do ato único de compreender que confronta a nós próprios.
Nesse processo da comunicação, as consciências se refazem muitas infinitas vezes, pelos seus próprios atos, no mistério persistente do ser em constante vir-a-ser, resistência, continuidade suspeitada de sobrevivência dos valores da unicidade nas coisas que se sucedem pela essência primeira, na continuidade de tudo em um foco perene, manifestado nas horas diversas e em imagens fragmentadas de futuro aparente, ilusões de particularidades que resultam das imagens únicas em movimento, porém indivisíveis, da mesma e só uma consciência do momento presente em cada lugar do imenso si mesmo todo tempo, e em cada um dos indivíduos atores, através dos quais se manifesta, portanto.
Nisto desvanece o princípio arcaico da multidão de subjetividades e se desvela o conceito pleno da indivisibilidade primeira e eterna do Uno, ser causa cáusica de tudo, Ser essencial, motor dos primeiros postulados, de quem derivaram todas as pretensões anteriores do dois manifestado e também existente, face dupla do Ser criador vivendo em nós, no entanto sem divisão.

UM SONHO INUSITADO – por Pedro Esmeraldo

Só desejo falar a verdade e mostrar para o homem cratense que todos devem progredir, mas com trabalho, união e força de vontade.

Ultimamente, vê-se um bando de homens que se dizem guerrilheiros, mas fracos, sem esboçar movimento de força de união em benefício da cidade. A maioria deles só sabe falar à toa, dizer asneiras na praça Siqueira Campos. O que ocorre é o esvaziamento do Crato porque esses guerrilheiros fracalhões, “aumentativo de fraco”, entregam-se facilmente aos inimigos sem lutar e sem dialogar que prejudicam o bom desenvolvimento dessa cidade.

Por essa razão, preocupado com a falta do bom desenvolvimento político, narrar nessa página um sonho inusitado.

Sonhei que surgiram três novos bairros, ou seja: Ponta da Serra, Palmeirinha e São Francisco, este último localizado no sítio Quebra.

Se por acaso conseguir esse intento, não haverá coisa melhor e o Crato se aproximaria junto dos habitantes na maior cidade da região, com foro de cidade civilizada, seu desenvolvimento seria acima da média, afastando-se da idéia de emancipação do próprio distrito da Ponta da Serra, que por sua vez pode-se chamar de um município bizonho se conseguir esse intento.

Será melhor assim, já que evitaria proliferação de criar municípios monstrengos, semelhantes a outros existentes no Ceará. De acordo com o censo demográfico, houve retrocesso em alguns municípios pequenos no Ceará, visto que regrediram no decorrer da última década e poderão se tornar municípios desconhecidos no mapa geográfico. Esses municípios paupérrimos ficaram mortos e permanecem sempre no rol de pequenos vilarejos sem eira e nem beira, longe do progresso. Por isso, afirmo que certos vilarejos devem permanecer onde estão, isto é, atrelados à cidade mãe. Nunca se deve cair no desengano. Olhem que por trás desse rótulo estão os políticos aventureiros que não têm chance de se eleger a qualquer cargo eletivo e desejam se sobresair as custas de chapéu alheio.

Evitem criar cidades fantasmas, fujam da raia e não queiram aparecer sem merecer. Quero temer essa acomodação dos cratenses que não reagem tornando-se perdidos na poeira do tempo.

Não se deve marchar para o lado do desengano, mas permanecer coeso, unido, procurando o máximo desempenho com trabalho e com tecnologia a fim de conseguir melhoria de produtividade.
Lutem sozinhos, evitem contato com pessoas indigestas, trilhando o caminho da ambição progressista com o fito de alcançar com uma política sadia um corpo são e uma mente sã.

Assim desejo continuar com a história do meu sonho, desejo possuir melhoria de aspecto urbanista. Por isso é necessário que o prefeito faça adaptação em boa parte da cidade. Crê-se que precisa de dinheiro já que as autoridades da capital são inimigas e desinteressadas pelo Crato.

Continuo narrando meu sonho: dizia que o senhor prefeito adquirisse uma terra entre Crato e Ponta da Serra e vendesse a preço módico aos velhos aposentados, só assim abafaria o querer ser grande sem ter condições.

Tive conhecimento que um advogado daquela banda anda debochando de mim, dizendo que eu me calei e que estou aqui quieto e manso.

Respondo a esse senhor: não estou quieto e nem manso, continuo na luta, porém o que ocorre é que sempre tenho o hábito de respeitar os mortos e jamais pensem que esmorecerei na minha luta.

Creio que o cidadão cratense não vai imiscuir-me pelas palavras macarrônicas desses algozes da Ponta da Serra, que pensam que são grandes e viçosos.

Por isso, digo, não atinja sem poder o cimo da montanha, por que o vento não estará favorável.

Crato, 08/10/2010
Toda Vez Que Eu Digo Adeus

Composição: Cole Porter (versão: Carlos Renó)

Toda vez
Que eu digo adeus
Eu quase morro
Toda vez
Que eu digo adeus
Aos deuses eu recorro
Nenhum deus contudo
Parece me ouvir
Eles vêem tudo
E te deixam partir
Quando estas
A só um mar de flor em volta
Sabiás de algum lugar
Cantam o amor em volta
Não há som melhor
Mas seu tom maior se torna menor
Toda vez que eu digo adeus

Nenhum deus contudo
Parece me ouvir
Eles vêem tudo
E te deixam partir
Sabiás de algum lugar
Cantam o amor em volta
Não há som melhor
Mas seu tom maior se torna menor
Toda vez que eu digo adeus
Toda vez que eu te digo adeus



E a gente não ficou sabendo ....



13.08.2009
“A face humana da TB”, sobre a fundadora do Gaexpa, é lançado na Alerj
Fundo Global Tuberculose Brasil

Foi lançado durante audiência pública na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), no dia 6 agosto, o livro “Rita, a face humana da tuberculose”. Editado pela Sociedade de Pneumologia e Tisiologia do Estado (SOPTERJ), a publicação é baseada na história de Rita Smith, uma das fundadoras do Grupo de Apoio aos Pacientes e Ex-pacientes de Tuberculose da Rocinha (Gaexpa). O lançamento fez parte da audiência promovida pela Frente Parlamentar de Luta contra Aids e Tuberculose, por ocasião do Dia de Conscientização e Mobilização contra a Tuberculose no Estado do Rio de Janeiro.


A comunidade da Rocinha registra cerca de 500 casos para 100 mil habitantes, enquanto a relação nacional é de 38 para 100 mil. Morrem por ano, no Estado, 700 pessoas vítimas da doença.


A face da tuberculose
Rita descobriu que tinha tuberculose, pela primeira vez, aos 27 anos. Onze anos depois a doença voltou com força. Como ex-paciente, hoje ela ressalta a importância do apoio e carinho recebidos pela comunidade e pela família para a superação de dificuldades no tratamento, como a falta de dinheiro para transporte e alimentação, além do descaso de alguns profissionais no atendimento.

“Este livro não é só da Rita, mas de milhões de brasileiros. Uma vez me falaram que eu não tinha mais jeito, e eu acreditei. Hoje, através dessa obra, tenho certeza que meus filhos verão que eu consegui recontar minha história. Nada disso seria possível sem vocês. Peço apenas que muitos outros tenham essa chance”, declarou ela, emocionada, ao lado dos representantes da Sociedade de Pneumologia e Tisiologia do Estado do Rio de Janeiro.

Para Arnaldo Noronha, secretário da SOPTERJ, a proposta do livro é abordar o contexto humano da enfermidade. Ele afirma, na introdução do livro, que “não haverá solução para o drama da tuberculose enquanto houver injustiças, social e econômica, preconceito e desatenção por parte dos agentes de transformação” .

Estigmatização da doença
Um dos principais temas abordados na obra é a questão do estigma da tuberculose. A falta de informação auxilia a reprodução e manutenção de preconceito em torno da patologia, mesmo entre os pacientes. Esse pensamento dificulta a busca pelo tratamento.
O desconhecimento, associado à precariedade de moradia, pobreza e problemas com drogas e álcool alavanca a disseminação da doença e fortalece a sequência de diagnóstico, tratamento e abandono.

Neste contexto, fundamentado na história de Rita e no seu valor para a mobilização social de controle da TB, o livro destaca a atuação dos agentes comunitários. “O agente é um mediador, um facilitador entre o individual e a comunidade e entre esta e os recursos públicos”, descreve o autor do livro, José do Vale Pinheiro Feitosa. A obra, que tem o apoio do Fórum ONG TB-RJ e do Gaexpa, tem fotos de Miguel Hijjar.

Para o presidente da Frente Parlamentar de Luta contra a Aids e a Tuberculose, Gilberto Palmares (PT-RJ), “o livro ressalta o exemplo de vários profissionais de saúde que foram solidários com a Rita”.

Surpresa com o assédio do público que lotava o auditório do Palácio Tiradentes, Rita Smith fez questão de atender a todos os pedidos de foto e assinar a todos os exemplares do livro, em cujas páginas seu exemplo de vida está agora impresso em papel e tinta."

Curtinhas - por José do Vale Pinheiro Feitosa




José do Vale Pinheiro Feitosa


Curtinhas
Rio de Janeiro, 1988

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De quem é a culpa?
Do chão escorregadio?
Ou do piso liso do sapato?
Da natureza quebradiça dos ossos?
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Mal chegastes!
E estais saindo....
Afinal, o que é isto?
Uma cheguida.
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Um burguês, inchando de ter,
Teve tudo e tudo lhe teve.
Esqueceu que a morte é apenas ZZZZIIIIPPPT.
E é certa que vem.
──────────────────────────────
Januária e Joana juntas na janela, jamais.
Brigaram, brigona, brava.
Assuntos assim, sempre serão sucesso,
Pois choram a ubiqüidade ultrapassada.
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Só existe uma alternativa
Para o vazio estabelecido,
Pela inexorável despedida.
Preencher o vazio.
──────────────────────────────
Não sei se:
O rabo está na cabeça,
Ou vice-versa.
O chão no céu,
Ou o céu no chão.
A água é fogo,
Ou o fogo é água.
O gás é líquido,
Ou o sólido é pensamento
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Ademar Casé

Adhemar Casé - por Norma Hauer


ADHEMAR CASÉ
Foi em Pernambuco que ele nasceu no dia 9 de novembro de 1902.
Já com 17 anos alistou-se no Exército e veio para o Rio de Janeiro, ficando lotado na Vila Militar. Deu azar. Embora não nascesse para ser soldado e muito menos revolucionário, foi preso em 1922, porque seu batalhão lutou contra a posse de Arthur Bernardes na Presidência da República.
Foi mandado,preso, para São Paulo e não viu "nascer" aquilo que seria sua vida :o rádio, cuja primeira experiência deu-se em 7 de setembro de 1922.

Vários empregos ele tentou depois que deixou a caserna, mas nada dava certo. Regressou a Pernambuco, mas também ali não conseguiu se manter, pois não encontrara, ainda, seu destino.

Seu destino era o Rio de Janeiro, onde, involuntariamente, até 171 ele foi, por trabalhar em uma firma farjuta, que vendia lotes de terrenos inexistentes.

O emprego que lhe abriu as portas foi o de agenciador de anúncios das revistas então na moda:"Careta";" Revista da Semana";"O Malho";"A Cena Muda"...

O rádio, apesar de "nascido" oficialmente em 23 de abril de 1923, durante os anos 20 pouco se desenvolveu. No início dos 30 a fábrica holandesa Philips, acreditando na possível força do veículo, passou a vender rádios importados, de sua marca.

E foi aí que Casé se deu bem.
Com sua experiência como agenciador de anúncios, passou a vender rádios, "bolando" uma idéia genial. Era um tempo em que só os mais abastados possuíam telefone.

Que fez Ademar Casé?

Selecionava possíveis clientes nas listas telefônicas e, com seus endereços, esperava o dono da casa sair. Certo que seria recebido com sua novidade, mostrava um
aparelho para a dona da casa dizendo que seu marido estava interessado nesse
aparelho. Deixava-o com a "madame", como experiência; sintonizava-o na Rádio
Sociedade, que tinha os programas mais variados, e dizia que voltaria depois de uma semana para reaver o aparelho.

Logicamente, a "madame", adorando a novidade, insistia com o marido para que
adquirisse aquele aparelho "misterioso".

Eram outros tempos. Hoje ninguém abriria as portas de suas casas para um desconhecido.

Mas foi dessa forma que Ademar Casé vendeu tantos aparelhos que o representante da Philips no Brasil quis conhecê-lo.

Já nessa época, a empresa holandesa criou a Rádio Philips, para divulgar seus produtos. Mas uma vez Ademar Casé "bolou" algo espetacular. Alugaria um horário na emissora para apresentar um programa variado.

Foi aceito e, no dia 14 de fevereiro de 1932, por sinal domingo de carnaval, entrou no ar o PROGRAMA CASÉ.
Foi um sucesso! Algo diferente fora lançado naquele tempo em que tudo era monótono porque o rádio seguia o "mote" de Roquette Pinto:"para a cultura dos que vivem em nossa pátria, pelo progresso do Brasil".

Nessa época já existia na Rádio Mayrink Veiga o "Esplêndido Programa", bastante movimentado , mas Casé fez algo diferente, apesar de não entender de rádio. Como colaboradores teve um cantor de nome Sílvio Salema, que conhecia Almirante (Henrique Foreis) que se tornaria "a maior patente do rádio".
Ambos levaram para o PROGRAMA CASÉ idéias novas e pessoas que já labutavam no "metiê".

O PROGRAMA CASÉ foi a porta aberta para o rádio moderno.

Na época não eram permitidos anúncios no rádio e este tinha de ser "educativo". Casé então dividiu seu primeiro programa em duas partes: a primeira popular e a segunda clássica. Durante a primeira, o telefone da emissora não parou de tocar: era o público pequeno, mas desejoso de novidades que dava sua opinião a respeito do novo programa. Na segunda parte (a clássica) os telefones emudeceram.

No segundo programa, no domingo seguinte, fortuitamente, ele eliminou a parte clássica com novos "quadrinhos", o que deixou os ouvintes entusiasmados e assim prosseguiu, mas precisava de dinheiro para manter no ar, todos os domingos, um
programa desse teor .

Que fez Casé? Um vencedor não poderia "deixar a peteca cair".

E não deixou! Mais uma idéia veio à cabeça de Casé.

Casé, já então casado, entrou com sua esposa em uma padaria na Rua Voluntários da Pátria e ela adorou o pãozinho vendido ali. Casé, "com a cara e a coragem" imaginou fazer propaganda daquele pão e propôs ao dono da padaria um acordo: faria um anúncio da padaria; se ele gostasse, pagaria, caso contrário não.

É aí que o compositor Antonio Nássara entra no assunto. Casé pediu a Nássara que "bolasse" uma propaganda para tal padaria. Involuntariamente, Nássara compôs o primeiro "jingle" apresentado no rádio.

Era assim:

Oh, padeiro desta rua,
Tenha sempre na lembrança,
Não me traga outro pão,
Que não seja o Pão Bragança"

Foi gravado pelo cantor Jorge Fernandes.

O dono da padaria adorou e Casé faturou algum para dar prosseguimento ao seu já vitorioso programa.

E , como já eram permitidos os anúncios no rádio, chegou a fase de O DRAGÃO, uma loja de artigos domésticos, que existia na Rua Larga .

Muitos foram os "jingles" feitos para o "Dragão". Assim:

Este de Noel Rosa:

No dia que fores minha,
Juro por Deus, coração.
Te darei uma cozinha,
Que vi ali no Dragão.

Este de Marília Batista:

Morros do Pinto e Favela,
São musas do violão.
Louça, cristal e panela,
Só se compra no Dragão.

O Dragão era chamado "a Fera da Rua Larga" e sempre os locutores perguntavam: "A Light fica em frente ao Dragão ou o Dragão fica em frente à Light"?

O PROGRAMA CASÉ foi transmitido por várias emissoras mas seu apogeu foi na Rádio Mayrink Veiga, onde ficou de 1938 a 1948.

Aos domingos todos os rádios ficavam ligados no Programa Casé. Foram ali lançados peças teatrais, pequenos esquetes, teatro de mistérios, quase todos os cantores daquela época, enfim, antes de a Rádio Nacional dominar o meio radiofõnico, o Programa Casé, na Mayrink Veiga era o de maior audiência no rádio.


Com o advento da televisão (em 1950) o rádio começou a perder sua força e, em 1951, Ademar Casé o deixou e foi apresentar seu programa na TV Tupi, com outros nomes, como: "Convite à Música", "Show Cássio Muniz", "Show Regina" e "Tele Semana."

Seu último programa foi na TV Rio, onde lançou, com grande orquestra o "Noite de Gala", já em companhia de seu filho Geraldo Casé.

Depois de tantos anos de luta, Ademar Casé abandonou a TV em 1960 e voltou a trabalhar em publicidade, agora com seu filho Maurício.

ADEMAR CASÉ faleceu em 7 de abril de 1993, aos 89 anos, mas deixou "frutos" no meio artístico.

Seu filho Paulo Casé é arquiteto; seu outro filho, Geraldo trabalhava na TV; seu neto Rafael escreveu um livro com o título "Programa Casé-o Rádio Começou Aqui" e sua neta REGINA CASÉ é aquela maravilhosa artista que todos conhecemos.


Norma

O Ofgício de Everardo Norões - por Ronaldo Correia de Brito


Ronaldo Correia de Brito
Do Recife (PE)

Pensamos nos poetas como andarilhos solitários em busca da emoção criadora. O romantismo contribuiu para reforçar o imaginário em torno desses exilados sempre à volta com frustrações amorosas, doenças, pobreza e falta de leitores. Manuel Bandeira, que lutou toda vida contra a tuberculose, se queixa do 'mal romântico', como foi chamada a tísica pelos poetas, numa crônica de julho de 1929.

"Na verdade em seus primeiros tempos a doença pode dar aos infelizes uma certa cor e uma certa sensibilidade romântica. Mas é um momento fugaz. O que vem depois é do mais duro e repulsivo realismo. É preciso amor, coragem ou bondade profunda para fraternizar até o contato físico com um tuberculoso em plena miséria orgânica" - escreveu.

Não existe nenhum glamour em adoecer e morrer, mesmo com auréola de artista. Se ainda fosse vivo, Bandeira escreveria sobre uma outra doença que se transformou em metáfora do nosso tempo: a Aids.

Quando lemos o poema de Carlos Drummond sobre a visita que fez Mário de Andrade a Alfonso de Guimarães, um simbolista entre as serras de Mariana, na distante Minas Gerais, sentimos que o jovem e inquieto Mário não fez mais que fraternizar-se com um velho místico, solitário e esquecido.

A chegada do visitante à casa do poeta desencantado, que escreve poesia e esconde nas gavetas, é como uma luz entrando pelas portas e janelas, mesmo que fugazmente, para logo ir embora. A presença que revira papéis sem aparente significado, que lê em voz alta, que exclama e se encanta é semelhante à do anjo da morte, um personagem bem conhecido dos médicos, pois o anjo visitador costuma trazer um último alento aos enfermos, uma esperança antes que eles morram de vez.

Viver de poesia é inconcebível como sobrevivência real ou simbólica. Nem João Cabral, nem Carlos Drummond, nem Manuel Bandeira, nem Jorge de Lima, nem Murilo Mendes, nem Joaquim Cardozo viveram apenas de poesia. Talvez tenham sobrevivido apenas por serem poetas. Manoel de Barros escreve e cria rebanhos de gado. Vinicius de Moraes era pago por ser diplomata. E Cora Coralina, lá no Goiás Velho, entre os muitos ofícios da vida também decidiu ser poeta.

Dizem que na velha China, na dinastia Thang, de 618 a 907 d.C., cada homem era um poeta. E de fato, só os nomes mais famosos chegam a 2300, um número inconcebível para a nossa cultura ocidental. Será mesmo inconcebível? Quantos poetas se escondem pelos gerais do Brasil, por norte de rios, nordeste seco, centro oeste, pampa sul e sudeste populoso? Quantos? Impossível avaliar.

Há poucos dias citei um poeta cearense que já morou na Europa, na África e há bastante tempo reside em Recife. Disse que o achava um dos melhores poetas brasileiros. Imediatamente alguém me perguntou quem eram os poetas contemporâneos que eu conhecia, para fazer tal afirmativa. E citou-me nomes de todas as latitudes, gente que faz poesia por ofício de viver, enquanto labuta noutros ofícios como sempre foi, desde a antigüidade, desde a Grécia onde Sócrates além de pensador era pedreiro.

Corrijo-me. Everardo Norões é um dos melhores poetas que conheço, entre os milhares de poetas brasileiros que apenas imagino. É dele o poema que transcrevo abaixo, do seu mais novo livro publicado pela editora 7 Letras: Retábulo de Jerônimo Bosch.

Desplagiato
(Everardo Norões)

a minha voz de tantos
também tua,
soma de tantos
como agora
rio que resvala
em labirinto
destino solitário de um navio
voz de muito além
de finisterra,
soluço vegetal
pedra marinha
a minha voz
de todos
também minha
Ronaldo Correia de Brito

Cariricaruras- Edição Especial



"Cariricaturas em prosa e verso" (Edição especial), será editado, com o objetivo de compensar os escritores que se sentiram lesados, com justa causa.

Não é justo que as falhas deixem de ser corrigidas.

O livro não implicará em qualquer ónus para os seus escritores.

A REVISÃO SERÁ FEITA CRITERIOSAMENTE PELA NOSSA COLABORADORA STELLA SIEBRA DE BRITO QUE MANTERÁ CONTATO PERMANENTE COM OS ESCRITORES.

FAREMOS OS SEGUINTES ADITAMENTOS, NESSE LIVRO ESPECIAL, A SABER :

Prefácio :José Flávio Vieira ( já enviado p/revisão)

Texto da contra-capa : José do Vale Feitosa

Orelha do editor : Emerson Monteiro

As dedicatórias serão feitas em particular, fazendo parte do release de cada autor.

Com o intuito de uniformizar as postagens , disponibilizaremos espaço para 2 textos de cada autor , mais um folha para release e dedicatória pessoal.

.Ana Cecília S.Bastos
Armando Rafael
.Bernardo Melgaço
Corujinha Baiana
Carlos Esmeraldo
Carlos Rafael
Ceci Monteiro
.Dimas de Castro
.Domingos Barroso( em revisão)
Edilma Rocha -
.Edmar Cordeiro
Everardo Norões
.Izabella Pinheiro
.José Flávio
.João Marni-
.João Nicodemos
Joaquim Pinheiro-
.José do Vale Feitosa( em revisão)
José Neuton Alves de Sousa
José Nilton Mariano
Liduína Vilar
Magali de Figueiredo
Marcos Barreto
Rejane Gonçalves
Socorro Moreira ( em revisão)
Vera Barbosa ( em revisão)
Rosa Guerrera( em revisão)
Jacques Bloc
Wilton Dedê
Nilo Sérgio Duarte
José Carlos Brandão
Sônia Lessa( em revisão)
Lupeu Laceda( em revisão)
Marcos Leonel( em revisão)
Geraldo Urano( em revisão)
Abidoral Jamacaru
Pachelly Jamacaru ( em revisão)
Ronaldo Correia de Brito
Stella Siebra de Brito( em revisão)
Aloísio Paulo
Pedro Esmeraldo
Calazans Callou

* Pronunciaram-se a respeito

Não limitaremos o número de páginas. Solicitamos releases sumários , com fotografia.

A capa terá uma nova foto de Pachelly.

Faremos uma tiragem de 200 exemplares ( 5 para cada autor) ,impressos em papel reciclado.

Qualquer dúvida, peço que se manifestem !

A ausência na relação de alguns autores , se justifica pelo de acordo, na primeira edição,( Emerson, Roberto, Claude, Carlos, Armando, Bruno, Olival ,Assis Lima, ) mesmo assim, se quiserem poderão ser incluídos, neste novo projeto, o que se fará com muito gosto.. Convidamos outros autores, que não participaram da primeira edição, cujos assentimentos nos darão muita honra.


Agradecemos a atenção, e contamos com a compreensão e apoio geral.

stelasiebra@yahoo.com.br

sauska_8@hotmail.com

Os textos deverão ser enviados para o e-mail de Stella até, no máximo, 31 de Dezembro de 2010. A fase de revisão não terá tempo determinado. A partir dessa conclusão , o livro será editrado.


Abraços do Cariricaturas.
.............. CARTA A JOSÉ DO VALE ..............


Caro Zé do Vale,

Li suas palavras todas. Como sempre, vejo nelas a coerência dos sábios, a competência dos justos, a sapiência de quem permite que os sentimentos tomem a vez e o palco da vida.

Não pensei em deixar o Cariricaturas em definitivo. Apenas alguns fatos se precipitaram e me fizeram retrair-me, sentir-me feito aquela plantinha que nos matos chamamos de “melissa” ou “malícia”... aquela que quando tocamos se encolhe e se fecha.

Como você bem expressou, sou uma pessoa de muitos sorrisos, de alegrias fáceis, pois não exijo do outro além do que ele/ela pode oferecer. Abro os braços, perdoo fácil e por essas conseqüências todas, quando me retraio é que não houve o devido equilíbrio nas coisas que considero tão simples de conduzir, enfrentar.

Sou partidária do diálogo, do consenso. Enfrento as lutas com galhardia, sem me debruçar sobre subterfúgios, remédios, paliativos. Encaro-as de frente, mesmo que me machuquem, porque sei que o tempo passa e com ele as mágoas, as tristezas e os dissabores se vão. Portanto, meu amigo Zé do Vale, acima de tudo, acredito na lealdade, na parceria, na verdadeira amizade, na dedicação e acima de tudo na compreensão do outro na sua plenitude (fraquezas e grandezas).É disso que somos feitos, é essa a nossa matéria, nosso arcabouço.

Penso ainda que a transparência nos atos, a clareza nas atitudes são primordiais para um bom entendimento das coisas do mundo. Não gosto de urdir nos recôncavos da obscuridade tecidos rotos sobre a verdade. Não ajo sorrateiramente por trás dessa verdade. Quero sim que ela venha à tona. Limpa e límpida. Sem que a dúvida se torne um parâmetro indesejável.

Quanto à minha poesia, aquela que acalento todo dia e que se espalha pelos blogs seja feita de palavras, seja feita de imagem, é como se eu vertesse meu sangue e minha vida para presentear àqueles a quem quero bem, aqueles que me lêem e que apreciam minha maneira de dedilhar minha alma como se faz com uma música que nos é dileta e cara. Me faz bem ver o resultado. Cuido das minúcias, dos detalhes. Não jogo aqui meus textos por jogar, para encher o tempo e a página... Você sabe disso. Há todo um prazer e um compromisso. Há todo um desvelo e um toque “materno” nessas crias. É assim que ajo como pessoa e como profissional.

Para apascentar minha alma sou hoje andarilha. Minhas viagens me fazem perceber que minhas raízes não podem fomentar a imobilidade. Quero voltar para meu lugar, que não é só meu, mas um celeiro de mãos que trabalham, que conduzem a vida, que produzem a arte, que vibram de amor pela sua terra, que acreditam na amizade, nos seus preceitos e conceitos de vida.

Portanto, nunca quis ser sol. Prefiro ser mesmo parte desse húmus que faz brotar bons sentimentos. Nunca pretendi ofuscar quem quer que seja. Prefiro ficar observando o movimento das coisas e me encaixar no todo como uma porção, um pedaço que compõe sem sobressair.
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Acredito também na franqueza, na dignidade, sem querer me arvorar em julgar as atitudes das pessoas. Cada um dá o que tem. A ingratidão, por exemplo, não faz parte do meu pleito. Reconheço cada pequeno empenho, cada mínimo gesto feito em meu benefício, mas não posso deixar que águas salobras turvem meu destino e distorçam minha caminhada, resultado de um grande e dolorido esforço.

Fico por aqui, agradecendo sua generosidade quando declina sobre mim. É este o papel dos bons amigos. Levantar o “astral”, ajudar a sacudir a poeira e dar a volta por cima.

Um abraço fraterno e comovido,

Claude Bloc

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José do Vale Pinheiro Feitosa disse...


Tem dias que ficamos maiores. Hoje termino a noite assim. Com uma vantagem em relação a vocês: uma hora na frente. Claude é grande.